segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A Igreja e as Organizações



A Igreja e as Organizações
Duas instituições foram de grande valia para a teoria da administração; ambas milenares. A primeira, a igreja católica, e a segunda, a organização militar.

eclesiástica

A Igreja Católica deve sua estruturação inicial à capacidade de absorver o conhecimento acumulado pelas antigas cidades-Estado, como Atenas, e pelos impérios antigos, como o romano.

Esse processo foi se operando lentamente, de uma forma bastante gradual, de maneira quase imperceptível para os atores sociais envolvidos, mas com uma efetividade que pavimentou o caminho para a consolidação.

Contribuiu definitivamente para a eficácia desse processo a visão monolítica da igreja católica, com objetivos estratégicos e metas traçadas de forma unitária e precisa. Se esses atributos, nos dias de hoje, encontram ainda grandes resistências para fincar âncora, muito mais dificuldades encontravam naquela época, quando as estruturas públicas viviam açoitadas pelas contradições dos partidos e das classes sociais, enveredando quase sempre por cortes e rupturas sociais profundas, violentas, muitas delas solucionadas à custa de guerras prolongadas e inumeráveis perdas humanas.

A necessidade de rápida expansão do ideário cristão legou à Igreja Católica uma estrutura organizacional bastante simples, mas eficaz. Foram essas características elementares que permitiram que adquirisse conformação mundial num período em que isso só era possível através da força dos exércitos. E muitas vezes, disso se valeu a Igreja.

Paulatinamente, à medida que os séculos avançaram, a organização eclesiástica absorveu um férreo modelo de hierarquia, uma direção superior consistente, e uma departamentalização funcional estrutural para que se estabelecesse, mesmo nos rincões mais distantes e inóspitos do planeta.

Este sucesso organizacional, com um viés fortemente empreendedor, foi capaz de levá-la a superar os desafios mais perigosos e complexos. O que naturalmente estimulou um sem-número de instituições a utilizá-la como modelo, como inspiração. Consolidou-se então a “doutrina administrativa” da Igreja Católica, agora tomada como uma referência universal.

Antônio Carlos dos Santos - criador da metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+, da tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo, e da metodologia teatral ThM-Theater Movement.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Governança: os Valores Corporativos


Governança: os Valores Corporativos

Valor é um vocábulo com repercussão em praticamente todos os ramos do conhecimento.

Nas ciências exatas, lá está o termo - em matemática – determinando uma incógnita na expressão algébrica ou representando o estado de uma variável.

No direito pode representar a qualidade que tem o ato jurídico de produzir determinado efeito.

Na psicologia juízo de valor pode ser definido como uma apreciação subjetiva segundo tendências e influências sociais.

E em filosofia pode expressar os julgamentos não diretamente originados na experiência, ou da elaboração pessoal, em oposição aos julgamentos da realidade, intrínsecos ao conhecimento objetivo ou da ciência.

Mas é na economia que valor encontra seu significado mais conhecido, descrito nos glossários da língua portuguesa como:

1. o preço atribuído a uma coisa; estimação, valia;
2. relação entre a coisa apreciável e a moeda corrente no país, em determinada época, em determinado lugar;

Valor provém do verbo latino valere e até a vigência do português arcaico manteve seu sentido original passar bem, ser forte, válido, corajoso.

Sua utilização científica começou quando Adam Smith, assumindo a paternidade da economia moderna, estabeleceu a diferenciação entre valor de uso ( value in use) e valor de troca (value in exchange).

"Assim, o mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta (self-interest), é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade."
Sempre intrigou o economista e filósofo escocês as disparidades observadas entre esses dois valores. Enquanto o ar e a água, por exemplo, têm inestimável valor de uso e diminuto valor de troca; o diamante tem um diminuto valor de uso e um enorme valor de troca. Esta equação, porém, que mesmo Adam Smith não conseguiu resolver, só seria entendida mais tarde, com a teoria da utilidade marginal.

Karl Marx considerava que o valor se traduzia em trabalho acumulado: um bem vale o trabalho que custou para ser produzido. O tempo mostrou que nem sempre é assim. Uma importante inovação, de fundamental importância para a humanidade, pode se originar do acaso, custando pouco ou nenhum trabalho. Sir Alexander Fleming que o diga, pois que descobriu a penicilina acidentalmente, por mero acaso.

Mas foi graças ao filósofo alemão Neitzsche que o termo valor passou a se confundir com “bem”.

E é neste sentido que a definição mais se aproxima dos objetivos focados no planejamento.

Sob o ponto de vista do planejamento, valores são aquelas idéias fundamentais, estruturais, que compõem o alicerce de uma organização. Dessa forma, tudo o que diz respeito às convicções dominantes, às crenças básicas, ao imaginário que a maioria das pessoas da instituição acredita e defende, pode conformar o que pretendemos como valores de uma organização.

Por isto, os valores atuam como a grande força motriz. Algo como a grande alavanca a que se referia o matemático, físico e inventor grego Arquimedes, quando sabiamente ensinou: “dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei o mundo”.

Os valores motivam, estimulam e direcionam as ações e atividades dos que compõem a organização, atuando como elementos catalisadores, assegurando unidade e coerência nos projetos e trabalhos.

Ao mesmo tempo, estabelecem uma zona claramente definida, um território plenamente demarcado, cujos limites são por todos conhecidos. De modo que o permitido e o não permitido, o certo e o errado, o aceito e o refugado, o bem e o mal não estão sujeitos a interpretações subjetivas. São sim referências por todos – verdadeira e entusiasticamente - assumidas. A busca da excelência está, portanto, condicionada à observância de um padrão de comportamento que permeia toda a equipe.

Quando estamos planejando a organização, devemos cuidar para que os valores estejam ancorados em algumas convicções fundamentais para o sucesso do empreendimento:

• num ambiente inóspito, onde a competitividade é gigantesca, é necessário cultuar os conceitos de Vitória, e de galgar a posição de Melhor, Superior, Primeiríssima;
• outro conceito por demais relevante é o que diz respeito à importância das pessoas, da equipe, da valorização do patrimônio humano;
• não podemos deixar de estabelecer um vínculo indissolúvel entre qualidade e o que produzimos (+ o que produziremos), sejam produtos ou resultados;
• aspectos que devem ser observados com especial atenção: criatividade, espírito inovador e determinação de solucionar problemas;
responsabilidade social.

Definidos os valores, eles passarão a acompanhar a rotina diária, vida diuturna das pessoas e da organização. Estarão balizando a caminhada em direção à conquista dos objetivos, da missão e da visão de futuro.

Abaixo selecionei alguns exemplos de instituições cujos valores estão estabelecidos:

• Excelência, consciência ética, transparência, comprometimento social, pluralidade, respeito pelo indivíduo e pela coletividade, integração, igualdade, responsabilidade, democracia, cidadania.

• ABM-ANRO Bank: Integridade, respeito, trabalho em equipe e profissionalismo.
• 3M: Inovação, integridade absoluta, respeito à iniciativa individual e ao crescimento pessoal, tolerância, qualidade e confiabilidade, solucionar problemas.
• ALCOA: Integridade, segurança e saúde, qualidade e excelência, pessoas, responsabilidade.
• Merck: responsabilidade social, excelência em todos os aspectos, inovação baseada na Ciência, honestidade e integridade, lucro a partir do trabalho que beneficia a Humanidade.
• Philip Morris: direito à liberdade de escolha, vencer (derrotar os outros numa boa luta), encorajar iniciativa individual, oportunidade baseada no mérito, trabalho duro e auto-melhoria contínua.
• Sony: elevação da cultura japonesa e do status nacional, ser pioneiro (não seguir os outros; fazer o impossível), encorajar habilidade e criatividade individuais.
• Walt Disney: sem cinismo, promulgação dos valores americanos, criatividade, sonhos e imaginação; atenção fanática à consistência e detalhe; preservação e controle da mágica Disney.
• HP: respeito pelo indivíduo, dedicação à qualidade e confiabilidade, responsabilidade comunitária.

Não à Hipocrisia
O Brasil passa pelo que talvez seja a maior crise moral de sua história. Jamais casos de corrupção e banditismo institucional enxovalharam tanto a nação. Por isto é necessário assegurar que os valores sejam exercidos na prática, não se constituam apenas em ’figuras de presépio’, em efêmeras ‘frases para inglês ver’.

Os que desejam um país mais justo e progressista, os que labutam por uma nação onde as oportunidades sejam democratizadas, devem se indignar, protestar, reagir, confrontar, dizer um retumbante NÂO à hipocrisia, à corrupção e a imoralidade que grassa no setor público & privado.

Não podemos permitir que nossos filhos e netos tenham vergonha da ética, da honestidade e da verdade.

Haveremos de construir a pátria de nossos sonhos, onde o protesto poético de Cleide Canton e Rui Barbosa (que você vê no vídeo abaixo na brilhante interpretação de Rolando Boldrin), seja – em curto espaço de tempo – apenas uma página que viramos. Simplesmente assim: uma página que viramos.


Antônio Carlos dos Santos – criador da metodologia de Planejamento estratégico Quasar K+ e da tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo. acs@ueg.br

____________________

Cleide Canton e Rui Barbosa


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Alunos superdotados e jóias reluzentes


Nas salas de aula uma plêiade de profissionais é utilizada para que o modelo se reproduza indefinidamente. Diretores, coordenadores, assessores, professores, auxiliares de sala, bedéis, porteiros, vigilantes, prestadores de serviço, todos compenetrados, sequiosos por manter os alunos ao alcance da ação corretora, da medida redentora, da mira certeira: postura coletiva e disciplina de caserna. Ou, disciplina coletiva e postura de caserna.(...)

Alunos superdotados e jóias reluzentes

Em nossa existência, a vida se manifesta de diferentes modos.

Quando crianças somos tomados pela magia da alegria. Espontâneos, todos dão trelas à nossa condição de senhores de um tempo e um espaço onde vigora tudo que se apresente como antítese da inibição, do embaraço, do estorvo.

É na infância que encontramos a forma mais lúdica de manifestação, nos expressando com uma intensidade e leveza que, dificilmente, se repetirá nas demais fases da vida. Cantamos sem travas na voz, dançamos dando asas ao movimento, encenamos teatrinhos sem compromissos com a formalidade, nada nos prende ou encerra, a não ser uma vontade – como que genética - de nos libertarmos.

Os pais adoram a fase experimentada pelos filhos, se divertem como nunca porque sabem do poder que têm as manifestações infantis, as únicas capazes de revigorar as esperanças, rejuvenescer a vida, destilar luz na parte da existência que se fez opaca, sem brilho porque tantos foram os problemas, as decepções, as frustrações, os percalços... Se é de alegria e leveza que se trata, então acrescente-se na receita familiar mais porções de estímulo às crianças, mais e mais pitadas de imaginação e fantasias, mais paciência e consideração para com as estripulias, os eventuais exageros,...

Mas os anos passam e com eles muito de nossas liberdades de manifestação. Se anteriormente as palavras de ordem estimulavam espontaneidade e liberdade criativa, agora, pais e sociedade tratam de estabelecer limites, estruturar barreiras, fincar piquetes, edificar molduras de gesso rígido que aprisionam voz, gestos, movimentos, as iniciativas,... afinal, a juventude deve ser conformada para responder aos modelos impostos.

E a partir daqui, só é aceito e incorporado ao sistema o que se enquadre no conceito do “politicamente correto”. Tudo - inclusive a moral e a ética - cai em um medíocre precipício reducionista, uma máquina de coletivização forçada capaz de transformar a energia vulcânica e produtiva da individualidade numa massa pasteurizada, insossa e purulenta.

O coletivo torna-se onipotente e onipresente. Em função dos “interesses populares”, das “aspirações da comunidade”, das “demandas sociais”, a individualidade é ignorada, quando menos. Na maioria das vezes é deliberadamente solapada, encarcerada, expurgada do cotidiano e dos sonhos das pessoas.

Nas salas de aula uma plêiade de profissionais é utilizada para que o modelo se reproduza indefinidamente. Diretores, coordenadores, assessores, professores, auxiliares de sala, bedéis, porteiros, vigilantes, prestadores de serviço, todos compenetrados, sequiosos por manter os alunos ao alcance da ação corretora, da medida redentora, da mira certeira: postura coletiva e disciplina de caserna. Ou, disciplina coletiva e postura de caserna.

Não resta neste contexto, espaço algum para algo ou alguém que escape às especificações impostas, aos modelos estabelecidos, aos paradigmas adotados. Tudo que soe ou aparente diferente é peremptoriamente repelido, refugado, execrado, expurgado, punido com repreensões, suspensões, e sempre que necessário, expulsões.

Como então administrar a existência das diferenças e dos diferentes?

É que nossas escolas estão repletas de alunos superdotados. E os estamos perdendo porque os modelos e sistemas não conseguem lidar com eles, tratando-os como detestáveis inimigos.

Os professores não recebem a qualificação adequada para, nas salas de aula, identificá-los. Vagando no escuro, sem saber quem, dentre os seus alunos, são superdotados, os mestres não conseguem direcionar os estudos, não conseguem focar o aprendizado em temas que, efetivamente, contribuam para melhorar o aproveitamento.

Em algumas raríssimas exceções, um ou outro professor mais abnegado, confiando em seu “feeling”, consegue identificar dentre os seus alunos, os dotados de capacidades especiais. Mas não podemos manter um processo dessa magnitude à mercê tão somente da percepção do mestre. Como muitos desejam, não podemos continuar ‘formando’ nossos estudantes impondo-lhes a memorização – a lá papagaio de pirata - de fórmulas, regras e datas.

A questão dos alunos superdotados exige tratamento especial. Professores devem ser devidamente qualificados para lidar com este estudante, cujo perfil difere bastante do aluno convencional, pois que está mais aberto ao advento do novo, às questões que interagem criatividade, sensibilidade e capacidade de intervenção com soluções inovadoras.

Identificar os alunos superdotados e saber deles explorar o potencial é condição fundamental para integrá-los aos colegas e à escola. Para a escola vale a pena investir neste caminho, porque absorve e consegue socializar um diferencial de qualidade, um potencial que dispõe, está bem ali ao alcance da mão, mas que jamais soube utilizar e sequer identificar. É como viver lamuriando sentado sobre um baú abarrotado de jóias preciosas.

Jóias preciosas. É o que são os alunos superdotados.

Os estudantes superdotados conseguem impregnar nossas salas de aula de mais luz e conhecimento. É que têm curiosidade aguda, como nenhum outro. E a curiosidade é a ante-sala do interesse pelo conhecimento. Possuem boa memória, atenção concentrada, persistência para enfrentar os desafios, independência e autonomia, criatividade, iniciativa e liderança, fatores que facilitam a aprendizagem.

O desafio está posto. Tomamos a decisão de escancarar nossas escolas aos superdotados, ou continuaremos - qual Napoleão de hospício - ignorando nossos valores mais valiosos, desdenhando nossas jóias mais caras e reluzentes?

A metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+, e as tecnologia de produção de teatro popular de bonecos Mané Beiçudo e ThM-Theater Movement são criações originais de Antônio Carlos dos Santos

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Gestão pública, participação comunitária e controle social


A instituição do município no Brasil é um legado histórico do processo de colonização português, e remonta ao século XVI.

Naquele período a configuração do poder assumia uma estruturação bastante diferenciada da atual. Os poderes locais - executivo e legislativo, eram centralizados e exercidos por uma única instituição, a Câmara Municipal. Foi a primeira experimentação de instituição local.

À medida que passava o tempo, novas conquistas iam se efetivando e já na Constituição de 1824 -complementada com o Ato de 1828, as cidades e vilas adquiriram o direito de eleger uma Câmara, cuja responsabilidade se estendeu à administração do governo municipal e da economia.

O fim do Império e o advento da República trazem novos ares, oxigena a vida política do país, e agrega à história do município um princípio vital: a autonomia municipal.

A Constituição de 1891 atribuiu aos Estados a responsabilidade de proceder a organização de suas unidades municipais, consagrando a autonomia, e estendendo seus limites aos marcos de "... tudo que respeite seu peculiar interesse."

Na década de 30 ocorreu uma inversão de tendências. Grandes transformações foram operadas no seio da sociedade, e a centralização passou a ser o princípio cristalizado na administração pública. Disto resultou a supressão da autonomia dos estados e municípios, só não verificada no breve hiato em que vigorou a Constituição de 1934.

Após a segunda Guerra Mundial a derrota das forças nazi-fascistas reorientou a paisagem política no mundo. O país se redemocratizou e resgatou em sua constituição um de seus pilares básicos: a autonomia municipal.

A Constituição de 1946 chegou a limitar as possibilidades de intervenção dos estados nos municípios, só a permitindo no caso de inépcia financeira. Em todos os demais casos, à Câmara Municipal cabia exercer a fiscalização sobre os atos do executivo.

O movimento militar de 1964 impõe nova reviravolta, restabelecendo os princípios autoritários de gestão, se destacando a concentração e a centralização administrativa. A autonomia municipal foi drasticamente reduzida. Uma reforma tributária foi concebida para fragilizar as municipalidades, mantendo-as dependentes de fundos transferidos; e os casos em que era admitida a intervenção municipal se multiplicaram. Na Emenda Constitucional de 1969, as possibilidades de intervenção dobraram, passando de três para seis. Todavia o aparato autoritário desconhecia até mesmo a legislação arbitrária por ele concebida, e decretava intervenção no município "...sem os limites previstos na constituição".

Num período em que as prisões arbitrárias e a tortura eram lugar comum, o município era desfigurado, as câmaras de vereadores colocadas em recesso, mandatos eletivos cassados, direitos políticos de prefeitos, vereadores lideranças institucionais e populares suprimidos.

Para manter amordaçada a população, todo o processo de comunicação social passou a receber censura prévia. Universidades e Centros de Estudos são controlados e as capitais dos estados, as "estâncias hidrominerais" e as "áreas de interesse da segurança nacional" são impedidas de exercer a conquista obtida na década de 30, o sufrágio universal. Seus prefeitos seriam nomeados.

Kuklinski afirma que na sociedade tradicional é forte a presença e a autonomia do governo local, enquanto nas sociedades modernas o processo se inverte, passando o governo central a ser mais forte.

Nas ditaduras, porém o que ocorre não é uma relação tradicional de força e poder, de se saber quem é mais forte e autônomo. O que ocorre nos sistemas autoritários é a submissão total, a mais brutal das relações, aquela em que sequer o direito à dúvida é permitido.

Já as democracias, à medida que amadurecem e se incorporam ao cotidiano das comunidades, tendem a legar aos governos locais um papel orgânico e renovador, visto que é o mais próximo e acessível poder ao alcance dos cidadãos. É no município que as pessoas vivem, trabalham, se divertem, estudam e vêem prosperar as novas gerações.

Com o estado de direito, a constituição de 1988 torna a resgatar as prerrogativas antes suprimidas, acrescentando outras de grande importância para o desenvolvimento auto sustentado das comunidades locais.

O enfoque dado à questão municipal neste preâmbulo não significa outra coisa senão a preocupação de toda a ação humana se direcionar para o atendimento e a satisfação dos interesses da comunidade.

Se é no município que pulsa a vida comunitária, este deve ser o referencial alimentador do processo de planejamento.

Resgatada esta questão fundamental outra se impõe: a cidadania.

Não há como falar em processos de planejamento e gestão governamental sem inserir estes componentes no âmago da sociedade, ampliando o foco sobre as comunidades e seus cidadãos, corrigindo as gritantes injustiças sociais, estabelecendo os alicerces para que a nação brasileira encontre o desenvolvimento auto-sustentado.

Exatamente neste contexto, importa legar ao processo gerencial das instituições públicas uma eficácia que esteja em consonância com as necessidades e expectativas da população. Sobretudo que auxilie o aparelho de estado a transitar do modelo excludente de desenvolvimento até aqui adotado, para um novo, justo e includente, soberano e progressista.

A metodologia Quasar K+ de Planejamento Estratégico estabelece, de forma sistematizada, os procedimentos para que este processo ocorra de forma controlada assegurando, sobretudo, a efetiva participação de todos os atores envolvidos. E para que a participação não se reduza à figura de retórica, lança mão dos componentes da arte e do teatro, com o que os compromissos passam ao largo do artificial e do efêmero e adquirem consistência da plena sustentabilidade.

Antônio Carlos dos Santos é o criador da metodologia Quasar K+ de Planejamento Estratégico.