sexta-feira, 30 de junho de 2023

Indígenas criticam atuação de Ongs na Amazônia



A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs no Senado, em reunião ontem, ouviu os líderes indígenas Alberto Brazão Góes, Adriel Kokama e Valdeci Baniwa.

Os convites foram feitos atendendo a requerimentos do senador Plínio Valério (PSDB-AM), presidente do colegiado.

Segundo o primeiro requerimento apresentado por Plínio Valério, o líder ianomâmi Alberto Brazão Góes teria denunciado o suposto tratamento inadequado dado às comunidades indígenas na Amazônia.

Ontem, Góes falou na CPI que o "povo ianomâmi quer empreender", mas que o povo indígena é impedido e também não tem apoio. Ele observou que a população passou de 14 mil para 30 mil indígenas e que eles querem "evoluir". Aberto Góes afirma que conhece apenas uma ONG, chamada Isa. Em sua fala final, ele disse que "quanto mais miserável é o povo ianomâmi, mais matéria-prima se torna para as ONGs".


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Adriel Kokama, convidado em outro requerimento, representa a região do Médio Solimões (AM), onde têm ocorrido incidentes frequentes com nações indígenas. Ele denuncia a atuação "suspeita" de entidades na região. Em sua fala, ele disse que a CPI era uma boa oportunidade para "abrir a caixa preta das ONGs, para saber quem são esses senhores e senhoras que dizem que estão lutando por nós, pela Amazônia". O cacique disse ainda que os indígenas só têm deveres, mas não direitos. "Quero saber por que não posso, como liderança indígena não posso fazer nada na minha terra, porque não posso plantar".

Já Valdeci Baniwa, mencionado em outro requerimento, é membro da comunidade Baniwa Castelo Branco em São Gabriel da Cachoeira (AM) e tem reclamado das ONGs na região do Alto Rio Negro, que estariam dificultando o progresso da população local.

Ele disse ontem no Senado que as ONGs já estão atuando há quatro décadas e que usam "a ponta dos dedos dos povos indígenas como régua para dizer o que pode ser feito e o que não deve ser feito, que aquilo não pode ser feito, que pode prejudicar o meio ambiente". Segundo ele, as ONGs "metem medo" nos indígenas, afirmando que "se os povos indígenas começarem a fazer alguma atividade", vai ter como consequência mudança climática. Mas, segundo Baniwa, "mudança climática sempre acontece há milhões de anos, está acontecendo, e vai continuar acontecendo".

GOVERNADORES

 A CPI das ONGs também aprovou, ontem, requerimentos que obrigam prefeitos e governadores dos estados da Amazônia Legal a informar detalhes de contratos e parcerias realizados com organizações da sociedade civil entre os anos de 2002 e 2023. Além disso, a comissão aprovou outros requerimentos solicitando informações sobre o tema a órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Controladoria- Geral da União (CGU).

Os governos dos estados do Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso deverão prestar as informações requeridas.

O senador Márcio Bittar (União-AC), relator da CPI, explicou que o objetivo é analisar os documentos contratuais, sejam eles sigilosos ou não, relacionados à preservação do meio ambiente, mudança climática e populações indígenas.

"A análise dos documentos solicitados contribuirá significativamente para os demais objetivos da CPI , que incluem investigar a concentração de recursos em atividades secundárias, verificar o desvio de objetivos dessas entidades, que podem agir contra interesses nacionais, investigar casos de abuso de poder, com a intromissão dessas organizações em funções institucionais do poder público, e investigar a aquisição de terras por parte dessas entidades", justificou Bittar


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Santarém e Altamira terão audiências

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga repasses de verbas públicas e privadas a organizações não-governamentais (ONGs) que atuam na Amazônia aprovou, ontem, requerimento para realização de audiências nos municípios de Altamira e Santarém, no Pará. "São duas cidades emblemáticas pela força das ONGs, são as que mais esse setor se movimenta. Seria necessário a gente ouvir as pessoas e outras organizações que tenham sido prejudicadas frontalmente pelas ações de ONGs", declarou o senador Zequinha Marinho (Podemos/PA), que apresentou o pedido.

Ainda não foi definido quando essas audiências serão realizadas.

Os membros da CPI ainda vão debater as datas e quem serão os convidados.

Ainda ontem, também foram aprovados requerimentos para que todos os governadores e prefeitos de capitais da Região Norte sejam obrigados a prestar informações sobre contratos e parcerias feitas com organizações da sociedade civil entre 2002 e 2023.

As solicitações foram apresentadas pelo relator do colegiado, o senador Marcio Bittar (União-AC). Segundo ele, os requerimentos são semelhantes aos aprovados na terça-feira passada (20) para prestação de informações por órgãos como Tribunal de Contas da União (TCU), Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Controladoria- Geral da União (CGU).

Os documentos contratuais, inclusive os sigilosos, serão analisados pela Comissão. Eles se referem sobre temas relacionados à preservação do meio ambiente, mudanças do clima ou populações indígenas que foram firmados com organizações não governamentais ou organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips).

Outro requerimento aprovado, do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), estabelece a realização de audiência pública com a presença do líder ianomâmi Davi Kopenawa, para falar sobre a atuação de ONGs especialmente no estado de Roraima.

O líder indígena Aurélio Tenharim também foi convidado para comparecer à CPI, a pedido do senador Plínio Valério (PSDB-AM).

"O objetivo da comissão não é demonizar as ONGs, mas separar o joio do trigo", diz Plínio. Ele também autor de requerimento para que o ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) informem sobre estudos técnicos empregados na expansão de terras indígenas e criação de unidades de conservação, respectivamente. A solicitação já foi aprovada. 

Agência Câmara


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quinta-feira, 29 de junho de 2023

LIderanças indígenas afirmam que dinheiro para as ONG’s não chega às comunidades



A comissão parlamentar de inquérito que investiga a atuação de ONGs na Amazônia ( CPI das ONGs ) ouviu nesta terça-feira (27) três representantes de povos indígenas que criticam a presença das organizações na região. Eles denunciaram falta de transparência e de diálogo no trabalho das organizações, além do descaso com as demandas das comunidades locais.

Um dos participantes, Valdecir Baniwa, acusou ONGs de impedir a chegada de recursos de assistência social para as comunidades indígenas. Ele representa o povo baniwa da comunidade Castelo Branco, em São Gabriel da Cachoeira (AM). De acordo com o seu relato, o único benefício social que alcança várias comunidades da região é o Bolsa-Família.

- Dentro das terras indígenas, a desigualdade econômica e social a cada ano está aumentando. O Fundo Amazônia é muito falado, mas em nenhum momento chegou na ponta, na comunidade. Eu sou morador da comunidade, sou indígena que me criei pescando no rio Içana. Cadê aquele dinheiro doado pelos estrangeiros para as ONGs da região amazônica? Quem está sendo beneficiado? Nós vivemos de suor, trabalhamos.

Baniwa citou a ONG Instituto Socioambiental (ISA), que atua em quatro estados da Amazônia Legal. O ISA também foi citado por Alberto Brazão Goes, liderança do povo ianomâmi. Ele criticou a falta de transparência e de resultados em projetos tocados pela ONG.


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- O ISA executou um projeto no Alto Rio Negro de criação de peixes. Acessaram a verba federal, não houve prestação de contas e o projeto não avançou, aí abandonaram. O que aconteceu? [Virou] criadouro de mosquito da malária. É isso que a gente deve herdar? É uma ofensa para nós. A mesma ONG tem um projeto [para vender] cogumelo ianomâmi no exterior. O grama do cogumelo custa 7 euros. Por que a mídia está dizendo que os ianomâmis estão morrendo por inanição, se existe um projeto que arrecada milhões? Queremos transparência. Acessou verba federal, acessou verba estrangeira, então mostra para nós quanto é e quanto nós vamos usufruir daquilo.

O senador Beto Faro (PT-PA) comentou que os problemas sociais nas comunidades indígenas são uma realidade conhecida e que é preciso desenvolver políticas para essas populações, mas criticou o tom de "distorção" nas falas dos representantes.

- Há uma situação, mas daí a ter uma ONG responsável por todas as mazelas criadas desde 1500? Acho que o ISA tem que vir aqui para explicar os seus procedimentos. O que não dá é para sair com a coisa acertada, [decidir] quem é o criminoso e buscar o crime para ele. Não há como dizer que temos problema só dentro de algumas comunidades. Não há como negar que tivemos um processo de desestruturação dos órgãos do governo federal para atuar junto às comunidades indígenas e ribeirinhas.

Faro também observou que é preciso cuidado ao decidir quais mecanismos a CPI vai indicar como soluções para os problemas encontrados. Para ele, a existência de associações e cooperativas é justa, mas medidas como liberar o garimpo em terras indígenas não são aceitáveis.

Valdecir Baniwa também afirmou que representantes da ONG têm o costume de "engavetar" reivindicações das comunidades indígenas, impedindo que os pleitos das comunidades cheguem ao poder público.

- As comunidades se juntam, fazem grupos de trabalho e colocam propostas. Só que as ONGs pegam as propostas depois da assembleia e engavetam, não levam para conhecimento do governo. Por falta da ajuda das ONGs é que as comunidades estão tomando outro caminho. Elas têm que buscar outra solução. As ONGs travam nosso desenvolvimento. Por isso estamos dizendo que quem tem que decidir somos nós.


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Como consequência desse cenário, de acordo com Baniwa, os indígenas estão deixando suas terras e buscando outras formas de subsistência. Aqueles que ficam têm se organizado de forma paralela ao trabalho das ONGs.

- Os povos indígenas estão deixando suas comunidades e migrando para as cidades em busca de qualidade de vida para as suas famílias. Por falta de alternativa, algumas das comunidades estão constituindo cooperativas e associações sem a participação das ONGs. O objetivo é fazer renda dentro da comunidade, para poder permanecer lá. Se não tomarmos iniciativa, daqui a 10 anos não vai ter ninguém dentro das terras indígenas.

O senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) quis saber como é feita a intermediação dos pleitos e de representação das comunidades indígenas pelas ONGs. Baniwa disse que os membros das comunidades não conhecem os responsáveis pelas organizações, cenário que o senador estranhou.

- Eles atuam na Amazônia, eles "falam" por vocês, eles dizem o que vocês precisam e o que querem, mas vocês não sabem nem quem são eles e quem gerencia? - indagou o senador.

Para o relator da CPI, senador Marcio Bittar (União-AC), a situação se assemelha a um "circo" e os habitantes locais não são considerados.

- Eu me incomodo muito com a suspeita de que se montou um circo em torno da questão da Amazônia. Os atores que estão decidindo por ela falam na preservação das comunidades indígenas, mas isso é apenas um discurso. A prática é outra. Há mais de 40 anos se gasta dinheiro em seminários, em encontros internacionais, e a pobreza na Amazônia só aumentou- avaliou Bittar.

Autonomia

Brazão Goes disse que todas as nações indígenas querem "autonomia e protagonismo" para gerirem suas terras sem interferência de organizações estrangeiras. Segundo ele, a presença de ONGs norte-americanas e europeias atinge a dignidade dos povos indígenas brasileiros.

- Nós somos os verdadeiros seres humanos da floresta. Nós já sabemos como lidar com a nossa floresta. Não precisamos que ONGs do estrangeiro digam como cuidar da nossa terra. É indigno uma nação que já exterminou os nossos parentes querer ensinar ao Brasil como se deve cuidar dos povos originários.

Liderança indígena da região do Médio Solimões, Adriel Kokama afirmou que o anseio dos povos indígenas é para que possam trabalhar pelos próprios interesses, sem a intermediação de organizações estrangeiras. Ele questionou a restrição ao exercício de atividades econômicas e extrativistas nas terras indígenas, afirmando que os indígenas precisam dos recursos para tirar o seu sustento.

- Por que não podemos utilizar as terras, se elas são nossas? Não podemos trabalhar, criar gado, plantar, tirar o minério. Se a terra é da União, que nos dê o título. Nós não precisamos de terra demarcada, precisamos do título da terra que é nossa. Não precisamos guardar para ninguém. Nós somos donos da terra. Precisamos criar vergonha e trabalhar.


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Kokama também criticou a destinação de verbas para que ONGs façam trabalho de preservação na Amazônia, argumentando que os "europeus" não têm ligação real com a floresta e estão lá apenas para "tirar fotos". Para ele, o dinheiro seria melhor gasto se destinado aos moradores locais.

Requerimentos

Essa foi a primeira oitiva da CPI, que foi instalada no início do mês. Antes dela, também nesta terça, a comissão aprovou 23 requerimentos com pedidos de informações a governos estaduais e municipais, propostas de audiências públicas e convites para novas oitivas.

No final da reunião, a CPI ainda aprovou mais dois requerimentos convidando representantes do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para falarem sobre a gestão e a fiscalização de recursos do Fundo Amazônia.

Agência Senado

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