Foi lançado no dia 3, no Rio de Janeiro, o Laboratório de Inovação
Financeira (LAB), organismo que reunirá instituições públicas e privadas,
agências de fomento, órgãos reguladores e bancos de desenvolvimento para propor
o aperfeiçoamento de instrumentos associados ao mercado de títulos verdes, os
chamados green bonds.
Os green bonds são títulos de dívida emitidos por
empresas e instituições financeiras para viabilizar projetos com impacto
ambiental positivo. O público-alvo são investidores em projetos sustentáveis.
Quando os títulos verdes se referem a investimentos em questões climáticas,
eles são denominados climate bonds.
Fazem parte do LAB a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), o
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM). O BID investiu no projeto US$ 400 mil, que serão utilizados,
por exemplo, para contratação de consultores nacionais e internacionais que já atuam
no monitoramento da emissão desses papéis.
O total de recursos captados mundialmente nessa modalidade de títulos
alcança hoje US$ 200 bilhões. Desse montante, o Brasil detém 1,5% ou o
equivalente a cerca de US$ 3 bilhões. O presidente da ABDE, Milton Luiz de Melo
Santos, analisou que há um “potencial enorme” para o Brasil nesse campo.
Segundo Santos, os investidores brasileiros têm R$ 1,6 trilhão aplicados
em diversos ativos financeiros, como caderneta de poupança, fundos de
investimento, debêntures, etc. Com a redução da taxa básica de juros (Selic), o
presidente da ABDE acredita que os investidores começam a buscar alternativas e
já demonstram interesse em destinar parte dos recursos que estão sob a sua
administração para aplicar em papéis que tenham o selo verde. “A gente tem o
sentimento de que isso ajudará e muito a aumentar a captação de recursos sob a
chancela dos títulos verdes”, concluiu.
O recém-criado laboratório funcionará a partir de três grupos de
trabalho: títulos verdes, finanças verdes e instrumentos financeiros e
investimentos de impacto. Segundo o presidente da ABDE, o grupo de
títulos verdes vai, entre outras ações, desenhar o modelo para captação de
recursos de forma apropriada no Brasil.
Já o grupo de finanças vai estudar a regulamentação do Conselho
Monetário Nacional (CMN) e do Banco Central ligadas à atuação das instituições
financeiras no tocante à aplicação desses recursos “com o olhar sob a
responsabilidade socioambiental". Santos lembrou que a partir da edição de
resolução de 2014, do Banco Central, as instituições são obrigadas a aprovar em
seus conselhos de administração a política de responsabilidade socioambiental.
O terceiro grupo vai tratar da identificação de novos instrumentos de
captação de recursos que tenham impacto no mercado de capitais. Ele vai
desenvolver ferramentas e identificar as oportunidades que existem no país, de
modo que possam sugerir aos órgãos reguladores, entre eles Banco Central e
Ministério da Fazenda, mudanças na legislação para dar maior celeridade e
segurança para quem desejar investir em títulos verdes.
Por Alana Gandra, da Agência
Brasil
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