O Instituto Nacional de Traumatologia
e Ortopedia Jamil Haddad (Into), vinculado ao Ministério da Saúde, que concluiu
nesta semana a terceira cirurgia de ombro com tecnologia 3D, no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS), prepara-se agora para avançar, ainda neste ano,
para a substituição de membros amputados, principalmente em crianças, usando
impressão tridimensional.
Segundo o cirurgião-chefe do Into,
Geraldo Motta, não é a prótese de ombro que é feita em 3D, mas o instrumental
que implanta a prótese. Esse instrumental é produzido com base nas informações
obtidas na tomografia computadorizada. “É um software [programa de computador] que calcula
todas as angulações e define um arquivo que gera um formato, uma peça plástica
que sai da impressora 3D”, disse o médico à Agência
Brasil.
A impressora em 3D gera uma espécie de guias em material plástico que possibilitam a implantação dos parafusos no tamanho e na precisa localização para segurar as próteses no corpo, acrescentou.
A impressora em 3D gera uma espécie de guias em material plástico que possibilitam a implantação dos parafusos no tamanho e na precisa localização para segurar as próteses no corpo, acrescentou.
Motta disse que a dificuldade nas
cirurgias tradicionais de ombro consiste em colocar a prótese na posição
correta. A evolução é conseguir gerar essa peça na impressora 3D que vai
orientar o cirurgião a colocar a prótese na posição “absolutamente adequada”. O
processo tem muitas vantagens, como precisão cirúrgica, mais agilidade e
resultados melhores, além de ser menos agressivo para o paciente. De acordo com
o médico, outrs vantagem é o custo: 1 quilo de plástico não custa R$ 100, e uma
impressora 3D está avaliada em cerca de R$ 12 mil. Para o Into, contudo, o
equipamento teve custo zero, pois foi doado por um profissional ligado à Nasa,
a agência espacial dos Estados Unidos.
Os primeiros beneficiados pela
técnica são os pacientes que sofrem de artrose de ombro. Considerado referência
no SUS, o instituto fez no ano passado 9.159 cirurgias de todas as
especialidades e, agora, com a adoção da nova tecnologia, deve haver redução da
espera cirúrgica. Em cinco anos, a fila no instituto caiu de 22 mil para 11.123
cirurgias em espera, conforme dados do último dia 15. No primeiro semestre
deste ano, foram feitas 4.323 cirurgias e 108.389 consultas ambulatoriais.
Geraldo Motta afirmou que essa é a
primeira iniciativa do gênero no Brasil. O médico ressaltou, porém, que tal
tecnologia vem se desenvolvendo de forma bastante rápida em outros países para
uso em cirurgias de joelho, bacia, tumores ósseos, coluna “e vários outros
locais do corpo”.
O objetivo do Into é substituir todas as cirurgias convencionais de ombro pela técnica em 3D: “estamos caminhando [para isso]. Há intenção também de usar a tecnologia para cirurgias de coluna, em especial em crianças com deformidades graves".
O objetivo do Into é substituir todas as cirurgias convencionais de ombro pela técnica em 3D: “estamos caminhando [para isso]. Há intenção também de usar a tecnologia para cirurgias de coluna, em especial em crianças com deformidades graves".
Amputados
Motta informou que o Into estuda uma
coisa mais simples, que pode ser adotada ainda neste ano, a confecção de
órteses para amputados, principalmente dos membros superiores, com impressão
3D.
No início, os médicos do instituto se dedicarão a cirurgias desse tipo em crianças que perdem um membro em acidentes, por exemplo, que “já saem com uma prótese, o que, do ponto de vista lúdico, é muito importante para a criança e para o jovem”.
No início, os médicos do instituto se dedicarão a cirurgias desse tipo em crianças que perdem um membro em acidentes, por exemplo, que “já saem com uma prótese, o que, do ponto de vista lúdico, é muito importante para a criança e para o jovem”.
O Instituto de Ortopedia da
Universidade de São Paulo (USP), que já faz trabalhos com essa tecnologia de
impressão em 3D, poderá servir de modelo para o Into. “Eles têm programas e
modelos que, inclusive, são gratuitos. Você pode usar para imprimir a órtese de
uma mão ou um braço”, disse o cirurgião-chefe do Into. “Este é outro projeto
que a gente tem, mais iminente, porque tem um software que faz [a órtese].”
Pacientes operados estão bem
Os dois primeiros pacientes operados
do ombro com a tecnologia 3D estão se sentindo muito bem. Adiel Bernardo da Silva,
de 81 anos, que foi operado no dia 2 deste mês, disse que “a cirurgia foi
ótima”. Ele está conseguindo mexer todo o braço. “Estou muito contente. Foi
muito bom.”
Operada no mesmo dia, Marlene Coelho
da Costa, de 84 anos, disse que está passando bem, "sem problemas” e que
já começou a fazer as primeira sessões de fisioterapia, com exercícios mais
leves, três vezes por dia. Tanto Marlene quanto Adiel retiraram os pontos na
terça-feira passada (15) e têm retorno no Into marcado para o dia 29 deste mês.
Marlene afirma que está ótima e que a operação valeu a pena. Daqui para a
frente, ela espera fazer movimentos que não estava conseguindo fazer antes. “A
gente tem que ter força de vontade e chega lá.”
A terceira paciente, Renata Cristina
Moura, fr 46 anos, técnica em saúde bucal, foi operada ontem (16) e deve ter
alta em dois ou três dias.
Motta destacou que as pessoas que
sofrem de artrose no ombro têm vida muito ruim. “O movimento, eventualmente, é
quase igual a zero no ombro e acompanhado de muita dor.” Quando fazem a
cirurgia com a nova técnica em 3D, os pacientes ficam “muito satisfeitos”,
acrescentou o médico.
Por Alana Gandra, da Agência Brasil
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