quinta-feira, 19 de março de 2020

OIT: falta de políticas coordenadas pode eliminar 25 milhões de empregos


Cerca de 25 milhões de pessoas podem perder os empregos devido à pandemia do coronavírus causador da Covid-19 se não houver uma resposta internacional com políticas coordenadas, alertou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) por meio de um estudo divulgado nesta quarta-feira.

De acordo com a entidade, se essas políticas forem desenvolvidas e implementadas de forma consensual, como aconteceu durante a crise financeira de 2008, o impacto no nercado de trabalho "seria significativamente menor".
As medidas não devem ser apenas coordenadas, mas suficientemente rápidas e abrangentes. As principais devem ter como foco a manutenção dos empregos através de subsídios, se necessário, de alívio fiscal e financeiro e de empréstimos e apoio financeiro a alguns setores.
No melhor cenário, ou seja, o de que a Covid-19 seja contida em um curto período e que as atividades econômicas possam ser retomadas, 5,3 milhões de empregos serão perdidos. No pior cenário, a estimativa é de que 24,7 milhões de pessoas ficarão desempregadas.
O futuro das vagas dependerá que os países onde hoje há poucos casos impeçam a propagação do coronavírus dentro e fora das suas fronteiras.
O que não se pode negar é que mesmo no cenário mais positivo os trabalhadores serão prejudicados, como foram durante a última crise econômica de 2008, quando o desemprego aumentou em 22 milhões, como lembrou a análise da OIT.
Nestas circunstâncias, o subemprego também aumentará, já que a crise resultará em salários mais baixos e horários de trabalho mais longos, enquanto os que trabalham por conta própria ou em regime "independente" também sofrerão com a diminuição do consumo.

Da EFE







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quarta-feira, 18 de março de 2020

ARTIGO - A “uberização” da auditoria


Imagine solicitar, com apenas alguns cliques de um aplicativo de celular, um pacote de gestão contábil e financeira, incluindo análise sobre os níveis de governança corporativa de sua empresa. Isso tudo está prestes a pulsar em nossos smartphones.

A auditoria interna, cada vez mais valorizada no mundo e extremamente demandada, já começa a surfar na onda dos contratos de trabalhos esporádicos, com dinâmica instantânea e ajustada a necessidades pontuais — ou não tão complexas. Falamos aqui da contratação de um auditor interno por um período de alguns dias, ou, dependendo do caso, para uma tarde de avaliações.

Já existem no Brasil empresas de diversos portes que oferecem o trabalho de auditoria por jobs. Seu foco não é o mundo das grandes corporações, que possuem regras rígidas de governança e necessitam de um time de auditores preparados para atender às expectativas dos stakeholders e da alta administração. Por isso, os auditores on-demand miram companhias médias e pequenas, que não conseguem absorver o custo fixo de manter profissionais internamente e acabam contratando consultorias que realizam auditorias específicas.

Esse cenário não é novo e já está consolidado há anos. Até onde temos conhecimento, contudo, ainda não há aplicativos para essa contratação, embora estejam disponíveis todas as ferramentas necessárias para que players finquem suas bandeiras nesse nicho corporativo. Mas afinal, como funcionaria esse “Uber de auditores”?

Suponha que uma empresa de pequeno porte demande um profissional capaz de avaliar as condições contábeis e de governança para que ela possa dar um passo importante, como aquisição ou redirecionamento de seu escopo de atuação. O aplicativo, com um portfólio burilado, seria capaz de adequar a expertise de seus auditores com a real necessidade do requerente. Bastaria ele definir seu perfil de atuação e qual a área de especialização do auditor que deseja contratar. O aplicativo então enviaria o profissional mais adequado. Se bem detalhado o pedido, já seria sugerida uma ideia de carga horária e de custo para aquele projeto específico.

Por se tratar de uma área do conhecimento altamente especializada, seria fundamental que, além da experiência profissional, esses auditores apresentassem comprovações de certificações, como as concedidas pelo The IIA – The Institute of Internal Auditors, o maior organismo da carreira no mundo, com mais de 200 mil auditores associados. É uma garantia para o contratante ter auditores que atuem em linha com as melhores práticas globais de governança e ética corporativas.

Como em toda mudança, algumas marolas devem sacudir a carreira, gerando um modelo acionado pela tecnologia e pelo pragmatismo. Os algoritmos e o uso da Inteligência Artificial contribuirão para indicar o melhor profissional para determinado projeto, além de auxiliá-lo de forma rápida e eficaz na mineração de dados para que ele possa construir um diagnóstico que atenda a demanda contratada pela empresa.

Os auditores internos fixos, integrados e que possuem uma visão holística da empresa em que atuam, continuarão a existir, principalmente nas grandes organizações. Já os auditores “Uber” serão um reforço, uma nova legião a contribuir na disseminação de processos transparentes, lícitos e eficazes. Ganha quem os contratar e ganha a sociedade, que clama por um ambiente corporativo mais justo.

Por Paulo Gomes, na Revista Isto É Dinheiro






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terça-feira, 17 de março de 2020

O cacoete tributário


A carga tributária no Brasil saiu de 22,39% do PIB, em 1986, para 35,07%, em 2018. Nesse mesmo ano, cada brasileiro precisou trabalhar 128 dias apenas para pagar os impostos, mas há países em que se trabalha até mais, como é o caso da Dinamarca, onde são 176 dias. Mas o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Dinamarca é de 0,929, o 11º no ranking, enquanto o Brasil, com índice 0,759, está em 79º lugar. Nos Estados Unidos, são 105 dias de trabalho para pagar impostos, o IDH é 0,924 e o país está em 13º no ranking.

A Reforma Tributária está em ampla discussão no Congresso Nacional e uma pesquisa da Arko Advice, feita em fevereiro com 106 deputados federais, mostra que 75,46% acreditam que a proposta será aprovada de forma conclusiva ainda em 2020. Em dezembro do ano passado, esse percentual era de 66,66%. Isso revela uma visão otimista, considerando a complexidade do tema e o fato deste ser um ano eleitoral. Mas, mesmo que não seja aprovada rapidamente, há um clima muito positivo em torno do assunto. É razoável acreditar que, em 2021, a reforma possa estar de fato aprovada.

É indiscutível que o sistema atual acaba prejudicando os mais pobres. Entretanto, alguns parlamentares continuam insistindo em fazer justiça tributária de forma equivocada: aumentando a carga. Foi o que fizeram de 1986 até hoje, mas as desigualdades continuaram aumentando e a população mais carente continuou dependendo de programas sociais. No ano passado, o governo editou a Medida Provisória 898/19 para garantir o pagamento do 13º a beneficiários do Bolsa Família.

Há uma MP, que pode perder a validade no próximo dia 24 se não for aprovada pela Câmara e pelo Senado, em que o relator é o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). No seu primeiro parecer, para tornar o pagamento do programa permanente, ele propôs tributar lucros e dividendos, percebeu resistência e, em seu último texto, propôs a cobrança semestral do Imposto de Renda dos fundos de investimentos fechados. O também senador Otto Alencar (PSD-BA) é autor de projeto que tenta tributar lucros e dividendos. Por fim, a ex-senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) é autora de projeto que tributa “grandes fortunas”. Propostas não faltam.

O aumento de carga tributária, sem antes mexer em um sistema complexo e injusto como o atual, não resolve. Os mais ricos têm formas de contornar o aumento de impostos, já os mais pobres, não. Isso tem sido feito até agora e o que melhorou? Mais que isso, o cacoete pelo simples aumento de imposto dificulta o avanço na direção de uma reforma ampla do nosso sistema tributário.


Por Cristiano Noronha, na Revista Isto é








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segunda-feira, 16 de março de 2020

Pesquisa diz que pessoa com deficiência sofre preconceito no trabalho


Pesquisa ouviu trabalhadores na cidade de São Paulo

Uma pesquisa encomendada pelo Ministério Público do Trabalho em São Paulo e realizada pelo Ibope, revelou que a pessoa com deficiência que vive na capital paulista ou na região metropolitana ainda sofre preconceito no trabalho. De acordo com a pesquisa, 69% dos entrevistados informaram que já vivenciaram ou presenciaram algum tipo de discriminação, bullying, rejeição, assédio moral e sexual, isolamento ou até violência física no ambiente de trabalho. A maior parte dos casos se refere a episódios envolvendo discriminação, bullying e rejeição, apontada por mais de 38% em cada um desses casos.

“As pessoas que foram entrevistadas ou já sofreram ou presenciaram violências diversas dentro do ambiente de trabalho, que vão desde o assédio moral ao bullying ou isolamento ou até mesmo violência física, que foi citada na pesquisa. Esse é um dado que impressiona, é um percentual alto e são situações que não deveriam acontecer no ambiente de trabalho”, disse Elisiane Santos, procuradora do Ministério Público do Trabalho, em entrevista à Agência Brasil.

“É importante não só fazer a empregabilidade e a inclusão [da pessoa com deficiência], mas que essa inclusão seja efetiva, que o acesso ao trabalho se dê de forma digna e não exista essa discriminação com relação ao trabalhador com deficiência”, alertou.

Segundo Elisiane, o resultado da pesquisa é confirmado com as denúncias que são recebidas constantemente pelo Ministério Público do Trabalho, a maioria relacionada a assédio. “Muitas vezes a gente não recebe a denúncia dessa forma. A gente recebe outras denúncias, sobre diferentes irregularidades e, em depoimentos para entender aquela situação que ocorre na empresa, recebemos relatos de um trabalhador que menciona uma discriminação que ocorre no trabalho em face do trabalhador ter algum tipo de deficiência”, disse.

Sem promoção e sem aumento
A maioria dos entrevistados da pesquisa também aponta que nunca foram promovidos (77%), nem receberam aumento em seus salários por seu desempenho (70%) e sequer fizeram cursos de qualificação oferecidos pela empresa (68%). Duas em cada três pessoas com deficiência em São Paulo disseram ainda que nenhuma adaptação foi feita em seus locais de trabalho para que elas possam trabalhar com melhor qualidade.

Para essas pessoas, a maior dificuldade enfrentada no mercado de trabalho atualmente é o baixo salário (15%), seguido pela dificuldade de comunicação (11%), falta de um plano de carreira (9%) e ausência de promoção ou aumento de salário (9%).

Além disso, mais da metade delas (52%) não está trabalhando no momento e apenas 31% são assalariadas com carteira assinada. Entre as que estão trabalhando, 62% ocupam cargos operacionais, enquanto 14% têm um cargo gerencial. Mais da metade dos que trabalham ocupam funções no setor de comércio (54%), seguido por atividade social (19%) e prestação de serviços (15%).

“Mais da metade das pessoas que nós entrevistamos estão fora do mercado de trabalho. Dois em cada dez nunca trabalharam, o que é um percentual relevante também. No geral, não há falta de pessoas com deficiência querendo trabalhar. Mas precisamos aprender a valorizar as qualidades. O fato da pessoa ter uma deficiência não significa que ela não consegue atuar”, disse Patricia Pavanelli, diretora de Contas da Área de Opinião Pública, Política e Comunicação do Ibope Inteligência.

Outro aspecto apontado pela pesquisa é que os entrevistados avaliam que o mais importante quando se fala em oportunidade de emprego é o plano de carreiras (18%), seguido pela vaga compatível com o perfil (14%), o salário (13%) e a acessibilidade dentro da empresa (12%). “O trabalho para essas pessoas significa dignidade, autonomia financeira e possibilidade de uma vida melhor”, disse Patricia.

Lei de Cotas
A pesquisa Pessoas com Deficiência e o Mercado de Trabalhou apontou ainda que nove em cada dez entrevistados (89%) apontaram a Lei de Cotas (lei de contratação de deficientes nas empresas) como importante para o ingresso das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. E para 82%, a Lei de Cotas ainda contribuiu para aumentar o poder aquisitivo das pessoas com deficiência.

“A Lei de Cotas é fundamental na vida dessas pessoas. A pesquisa demonstra o quanto ela ajuda a dar visibilidade às pessoas com deficiência, a luta pela igualdade e a promoção dessas pessoas no mercado de trabalho”, disse Patrícia.

Deslocamento
Para se deslocar para o seu local de trabalho, as pessoas com deficiência gastam, em média, cerca de 2 horas e 38 minutos por dia, considerando ida e volta. Quase a totalidade dessas pessoas utiliza o transporte público (93%). “Essa é uma pesquisa de percepção. Mas pesquisas com a população em geral mostram que vem diminuindo um pouco o tempo de deslocamento na cidade de São Paulo, que gira em torno de duas horas. E com essa população [de pessoas com deficiência] estamos falando em quase duas horas e quarenta minutos. A maior parte dos entrevistados mora nas zonas leste e sul da capital paulista, que são as zonas mais populosas da cidade. Mas os trabalhos estão localizados na zona central. Isso demonstra que, assim como a população em geral, a pessoa com deficiência tem mais dificuldade na questão da locomoção”.

A pesquisa ouviu 510 pessoas da cidade de São Paulo e região metropolitana, entre julho e setembro do ano passado.

Da Agência Brasil






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