terça-feira, 6 de setembro de 2016

A queda de Dilma e a falácia do “modelo escandinavo”

Nima Sanandaji, no recém-lançado "Debunking utopia – Exposing the myth of Nordic socialism", mostra as raízes liberais do sucesso escandinavo


Uma questão de fundo sustentou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. É uma questão que passa pela política, mas a transcende para a economia e para o mundo das ideias. Diz respeito, na essência, ao tipo de país que queremos ser, aos desafios do desenvolvimento. Há um desafio político, evidente na conflagração que tomou conta do Brasil nos debates sobre o impeachment. Mas o choque político é reflexo imediato do desafio econômico. Sempre houve, entre partidários e adversários de Dilma, duas visões distintas, até antagônicas, sobre nosso futuro. A visão de Dilma foi resumida por ela mesma, assim que informada de sua queda. “Uma poderosa força conservadora e reacionária”, afirmou, capturaria “as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social.” Para Dilma, liberalismo (a outra visão) equivale a retrocesso.
No entender dela, um programa de contenção de gastos públicos, privatização e reformas que reduzam o tamanho do Estado implica necessariamente abrir mão de conquistas sociais – embora a realidade mostre o contrário. Não é à toa que Dilma tenha sido cassada por crimes de responsabilidade contra leis orçamentárias e fiscais. É como se a preocupação fiscal fosse um tema secundário, acessório, citado apenas em discursos e depoimentos para aplacar os humores, mas esquecido logo depois; como se o Orçamento sempre pudesse acomodar mais gastos; como se o Estado gerasse riqueza para arcar com o enorme rol de direitos imutáveis e crescentes, de ordem trabalhista, sindical, previdenciária, fundiária, tributária ou do sem-número de adjetivos que jamais cessam de proliferar em nosso abstruso vocabulário jurídico e legal. Parece irrelevante o que a ciência econômica tem a dizer de substantivo sobre o assunto. O ideal de matriz socialista que anima tal visão ignora a relação inequívoca entre relaxamento fiscal e inflação, entre imaturidade institucional e pobreza, entre liberdade e bem-estar.
É uma visão partilhada por esquerdistas em todo o mundo. Sempre que confrontados com a realidade, fazem questão de reconhecer os limites do socialismo. Dizem defender apenas um capitalismo mais social, mais atento aos necessitados, mais humano, inspirado num certo “modelo nórdico” ou “escandinavo” – lembrado pelo democrata Bernie Sanders na atual campanha eleitoral americana. Para Sanders, Dilma e companhia, a região que abriga Dinamarca, Noruega, Suécia e Finlândia forma uma espécie de Asgard, a morada dos deuses, onde encontram o miraculoso elixir setentrional que mistura alta carga tributária com alta renda per capita, forte intervenção estatal com níveis elevados de educação e saúde, enormes gastos sociais com índices reduzidos de pobreza e desigualdade.
O grande problema dessa poção mágica é que ela é tão fantasiosa quanto a lança de Odin, o martelo de Thor ou a espada de Siegfried. É tão somente uma lenda. A história recente dos países nórdicos demonstra que seu êxito econômico e social é anterior ao inchaço estatal entre as décadas de 1970 e 1990. “Altos níveis de confiança, uma forte ética de trabalho, participação cívica, coesão social, responsabilidade individual e valores familiares são características há muito estabelecidas nas sociedades nórdicas, que antecedem o Estado de Bem-Estar Social”, escreve o bioquímico, empreendedor e acadêmico Nima Sanandaji no recém-lançado Debunking utopia – Exposing the myth of Nordic socialism (Desmistificando a utopia – Revelando o mito do socialismo nórdico). No livro, ele faz uma análise detalhada da história econômica e política da região para comprovar as raízes liberais do sucesso escandinavo. De tabela, demonstra a dificuldade de lidar com políticas sociais transformadas em armadilha para quem depende delas, sobretudo os imigrantes.

Filho de curdos iranianos que imigraram para a Suécia no início dos anos 1980, Sanandaji se beneficiou de tudo aquilo que encanta os olhos da esquerda dilmo-sanderista: creches públicas, ensino superior gratuito, licença-paternidade e os generosos programas de alívio à pobreza a que todo imigrante tem direito. Eis o que ele tem a dizer a respeito: “Distribuir alívio dessa forma é administrar um narcótico, um destruidor sutil do espírito humano”. Os programas sociais se tornaram uma forma de impedir a integração dos desfavorecidos, para quem se tornou mais rentável depender do governo do que trabalhar. Numa cultura homogênea, o Estado de Bem-Estar até funcionava. Com a heterogeneidade trazida pela globalização, o tal “modelo nórdico” entrou em colapso.  “A esquerda global não compreende que uma cultura singular é a raiz do sucesso dos países nórdicos”, diz Sanandaji. Assim como a esquerda brasileira insiste em não compreender que uma cultura singular e uma visão fantasiosa da economia são as verdadeiras raízes do fracasso político de Dilma e do PT.

Por HELIO GUROVITZ, na revista Época

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