quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Primeiro samba faz hoje 100 anos e ganha exposição na Biblioteca Nacional


A canção “Pelo Telefone”, de Donga, considerado o primeiro samba a ser registrado e gravado, completa hoje (27) 100 anos. Em 27 de novembro de 1916, a partitura da música foi registrada no Departamento de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em nome de Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, na época um compositor de apenas 26 anos.

O samba havia sido concebido naquele ano, durante uma roda na casa de Tia Ciata. De acordo com o Dicionário da Música Popular Brasileira, do historiador Ricardo Cravo Albin, desde o lançamento da música, várias pessoas reivindicaram a autoria, já que era comum que os participantes de rodas de samba fizessem improvisações.

O doutor em musicologia Carlos Sandroni diz que houve outros sambas gravados antes de “Pelo Telefone”, mas acabaram não sendo reconhecidos como “primeiro samba” porque não tiveram um apelo popular tão grande quanto a canção de Donga, que foi sucesso no carnaval de 1917.

“Foi o primeiro samba gravado e registrado que fez muito sucesso. Foi um grande sucesso popular. Outros sambas não foram registrados, é verdade, mas foram gravados antes de 'Pelo Telefone' e não fizeram sucesso. Então ninguém se lembra”, explicou.

De acordo com a Biblioteca Nacional, Donga entregou a petição de registro para o samba em 6 de novembro de 1916. Anexada ao processo estava uma partitura manuscrita para piano assinada por Pixinguinha. Dez dias depois, Donga anexou um atestado que afirmava que o samba havia sido executado pela primeira vez em 25 de outubro de 1916, no Cine-Theatro Velho.

A Biblioteca Nacional só concluiria o registro no dia 27 de novembro, com o número 3.295. Para celebrar o centenário do registro, a instituição lançou hoje uma exposição virtual com a partitura original da canção, músicas e fotos da época, chamada "Ai, ai, ai... Cem Anos o Samba Faz".
A exposição também está disponível de forma virtual

Por Vitor Abdala, da Agência Brasil

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Assista Pelo Telefone - Martinho da Vila, Nelson Sargento e Diogo Nogueira:




'Fator corrupção' vira indicador de risco em empresa


'A companhia não pode assegurar que processos judiciais contra administradores não venham afetar adversamente o valor de mercado das suas Units (ações)' Relatório da Taesa a investidores
A indicação de acusados na Operações Acrônimo e no mensalão tucano para postos de comando corporativo transformou-se em um 'fator de risco' para a Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa), uma empresa de porte do setor de transmissão de energia, que tem como principal sócio a Cemig, a estatal do governo de Minas Gerais. Segundo um relatório da própria empresa destinado aos investidores, as indicações para dois cargos da diretoria e dois do Conselho de Administração da Taesa viraram 'fator de risco' para se investir na empresa. Esses quatro respondem a procedimento judiciais, até com condenação, e a empresa não garante que a presença deles não possa interferir no rendimento da companhia.
Um desses administradores, o conselheiro Paulo Moura Ramos, foi alvo de condução coercitiva da Operação Acrônimo, que investiga o governador petista Fernando Pimentel. Outro, o conselheiro José Afonso Bicalho — que também é secretário estadual da Fazenda em Minas —, foi condenado há duas semanas a cinco anos e oito meses de reclusão por gestão temerária do antigo Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais), que comandou durante a gestão do governador Eduardo Azeredo, do PSDB, na década de 1990.
REPASSES A EMPRESA DE VALÉRIO
Paulo Moura é presidente da Prodemge, empresa do governo mineiro de tecnologia de informação. Bicalho ainda é alvo do processo do mensalão tucano e acusado de fazer repasses ilegais à empresa de publicidade SMP&B, de Marcos Valério, para financiar a reeleição de Azeredo. Esse caso ainda está em fase de instrução no Tribunal de Justiça de Minas. O diretor de Relações com Investidores da Taesa, Marcus Pereira Aucélio, foi da equipe econômica de Dilma Rousseff e alvo de uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) por suposta responsabilidade nas 'pedaladas fiscais' que levaram ao impeachment da ex-presidente.
Luciano de Araújo, diretor jurídico da empresa, responde a processo por ter tido seu escritório contratado sem Licitação na prefeitura de Ribeirão das Neves (MG). Ele foi controladorgeral da prefeitura de Belo Horizonte, quando Pimentel foi prefeito na década passada.
Todas essas informações constam de um documento da própria Taesa, em informe a seus investidores de 21 de novembro. A Taesa reconhece que a presença desses profissionais nos seus quadros é um fator de risco e que, por isso, não pode garantir que não terá influência no desempenho da companhia.
'A companhia não pode assegurar que a existência de processos judiciais e administrativos, novos desdobramentos da Operação Acrônimo ou mesmo o início de novos procedimentos judiciais, administrativos ou investigativos contra administradores da companhia não venham impor limitações ou impedimento dos administradores da companhia que sejam parte nessas questões e que essas limitações não possam afetar adversamente a companhia e o valor de mercado das suas Units (ações)'.
O documento, que está disponível no site da Taesa, foi assinado pelo diretor-presidente da empresa, João Procópio Campos, e pelo próprio diretor Marcus Aucélio. No texto, os dirigentes informam que o cenário ali exposto, que trata da empresa como um todo, é o 'retrato verdadeiro, preciso e completo da situação econômico-financeira e dos riscos inerentes às suas atividades'.
O documento trata ainda a instabilidade política do país como um fator adverso à economia do Brasil e também aos negócios da companhia. O informe cita a Operação Lava-Jato como um dos fatores que levam os mercados brasileiros a incertezas.
Em 5 de outubro, o plenário do TCU condenou Aucélio a multa de R$ 30 mil, mas negou o pedido do MP do tribunal de impedi-lo de ocupar cargos públicos por oito anos. O Ministério Público Federal instaurou inquérito civil público e investigação, e o caso ainda está fase de instrução. 'Não há como assegurar que não resulte em processo judicial', informa o documento.
Sobre o futuro de Bicalho, o documento da Taesa afirma que ele recorreu da condenação, mas que, se for mantida a decisão da 4ª Vara Federal de Belo Horizonte, ele estará 'inabilitado para exercer o cargo na administração da companhia'.
O caso dos quatro diretores e conselheiros consta no capítulo do informe com o título: 'Determinados membros da administração da companhia são partes em processos administrativos e judiciais e de investigações em curso relacionadas a atividades fora do escopo da companhia'. Informa ainda serem integrantes que ocuparam cargos nos governos federal e no estado de Minas Gerais.
O GLOBO entrou em contato com a Taesa e solicitou uma manifestação de todos os dirigentes da empresa citados no relatório da companhia, mas não obteve retorno até as 21h. Foi feito contato também com a Secretaria de Fazenda de Minas Gerais, que não respondeu.

Por EVANDRO ÉBOLI, em O Globo
A corrupção no império russo de 1.800 é similar à do Brasil atual? 
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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Menino de 12 anos lança segunda obra de finanças


Uma mente brilhante. Não seria demais dizer isso de Érico Metzner, um dos mais jovens escritores brasileiros, que com apenas 12 anos de idade já tem a façanha de lançar seu segundo livro, e não escolheu uma das livrarias da sua cidade, Cuiabá, para o lançamento, a ousadia foi ainda maior, e foi na Bienal Internacional do Livro em SP, que mostrou ao público seu "Din-Din", um livro que possui um formato lúdico, e que pode ser utilizado como jogo, indicado para crianças a partir de 8 anos e famílias que querem fortalecer os conceitos de finanças e aprender sobre dinheiro.

O primeiro livro de Érico Metzner, "Como conquistar seu próprio dinheiro", foi lançado em 27/11/2015 e já está na segunda edição, com o depoimento de Gustavo Cerbasi, um dos maiores escritores do gênero de livros com foco em finanças: “Fiquei fascinado com o trabalho do Erico, uma honra tê-lo conhecido pessoalmente. Jovem e consciente das oportunidades e de sua missão, é um dos melhores exemplos da nova geração e rompe com modelos educacionais limitantes e que acredita que um futuro melhor não depende de ninguém a não ser deles mesmos”.http://www.portalrosachoque.com.br/storage/library/images/eric.jpg

O jovem escritor diz que a experiência de participar da Bienal do Livro foi fantástica, por ter acesso a uma enorme quantidade de livros e conversar com diversos autores. “Na Bienal além de expor, comprei diversos livros, mais de 7.000 páginas”. “Em leitura eu não economizo,” diz o pequeno escritor de finanças pessoais.

Eliane Jaqueline conta que desde pequeno, ensinou seu filho a fazer escolhas. No supermercado, ele podia escolher um item adicional por vez. Mesmo tendo condições, dar tudo a um filho pode atrapalhar o seu desenvolvimento emocional. Fazer escolhas desde cedo possibilita à criança um entendimento maior do mundo, e que ela é parte integrante e não o seu centro. Com relação a dinheiro, não é porque tem que ele deve ser gasto. O conceito de consumo consciente ajuda a criança a tomar estas pequenas decisões.

Quando Érico tinha seis anos, Jaqueline conta que ele passou a receber dela e do seu marido a "semanada" ao inves de comprarem ao filho adicionais a ele, como sorvete, lanche do domingo, cinema, etc.. encontraram uma alternativa de educá-lo. Com isso, ele aprendeu a escolher entre usar agora ou guardar para adquirir coisas melhores depois. Jaqueline conta que o filho erroi por algumas vezes, mas depois aprendeu a encontrar o equilíbrio: usar um pouco e guardar um pouco, colocando como objetivo sonhos maiores. Com isso, aliado a outras estratégias que ele conta no livro, ele conseguiu comprar um celular, tablet, TV e videogame. "Como mãe, incentivei meu filho a contar a sua história em livro, para incentivar outras crianças e adolescentes a buscarem os seus sonhos, a serem proativos e contribuir para um mundo melhor e mais consciente. Em meu papel de mãe, incentivo e apóio. Meu desejo é que ele seja feliz com suas escolhas".

Para Jaqueline ter participado da Bienal foi emocionante, viu seu filho brilhar e isso foi o maior presente que ela poderia receber. Vale destacar que a Bienal Internacional do Livro em São Paulo, aconteceu de 26 de agosto a 4 de setembro e reuniu mais de 700 mil pessoas, em um espaço de aproximadamente 60 mil metros quadrados. Cerca de 480 expositores apresentaram os principais lançamentos do país. E foi muito orgulho ter um jovem escritor mato-grossense, em meio a tamanha efervescência da literatura.
Do Portal Rosa Choque
Sobre Maiakovski



A peça teatral enfoca duas das mais importantes personalidades do movimento artístico mundial, o poeta e dramaturgo Maiakovski e o diretor teatral Meyerhold, ambos russos.

Entusiastas de primeira hora da revolução de 1917 pouco tempo depois se tornariam grandes vítimas dela, devorados que foram pela burocracia e pela repressão soviética.

Maiakovski passou para a história como o ‘poeta da revolução’; Meyerhold como o encenador criador do grotesco cênico e da Biomecânica, escola teatral que sorveu as ideias produtivistas de Taylor, a teoria de reflexos condicionados de Pavlov e os estudos das relações corpo-emoções de Willian James.

Filiados ao Partido Bolchevique, Maiakovski e Meyerhold montam, em 1918, em comemoração ao primeiro ano da revolução soviética, a peça teatral “Mistério Bufo”.



A partir daí mergulham no materialismo dialético e no realismo socialista promovendo um teatro maniqueísta de propaganda política: o bem numa extremidade, o mal na outra; os revolucionários de um lado e os exploradores do outro, bem ao sabor da nova ordem burocrática.

Mas quando abrem mão do teatro panfletário, simplista e maniqueísta, passam a ser acusados pelo establishment comunista de produzir uma arte “incompreensível para as massas”, e de cultuar em suas montagens “aspectos místicos, eróticos e de espírito associal”.

A partir daí os problemas com o partido da classe operária foram se acumulando, intensificando, até que a apresentação de “O percevejo” - texto de Maiakovski e direção de Meyerhold – representou a ruptura definitiva. 

O diretor teatral Meyerhold foi preso em 1939 e assassinado a tiros na prisão em 1940.




O poeta e dramaturgo Maiakovski, segundo a versão oficial, teria se suicidado em 14 de abril de 1930, aos 36 anos de idade. No velório, 150 mil pessoas passaram na frente de seu caixão nos 3 dias em que ficou exposto.

Neste período da história soviética, mais de 1500 artistas foram submetidos ao mesmo brutal ritual estalinista de seleção cultural. 

É este o contexto histórico que embala a peça teatral “Estrela vermelha: à sombra de Maiakovski”.

Na peça, Antônio Carlos desenvolve a trama lançando mão de personalidades históricas, obras artísticas e fatos reais que permearam as vidas de Maiakovski e Meyerhold. Passeia pela diferentes fases de suas vidas, pela ebulição revolucionária da época, pela repressão promovida pelo estado, para culminar numa densa discussão sobre a morte do poeta da revolução, o conflito dramático: de um lado, os protagonistas argumentando que o poeta foi barbaramente assassinado, que o suicídio teria sido forjado, armado; enquanto, do outro lado, os antagonistas repercutem a versão oficial de 'suicídio'.

Em uma das cenas os agentes soviéticos interrogam uma personagem da peça, explicam a farsa montada para embasar a versão oficial sobre o 'suicídio' de Maiakovski: “Os fatos não precisam ser verdadeiros, Dimitri. Basta que tenham a aparência da verdade. E todos se dão por satisfeitos”.


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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

“Planejar muito antes sobre o que fazer nas cidades e na sociedade”


1. Arquitetura é uma questão política. Objetivamente, nossa maior preocupação deve ser nesse campo. Nós devíamos procurar influir cada vez mais para que a visão política se sobressaia em relação aos projetos. Ou seja, a ideia é pensar e planejar muito antes sobre o que fazer nas cidades e na sociedade de um modo geral. Em resumo, nós estamos aqui, como arquitetos ou em qualquer profissão, para resolver problemas. O que há são sempre problemas, e a forma como pensamos neles e nos planejamos para resolvê-los nos define politicamente. 
         
2. Todo mundo sabe o que representa, desde as nossas origens, a ideia de habitar um lugar. O que temos visto é a degenerescência dessa extraordinária forma de conhecimento que é a arquitetura e o urbanismo. O que há é a desastrada falta de planejamento na ocupação dos territórios, principalmente entre nós.  Estamos condenados a transformar sempre ideia em coisa, porque você só vê coisas e não pode ver as ideias. É uma questão curiosa, enquanto indagação sobre o que se chama de público e de privado. Para a arquitetura, não há privado. Se há espaço, é público.
        
3. Esse espaço é o que costumamos chamar de “universidade”. É onde, construído por nós, conversamos uns com os outros. É, provavelmente, esse espaço, a razão da construção da cidade. Na Bienal de Arquitetura de Veneza de 2012, o tema, muito apropriado, era “Common ground” (terreno comum, em tradução livre). Poderíamos dizer que um objeto primordial da arquitetura seria amparar a imprevisibilidade da vida. Não é necessário você saber de antemão o que vai fazer: pode ir ao bar encontrar com um amigo e depois ir ao teatro assistir a uma peça que lhe foi sugerida e depois pegar o metrô para estar em casa em dez minutos. Sustentar essa imprevisibilidade, com transporte público, não é apenas conforto, mas ampliar o desfrute da cidade. É ampliação do espaço público, sob todos os sentidos, inclusive quando constrói a habitação. Não se sabe quem vai morar lá. A melhor virtude de uma “casa” é o endereço.

Paulo Mendes da Rocha, em O Globo.
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O planejamento é uma necessidade!
Coleção Quasar K+: 

Livro 1: Quasar K+ Planejamento Estratégico;
Livro 2: Shakespeare: Medida por medida. Ensaios sobre corrupção, administração pública e administração da justiça;
Livro 3: Nikolai Gogol: O inspetor geral. Accountability pública; Fiscalização e controle;
Livro 4: Liebe und Hass: nicht vergessen Aylan Kurdi. A visão de futuro, a missão, as políticas e as estratégias; os objetivos e as metas.


O que é a metodologia Quasar K+ de planejamento estratégico?

QUASAR K+ é uma metodologia que procura radicalizar os processos de participação cidadã através de três componentes básicos:
a.Planejamento;
b.Educação e Teatro;
c.Participação intensiva.

Para quem se destina a ferramenta?

A metodologia QUASAR K+ foi desenvolvida para se constituir em uma base referencial tanto para as pessoas, os indivíduos, como para as organizações. Portanto, sua utilização pode ensejar a modernização desde o simples comércio de esquina ao grande conglomerado corporativo. Mas, também, os projetos de crescimento e desenvolvimento individuais, a melhoria das relações familiares...

Fazendo uso da metodologia QUASAR K+ poderemos descortinar novos horizontes nos habilitando a fazer mais e melhor com menor dispêndio de recursos.

Qual a razão desta metodologia?

Nas democracias modernas as sociedades se mostram tanto mais evoluídas e sustentáveis quanto mais aprimoram a qualidade da participação na vida organizacional, política e social.

Para que a participação se revista de qualidade se faz necessário dominar um conjunto de técnicas e instrumentais capazes de impregnar o processo de maior eficácia.

É deste contexto que emerge a metodologia QUASAR K+: disponibilizar técnicas específicas ancoradas em valores e princípios da educação e do teatro, incorporando - como eixo estruturante - as ferramentas do planejamento.

Portanto, é uma metodologia que busca assegurar qualidade à consecução dos objetivos, estratégias e metas traçados.

Por conseguinte, a aplicação da tecnologia possibilitará que nossa inserção e participação nos ambientes de estudo, trabalho, entretenimento e moradia, se verifique de maneira progressivamente mais satisfatória. Ao mesmo tempo em que nos empodera:

- eleva a autoestima – na medida em que tomamos consciência da evolução de nossa capacidade produtiva, da habilidade adquirida para interagir e contribuir com a família, o grupo social, a organização, a sociedade;

- incorpora ganhos sociais para a família, a escola, a instituição em que trabalhamos e a comunidade onde moramos, considerando que os produtos e resultados de nossa intervenção direta passam a ostentar qualidade diferenciada, mais fina, apurada e consentânea com as aspirações por um mundo melhor e mais justo.

De maneira estruturada, o livro enfoca:
- Planejamento e Administração
- O setor público
- Empreendedorismo & iniciativa privada
- Participação intensiva & terceiro setor
- Cidadania
- Qualidade Total
- Educação & Teatro

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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Perdulários e irresponsáveis os governadores dos estados são insaciáveis



Os R$ 100 bilhões do BNDES 'não existem'

Prepare sua calculadora para dar conta da quantidade de bilhões que vão aparecer neste artigo. Começo pelos R$ 100 bilhões que o BNDES vai poder devolver ao Tesouro Nacional com autorização do Tribunal de Contas da União. O TCU aprovou o pedido feiro pelo Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, assim que ele assumiu o cargo. O BNDES vai poder dividir em três parcelas (40 – 30 – 30) a transferência aos cofres da União.
Mas nem comece a se animar. Este dinheiro não existe, pelo menos não como dinheiro que nós conhecemos, pronto para ser gasto. As parcelas farão apenas a mágica de reduzir a dívida bruta do Brasil no mesmo valor. Aliás, esta determinação faz parte do pedido do governo e também da decisão do TCU. Qualquer uso diferente dos bilhões seria ilegal. Por isso, governadores, nem sonhem com algum troco.
A brincadeira não desmerece a gravidade da situação, apenas ironiza a ousadia dos governantes brasileiros que não foram responsáveis com os cofres públicos e agora buscam centavos bilionários para cumprir as obrigações estaduais. O ministro Eliseu Padilha chegou a aventar esta possibilidade, ou seja, usar alguma parte dos R$ 100 bi para ajudar aos regionais mais apertados, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Que bilhões são estes que estavam no BNDES? Eles fazem parte dos mais de R$ 520 bilhões que o governo do PT depositou no caixa do banco de desenvolvimento para que ele emprestasse no mercado. Tudo começou em 2008, depois da crise financeira internacional. O ex-ministro Guido Mantega resolveu usar o BNDES para suprir a demanda por financiamentos num momento em que o mercado de crédito havia secado. As transferências mais volumosas foram feitas na administração de Dilma Rousseff.
Para mandar os bilhões ao banco público, o Tesouro Nacional precisou se endividar - e isto é só a primeira parte da conta a pagar. Quando vende um título, o governo se compromete a pagar a taxa 'cheia' da economia, mas quando envia os recursos para o BNDES, o Tesouro cobra deles uma taxa menor. Depois disso, quando o banco faz os financiamentos, os juros cobrados são ainda menores do que aqueles que ele tem que pagar ao Tesouro, formando uma cadeia de subsídios que sobram para a viúva pagar, ou seja, todos nós.
Pelas contas da própria Secrataria do Tesouro, entre 2008 e 2060 o governo terá pago R$ 323 bilhões para cobrir a diferença nas taxas de juros, juntando todas as operações até seu vencimento. Entre 2008 e 2015, período de maior transferência de recursos para o BNDES, a conta já custou R$ 123 bilhões – a maior fatia no menor espaço de tempo.
Eu avisei que a quantidade de bilhões era grande. Aí você pode perguntar: serviu para alguma coisa? Não. Os recursos emprestados pelo BNDES têm, teoricamente, o propósito de financiar o investimento no país. As empresas tomam dinheiro mais barato para poder aumentar sua capacidade de produção, ampliar o negócio.
Pois bem, a taxa de investimento neste período, principalmente de 2012 até agora, despencou. Então, não, o plano de encher o BNDES com recurso barato para incentivar o crescimento deu errado e vai nos custar caríssimo.
Para piorar um pouco, o problema extrapola a ponta do lápis da taxa de juros. As operações são obscuras, cheias de coisas mal explicadas, como, por exemplo, a escolha das empresas que receberam o maior volume de dinheiro. O BNDES já foi alvo de CPI, de pedidos de quebra de sigilo pela Polícia Federal, perdeu direito a sigilo nas operações feitas com a JBS (frigorífico) e está no meio das investigações da Lava Jato.
Desde que assumiu o banco, Maria Silvia Bastos tem aberto as cortinas da instituição. Ela impôs mais rigor para novos desembolsos, quer análises com micros detalhes para operações com grandes empresas e elegeu a transparência como prioridade na gestão do banco.
Ainda há muito para se saber sobre o período da farra com dinheiro público que engordou o caixa do BNDES e também daqueles escolhidos pelo governo do PT.
Uma coisa é certa, nestes R$ 100 bilhões que o governo vai receber de volta, ninguém vai levar um centavo.

Por Thais Herédia, no G1

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“É a prova de uma mente inferior o desejar pensar como as massas ou como a maioria, somente porque a maioria é a maioria. A verdade não muda porque é, ou não é, acreditada por uma maioria das pessoas.”

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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Médico aponta falta de planejamento na construção de fábrica da Hemobrás


O presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, Dr. Dimas Tadeu Covas, críticou o projeto da fábrica de hemoderivados da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás),que está sendo construída na cidade de Goiana, em Pernambuco.
Em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), nesta terça-feira (22), o médico disse que a fábrica foi superdimensionada e planejada a revelia dos especialistas do setor.
— Só para dar um exemplo, 60% da matériaprima que a Hemobrás utiliza é gerada na Região Sudeste e, no entanto, foi construída na Região Nordeste. Isso criou inúmeros problemas de logística e qualidade — disse Dimas Tadeu Covas.
Segundo ele, a estrutura física da fábrica — de 43 mil metros quadrados de área construída— é muito grande para a capacidade de produção anual de 500 mil litros de plasma, quando comparada a outras no mundo que têm a mesma capacidade instalada em área quatro vezes menor.
O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), autor do requerimento de realização da audiência pública, lamentou o fato de a fábrica estar com excesso de estoque de plasma em suas câmeras de resfriamento, com risco de expiração do prazo de validade sem que o produto seja distribuído à rede do SUS.
Teconologia ultrapassada
Caiado criticou também a aquisição pela Hemobrás de tecnologia obsoleta para a produção de fator VIII recombinante, produto utilizado no tratamento de hemofilia do tipo A. De acordo com o Dr. Dimas Tadeu Covas, esse produto não estará, no próximo ano, na lista dos melhores medicamentos para o tratamento da doença.
Situação atual
Oswaldo Cordeiro de Paschoal Castilho, presidente da Hemobrás, apresentou, durante a reunião, a situação atual da empresa. Segundo ele, 71% do projeto da fábrica já foram executados; 60% das aquisições de equipamentos, sistemas e tecnologias já foram feitas; e mais de R$ 1 bilhão já foram investidos na planta em Pernambuco.
A construção dá fábrica, segundo Oswaldo Cordeiro de Paschoal Castilho, está paralisada desde o final do ano passado quando foi deflagrada a Operação Pulso da Polícia Federal, que investigou irregularidades em vários contratos firmados pela Hemobrás.
TCU
O auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Messias Alves Trindade, reconheceu as dificuldades do tribunal para realizar auditorias para avaliar a eficiência do processo produtivo da empresa. Mesmo assim, manifestou concordância com relação à obsolescência da tecnologia francesa de produção de fator VIII recombinante adquirida pela Hemobrás.

Agência Senado

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A corrupção no Brasil atual à luz de um dos maiores escritores russos de todos os tempos, Nicolai Gogol:

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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Setor público vira refúgio de qualificados


Em meio à recessão, administração pública é o setor que mais criou vagas para profissionais com ensino superior
Governo emprega quase 4 em cada 10 trabalhadores com ensino superior; com crise participação cresce
Em busca de estabilidade e salários melhores, boa parte dos trabalhadores com ensino superior tem optado pelo emprego no setor público. Com a recessão, que vem produzindo um forte aumento do contingente de desempregados, essa atratividade aumentou ainda mais. No ano passado, entre 673 setores econômicos, a administração pública foi a que mais gerou vagas para brasileiros com diploma universitário: um total de 68.625.
Em 2014, o segmento empregava 37,4% dos trabalhadores com nível superior. No ano passado, essa fatia atingiu 38%, o maior avanço relativo entre todos os setores. Embora tenha contribuído para frear o desemprego de profissionais qualificados, nem todas as vagas do setor público são condizentes com a formação do candidato.
Reportagem da Folha publicada no domingo (20), com base na Rais (relatório anual sobre o mercado de trabalho formal), mostra que milhares de brasileiros com ensino superior têm aceitado empregos de menor qualificação para conseguir uma vaga. A tendência também se aplica às posições que profissionais buscam no setor público.
Cargos que exigem ensino médio —como professor em início de carreira na educação infantil, agente de segurança penitenciária e auxiliar de judiciário— estão entre os que mais geraram emprego para profissionais com diploma.
Pesquisador do Insper, Sérgio Firpo afirma que, no longo prazo, o setor público no Brasil deforma o mercado de trabalho: incentiva que talentos busquem a estabilidade em vez de correr riscos no setor privado, provocando uma ineficiência da economia.
“O setor público faz um verdadeiro ‘brain drain’ [fuga de cérebros] no mercado de trabalho. Isso faz com que um engenheiro bem formado, em vez de fazer pontes, por exemplo, esteja carimbando papéis numa repartição ou Tribunal de Contas.”
SEM ALTERNATIVA
Formada em arquitetura, com pós-graduação na FGV, a carioca Jéssica Bruno, 31, passou a estudar para concursos depois que perdeu o emprego em um escritório. “O que me levou a fazer concursos é a falta de emprego.”
Como muitos profissionais do Rio, Jéssica trabalhou numa empresa ligada ao setor do petróleo, mercado que murchou com a crise da Petrobras. Depois que saiu de lá, tentou oportunidade no escritório de arquitetura, mas se queixa do clima negativo no mercado.
“Todos os meus amigos ou foram mandados embora ou estão com medo de perder o emprego. Decidi que não quero mais ficar nessa tensão”, diz. “Além disso, o salário oferecido nos concursos é mais do que estão pagando para arquitetos [no setor privado].”
Jéssica decidiu concorrera vagas que exigem apenas o ensino médio e agora tenta entrar no serviço público como técnica do Judiciário. “Eles oferecem mais vagas, e a prova é mais fácil. No último concurso que tentei [para o Ministério Público], havia uma vaga de arquiteto e 17 para técnicos.”
FREIO NA TAXA
Em temporada de desemprego, como agora, Firpo calcula que a desocupação entre os profissionais com ensino superior estaria bem mais elevada não fosse o contingente que aderiu ao serviço público. A taxa de desemprego para essa camada da população, hoje ao redor de 6%, saltaria para 8% se fossem retirados da conta os servidores públicos.
Desde 2012, a participação do funcionalismo no total de ocupados nunca esteve tão elevada quanto no segundo trimestre de 2016. Possivelmente resultado da redução do emprego no setor privado. Ele observa que o nível educacional subiu em toda a força de trabalho. Mas, entre os servidores públicos, o aumento é mais expressivo. Mais da metade dos estatutários e militares tem ensino superior. No resto do mercado, o percentual não chega a 15%. “As pessoas que estudaram menos recebem menos e estão mais expostas ao desemprego”, afirma Firpo.
SAIBA MAIS
SÉRIE DISCUTE OS EFEITOS DA RECESSÃO A série “Marcas da Crise” mostra os impactos provocados pela recessão. Alguns dos efeitos podem afetar a capacidade de reação da economia. Veja as outras reportagens da série em: folha.com/marcasdacrise.

Mariana Carneiro Êrica Fraga, da Folha de São Paulo

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terça-feira, 22 de novembro de 2016

Auxiliar governadores incompetentes não é premiar a irresponsabilidade fiscal?


Planalto discute plano para socorrer estados
O governo federal prepara uma operação de socorro aos estados, que enfrentam forte crise financeira. Os contornos desse programa, contudo, ainda não estão definidos. O minis-trochefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que uma das alternativas é usar parte dos R$ 100 bilhões que devem ser devolvidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Tesouro Nacional até 2018. A ideia, porém, foi descartada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Em Nova York, onde cumpriu agenda de reuniões com banqueiros e investidores, Meirelles disse que os recursos não constituem receita primária que possa ser repartida com os governos estaduais.
“A devolução é uma mera operação financeira entre o BNDES e a União para diminuir a dívida pública", afirmou o ministro da Fazenda. Segundo ele, a solução para os problemas dos estados pode seguir o modelo usado pela Petrobras, que prevê a venda de ativos. O porta-voz da Presidência da República, Alexandre Parola, anunciou que, na próxima terça-feira, o ministro terá reunião com governadores, no Ministério da Fazenda, para tratar da crise. “Com base na evolução das discussões, o próprio presidente Michel Temer manterá encontro com os governadores, de modo a construir uma solução conjunta que respeite e garanta o equilíbrio fiscal que está sendo buscado pela União", afirmou o portavoz.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, Padilha disse que somente os recursos advindos do programa de regularização de bens e capitais mantidos por brasileiros no exterior serão insuficientes para restaurar o equilíbrio fiscal dos estados.
“O presidente tem notícias de que a área econômica já identificou fontes (de recursos) e está cuidando é da questão da legalidade”, disse o chefe da Casa Civil. A legislação veda financiamentos da União a entes federados e a própria devolução dos recursos do BNDES ao Tesouro depende de aval do TCU.
Na administração de Dilma Rousseff, o Tesouro emitiu títulos em favor do banco de fomento com a finalidade de alavancar empréstimos ao setor produtivo e estimular a economia, o que acabou não surtindo efeito. A previsão é de que uma primeira parcela de R$ 40 bilhões seja restituída pelo BNDES ainda este ano. Os R$ 60 bilhões restantes seriam entregues em outras duas parcelas, uma em 2017 e outra em 2018. O relator do processo no TCU, Ministro Raimundo Carreiro, já sinalizou, em seu relatório, que o governo terá de demonstrar que os R$ 100 bilhões serão efetivamente utilizados no resgate de títulos públicos no mercado.
Corte no salário
0 ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disseque vai abrir mão de quase dois terços do salário de R$30.934,70. Segundo ele, a renúncia, “uma decisão pessoal e irrevogável", visa adequar a remuneração ao teto do funcionalismo, que é de R$ 33.763. Além do salário de ministro, Padilha recebe R$ 19.389,60 por mês, de aposentadoria do Instituto de Previdência do Congresso, pelos mandatos que exerceu como deputado federal. A decisão foi anunciada um dia após o jornal 0 Globo mostrar que, além dele, outros dois ministros recebem acima do teto: Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, e Osmar Terra, do Desenvolvimento Social.

O Imparcial/MA
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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Comunicação e gestão


“Virgem dos Rochedos” de Leonardo da Vinci.

Em contraponto às teorias administrativas de Taylor e Fayol, surgiu num bairro de Chicago, Hawthorne, uma experiência conduzida por Elton Mayo que lançou por terra os princípios das teorias Científica e Clássica.

Dentre outras afirmações, a Teoria Clássica da Administração tinha como certo que a produção guardava uma relação diretamente proporcional à capacidade física do empregado, concebia um homem isolado que deveria se assemelhar a uma máquina, e que a motivação só seria alcançada através da remuneração.

Na contramão da abordagem Clássica da Administração, emerge, da Experiência de Hawthorne, a Teoria das Relações Humanas, a TRH.

Um a um, a TRH foi invalidando os princípios preconizados pela racionalização formal de Taylor e Fayol.

A equipe de Mayo constatou que, quanto mais socializado, maior a disposição do trabalhador de produzir. E que a motivação, muito mais que restrita à remuneração, estava vinculada a fatores como o reconhecimento, a participação e a aprovação social, no grupo de trabalhadores.

Na seqüência, pesquisas sobre a liderança, sobre o modo do líder orientar sua conduta, abriram um novo nicho, haja vista a necessidade de estabelecer consistentes vínculos de comunicação entre os diversos grupos nas empresas.

Como o enfoque da Administração deixou de ser o homem-atomizado-máquina para se fixar no homem-social, se tornou de todo importante municiar as pessoas com informações e conhecimentos necessários para desempenhar suas tarefas. Mais que isso, criar as condições para que os processos motivacionais, cooperativos e de satisfação estejam atendidos nos cargos.

É este conjunto de elementos, possibilitados pela “comunicação” que estrutura o tão necessário “espírito de equipe”, conduzindo a trilogia “indivíduo, equipe e empresa” à performance adequada.

Nos dias de hoje, é unânime a compreensão de que só é possível aprimorar o desempenho do profissional caso se encontre envolto numa eficaz e estruturada rede de comunicação.

Fluxos multidirecionais de comunicação, plenamente desobstruídos devem vincular, nos dois sentidos, subordinados e superiores, fornecedores e empresa, clientes/contribuintes/cidadãos e empresa, sociedade e empresa.

É este fluxo o elemento capaz de assegur que o processo de produção ocorra de forma sustentável, e que seja possível a adoção de um sistema de avaliação de desempenho e habilidades.

Portanto as possibilidades de lograr êxito com as organizações humanas estão diretamente relacionadas à capacidade de dar vazão a um sistema, uma rede de comunicação eficaz, que consiga interagir setores, mas que, sobretudo, viabilize a interação entre as pessoas.

Antônio Carlos dos Santos - criador da Metodologia Quasar K+ de Planejamento Estratégico e da tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo.acs@ueg.br

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domingo, 20 de novembro de 2016

Contadores temem efeitos de 'delação


Os contadores estão em polvorosa diante de uma nova norma internacional de conduta profissional que entra em vigor a partir de julho do ano que vem na maior parte dos países.
Embora a norma tenha sido editada em julho deste ano, depois de seis anos em discussão, foi uma nota sobre o tema publicada no Valor na semana passada - e que teve mais de 15 mil compartilhamentos nas redes sociais - que acordou a classe contábil e as empresas para um assunto que já estava ocupando a agenda dos líderes da profissão no país. Ao todo, são 530 mil profissionais da área no Brasil.
Na teoria, a tarefa parece simples. Diz a norma: quando souber de algum descumprimento relevante de lei ou regulamento em uma empresa para qual preste serviço, e que comprometa o interesse público, o contador deve denunciar o fato às autoridades, caso a própria companhia não tome providências.
Novo código de ética da profissão permite quebra de sigilo em caso de descumprimento de lei ou regulamento
É a postura que se espera de qualquer pessoa. E que agora será incorporada ao código de ética dos contadores, que deixam de ser obrigados a guardar sigilo sobre ilegalidades cometidas pelos clientes ou pelas empresas nas quais sejam empregados.
Mas nada como a vida real para mostrar que até mesmo as boas causas podem ser de difícil aplicação - não por falta de vontade dos profissionais, mas diante dos riscos que isso representa.
Os contadores, especialmente aqueles que trabalham internamente nas empresas, estão temendo as consequências que podem sofrer se e quando fizerem denúncias do tipo. Consequências essas que poderiam ser não apenas financeiras, em caso de perda do emprego, como também no que diz respeito à própria integridade física.
Neste momento, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que é o órgão que responsável que regulamenta a profissão no Brasil, e o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) vêm iniciando o debate com reguladores e entidades locais, bem como consultando advogados, para saber como - e até se é possível - aplicar a norma no país sem mudança na legislação.
"Estamos neste momento traduzindo a norma e checando as diferenças em relação à legislação local", afirma Idésio Coelho, presidente do Ibracon.
Ontem estava agendada uma reunião com a Comissão de Valores Mobiliários e outra com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Amanhã, haverá um evento pequeno na sede do Ibracon, em São Paulo, do qual participarão representantes da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e da Apimec (associação que reúne analistas de mercado e investidores).
Devem ser chamados para futuras conversas, entre outros órgãos, a Receita Federal, o Ministério Público, o Tribunal de Contas da União e o Ministério da Transparência - até porque a norma profissional também se aplica a contadores que atuam no setor público.
Desde 2014, escritórios de contabilidade que prestam serviços externamente para empresas, e também os auditores independentes, já são obrigados a reportar transações suspeitas de lavagem de dinheiro ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
O que a norma internacional traz de novo é ampliar bastante o escopo das ilegalidades ou suspeitas de ilegalidade que devem ser reportadas - como pagamento de propina, evasão fiscal e descumprimento de regras ambientais, por exemplo - e também a inclusão dos contadores empregados por empresas entre aqueles que devem fazer as denúncias.
Outra diferença clara é que a comunicação ao Coaf é requerida pela lei federal 12.283, que dá segurança jurídica e prevê sigilo sobre o denunciante.
Já a norma de conduta, a princípio, viria apenas por resolução do Conselho Federal.
É esse tipo de amparo legal, que tem a regra do Coaf, que os contadores gostariam de ter para que a nova versão do código de ética seja adotada em sua plenitude no Brasil, afirma Zulmir Breda, vice-presidente técnico do CFC. "Temos que debater que tipo de proteção jurídica haverá. Não podemos colocar o contador em posição de risco", diz ele.
Breda reforça que a o CFC reconhece a norma como de elevado interesse público, mas entende que o ambiente para sua aplicação precisa ser adequado, até mesmo para que ela não vire letra morta, caso os contadores não se sintam seguros para reportar. "O CFC não é contra. A norma é boa para o país. Mas precisamos lidar com a realidade do Brasil e sem isso [mudança de lei e mecanismos de proteção ao contador] fica difícil implementar na prática", afirma.
O Ibracon reconhece que a norma é mais fácil para ser cumprida por firmas de auditoria externa de grande porte, que já são obrigadas a fazer comunicações semelhantes a CVM, Banco Central e Securities and Exchange Commission (SEC) em casos específicos (mas não tão abrangentes como os previsto na nova norma), do que por um contador pessoa física que trabalha na própria empresa denunciada.
Mas a entidade também compartilha da visão de que é preciso mexer na legislação para implementação plena da norma no Brasil. "Se não houver proteção legal, o contador corre o risco de ser processado e até de ameaça física", afirma Coelho.
O presidente do Ibracon destaca ainda que, se houver o entendimento de a lei precisa mudar para o código ser aplicado, os contadores locais não poderão ser acusados de descumprir a regra.
O grego Stavros Thomadakis, presidente do órgão internacional que edita as normas éticas da profissão contábil (Iesba, na sigla em inglês), esteve em Brasília nesta semana, exatamente para esclarecer dúvidas sobre a nova norma. Ao todo, 104 países devem adotar a regra a partir de julho do ano que vem, sendo que 20 já incorporaram ao menos parte do texto à legislação.
Em entrevista ao Valor, ele defendeu que a norma é "equilibrada" e argumenta que o próprio texto já diz que o contador deve considerar o ambiente e os riscos no processo de tomada de decisão sobre reportar ou não uma não-conformidade às autoridades. "O Brasil não está sozinho com essa preocupação. E a norma não está acima da lei local", enfatizou Thomadakis.
Entre os pontos que devem ser levados em conta estão a avaliação sobre a gravidade e impacto no interesse público do problema identificado, seja para a sobrevivência da própria empresa (em caso de descoberta do problema) ou para a comunidade, como na venda de produtos que causem danos à saúde da população, por exemplo.
Thomadakis chama atenção ainda para o fato de que o comando da norma é para o contador reportar primeiro à administração da empresa ou para os órgãos de governança da entidade. E somente quando não houver resposta apropriada que deve se considerar romper o contrato, em caso de prestador de serviço externo ou auditor, e também de denúncia às autoridades.
No caso da aplicação no Brasil, caberia ao Conselho Federal de Contabilidade especificar quais seriam os órgãos que receberiam as denúncias. cada país tem uma estrutura de controle. Mas o que se sugere é que irregularidades fiscais sejam informadas à Receita, que descumprimentos de leis ambientais ao órgão responsável pela área e assim por diante.
A norma tampouco prevê quais seriam as sanções impostas aos contadores que não seguirem as regras, como suspensão ou perda de registro, embora se presuma que cada regulador local estabeleça as penas, segundo Thomadakis.
Ainda a norma preveja a possibilidade de não se fazer a denúncia, o presidente da Iesba lembra que ela requer, nos dois casos, que todo o processo de decisão seja documentado pelo profissional.

Por Fernando Torres, em Valor Econômico 
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