quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Após tragédia, Assembleia vai cobrar suspensão dos pedágios da BR 101


A Assembleia Legislativa deve protocolar representações no Ministério Público Federal (MPF) e no Tribunal de Contas da União (TCU), nesta semana, pedindo expressamente a suspensão dos pedágios cobrados pela empresa Eco101 ao longo do trecho capixaba da BR 101. A medida será tomada após acidente com 11 mortos na rodovia no último domingo (10).
"Vamos pedir a assinatura dos 30 deputados. Faremos um pedido expresso para a suspensão imediata do pedágio. Estamos em fase avançada do contrato e não temos um metro de duplicação", disse o presidente da Assembleia, deputado Erick Musso (PMDB).
A rodovia é federal e, por isso, não é exatamente área de competência dos deputados estaduais, que têm atribuição de legislação e fiscalização no Estado. Mesmo assim, o peemedebista rechaça a tese de que a incursão no tema seja oportunismo político. Ele diz que as representações são mais uma forma de pressão para que os atores que podem solucionar o impasse se movimentem.
"Não é oportunismo, não é querer jogar para a plateia. Não é querer protagonismo nenhum. Somos representantes da população capixaba e a rodovia corta o Estado. Temos a bancada federal, temos um governador do Estado que está dentro do assunto, temos três senadores da República envolvidos nisso. Não é momento de protagonismo, de disputa política. É unir esforços para chegarmos à decisão rápida e eficiente que melhore a vida das pessoas", disse o deputado.
Musso também não acredita que o interesse na suspensão do contrato com a empresa traga um ambiente de insegurança jurídica do Espírito Santo. "A segurança jurídica ficaria abalada se suspendessem obras de duplicação. Está claro que o contrato não está sendo cumprido. Não tem um centímetro duplicado e não tem nem previsão de ser."
O deputado diz, ainda, que a Assembleia não está se aventurando no tema, uma vez que já discutia a duplicação da BR 101 em comissão específica.
Argumentos
Procurador-geral da Assembleia, Rafael Teixeira de Freitas lembra que, após a representação, caberá ao MPF ajuizar ou não a ação com o pedido de suspensão da cobrança da tarifa. Já a representação no TCU será direta e a Corte de Contas pode ou não conceder a cautelar – uma decisão provisória. A ideia é suspender o pedágio até que se defina se o contrato com a Eco101 será devidamente cumprido ou rescindido. A falta de cumprimento das cláusulas contratuais é, justamente, o principal argumento do Legislativo estadual.
"É como pagar, adiantado, para alguém para fazer um serviço e aí a pessoa não faz o serviço e continua cobrando. Não faz sentido", compara o procurador. A concessionária tem sustentado que a ideia de fazer um "puxadinho", em vez de começar a duplicação prevista, ocorreu devido à crise financeira no país e à consequente arrecadação abaixo do previsto.
"Todo contrato com o poder público, aliás, todo contrato, tem um risco envolvido. Quando você faz o contrato tem que calcular o risco do negócio. Poderia mesmo ser menos rentável do que o esperado, como eles alegam que está sendo, ou poderia também ser mais rentável que o imaginado. O que não se pode é transferir o risco para a população. Essa justificativa deles seria plausível se tivesse ocorrido alguma catástrofe, uma enchente, por exemplo, uma coisa temporária. Mas não foi o caso", resume o procurador.
Ainda de acordo com Teixeira de Freitas, a representação deve ser entregue ao MPF . Já o TCU deve ser acionado um pouco depois.

A Gazeta ES/ES

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