sexta-feira, 27 de julho de 2018

Escrever é minha maior diversão



Meus queridos, mergulhado em um projeto especial – e muito legal – retorno ao blog no final de setembro. Abraços fraternais e até lá!

domingo, 22 de julho de 2018

ELES VÃO FUNDO NO INVESTIMENTO


A norueguesa Equinor, ex-Statoil, planeja investir 15 bilhões de dólares no Brasil até 2030, mas isso depende da estabilidade das regras do mercado

A Statoil, estatal petrolífera norueguesa criada em 1972, aprovou neste ano a mudança de nome: agora, a empresa se chama Equinor e ampliou o foco para o setor de energia como um todo, com atuação também em fontes renováveis. A empresa está se preparando para o mundo pós-petróleo, atendendo às exigências por mais sustentabilidade dos consumidores de diversos países. No entanto, a Equinor não deixará de investir no setor que carregou tanto tempo no nome, o de óleo e gás. E o Brasil é a maior prova disso.

A empresa pretende investir por aqui 15 bilhões de dólares no setor até 2030, contando os projetos que já estão em andamento ou foram há pouco conquistados em leilões promovidos pelo governo brasileiro. Novas apostas, porém, vão depender das regras do mercado, que recentemente mudaram para trazer mais competição ao setor. “Minha principal preocupação é com a estabilidade das regras, porque estamos num setor de investimentos de longo prazo”, diz o norueguês Eldar Saetre, de 62 anos, presidente global da Equinor. “Esse é meu desejo, independentemente do resultado das eleições.” O Brasil ganhou mais status na empresa, com acesso direto da cúpula local ao QG na Noruega. A seguir, a entrevista com Saetre, concedida a EXAME no escritório da Equinor no Rio de Janeiro.

A Equinor participou ativamente dos últimos leilões de petróleo e gás no Brasil. Qual tamanho a empresa pode alcançar no país?

Fora da Noruega, o Brasil é onde vamos investir mais nos próximos anos. Serão 15?bilhões de dólares até 2030. Nunca investimos tanto aqui: 10 bilhões de dólares desde 2001. Nossa produção crescerá dez vezes até 2030, para até 500.000 barris por dia. Mas, se fizermos descobertas maiores, os números serão superiores.

O que motiva o aumento dos investimentos no Brasil?

O Brasil precisa de investimentos para desenvolver o setor de óleo e gás. E as condições do mercado são importantes para que isso ocorra. Algumas delas mudaram nos últimos anos. Por exemplo, o fato de hoje haver a opção de outras empresas operarem em campos da camada chamada de pré-sal, não apenas a Petrobras, como ocorria anteriormente. Vale citar ainda a extensão do Repetro [regime fiscal aduaneiro para facilitar a importação e a exportação de equipamentos] e a maior flexibilidade acerca das exigências de conteúdo local. Tudo isso foi muito importante para trazer mais interesse e mais competição ao setor de óleo e gás no país.

O senhor teme que as eleições mudem o cenário regulatório, dependendo do candidato que vencer?

Seja qual for o resultado das eleições, não vamos mudar nossa estratégia que já está em curso. No entanto, quando olho para o futuro no Brasil, minha principal preocupação é com a estabilidade e a previsibilidade das regras do mercado, porque estamos num setor de investimentos de longo prazo. E somente com estabilidade podemos saber qual retorno esperar dos investimentos realizados. A estabilidade é o fator mais importante para nossa tomada de decisão. Esse é meu desejo para o país, independentemente do resultado das eleições.

O que o Brasil ainda precisa melhorar no tocante à regulamentação?

Muitas coisas boas foram feitas para o mercado nos últimos anos. Mas, ainda no caso da competição, os leilões têm regras e condições muito duras. Para participar, a empresa precisa de uma grande escala ou as descobertas precisam ser muito atraentes. E isso não faz sentido. No futuro, será preciso abrir o mercado para desenvolvedores menores ou descobertas menos ambiciosas.

A Equinor não explora ainda o gás natural no Brasil. Por quê?

Já descobrimos que nossos poços no Brasil têm quantidades significativas de gás. Porém, atualmente, não temos produção. Há um potencial para esse mercado ser desenvolvido, mas é preciso ajustar o sistema regulatório, determinando regras para a infraestrutura do gás que permitam dar mais acesso às empresas. O gás também poderia ser usado mais para outros propósitos — por exemplo, como um -backup para o abastecimento de algumas indústrias, como a de energia. Tudo isso geraria um forte impacto, e o gás ganharia o valor que ele realmente tem. Parte do desenvolvimento nos campos de Carcará e BM-C-33, neste último onde temos a descoberta da área chamada de Pão de Açúcar, está sendo feita para encontrar uma boa solução para o gás e ter produção no futuro. Mas não vamos desenvolvê-la a menos que a regulação dê o apoio necessário para que isso ocorra.

A Petrobras passa por vários reveses, como a greve dos caminhoneiros, que a levou a rever a política de preços. Como o senhor avalia essa situação?

Há muitos anos temos um relacionamento com a Petrobras. Agora, ele está evoluindo: estamos trabalhando em conjunto como sócios no campo de Roncador, no Rio de Janeiro. A Petrobras é uma empresa que respeitamos e, como não estamos atuando no mercado local de combustíveis, acompanhamos de longe esses acontecimentos. O importante é que a Petrobras está muito consciente de sua situação financeira e está determinada a resolver essa questão. Não vejo nenhuma mudança nesse compromisso.

O senhor esteve com o presidente da Petrobras, Ivan Monteiro. As duas empresas vão expandir os negócios que têm em conjunto?

Conversamos sobre o status de nossos projetos, como a parceria estratégica no campo de Roncador. No Brasil, veremos uma série de campos declinar em pro-dução pelo grau de maturidade que al-cançam, e recuperar parte disso é uma competência nossa. No campo de Roncador, com nossa experiência em recuperação avançada de reservatório, seremos capazes de aumentar as reservas de 1??bilhão para 1,5??bilhão de barris. Esses 500??milhões a mais significam a descoberta de um novo campo grande, como o Peregrino, onde operamos.

Onde estão as oportunidades no negócio de óleo e gás no Brasil: nos campos maduros ou nos novos leilões?

É possível crescer em todas as partes da cadeia de valor, já que temos projetos em várias fases. Em desenvolvimento, temos os campos de Carcará e BM-C-33. Estamos construindo a fase dois do campo de Peregrino, com uma terceira plataforma de exploração que será adicionada em 2020. Em produção, estamos ainda no Roncador, operado pela Petrobras. Nos últimos leilões, adquirimos três blocos com alto potencial [Carcará Norte, Uirapuru e Dois Irmãos], todos eles na área do pré-sal, mas o primeiro operado por nós; os outros dois pela Petrobras. Basica-mente, não precisamos participar de novos leilões, embora sempre avaliemos novas opções que estejam à mesa.

Temos visto uma disputa no comércio mundial, que pode trazer mais volatilidade ao preço das commodities. O que esperar no caso do petróleo?

A demanda continua crescendo, mas ainda há volatilidade, que decorre da situação geopolítica. Com base nisso, esperamos ver um aumento no preço do petróleo a 68 dólares o barril em 2020 e a 80 dólares em 2030. Só que pensar no preço do petróleo deve importar menos para que possamos tomar as decisões de investimento. Nosso portfólio da próxima geração, com entrega em 2022, tem um preço de equilíbrio (que não traz lucro nem prejuízo) de 21 dólares por barril, um valor que há alguns anos era de 70 dólares. Temos de ter resiliência e reduzir custos.

A Equinor mudou de nome e se tornou uma empresa do setor de energia, não apenas de petróleo. É uma resposta a um mundo mais sustentável?

A estratégia é continuarmos no setor de óleo e gás de forma sustentável. Alguém tem de fazer esse trabalho, então que faça de uma boa maneira. Isso faz uma diferença gigantesca, porque é um tipo de exploração que tem larga escala e muito impacto. Mas agora também temos de ter uma perspectiva de longo prazo, que permita olhar além do mercado de óleo e gás. É nessa estratégia que entra o investimento em energias renováveis, que já estamos fazendo no Brasil e no mundo.
Por FLÁVIA FURLAN, na Revista Exame



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sábado, 21 de julho de 2018

Fazenda questiona critério de reajuste de planos de saúde e pede mudanças


O reajuste do plano de saúde de 8 milhões de pessoas é calculado com base em uma metodologia falha, afirmam documentos técnicos do Ministério da Fazenda.

Por lei, a pasta tem que se pronunciar todo ano sobre o índice de aumento proposto pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), a quem cabe a conta e a palavra final a respeito do tema.

As críticas tio órgão econômico estão presentes em notas técnicas ao menos desde 2014. Neste ano, a cobrança é enfática. Com data de 11 de junho, o parecer redigido pela Fazenda diz que há erros conceituais no cálculo e que ele permite às operadoras repassar ao consumidor o custo de falhas de eficiência.

O reajuste de que trata o documento é o anual, aplicado ao usuário no mês de aniversário de contratação do plano.

Estão sujeitos a esse aumento clientes de planos individuais ou familiares contratados após 1998, o que corresponde a 17% do mercado. Planos coletivos, contratados por empresas e associações, não têm um limite de reajuste anual.

A distinção de tratamento parte do princípio de que a vulnerabilidade do consumidor é diferente nas duas categorias: como os planos coletivos envolvem um grupo de pessoas, na negociação do reajuste haveria equilíbrio maior entre o poder de barganha dos clientes e o das operadoras.

Com base nesse mesmo raciocínio, a ANS calcula desde 2001 o reajuste dos planos individuais com base no percentual aplicado pelas operadoras aos planos coletivos.

Neste ano, o resultado foi a autorização de um aumento de até 10%, superior à inflação de 3,73%, como apontou o ministério. Para a Secretaria de Promoção da Produtividade e Advocacia da Concorrência do Ministério da Fazenda, há dois problemas principais no cálculo dessa taxa.

Um deles, mais técnico, envolve o uso de um conceito estatístico e a exclusão da base de cálculo de alguns dados de reajuste. O outro questionamento da Fazenda é em relação ao modelo econômico usado pela ANS, o “Yardstiek Competition”, que embasa a equiparação de reajuste dos planos individuais ao dos coletivos.

Para o ministério, é preciso cuidado ao usar o modelo, pois ele tem limitações como “possibilidade de formação de conluio entre as firmas para influenciar o resultado” e “dificuldade de acesso a informações de custos resultantes da competição dos agentes”.

Outro erro, para a pasta, é a ANS levar em conta o aumento do preço dos planos, e não o custo real dos serviços prestados pelas operadoras.

“Ressalta-se que esse aumento pode ser resultante de diversos fatores, e pode não refletir diretamente uma função da variação do custo assistencial, mas também ser resultado de ineficiências, otórios. Esse item não foi mais considerado pela ANS nos aumentos após 2015.

Com base nas conclusões do TCU, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) pediu na Justiça a revogação do reajuste deste ano.

Advogada e pesquisadora da entidade, Ana Carolina Navarrete defende uma nova fórmula que contemple a capacidade de pagamento dos consumidores. Para ela, é errado usar o índice dos planos coletivos como base para os individuais. “Não há igualdade nas negociações, porque as empresas [que contratam planos] não têm acesso a informações fundamentais.”

Por Angela Pinho, na Folha de S. Paulo





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sexta-feira, 20 de julho de 2018

96% dos usuários tiveram problemas com planos de saúde, diz pesquisa


Uma pesquisa feita pela Associação Paulista de Medicina (APM) aponta que 96% dos usuários de planos de saúde relataram algum tipo de problema na utilização do serviço nos últimos dois anos. O percentual é maior do que o verificado na última pesquisa em 2012 (77%). As consultas médicas e os exames foram os serviços mais usados e os que mais registraram problemas. Nas consultas médicas, as dificuldades passaram de 64% para 76%. No caso dos exames passaram de 40% para 72%. Foram entrevistadas 836 pessoas, entre 25 de abril e 2 de maio deste ano.
Segundo os dados, entre os pacientes que tiveram dificuldade nas consultas, o principal problema apontado é a demora na marcação (60%), seguido da saída do médico do plano (37%) e da falta de médico para as especialidades (23%). Com relação aos exames, 42% disseram que tiveram que realizar em lugares diferentes, 39% reclamaram da demora para a marcação, 38% apontaram para o fato de haver poucas opções de laboratórios e clínicas, 31% disseram que houve demora para a autorização de algum procedimento e 22% disseram que o plano não cobriu algum exame ou procedimento.
“Foi um crescimento muito grande quando se trata de uma área tão crítica quanto o sistema de saúde principalmente considerando que são pessoas que pagam pelo atendimento. É um número inaceitável”, avaliou o diretor da associação, Florisval Meinão.
“Com relação às dificuldades, os números querem dizer que as empresas trabalham com uma lógica comercial. Elas buscam trabalhar com redes muito restritas para atendimento e essa rede é insuficiente para garantir o atendimento. Daí essa demora na marcação de consultas e exames”, completou.
Com relação ao pronto atendimento, os usuários relatam que o local de espera estava lotado (76%), que o atendimento demorou muito (59%), que houve demora ou negativa para realização de exames ou procedimentos (34%) ou demora e negativa na transferência para internação hospitalar (12%).
Sobre as internações, 37% afirmaram ter poucas opções de hospitais, 26% tiveram dificuldade ou demora para o plano autorizar a internação e 16% se depararam com falta de vaga para internação. Com relação às cirurgias, 18% enfrentaram demora para a autorização, 9% não tiveram cobertura para materiais especiais e 8% não tiveram autorização.
“A situação que me parece mais grave é a do pronto atendimento. As pessoas não têm uma rede suficiente e têm sua situação agravada. Eles procuram as unidades de atendimento de urgência. A demora e a espera são muito grandes, as dificuldades para a realização de exame nesses locais também é grande, o paciente precisa internar e não consegue internação. Fica uma situação muito difícil para quem vive um problema agudo”, disse Meinão.
Como consequência do atendimento deficitário dos planos, a quantidade de usuários que foi obrigada a procurar o Sistema Único de Saúde (SUS) passou de 15% há seis anos para 19% em 2018. Já aqueles que viram como única opção o atendimento particular passaram de 9% para 19%.

Médicos

A APM também avaliou a opinião de 615 médicos - 90% deles declararam haver interferência das empresas no exercício da medicina. Seis em cada dez apontam restrições quanto à solicitação de exames para o diagnóstico e alternativas de tratamento, além de apontarem entraves para a prescrição de medicamentos de alto custo, tempo de internação e de pós-operatório. As entrevistas foram feitas entre 12 de junho e 2 de julho.
A pesquisa mostrou que 60% trabalham no SUS e desses apenas dois entre dez disseram conseguir internar um paciente com facilidade. Pelo menos 85% afirmaram também enfrentar problemas para obter uma sala de cirurgia, sendo que 91% apontam dificuldade excessiva. Nove em cada dez profissionais dizem que o SUS não tem equipamentos adequados para exames e diagnósticos.
Em decorrência dessas dificuldades, sete em cada dez médicos disseram já ter sido agredidos durante o exercício da profissão. Pelo menos 12% denunciaram que já foram vítimas de agressão física.

Planos

Em nota, a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) afirma que mantém a disposição para manter um diálogo aberto e pede que as entidades e categorias profissionais busquem, em conjunto com as operadoras e as autoridades, soluções para os desafios do setor.
Entre os desafios, a associação destaca “a escalada incessante dos custos assistenciais, motivada principalmente pela mudança no perfil demográfico, com o consequente aumento da assistência à população idosa, e pela incorporação constante e indiscriminada de tecnologias, e aumento de fraudes/desperdícios e a da indevida judicialização da saúde”.
A associação reforça que o descredenciamento de médicos que pedem mais exames não é regra e critica o “excesso de solicitações de exames”. “Prova disso é que o país é o campeão mundial de realização de ressonância magnética, um triste exemplo de desperdício, pois, com toda a certeza, muitos desses exames são completamente desnecessários”, destacou a nota.

Agência Brasil





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quinta-feira, 19 de julho de 2018

Feirão de emprego em São Paulo tem fila quilométrica e confusão


O Vale do Anhangabaú, na região central de São Paulo, amanheceu mais movimentado do que de costume na segunda-feira, 16.
Uma multidão se reunia desde cedo nas imediações do Sindicato dos Comerciários de São Paulo em busca de uma das 1.800 vagas formais oferecidas em um mutirão realizado pela entidade em parceria com empresas.
O volume de interessados pegou a organização de surpresa. Segundo o sindicato, os primeiros candidatos chegaram já no fim da noite de domingo (15).
Letícia dos Santos Silva, 33, e o marido, Welligton, 35, entraram na fila às 5 horas.
Eles estão desempregados há cerca de dois meses e têm quatro filhos.
"Estamos aqui porque temos aluguel para pagar", disse Letícia. Ela mirava vagas de operadora de caixa, e ele, de estoquista.
Foram distribuídas 5.000 senhas para os candidatos, mas, diante da fila que se formava em caracol por todo o vale, o sindicato decidiu limitar o atendimento do dia a 1.600 pessoas.
O restante será atendido em grupos de 800 ao longo da semana.
A mudança na dinâmica do processo deixou os candidatos perdidos e retrata o desespero daqueles que procuram por emprego. Uma funcionária do sindicato relatou casos de pessoas vendendo senhas.
Muitos se aglomeravam na porta da entidade para tirar dúvidas e reclamavam que, com a comunicação confusa, haviam saído da fila por engano.
Insistiam para garantir que seriam atendidos, gritavam se alguém ameaçava furar a ordem de chegada e se abraçavam quando o colega que conheceram ali, na fila, também conseguia pegar uma senha.
Outros que não chegaram a tempo de se inscrever entregavam seus currículos a funcionários na porta do sindicato ao longo de toda a tarde.
Dentro do prédio, candidatos iam de um andar ao outro, participando em sequência de vários processos seletivos.
Segundo Ricardo Patah, presidente do sindicato e da UGT (União Geral dos Trabalhadores), a maioria das vagas disponíveis tem salário médio de R$ 1.300.
Há postos como de operador de caixa e vendedor em grandes redes de farmácias, materiais de construção e supermercados, entre outros.
Na fila do desemprego, não há regras para formação, idade ou origem.
Vivian Donato, 42, é professora e está desempregada há três anos. Enquanto espera a abertura de concurso para a rede pública, ela se candidatou para vagas no mutirão.
"Fui me virando, vendendo artesanato, trabalhando em feiras e eventos", disse.
Ana Carolina Toneo, 30, é graduada em marketing e está sem emprego com carteira assinada há dois anos.
"Só fiz bicos, estou aceitando a vaga que vier. É muita gente desempregada", afirmou Toneo.
Ícaro de Oliveira, 18, chegou às 6 horas à fila em busca do primeiro emprego. "Já está na hora de procurar."
Já o viúvo Arnaldo José Correra, 60, que trabalhou como taxista por 16 anos e está desempregado desde novembro, conta que faltam apenas dois anos para se aposentar.
Os haitianos Louis Pierre, 38, Oska Bellevue, 41, e Jean Alix Joseph, 54, estão no Brasil há cerca dois anos.
Tiveram empregos diversos, como de pedreiro e ajudante de cozinha.
"Não queremos problema, só queremos trabalhar", disse Bellevue, que fez curso de auxiliar de produção no Senai.
Além de fazer frente à situação do desemprego no país, a iniciativa do sindicato é uma tentativa de atrair filiados, após a reforma trabalhista tornar o imposto sindical facultativo.
"É uma resposta pela valorização do movimento sindical e um caminho para aperfeiçoarmos a relação com as empresas", disse Patah.

 Folhapress





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quarta-feira, 18 de julho de 2018

ESTRADA FANTASMA


Prestes a completar noventa anos de sua fundação, Rodovia Washington Luiz (BR-040) tem trechos desprezados e R$ 500 milhões de construções ao ermo

“Governar é construir estradas.” O último presidente da República Velha levou o lema de sua gestão tão a sério que construiu e batizou com o próprio nome a primeira rodovia pavimentada do país, a Washington Luiz — o político fluminense que fez carreira em São Paulo chamava-se Washington Luís, mas essa é outra história. Inaugurada oficialmente em agosto de 1928, quando a frota no estado contava com apenas 20?000 veículos, a pista que liga o Rio a Petrópolis já teve seus dias de glória. Hoje, porém, quem decide visitar a Cidade Imperial enfrenta um percurso sinuoso, maltratado por manutenção precária, índices cada vez maiores de acidentes e uma grande obra abandonada no meio do caminho. Administradora, desde 1995, do trecho que vai até Juiz de Fora, a Concer é alvo de ações movidas pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela prefeitura de Petrópolis, que pedem o fim da concessão. “Melhorar as condições da BR-040 é uma questão urgente não só para quem vem a passeio como para quem mora aqui e trabalha no Rio. Contamos com uma resposta da Justiça”, comenta o prefeito petropolitano, Bernardo Rossi.

Ainda sem prazo para a retomada das obras, a Nova Subida da Serra (NSS) é um traçado de 20 qui­lômetros que pretende substituir a atual estrada e deveria ter sido inaugurado antes da Olimpíada. O projeto original, concebido em 1995 e orçado na época em 80 milhões de reais, seria totalmente custeado pela Concer. Entretanto, a concessionária acabou recorrendo à União em busca de mais verba, diante da alegação de que a construção precisou se adequar a “novas demandas ambientais, viárias e tecnológicas”. A contenda seguiu, então, até um conhecido beco sem saída: o Tribunal de Contas da União (TCU) entrou com um embargo diante de suspeitas de superfaturamento e tudo parou. Na tentativa de resolver o impasse, um novo projeto com alterações no traçado foi submetido ao TCU. Em paralelo à polêmica da NSS, a empresa diz que “mantém investimentos em melhorias, manutenção, conservação e operação da rodovia, sobretudo no trecho da serra de Petrópolis”, mas quem trafega pela área não vê sinal de tanto zelo.

De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), 2017 teve média mensal de dez acidentes com feridos graves ou com morte na Rodovia Washington Luiz, grande parte na subida e na descida da serra. A partir do início do aclive, no quilômetro 100, é comum encontrar rachaduras, buracos e desníveis nas placas de concreto. As irregularidades aparecem até em curvas fechadas, principalmente na pista da direita, por onde trafegam os veículos mais pesados. Em vários trechos, a manutenção é feita com massa asfáltica, recurso mais barato — e mais perigoso. Fendas afetam a estrutura das placas e, portanto, deveriam ser reparadas também com concreto. Quando há obras na pista, torna-se evidente outro problema: a ausência de acostamentos, retornos e faixas reversíveis. Qualquer obstáculo causa engarrafamento, em especial nos horários de maior movimento da via, onde o pedágio varia de 12,40 reais (automóveis e caminhonetes) a 74,40 reais (veículos de seis eixos).

Perigos na pista

Para reduzirem o prejuízo, usuários diários da estrada costumam se organizar em caronas com revezamento. É o caso do engenheiro Márcio Magalhães, 42 anos, morador de Petrópolis. “A gente tenta diminuir os riscos. O asfalto irregular, um grande problema, ainda piora por causa das chuvas”, afirma. Outra preocupação está no trecho da pista próximo da Comunidade do Contorno. Na altura do quilômetro 81, um desmoronamento ocorrido em novembro de 2017 abriu uma cratera de 70 metros de profundidade à beira da estrada, bem em cima de onde estava sendo construído um túnel da NSS. Meses mais tarde e depois de outros deslizamentos perto do local, o medo continua. “Já passei de carro por ali, e após alguns minutos a terra cedeu”, conta a enfermeira Sirlene Ulombe, moradora de Três Rios. A julgar pelo slogan do ex-presidente Washington Luís e pelo estado da Rio-Petrópolis, o governo vai mal.
Por Dilson Júnior, na Revista Veja Rio




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