quarta-feira, 22 de abril de 2009

Excesso de servidores???


O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada não precisou de muito esforço para chegar a conclusão – para muitos surpreendente - de que a máquina pública brasileira não está inchada. Quando chegou o instante de cotejar os dados nacionais com os dos países desenvolvidos e com os dos vizinhos latino-americanos, a verdade se revelou eloqüente e demolidora: a proporção de servidores públicos na faixa da população economicamente ativa é uma das menores, exatos 10,7%.

A ressurreição dos mortos

O Presidente Luiz Inácio conseguiu ressuscitar muitas personalidades políticas, ilustres figuras que a história havia erradicado do panorama nacional. Após exumá-los, garantiu-lhes a seiva da vida, e ei-los, vívidos e despertos, assombrando-nos dia e noite, fazendo com que Freddy Krueger e Charles Manson pareçam inocentes figuras de animação das mais cândidas estórias infantis.

Renan Calheiros, Delfin Neto, José Sarney, Collor de Mello...

O último, por exemplo, fez história tecendo a figura do ‘caçador de marajás’, com o que galvanizou a opinião pública conseguindo expressiva vitória nas eleições presidenciais. Não demorou e a população percebeu o engano cometido, e do mesmo modo que o presenteou, o expulsou do cargo mais importante da República.

Como o mundo dá muitas voltas, ei-llo de volta - conduzido com o apoio do Presidente Luiz Inácio - à presidência de uma das comissões mais importantes do Senado Federal.

Collor de Mello se fez reverberando um antigo paradigma, de todo falso, mas que se incrustou no imaginário popular, a de que o país tem um contingente inesgotável de servidores públicos, que abarrotam os escritórios das repartições públicas exaurindo os recursos da nação, num desperdício que avilta face às dificuldades de cada brasileiro. Seriam parasitas, apaninguados, marajás que não trabalham e nada produzem, e que só comparecem ao serviço – quando comparecem – no dia do pagamento, para assinar ponto e recolher o salário de sultão. Este é o cenário construído ao longo de séculos de história, que Collor soube explorar como nenhum outro. E que os estudiosos da administração pública sempre souberam falso. Porque o Brasil jamais teve excesso de servidores, e a massa salarial sempre foi diminuta, mesmo de envergonhar frente à remuneração que percebe os dos países vizinhos. À base de muita oratória, lorota, e super-exposição, a população foi levada a tomar as exceções como regra geral.

Agora, mais uma vez, estudo do Ipea demonstra, com todas as letras, que esta história de ‘inchaço na máquina pública’ não passa de proselitismo na boca de políticos oportunistas e mal intencionados.

O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada não precisou de muito esforço para chegar a conclusão – para muitos surpreendente - de que a máquina pública brasileira não está inchada. Quando chegou o instante de cotejar os dados nacionais com os dos países desenvolvidos e com os dos vizinhos latino-americanos, a verdade se revelou eloqüente e demolidora: a proporção de servidores públicos na faixa da população economicamente ativa é uma das menores, exatos 10,7%.

Países desenvolvidos como Suécia e Dinamarca, apresentam índices três vezes superiores ao do Brasil. Nos países escandinavos, mais de 30% da população ocupada trabalha para o estado.

No país mais desenvolvido do planeta, os Estados Unidos, onde a livre iniciativa e o mercado são referências estruturais, o percentual é de 14,8%.

Quando o pesquisador Fernando Augusto de Mattos, responsável pelo estudo, acessou os dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe – Cepal – percebeu que, comparativamente aos vizinhos, o Brasil ocupa uma posição bastante modesta, o 8º lugar. Na Argentina, a proporção dos servidores públicos em relação ao conjunto da população fica na casa dos 16,2%; no Paraguai, 13,4%, e no Panamá, primeiro do ranking 17,8%.

Quando a comparação é efetuada com os países tidos como emergentes, fica ainda mais evidente que o Brasil necessita de mais servidores públicos. Na Índia, por exemplo, a proporção é de 68,1%, e na África do Sul, 34,3%. Ainda que se retire a Índia - sempre envolta com gravíssimas questões de segurança interna, terrorismo, guerra e disputas étnicas - os indicadores de todos os demais países demonstram que, no Brasil, o assunto está mais que distorcido, enviesado.

A verdadeira questão está categoricamente demonstrada: não ocorre excesso de servidores públicos, situação que jamais existiu no país; e sim concentração deles, lotados que estão nas capitais e grandes cidades, fazendo com que um sem número de núcleos urbanos fique no prejuízo, carentes dos agentes públicos que possam prestar os serviços que a sociedade demanda. E nesta situação, sofrem mais os mais pobres.

Mas esta é uma verdade que não interessa aos políticos, não os de má índole, os que se acostumaram a distorcer, embair, tergiversar, apregoando mentiras e mais mentiras como estratégia para a perpetuação no poder.

É isso. Claro assim. Não fosse, o que poderia então significar a ressurreição – com pompa e circunstância - de Renan, Collor e Sarney?

A metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e a tecnologia de produção de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo são produções originais de Antônio Carlos dos Santos.