sábado, 24 de setembro de 2016

A distância que separa o discurso da prática - O Senhor das manhãs de primavera


Os processos gerenciais, quaisquer deles, independentemente do período e do contexto histórico, guardam em seu âmago um conflito inamovível: a longa distância que separa o discurso da prática.
           
Sobretudo na gestão pública esta distância se tornou tamanha que muitos políticos têm enfatizado o viés do realizador, do “aquele que faz”.
           
Mas é nos ambientes cultural e acadêmico que esta realidade mais se evidencia. O fato de ter o imaginário como um dos principais insumos do processo de produção artística e acadêmica faz com que estas categorias profissionais – muitas vezes – se percam no hermetismo do discurso vazio, divorciado da prática; o que levou poetas de expressão – como José Martí – a empregar seu lirismo tentando resgatar a interação entre o dizer e o fazer, o sonhar e o realizar. E canta com singelas palavras: “a melhor forma de dizer é fazer “.
           
Eu diria que o melhor cenário é aquele onde é vezo e praxe dizer, fazendo. E fazer, dizendo. Só o equilíbrio harmônico entre o dizer e o fazer é capaz de levar à realização mais eficaz e produtiva.
           
Este contexto encerra também o conflito entre os gestores burocratas, os gestores idealistas e os gestores empreendedores.

Os burocratas - aparelhando a estrutura estatal - passam a gerenciar unicamente seus mesquinhos privilégios, relegando os interesses da população a um enésimo plano. Eliminam, incontinente, sonhos e esperanças, expectativas e reais necessidades, e para isso se servem de uma inesgotável argumentação tecnicista-legalista. Habitam a arena fria dos despachos, pareceres e processos. Incapazes de ousar, se recusam a dar o passo à frente. Desprovidos de nobreza e coragem gravitam em torno da crítica pela crítica, das tramas para impedir o movimento. Urdem nos labirintos das rotinas, fluxos e trâmites burocráticos o império da inércia, do mesmismo, da ineficácia.

São os corvos dos sonhos.
           
Já o idealista imagina castelos de nuvens, vive na estratosfera. Como a realidade é por demais cruel, prefere se refugiar no inatingível e cria um universo à parte, paralelo, impossível de alcançar, e por isto mesmo desmobilizador. Está sempre com uma idéia mais “apropriadamente moderna” que a anterior, e nunca dá consecução ao projetado.

Conectar o idealizado à prática é tarefa que não se permite realizar. Para ele quem planeja, só planeja; quem executa, só executa; e quem avalia, só avalia. Além de fragmentar o processo de planejamento relegando as etapas de execução e avaliação a um segundo plano, invariavelmente estabelece metas inatingíveis, muito além do exequível.

São os corvos das realizações.

Nossos avós, nos velhos tempos, já ensinavam - com toda a circunspeção - o perfil do empreendedor: melhor é ter os pés no chão e a cabeça nas nuvens. Sonhar sempre, mas com o compromisso fixo na transformação da realidade.


Ousar e sonhar é mais que necessário. É também imperativo acreditarmos na possibilidade de romper os grilhões embrutecedores da burocracia. Do mesmo modo, realizar é mais que vital. Interagir o sonho à realidade é a meta a ser atingida. O grande desafio: ter a coragem de caminhar, de ousar, de construir, de atuar em fina sintonia com os anseios da população por progresso e justiça social. 

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