segunda-feira, 30 de junho de 2014

Por espaço, Cidade do México aposta nos 'arranha-solos'

Alberto Nájar, na BBC Mundo
Prédio subterrâneo no México (BBC)
Um dos prédios subterrâneos projetados para a Praça da Constituição, na Cidade do México
De fora, eles se parecem como três grandes cones de vidro enterrados na terra. Mas são a entrada de luz e ar para um shopping subterrâneo gigante no oeste da Cidade do México.

Este é um dos novos projetos realizados na capital que, segundo seus idealizadores, podem ser uma alternativa para controlar o tamanho de uma das maiores cidades do mundo: a construção de prédios sob a terra.
Além do centro comercial, chamado de Garden Santa Fe, um aquário, do empresário Carlos Slim, considerado o maior da América Latina, também foi construído debaixo da terra.
Existe, ainda, um projeto para construir um complexo de 65 pisos subterrâneos com escritórios e lojas sob a emblemática praça central da cidade, a da Constituição, também conhecida como Zócalo.
Apesar de existirem prédios residenciais e comerciais que utilizam pisos subterrâneos como estacionamentos, as construções abaixo da terra são uma novidade no país.
Mas, para alguns, a questão é polêmica, já que várias regiões da capital mexicana eram um lago e são consideradas vulneráveis a tremores.
Os empreendedores por trás dos complexos subterrâneos, no entanto, garantem que a tecnologia atual permite construções sem riscos em qualquer região da capital mexicana.

Cones de luz e ar

O centro comercial Garden Santa Fe foi construído em um parque quase abandonado e frequentemente usado como estacionamento de veículos, disse à BBC Mundo Francisco Montes de Oca, diretor da Arquitectoma, empresa que desenvolveu o projeto.
Originalmente, o plano era construir um estacionamento, algo necessário na zona oeste da capital, área com mais de 56 edifícios empresariais e onde muitos trabalhadores se deslocam por automóveis.
No Garden Santa Fe, foram utilizadas técnicas de construção desenvolvidos no Reino Unido, nas quais um muro de concreto é construído em torno da escavação para evitar deslizamentos de terra.
Os cones de vidro visíveis a partir da superfície permitem a entrada de ar e luz solar, o que reduz significativamente a iluminação artificial e, portanto, reduz o consumo de energia, dizem os empreendedores.
Além disso, manteve-se um parque com jardins e árvores na superfície. Sob ele, são 65 mil metros quadrados de área construída, em seis níveis: dois para lojas e quatro para estacionamentos.
Nesta área da Cidade do México, o solo é mais resistente do que no centro, disse Montes de Oca, o que reduz o risco de danos por tremores.
Construções subterrâneas podem ser uma alternativa para a Cidade do México, cuja área de 1.495 quilômetros quadrados tem poucas regiões ainda disponíveis para ocupação.
"Acho que é um absurdo crescer horizontalmente. A cidade tem crescido a tais dimensões que as pessoas que tentam chegar a seus trabalhos levam duas ou três horas. É realmente um absurdo", disse Montes de Oca.

Peixes sob a terra

Aquário subterrâneo na Cidade do México (BBC)
Aquário subterrâneo na Cidade do México é o maior da América Latina
A razão principal pela qual o Aquário Inbursa foi construído sob a terra é que o seu proprietário, o Grupo Carso, de Slim, não queria que nada atrapalhasse a vista do Museu Soumaya, onde é exibida a coleção particular do empresário, que inclui obras de Rodin, Salvador Dalí e Tintoretto, entre outras.
Mas também foi uma decisão prática: o terreno disponível para construí-lo não teria espaço para abrigar 1,7 milhões de litros de água do mar, 230 espécies diferentes, 500 exemplares e todas as instalações necessárias para mantê-los, disse à BBC Mundo Edgar Delgado, um dos projetistas do aquário.
Assim, o complexo localizado no noroeste da Cidade do México foi desenvolvido em quatro níveis a 25 metros abaixo da terra.
O passeio dos visitantes inicia-se no terceiro subsolo, onde estão as espécies que vivem à maior profundidade no mar.
A construção é cercada por um muro para evitar deslizes e movimentos do terreno - a alguns metros dali, há uma área de circulação de trens cargueiros.

Rasgando a terra

Um dos projetos mais polêmicos se chama Rascasuelos, e consiste em construir uma pirâmide invertida de 65 pisos subterrâneos para abrigar escritórios e lojas sob a principal praça do país, a Zócalo, na capital mexicana.
A pirâmide teria um vazio no espaço central para permitir a circulação de ar e a entrada de luz natural, apesar de toda a estrutura planejada ser de concreto para conter a pressão da terra.
A obra tem custo estimado de US$ 769 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão) e foi projetada pelo grupo Bunker Arquitectura.
O prédio está na fase de projeto, mas sua apresentação pública causou polêmica, pois a área onde planeja-se sua construção foi o coração de Tenochtitlán, a capital do povo asteca, que foi construída dentro de um lago.
Sob a Zócalo, existem vestígios da cultura pré-hispânica. À margem da praça, estão alguns dos edifícios mais antigos e emblemáticos do México. É, também, uma zona muito vulnerável a tremores.
Os responsáveis pelo Rascasuelos, no entanto, afirmam que o projeto não afetará a região e que a técnica de construção prevê o risco dos movimentos de terra.

No centro da Cidade do México, existem normas para restringir o tamanho de arranha-céus. Mas os limites são diferentes para aqueles sob a terra.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Telhados industriais sem uso dão lugar a fazendas urbanas, na Suíça

Marina Maciel, na Revista Super Interessante

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Quem diria? Telhados mecânicos grandes, planos, homogêneos e sem uso são perfeitos para a instalação de fazendas urbanas. É isso o que afirma o arquiteto italiano Antonio Scarponi, entusiasta da produção de alimentos dentro das cidades.

Na Basileia, na Suíça, Scarponi decidiu criar uma oportunidade concreta para as atividades agrárias tirarem proveito dos espaços não utilizados. Para isso, montou um espaço para agricultura urbana em um telhado industrial sem uso.

Em apenas 400 m², implantou dois módulos pré-fabricados: uma estufa para a produção de plantas e contêineres para outros fins, como escritórios de administração, vestiários e depósitos.

Além disso, foi instalado um sistema hidropônico para criar um ambiente balanceado. Enquanto um aquário de peixes nutre os vegetais, as plantas limpam a água dos peixes.

Segundo o arquiteto, qualquer prédio industrial plano pode produzir comida e comportar espaços como este, que podem ser organizados em layouts diferentes.

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quinta-feira, 26 de junho de 2014

10 atitudes para manter a positividade durante o dia

Manter-se longe do telefone e das redes sociais são algumas delas
Do Administradores.com
"Certifique-se de sua rotina diária inclui o auto-cuidado que lhe permite relaxar o corpo"
Você acorda e já se lembra de tudo o que tem que fazer, e aí só quer se esconder debaixo das cobertas e não sair nunca mais? Esse sentimento é muito conhecido por muitos de nós, mas felizmente você não precisa se sentir sempre desta forma.
Aqui estão algumas maneiras para ajudá-lo a entrar no estado de espírito certo e aproveitar cada dia como ele vem.
1. Saiba o que faz você feliz
Pensamentos felizes geram emoções felizes. Pode parecer simples, mas é verdade: pense no que traz felicidade e então você estará sempre feliz.
2. Seja grato
A gratidão é uma das práticas mais importantes. Quando você passa algum tempo na parte da manhã para listar 5 coisas pelas quais você é grato, isso muda toda a sua mentalidade e seu dia se torna muito mais brilhante.
3. Relaxe seu corpo
Sem relaxamento físico, criamos estresse e ansiedade em nosso corpo. Certifique-se de que sua rotina diária inclui o auto-cuidado que lhe permite relaxar o corpo.
4. Não se apegue aos seus pensamentos
Os pesquisadores dizem que temos cerca de 60 mil pensamentos por dia. O quão desgastante é isso?
5. Fique fora das mídias sociais
Se você é uma das pessoas que verifica as suas mídias sociais ou e-mail assim que acorda, pare com isso agora!
6. Não olhe o telefone logo cedo
Assim como você não deve olhar constantemente suas redes sociais, quando você acordar, tente abster-se de verificar o seu telefone até um pouco mais tarde também. Você realmente vai perceber o quanto a tecnologia pode ter um efeito negativo sobre os nossos níveis de energia.
7. Faça uma corrida matinal
Qual a melhor maneira de começar o dia, se não com endorfinas? Ir para uma corrida agradável na parte da manhã, antes que o tempo fique muito quente, fará você feliz
8. Ouça um podcast inspirador
Da mesma forma como acontece com um livro inspirador, ouvir um podcast inspirador pode dar a sua mente a motivação para seguir até a próxima etapa do seu dia.
9. Defina o alarme com uma música amena
Considere alterar o toque do alarme. Não use o zumbido louco. Em vez disso, coloque algo agradável e melódico que começa suave e fica cada vez mais forte à medida que o tempo passa.
10. Pergunte a si mesmo: "Como posso fazer este dia incrível?"
É uma pergunta simples, mas poderosa. Vai fazer você perceber que está no controle de como seu dia vai ser e como você se sente sobre isso.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Simon Schwartzman: "Só excelência acadêmica não basta"

Da Revista Época

O cientista político especialista em ensino superior diz que a USP precisa de autonomia para estabelecer salário por mérito – e dispensar quem não tem talento

Com mais de 90 mil alunos, quase 30 mil na pós-graduação, a Universidade de São Paulo (USP) enfrenta sua pior crise. Com orçamento de R$ 5 bilhões comprometido totalmente com a folha de pagamentos, a reitoria congelou salários e cortou verbas de pesquisa. Recentemente, a maior universidade do país perdeu o posto de melhor da América Latina (no ranking da consultoria britânica QS), para a Pontifícia Universidade Católica do Chile, que ganhou pontos no reconhecimento internacional de trabalhos de pesquisa. “Não importa se é a primeira ou segunda da América Latina”, diz Simon Schwartzman, doutor em ciência política e pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, do Rio de Janeiro. “Isso não muda um fato: ela não está entre as melhores do mundo.” Falta dar o primeiro passo: exigir que ela chegue lá. 

POR FORA Simon Schwartzman, em seu escritório no Rio. Para ele, a USP se isolou (Foto: Stefano Martini/ÉPOCA)

ÉPOCA – A USP deixou de ser a melhor da América Latina. A queda no ranking britânico é sinal de que algo vai mal?
Simon Schwartzman – 
A Universidade Católica do Chile é uma excelente universidade, pequena, privada, que recebe subsídios do governo. Ter ficado em segundo lugar não é a principal questão. Realmente importa que, no cenário internacional, a USP continua muito mal. Mesmo que tivesse ficado em primeiro lugar na América Latina, continua abaixo das 150 melhores do mundo. Deve-se questionar é se o Brasil precisa ter universidades de ponta, com padrão internacional.
ÉPOCA – E precisa?
Schwartzman – 
No mundo inteiro, os países estão preocupados com isso. Na Ásia, na Europa, nos Estados Unidos. Há novos conhecimentos, novas tecnologias, avanços científicos. Ninguém quer ficar para trás, então há um esforço para incluir pelo menos algumas de suas universidades de melhor qualidade nesse circuito mundial de conhecimento, informações e competências. A China se esforça para emplacar dezenas de suas universidades. A Rússia, a Coreia selecionaram algumas para investir e transformar em universidade de ponta. No Brasil, esse assunto não entra na pauta. Ficar de fora desses rankings significa que não passam por aqui as principais pessoas competentes, ideias e tecnologias. Não há circulação de conhecimentos e ideias. O Brasil não conversa de igual para igual com o resto do mundo. Isso beneficiaria o setor produtivo, o governo, as instituições. É claro que não dá para transformar todo o ensino superior em universidades de excelência internacional. A maior parte do ensino superior cuida de ensino, e essas universidades internacionais são fortes em pós-graduação e pesquisa pesada. No Brasil, a USP é certamente a que teria mais condições de assumir esse papel. É a que tem mais dinheiro, um acervo de competências de professores e institutos, é de longe a que forma mais doutores. Pode não ser a única, mas tem potencial.
ÉPOCA – O que falta para que isso aconteça?
Schwartzman – Definir o papel da USP e criar as condições institucionais para mudar o que precisa ser mudado. Do jeito como está hoje, a USP não tem condições de fazer isso sozinha. Em primeiro lugar, é preciso ter políticas públicas. O governo precisaria tomar essa decisão, como os outros países fizeram. Como o Chile fez. Uma mudança assim mexe muito com as estruturas internas da universidade. Mas o principal é escolher um foco para a universidade. O que queremos que a USP seja? Hoje, ela tem múltiplos papéis: a graduação, a pós, a pesquisa. Tem até uma tentativa ruim de investir em ensino técnico, com o campus da Zona Leste de São Paulo. Falta um foco. Se for para ser uma universidade de massa, que dará educação profissional, então não precisa pagar professor e pesquisador de dedicação exclusiva. Se for fazer pesquisa, não precisa do ensino profissional.
ÉPOCA – Quem decide esse foco?
Schwartzman –
 Se você conversar com professores de diferentes departamentos e faculdades, essas pessoas têm ideia de como tem de ser, de como fazer para melhorar a qualidade. Mas isso não se junta com uma política da instituição, um órgão moroso, pouco ágil. É normal que universidades grandes como a USP sejam mais morosas. Ao mesmo tempo, a USP é muito amarrada burocraticamente. As coisas são resolvidas internamente de forma política, sem dar prioridade à maximização da qualidade de sua pesquisa. 
ÉPOCA – Ter autonomia não deveria ajudar nesse ponto?
Schwartzman – A autonomia é usada na USP para deixar tudo como está. Uma universidade de ponta tem de ser autônoma e receber os estímulos adequados para desempenhar esse papel importante. Inglaterra e Alemanha concentram seus investimentos em universidades eleitas de ponta. Elas têm autonomia para usar os recursos da forma que quiserem. Em contrapartida, são obrigadas a mostrar resultado. A USP não tem tanta autonomia assim. Ela não pode mexer na estrutura dos salários – recurso fundamental para qualquer universidade que queira disputar mundialmente o conhecimento e talentos. É fundamental ter liberdade de negociar um salário diferente e dar boas condições de trabalho para atrair o talento internacional. E também poder dispensar quem não é tão talentoso.
"A qualidade da USP não corresponde ao seu custo e ao que o Brasil precisa"
ÉPOCA – Além de como lidar com os salários dos professores, o que mais precisa mudar?
Schwartzman –
 Há outros dois pontos fundamentais. Primeiro, a falta de interação da pesquisa acadêmica com o mundo externo. A pesquisa precisa ser feita em parceria, cooperação, projetos em conjunto com o setor produtivo, governos e outras instituições. A USP até tem um pouco disso, mas não é a política geral, e muita gente se opõe. Os entraves legais, por ser um órgão público, dificultam o recebimento de financiamentos assim. Poder trabalhar em parceria é importante, para não se manter isolado. Ter conhecimento acadêmico de qualidade não é suficiente. É preciso ter força no acadêmico e na ciência aplicada. As universidades de ponta fazem ambos. Uma competência não existe sem a outra. A USP, assim como outras universidades brasileiras, nunca se preocupou em atrair professores e alunos internacionais. Quando dei aula lá, na década de 1990, não consegui achar um documento oficial de apresentação da universidade em inglês. Eu mesmo tive de escrever um. De maneira geral, o Brasil poderia ser um polo atraente para alunos da América Latina. Mas ninguém faz isso. Com uma política equivocada, o ex-presidente Lula criou a universidade da integração da América Latina em Foz do Iguaçu. Ele poderia ter pegado uma das grandes federais e investido nisso. O programa federal Ciência Sem Fronteira nem pode ser considerado um esforço de internacionalização. Ele não é ligado a nenhuma universidade. Trata-se de dar bolsas para alunos estudarem fora, e depois ver no que dá.
ÉPOCA – O senhor acha que a atual crise financeira é uma questão pontual de má gestão?
Schwartzman – Há dois ou três anos, a USP tinha dinheiro sobrando. Não só ela, mas todas as universidades paulistas, que recebem quase 10% dos impostos do Estado mais rico do país. A gestão do dinheiro é complicada. O controle dos gastos é muito burocrático. A falta de foco piora a situação, porque ela sofre demandas de todos os lados. 
ÉPOCA – Como a falta de consenso sobre o papel da USP e a morosidade afetam a excelência acadêmica?
Schwartzman –
 Vou dar um exemplo. Quando estudava na Universidade da Califórnia, em Berkeley, que é pública e tem dezenas de prêmios Nobel, aconteceu um fato de grande repercussão. O departamento de biologia ficou velho. Era um excelente departamento, com gente qualificada, mas a biologia feita lá dentro ficou antiga com a chegada de novos conhecimentos, principalmente na área da genética. O pessoal não se atualizou. Isso foi detectado por uma comissão externa, criada para avaliar a situação. Essa comissão chegou à conclusão de que o departamento precisava mudar. As pessoas foram afastadas. Foi criado um orçamento pesado, e eles saíram à procura de pessoal qualificado para tocar o novo departamento. Foram perguntar quanto queriam ganhar e que equipe precisariam montar. Esse tipo de ação é impensável na USP.
ÉPOCA – Então a USP corre o risco de se tornar uma universidade pior?
Schwartzman – Ela é de longe a melhor do Brasil. Sua reputação é boa aqui dentro. Mas é uma qualidade convencional, que não corresponde ao que ela custa e ao que o Brasil precisa. Ela poderia ter um papel mais importante do que tem.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Transmissão de energia elétrica sem fios de Tesla


Do Canactech
Nikola Tesla foi um dos maiores responsáveis pelo mundo como o conhecemos hoje, principalmente no que diz respeito ao uso da eletricidade. O inventor que deu origem ao estereótipo de “cientista maluco” ajudou no desenvolvimento da corrente alternada, que utilizamos hoje em nossas casas e escritórios. Mas seu principal objetivo era conseguir transmitir eletricidade sem fios.
Contudo, com a tecnologia da época e outros fatores, o máximo que ele conseguiu foi construir uma torre gigante para demonstrar a transmissão transatlântica de eletricidade. O projeto, no entanto, acabou não indo para frente.
Agora, segundo informações do Dvice, um grupo de engenheiros russos querem concluir o trabalho de Tesla. Para isso, eles lançaram uma campanha no Indiegogo para arrecadar fundos para o projeto.
Os engenheiros são Leonid e Sergey Plekhanov, que se formaram no Instituto de Física e Tecnologia de Moscow (MIPT, em inglês) e passaram anos estudando os trabalhos e patentes do inventor austríaco. Concorrente aos estudos, eles realizavam experiências para verificar se as ideias de Tesla funcionavam.
Depois de todos esses anos estudando tudo, os dois chegaram a conclusão de que é possível sim construir um sistema para a transferência de energia a longas distâncias e que isso resolveria muitos problemas de energia pelo mundo afora.
Segundo a dupla, pouco mais de 100 mil quilômetros quadrados de painéis solares seriam o suficiente para suprir toda a demanda mundial de energia elétrica atual. Mas imaginar uma estrutura quadrada de 320 km de lado fica difícil em qualquer país, exceto em áreas desérticas, como o Saara. E é aí que entraria o trabalho de Leonid e Sergey (e de Tesla). Com as fazendas de painéis solares nessas áreas remotas e inóspitas, um sistema de transmissão de energia sem fio de longo alcance poderia levar o que é produzido ali para outras partes do mundo.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Dido - White Flag


Sociedade civil... e armada



Muitos Governos autoritários disfarçam de ONG e movimentos cívicos suas forças armadas, sua polícia política e outros corpos repressivos

De Moisés Naím no jornal El País

Quem invadiu a Crimeia? A sociedade civil. E quem está ocupando escritórios governamentais e quartéis da polícia no leste da Ucrânia, desestabilizando essa região? A sociedade civil. Quem luta contra Bachar el Assad na Síria e Nuri al Maliki no Iraque? A sociedade civil. Quem são os “coletivos” que enfrentam os estudantes venezuelanos que protestam contra o Governo? Ativistas da sociedade civil.

Estas são as respostas oficiais que as partes interessadas em disfarçar a realidade dão. Algumas destas respostas são grosseiras mentiras e outras são só parciais verdades. Nenhuma é honesta. Quem invadiu a Crimeia foram efetivos militares russos que vestiam uniformes sem as insígnias e outros distintivos que os identificavam como tais. Também apagavam ou tapavam as siglas de seus tanques (com a má sorte de que, em alguns casos, o que estava tapado se destapou após uns dias). Não importou que Angela Merkel tenha lembrado a Vladímir Putin que estas práticas constituem uma clara violação das regras da guerra que a humanidade acordou respeitar na Convenção de Genebra. Muitos dos “militantes” pró-russos que estão tratando de fazer com que seja impossível para Kiev governar partes do leste da Ucrânia são organizados, coordenados e financiados pelo Kremlin.

É a mesma artimanha que vimos nas ruas de Caracas, Havana e Teerã. Quando as pessoas saem às ruas para protestar contra o Governo, é enfrentada violentamente por grupos de “civis simpatizantes do regime”. No Irã, eles se chamam basiyis e seu nome completo é Organização para a Mobilização dos Oprimidos.

Em Cuba, as Brigadas de Resposta Rápida são os grupos encarregados de propiciar severas surras a quem se atrever a marchar nas ruas criticando a ditadura.

Esta maligna tecnologia política foi exportada com sucesso para a Venezuela, onde os grupos civis que reprimem os opositores se autodenominam “coletivos”. Orwell não poderia ter sido mais criativo em inventar nomes que ocultam a verdadeira natureza destas organizações.

A realidade é que estes grupos, movimentos e organizações não governamentais (ONG) são adendos de regimes que disfarçam de sociedade civil as suas forças armadas, a sua polícia política e outros corpos repressivos. Os líderes e integrantes destas fraudulentas “organizações não governamentais” não são outra coisa que militares, agentes de segurança e mercenários pagos por Governos que não querem aparecer para o mundo violando convenções internacionais e direitos humanos, massacrando opositores e, enfim, sendo o que realmente são: brutais autocracias.

Outra manifestação mais complexa deste fenômeno são as revoltas contra a ditadura síria e o Governo pró xiita de Al Maliki no Iraque. As insurgências nasceram como protestos espontâneos e populares de segmentos dessas sociedades pressionados pela exclusão e a repressão. Mas rapidamente os protestos cresceram, se convertendo em sangrentos conflitos nos quais as forças armadas desses países combatem a sociedade civil… armada. Armada por quem? As fontes do armamento e o financiamento destas insurgências são tão opacas como sua estrutura organizacional e suas linhas de comando. Não obstante, é óbvio que os insurgentes conseguiram obter armas, dinheiro e combatentes em quantidades que só são possíveis graças ao ativo apoio de outros Governos. A realidade é que os emirados do golfo Pérsico e Arábia Saudita, por um lado, e Irã, por outro, estão se enfrentando militarmente na Síria e no Iraque.

Não o fazem diretamente, com suas próprias forças armadas, mas sim através de grupos que, na falta de termos que revelem sua verdadeira natureza, os meios de comunicação chamam de insurgentes, militantes, ativistas ou rebeldes. São, claro, tudo isso. Mas são também forças armadas que, sem vestir o uniforme de país algum, constituem os combatentes de primeira linha no conflito que mais vidas se cobrou no que vai deste século: a guerra entre sunitas e xiitas. E as surpresas não terminam aqui: o grupo sunita que se chama Estado Islâmico do Iraque e o Levante (EIIL) acaba de tomar algumas das principais cidades do Iraque e ameaça chegar a Bagdá e desalojar do poder o Governo xiita. A situação é incerta e cheia de riscos. Mas não há dúvida de que os avanços do EIIL confirmam que tem ressurgido a ONG que mais influência teve no planeta nas últimas três décadas: a Al Qaeda, a mais extrema expressão da sociedade civil armada.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

terça-feira, 17 de junho de 2014

'Não entendo o pessimismo com a Copa', diz autor de 'O Ócio Criativo'


Sociólogo diz que Brasil não pode mais copiar modelos estrangeiros: país precisa criar modelo autônomo.

Da BBC Brasil

Em passagem pelo Brasil às vésperas da Copa, o sociólogo italiano Domenico de Masi, autor de O Ócio Criativo, diz não compreender o desânimo dos brasileiros com o evento. "Não entendo por que o pessimismo. Para uma pessoa não brasileira, é difícil entender", afirmou em entrevista à BBC Brasil.

"Os dados estatísticos são todos positivos. Há 196 países no mundo, são 189 abaixo do Brasil. Em qual posição o Brasil deveria estar para ser mais otimista?", provocou o sociólogo.

O entusiasmo com o Brasil fica claro no livro que De Masi veio lançar no país. Em O Futuro Chegou – Modelos de vida para uma sociedade desorientada, o italiano parte da premissa de que tanto o comunismo quanto o capitalismo falharam. Analisa, então, 15 diferentes modelos de desenvolvimento com o objetivo de, a partir deles, propor um novo modelo.

"O Brasil copiou a Europa por 450 anos, mas agora o modelo da Europa está em crise. O Brasil copiou o modelo americano por 50 anos, mas agora esse modelo também está em crise. Agora, o Brasil não pode mais copiar modelos. Precisa criar um modelo seu, autônomo", disse.

Na obra, De Masi destaca a "concepção poética, alegre, sensual e solidária da vida, uma propensão à amizade e à solidariedade, um comportamento aberto à cordialidade". Afirma ainda que os índios já viviam em "ócio criativo", numa síntese de estudo, trabalho e lazer.

Nesta entrevista, rebateu reportagem da revista britânica The Economist, que afirmou que os brasileiros eram improdutivos e que, "a partir do momento em que você pisa no Brasil, você começa a perder tempo".

"Eu, quando chego ao Brasil, fico super produtivo", rebateu.

De Masi destaca que o Brasil ainda não cumpriu seu potencial, mas é o "melhor que o Brasil já foi até hoje". "O futuro já chegou, não precisa mais esperar. Se um país é o 7º do mundo, significa que o futuro já chegou."

Leia abaixo trechos da entrevista.

Brasil

A atual sociedade global não tem modelo, é preciso criar um. Para isso, temos que analisar todos os modelos, pegar as coisas boas e tirar o negativo.

O Brasil tem como positivo a alegria, a solidariedade, o otimismo, o senso estético. Negativos são a violência, corrupção, analfabetismo e a distância entre ricos e pobres.

O Brasil atual não é o melhor Brasil possível, mas é o melhor que o Brasil já foi até hoje. Há mais longevidade, aumentou o PIB geral e o per capita, há mais universidades, escolas, e a democracia é completa.

Formação cultural

O Brasil tem quatro matrizes culturais: índia, portuguesa, africana e mundial, europeia, mas também oriental, asiática.

Do modelo índio, pode-se pegar a dimensão estética, a convivência, a relação harmoniosa com a natureza.

Do modelo português podemos pegar o empreendedorismo, o espírito de aventura.

Da matriz africana, a preocupação com o corpo, a musicalidade, o sincretismo religioso, e do modelo que vem dos outros países do mundo, a globalidade.

Pessimismo

No livro, digo que os brasileiros são otimistas, com base em uma pesquisa. O resultado dela é que aspectos importantes do Brasil são a solidariedade, alegria, sensualidade, espírito de acolhimento.

Não entendo por que o pessimismo com a Copa. Para uma pessoa não brasileira, é difícil entender. Os dados estatísticos são todos positivos, não são negativos.

O Brasil é o sétimo maior PIB do mundo. Sabe quantos são os países? 196. O Brasil é o 7º posto. São 189 países abaixo do Brasil, de acordo com o PIB. Em qual posição o Brasil deveria estar para ser mais otimista?

Não é fácil explicar o pessimismo. Se o país fez um investimento no evento, o dinheiro gasto é maior ou menor que o dinheiro que vai ganhar? Se a percepção é que os gastos serão maiores, por que o Brasil fez a Copa? Para mim, não está claro se é bom ou não.

A Copa e a Olimpíada não vão fazer os serviços melhores? Eu vi todos os aeroportos renovados. Porto Alegre, Brasília, São Paulo, Rio, estavam fazendo reformas em tudo. Aqui no Rio só vejo obras. A impressão é que há coisas mudando, mas isso vocês também podem ver.

Protestos

Eu penso que os protestos são uma fase de maturação do Brasil. A corrupção sempre esteve no Brasil. Mas a contestação à corrupção é um fato novo. É interessante porque foi a primeira vez que houve uma forte contestação contra a corrupção.

Produtividade

Eu, quando chego ao Brasil, sou super produtivo. A falta de produtividade no Brasil se deve muito à desorganização urbana. O trânsito em São Paulo é sempre terrível, por exemplo. As pessoas perdem horas pra chegar ao trabalho, perde-se muita produção.

O modelo brasileiro de produtividade é muito bom, porque a relações não são só racionais, são emotivas. Isso é ótimo. Mas contra a produtividade há a desorganização e a burocracia.

Aquilo que é necessário hoje a uma pessoa que trabalha é a criatividade. A criatividade é uma síntese entre fantasia e concretude. A fantasia é emotividade, e a concretude é racionalidade.

O brasileiro é mais criativo, porque há fantasia e concretude. Os americanos só têm concretude. Os napolitanos, só fantasia.

Distribuição de riqueza

Os economistas falam de crise, mas não há uma crise. A crise é algo que acaba, e esse processo que está acontecendo no mundo não vai acabar. Há uma redistribuição da riqueza mundial. Os países pobres ficarão sempre mais ricos e os ricos, mais pobres.

Não li o livro do [economista francês] Thomas Piketty (O Capital no Século XXI), por isso não posso fazer um comentário. Mas esse aumento na diferença entre poucos ricos e muitos pobres não é novidade, foi dito há 15 anos no meu livro.

Há uma diferença da situação mundial e daquela de dentro dos países. A riqueza do mundo aumenta em geral 3 pontos por ano. Alguns países pobres, como a China, Índia e Brasil, há 30 anos aumentam a riqueza. Mas dentro da China, dentro do Brasil, dentro da Índia, alguns estão ficando mais ricos, e outros mais pobres.

País do futuro

O Brasil copiou a Europa por 450 anos, mas agora o modelo da Europa está em crise. O Brasil copiou o modelo americano por 50 anos, mas agora esse modelo também está em crise. Agora, o Brasil não pode mais copiar modelos. Precisa criar um modelo seu, autônomo

Jorge Amando, em um livro de 1930, disse em um certo ponto que Brasil era o país do futuro. Depois, em 1941. Stefan Zweig [escritor austríaco] escreveu Brasil, um país do futuro.

Depois, o governo militar, de 1964 a 1984, dizia sempre que Brasil era o país do futuro. Eu digo que o futuro já chegou, não precisa mais esperar. Se um país é o 7º do mundo, significa que o futuro já chegou.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Alanis Morissette Crazy Video


Cientistas descobrem oceano perto do núcleo da Terra


Água fica armazenada em um mineral; novidade tem chances de transformar a atual compreensão de como foi formado o planeta
 (Foto: Divulgação/NASA)


Da Revista Galileu

Pesquisadores descobriram, após décadas de estudos, que um vasto reservatório de água — suficiente para encher os oceanos da Terra três vezes — pode estar escondido quilômetros abaixo da superfície. A novidade, publicada na Science, tem chances de transformar a atual compreensão de como foi formado o planeta.

 Em março deste ano, cientistas já haviam divulgado evidências deste enorme reservatório.

A água estaria "trancada" em um mineral chamado ringwoodite, cerca de 660 quilômetros abaixo da crosta terrestre. Os pesquisadores se basearam no estudo de uma região que se estende no subsolo dos Estados Unidos. O mineral em que está a água costuma agir como uma esponja, em razão de sua estrutura cristalina.

Se apenas 1% da rocha for água, já seria o equivalente a quase três vezes a quantidade de água nos oceanos. A pesquisa, informou o Guardian, utilizou dados do USArray, uma rede de sismógrafos americana, que mede as vibrações de terremotos.

"Pode ajudar a explicar a grande quantidade de água em estado líquido na superfície do nosso planeta"
Steve Jacobsen, geofísico
 
Segundo o geofísico responsável pela iniciativa, Steve Jacobsen, da Universidade Northwestern, a descoberta sugere que a água da Terra pode ter vindo de seu interior, impulsionada para a superfície pela atividade geológica — em vez de ter sido trazida por cometas congelados.

"Acho que estamos finalmente vendo evidências de um ciclo de água na Terra, o que pode ajudar a explicar a grande quantidade de água em estado líquido na superfície do nosso planeta", diz Jacobsen.

Em entrevista à New Scientist, o pesquisador afirmou que a água escondida também poderia estar agindo como um amortecedor para os oceanos na superfície. "Se [a água armazenada] não estivesse lá, estaria sobre a superfície da Terra, e o topo das montanhas seriam o único solo para fora."

sexta-feira, 13 de junho de 2014

quinta-feira, 12 de junho de 2014

O buraco negro que na educação separa qualidade de quantidade II


Quando o assunto é educação, as avaliações e os indicadores tem enfatizado nossa indigência.

As pesquisas – sejam as efetuadas pelo MEC, sejam as promovidas por organismos internacionais - registram a mediocridade em que se encontra o sistema de ensino brasileiro, sobretudo, no que se refere à qualidade.
Cerca da metade dos alunos brasileiros situados na faixa etária dos 15 anos, estão no chamado nível 1 de alfabetização, indicador estabelecido pela Unesco para classificar a performance dos estudantes. Neste patamar estão aqueles que mal conseguem efetuar leitura e interpretação de textos.

O Todos pela Educação¹ estima que 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda não conseguem ler. E mais: 20% dos jovens que concluem o ensino fundamental, e que moram nas grandes cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita.
A meta de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade continua uma miragem, longe de ser alcançada. Quanto ao IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica criado em 2007 para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino - amargamos, numa escala de 0 a 10, uma pontuação de 4,6; com o governo aspirando alcançar a média 6 somente no ano de 2022.

Em uma pesquisa de 2009, o IBOPE identificou que o analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos é de 28%.
Não acabou. Em 2009, apenas 10% dos estudantes no 9º ano do fundamental tinham aprendizado adequado em matemática. A evolução desse quesito entre 2007 e 2009 foi de apenas um ponto percentual, e cinco estados ficaram estagnados.


No questionário da Prova Brasil² de 2009, entre as respostas dos professores, só 33% de quase 160 mil docentes afirmaram ter conseguido desenvolver mais de 80% do conteúdo curricular na sala de aula. Na sala de um em cada cinco professores, os alunos deixaram de ver pelo menos 40% da matéria esperada durante o ano letivo.
Com um quadro tão desolador, o resultado não poderia ser diferente: entre 65 países avaliados no quesito educação (PISA), o Brasil ocupa a 53ª posição. 

A situação é insustentável: metade dos alunos brasileiros com bom aproveitamento acadêmico, que desde sempre estiveram na escola, não dominam a língua pátria e são incapazes de extrair dos textos seus significados. Passam quase dez anos na escola regular sem quase nada aprender. É uma pantomina em que todos se enganam mutuamente: o estado presta contas divulgando inaugurações de ‘novas’ e ‘mais modernas’ escolas, os pais contentam-se com um espaço onde possam encostar os filhos, qualquer espaço - desde que distante da violência das ruas [como se isso fosse possível] - e os alunos acomodam-se na ignorância, que não exige esforço, estudo, trabalho... E o país amplia a distância que o separa do bloco desenvolvido.
Para construirmos uma nova realidade para a educação, urge entendermos o caos em que nos encontramos. É o primeiro passo, identificar com precisão nossos problemas para que tenhamos condições de encará-los de frente, estabelecendo políticas, diretrizes e estratégias que os conformem aos objetivos e metas necessários. Para criar um país desenvolvido, em que as oportunidades e a justiça sejam patrimônio de todos, será preciso muito mais.

As edificações destinadas ao ensino carecem de reformas, adequações e principalmente, um novo conceito. Estes espaços devem ser reconcebidos. As salas de aula convencionais não mais respondem às necessidades contemporâneas. O espaço em que interagem professor e aluno deve se ampliar para todo o espaço de convivência comunitária. As ruas, praças e demais logradouros e equipamentos públicos devem ser extensões de nossas salas de aula. Todo o ambiente que nos envolve deve ser utilizado como salas de aula, laboratórios de pesquisas e oficinas de aprendizagem. A realidade é que a escola sempre funcionou como uma instituição externa à sociedade. Sobretudo neste momento em que a violência urbana as tem tangido para o isolamento. Muralhas de concreto armado, cercas eletrificadas, sistemas de monitoramento eletrônico, cães de guarda... vultosos investimentos que deveriam se destinar à área pedagógica, são carreados para o setor de segurança.
 
De igual modo, os conteúdos ministrados estão defasados, mostram-se inteiramente inadequados. Os assuntos são tratados de forma cartesiana e mecânica, de modo que não exercem fascínio, não encantam os alunos. Agrava o quadro o sistema adotado de remuneração dos professores: salários miseráveis que retiram de um dos principais atores deste processo, o estímulo. Pior, afeta de maneira irremediável a autoestima dos educadores.

Mesmo nas searas onde se obtêm êxitos e vitórias, como o programa social que incentivou a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, envergonha a alma nacional saber que 731 mil crianças ainda estão fora da escola (IBGE).
Apesar dos crescentes investimentos, as conquistas acontecem numa velocidade muito aquém das necessidades.  Nos idos de 1940, a taxa de analfabetismo se situava em torno de 65,1% da população com mais de 15 anos de idade. No ano de 2000, esta taxa era de 13,6%. São indicadores vergonhosos, mas sinalizam que é possível avançar quando há vontade política e determinação.

O congresso acaba de aprovar o PL 8035/10, o Plano Nacional de Educação, estipulando 20 metas para os próximos dez anos, entre elas a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto - PIB - em educação: um mínimo de 7% do PIB no quinto ano de vigência da futura lei; e 10% do PIB ao fim do período de dez anos. Ajudará? Na atual toada, não.
Imagine, caro leitor, a seguinte situação: o tanque de combustível do automóvel furado e o sabe-tudo discursando: “mais gasolina; coloquem mais gasolina; entreguem-me mais recursos; com mais dinheiro para adquirir combustível, alcançaremos nosso destino”.

É o que vem ocorrendo no país. A corrupção sangra a nação, numa hemorragia capaz de nos levar rapidamente a óbito. Não estancando a sangria, não combatendo a corrupção, não trancafiando os larápios na cadeia, esses 10% do PIB destinados à educação, acabarão nos paraísos fiscais, untando de ouro e safira os nababos que – qual ratazanas – corroem o tesouro público.
A palavra de ordem é qualificação da gestão, não outra.

Artigo de Antônio Carlos dos Santos.

___________

¹Todos pela Educação: Movimento da sociedade brasileira cuja missão é contribuir para que até 2022 - ano do bicentenário da Independência - todas as crianças e jovens tenham Educação Básica de qualidade
²Prova Brasil (Avaliação Nacional do Rendimento Escolar – Anresc): trata-se de uma avaliação censitária envolvendo os alunos da 4ª série/5ºano e 8ªsérie/9ºano do Ensino Fundamental das escolas públicas das redes municipais, estaduais e federal, com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas públicas. Participam desta avaliação as escolas que possuem, no mínimo, 20 alunos matriculados nas séries/anos avaliados, sendo os resultados disponibilizados por escola e por ente federativo.

Carpenters - Hurting Each Other


Planejamento & infraestrutura


Quatro estratégias para aumentar produtividade no Brasil

Da BBC Brasil
 
                                 Perto do pleno emprego, Brasil precisa aumentar qualificação de força de trabalho

Nos anos 80, o Brasil e a Coreia do Sul tinham índices de produtividade semelhantes. Hoje, o que um coreano produz em um dia, um brasileiro produz em três, segundo dados da entidade americana de pesquisas Conference Board.

"O Brasil e outros países da América Latina precisam olhar urgentemente para experiências de países de fora da região se quiserem impulsionar seus índices de produtividade”, disse à BBC Carmen Pagés, especialista em mercado de trabalho do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID).

"Há experiências muito valiosas em países como a Coreia e a Austrália que poderiam ajudar os brasileiros principalmente a alinhar os conhecimentos e habilidades desenvolvidos em seu sistema educacional ao que as empresas precisam para produzir mais e melhor."

Em um cenário de taxas de desemprego historicamente baixas, há certo consenso entre economistas brasileiros de que para acelerar o crescimento será preciso aumentar a produtividade dos trabalhadores no país.

"Pela primeira vez na nossa história falta mão de obra - o que nos obriga a aproveitar nossos trabalhadores de forma mais eficiente", diz Hélio Zylberstajn, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP).

É por isso que a "produtividade" tornou-se um dos temas centrais do atual debate econômico.

"Qualificar melhor os trabalhadores brasileiros é hoje um dos nossos grandes desafios - e é sempre importante conhecer a experiência dos outros países nessa área", diz Silvani Pereira, secretário substituto de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego.

Pereira explica que o ministério tem promovido visitas e parcerias com outros países buscando se informar sobre seus sistemas públicos de emprego, qualificação profissional e estratégias de treinamento dentro da empresa.

"Mas é claro que é crucial fazer a ressalva de que nem tudo o que tem sucesso e ajuda a ampliar a produtividade em um lugar pode ser automaticamente aplicado em outro em função de especificidades econômicas, históricas e sociais."

Abaixo, a BBC Brasil listou quatro estratégias sugeridas por especialistas em um evento promovido pelo BID em São Paulo. Segundo eles, poderiam inspirar o Brasil e outros países latino-americanos em sua busca por mais produtividade.

Eles ressaltam que não se tratam de experiências que poderiam ser implantadas automaticamente por aqui, mas soluções que podem ajudar o país e a região a encontrarem respostas originais ao problema do ajuste das habilidades dos trabalhadores às necessidades das empresas:

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Carpenters - Rainy Days And Mondays


Planejando o espaço urbano...


Confira a carta escrita por Leonardo da Vinci em 1480 para conseguir um emprego

Da Vinci direcionou seus conhecimentos para o que mais agradaria seu futuro chefe
Do portal Administradores

Thinkstock

Até um gênio da Renascença precisou procurar emprego um dia. Em 1480, um jovem Leonardo da Vinci estava fugindo de Florença, na Itália, lugar que já estava cheio daqueles que compartilhavam de sua profissão: artista. Indo para Milão, na época governada por Ludovico Sforza (que buscava aumentar o nível cultural da cidade em comparação com Florença e Veneza), Da Vinci logo pensou em trabalhar para ele.

Sabendo da predileção de Sforza por guerras, Leonardo fez o que qualquer pessoa inteligente faria: utilizou o conhecimento que tinha para propor invenções bélicas, ou seja, adequando seus conhecimentos para a necessidade do empregador.

Confira na íntegra a carta que ele escreveu, em tradução livre do original:
 
Meu ilustríssimo senhor
 
Tendo agora visto o suficiente e considerado os feitos de todos que se consideram mestres da criação de instrumentos bélicos, e tendo notado que a criação e utilização de tais instrumentos não possuem diferenças para aqueles de uso comum, eu me proponho, sem querer tirar o crédito dos outros, a me fazer ser entendido por Vossa Excelência para poder, assim, revelar meus segredos e oferecê-los ao seu completo dispor, e, no momento certo, trazer, de forma completamente funcional e efetiva, todas as coisas que descrevo brevemente aqui a seguir:
 
1 - Eu possuo planos para pontes leves, fortes e portáteis, que serviriam para seguir e, em algumas ocasiões, fugir dos inimigos, e outras, resistentes e indestrutíveis, seja por fogo ou em batalha, fácil e conveniente para levantar e mudar de posição. Também possuo planos capazes de queimar e destruir as pontes inimigas.
 
2 - Eu sei como remover água de diques e fossos e como produzir um número infinito de pontes, escudos gigantes, escadas e outros instrumentos necessários para tal empreitada.
 
3 - Em caso da impossibilidade de, durante a realização do sitiamento de um terreno, procedê-lo com um ataque por causa da inclinação ou das dificuldades de posicionamento e locação, eu possuo métodos de destruir qualquer fortaleza ou outra construção, a não ser que tenha sido criada sobre uma pedra.
 
4 - Eu também possuo tipos de canhões mais convenientes e portáteis, com os quais é possível atirar pequenas pedras como uma chuva de granizo; e a fumaça dos canhões instalará grande medo, além dos graves danos e confusão.
 
5 - Além disso, tenho meios de chegar a um lugar designado previamente através de minas e passagens subterrâneas secretas, construídas sem nenhum barulho, mesmo que seja necessário passar por debaixo de diques, poços ou rios.
 
6 - Também farei veículos cobertos, seguros e inatacáveis, que irão penetrar as forças inimigas e suas artilharias, e não existe nenhum exército de homens armados que meus veículos não atravessariam. E, atrás deles, a infantaria andaria sem nenhum dano ou bloqueio.
 
7 - Também, em caso de necessidade, eu farei canhões, mísseis e morteiros com designs bonitos e funcionais, que são bem diferentes do comum.
 
8 - Onde o uso de canhões for impossível, eu criarei catapultas, manganelas e outros instrumentos de eficiência sensacional que poucas pessoas usam. Resumindo, de acordo com o que as circustâncias pedem, eu farei infinitos itens para ataque e defesa.
 
9 - E em caso de batalhas marítimas, eu possuo exemplos de diversos instrumentos que são perfeitamente utilizáveis tanto para ataque ou defesa, além de embarcações que irão resistir ao fogo dos mais pesados canhões.
 
10 - Em tempos de paz, eu acredito que posso realizar um magnífico trabalho em qualquer outro campo da arquitetura, como a construção de prédios públicos ou privados e a transição de grandes quantidades de água de um lugar para outro.
 
Eu também posso executar esculturas em mármore, bronze e argila. Da mesma forma, posso executar qualquer pintura, com capacidade de desenhar tudo tão bem quanto qualquer outro, seja ele quem for.
 
Em meu trabalho, posso me comprometer com cavalos de bronze, que serviriam para imortalizar e eternizar a glória e a honra da auspiciosa memória de vosso pai, e a ilustre casa de Sforza.
 
E caso qualquer um dos pontos acimas pareçam impossíveis ou impraticáveis, eu estou mais do que disposto em demostrá-los em qualquer lugar que agrade Vossa Excelência, para quem eu me recomendo com toda humildade possível.
 
Com informações do Business Insider.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Carpenters - Superstar


Planejando a sincronia


As 5 lições de negócios do empresário que descobriu os Beatles

 O que Brian Epstein fez na música pode inspirar líderes e empreendedores

O que Brian Epstein fez na música pode inspirar líderes e empreendedores
Da Revista Época Negócios


Brian Epstein viveu pouco, mas o suficiente para marcar seu nome na história da música. Foi ele quem descobriu os Beatles e ajudou a abrir o caminho da banda para a fama internacional. Recentemente, sua história ganhou novos contornos com o lançamento do livro “O Quinto Beatle”, escrito por Vivek Tiwary e lançado em maio no Brasil pela Editora Aleph. Em formato de quadrinhos, a trajetória de Epstein é contada desde a primeira vez em que ele ouve falar dos Beatles, quando gerenciava uma loja de discos em Liverpool, até sua morte, aos 32 anos.

Tiwary pesquisou sobre Epstein durante 21 anos. As entrevistas e materiais reunidos ao longo desse período acabaram virando a biografia em quadrinhos, mas sua ideia inicial era apenas reunir as lições de um case de sucesso no mundo da música. “Eu era estudante em Wharton [escola de negócios da Universidade da Pensilvânia] e meu sonho era trabalhar com artes e entretenimento. Aí eu pensei que, para ser bom nisso, eu deveria estudar a vida de visionários dessa área. Foi isso que me levou ao Brian”, disse o autor em entrevista à Época NEGÓCIOS.

Com o foco inicialmente voltado para o lado dos negócios, Tiwary conseguiu reunir cinco lições valiosas aplicadas por Brian Epstein na gestão da banda que se tornou mais famosa que Jesus Cristo, segundo as palavras de Lennon. Tiwary, que já produziu espetáculos da Broadway e é dono de uma empresa de entretenimento, garante que ele mesmo usou o que aprendeu durante sua carreira. Nesta matéria, ele compartilha o que aprendeu.

1. Estabeleça metas
Saber onde se quer chegar é muito importante para líderes e empreendedores. Segundo Tiwary, o ideal é ter duas metas: uma mensurável e outra mais visionária. No caso de Epstein, ele queria transformar os Beatles em um fenômeno maior que Elvis Presley. Era ambiciosa, mas ainda assim possível de quantificar - quantos discos venderam, em quantos países fizeram shows. Ao mesmo tempo, Epstein dizia que os Beatles colocariam a música pop em outro patamar, para transformá-la em arte. “No fundo, é essa outra meta que vai fazer a sua companhia ser não só um simples sucesso, mas uma lenda. Vai torná-la diferente de todas as outras que fazem a mesma coisa que você. É preciso ter um objetivo prático e outro mais sonhador”, explica.

2. Abrace a tecnologia do seu tempo
Epstein aproveitou como podia a tecnologia disponível na década de 60 para tornar o seu produto viral - no caso, os Beatles. É claro que na época a internet e as redes sociais estavam longe de existir, mas havia o rádio, que era um poderoso meio de comunicação, especialmente para os jovens. Tiwary conta que no Natal de 1963, quase ninguém nos Estados Unidos conhecia a banda, mas poucos meses depois, durante a turnê em fevereiro de 1964, 72 milhões assistiram pela televisão ao show dos Beatles no programa de Ed Sullivan. Nesse intervalo de tempo, segundo o autor do livro,

Epstein fez o possível para garantir que os maiores DJs das rádios americanas soubessem sobre os Beatles, tocassem suas músicas e falassem sobre a chegada da banda ao país. Durante o voo da Inglaterra para os EUA, inclusive, ele passava informações sobre a situação da banda. “Naquele ano, o rádio portátil foi o presente mais desejado. Os jovens iam para a rua ouvindo seus aparelhos, não precisavam mais estar em casa sentados em frente ao rádio. Epstein aproveitou esta oportunidade e conseguiu resultados espetaculares para os Beatles”, diz Tiwary.


3. Embalagem e apresentação Para ser bem-sucedido, o produto, seja qual for, precisa ter uma embalagem e ser apresentado de um jeito que faça sentido para o seu público. No caso dos Beatles, se eles queriam mesmo conquistar o mundo, teriam que inicialmente convencer muita gente de que eram caras bacanas. Foi por isso que Epstein trocou as jaquetas de couro e cigarros acesos no palco por ternos e cabelos arrumados - o visual de bons moços do início da banda. “Ele sabia que, dependendo da apresentação, eles seriam mais ou menos amados. Ternos e um bom comportamento agradariam meninas, meninos, pais e até mesmo avós. O mundo todo poderia recebê-los de braços abertos”, diz Tiwary.

Porém, ao mesmo tempo que eles precisaram seguir tendências por um período, Epstein percebeu que com a maturidade da banda chegava também a hora de lançar tendências. “Foi aí que ele incentivou os Beatles a criar o que os faria únicos. Deixou eles decidirem como se vestir e dar suas opiniões políticas. Isso era radical para a época.”

4. É preciso testar os limites sem radicalizar
No caso de uma empresa, isso quer dizer inovar sem surpreender negativamente os consumidores ou apresentar algo de difícil compreensão. No caso dos Beatles, Epstein dava liberdade para eles comporem suas músicas e testar novos sons, desde que as gravadoras estivessem de acordo com a novidade e que não causasse tanta estranheza entre os fãs. “Você precisa crescer com seu público, não se alienar dele. É algo muito difícil de se fazer, mas ele foi bem-sucedido nisso”, afirma Tiwary.

5. Delegue e faça um plano de sucessão
Claro que líderes e empreendedores precisam ter paixão pelo que fazem, persistência e confiança em seus projetos. Por outro lado, é preciso ter humildade para reconhecer que não é possível ser bom em tudo ou onipresente. Por isso, é importante se cercar de pessoas que dividam as responsabilidades e ajudem a tornar sua empresa e seu produto ainda melhores.

Tiwary também destaca a relevância do plano de sucessão. “É preciso saber quando é a hora de deixar outra pessoa começar a tomar conta. Claro que isso não é fácil. Pensar que um dia você estará muito velho ou não estará mais aqui para cuidar de seus projeto é difícil para todo mundo”, diz. Nesses dois aspectos, Epstein não foi tão bem-sucedido. Ele lidou sozinho com a pressão de ser o empresário de astros da música e não deixou ninguém para tomar seu lugar. O empresário morreu aos 32 anos, em 1967, de overdose de medicamentos para insônia. Depois de sua morte, o quarteto de Liverpool teve vários desentendimentos, parte deles pela decisão sobre o novo empresário.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Carpenters - Superstar


Planejando a distribuição de renda...


Conheça a fazenda vertical do futuro da Coreia do Sul


Projeto Urban Skyfarm é um mini ecossistema projetado para trazer equilíbrio de volta para a comunidade urbana

Da Revista Exame

São Paulo - Até o ano de 2050, cerca de 80% da população mundial deverá viver em áreas urbanas. Seremos ao todo quase 10 bilhões de pessoas consumindo os recursos finitos do planeta. Pensando em resolver problemas futuros, tais como escassez de terra, insegurança alimentar, desmatamento e poluição, o estúdio de design Aprilli projetou o Urban Skyfarm.

Trata-se de uma fazenda vertical que utiliza sistemas hidropônicos em substituição às vastas extensões de terra agrícolas, sendo capaz de produzir alimentos de forma mais eficiente.

O projeto foi idealizado para Seul, capital na Coreia do Sul, que é densamente povoada e distrito central dos negócios do país.

Cada um dos quatro componentes principais, que são a raiz, tronco, ramos e folhas, tem suas próprias características espaciais adequadas para diferentes condições de cultivo.

A parte superior, por exemplo, é propícia para plantio de vegetais que necessitam de exposição direta de luz natural e ar fresco. Já a parte inferior favorece cultivos que necessitam de um ambiente mais controlado.

Por ter formato inspirado numa árvore, a fazenda ainda garante amplos espaços sombreados, que podem ser apreciados pelo público. É um mini ecossistema que traz equilíbrio de volta para a comunidade urbana.

O Urban Skyfarm usa a energia renovável produzida a partir de paineis solares para suprir o processo de produção, transporte e distribuição de produtos alimentares.