segunda-feira, 15 de agosto de 2016

A revolução digital não cabe no século XVI


Nos primórdios do novo século, onde a característica mais saliente é a velocidade com que ocorrem as transformações, importa destacar o quanto as organizações atuam como estruturas refratárias às inovações.

As instituições de forma geral estabelecem seus arranjos organizacionais e suas estratégias de planejamento envoltas numa atmosfera denominada cultura organizacional.

Compõe essa cultura um conjunto de valores, princípios, modo de ser, elaborar e reelaborar produtos e resultados.

Quando de direito privado essas instituições - sujeitas ao ambiente inóspito e selvagem da concorrência - sentem-se estimuladas a modificar suas estruturas e assim o fazem para sobreviver num mercado que de tão competitivo chega a ser autofágico.

Já quando públicas as instituições apegam-se no que conseguem para impedir o surgimento de novos valores e princípios. Adquirem uma habilidade especial para refugar tudo o que se origina do ambiente externo, tudo o que pareça novidade e que possa alterar o status quo vigente.

Mas sejam públicas, sejam privadas, é da essência da organização humana impor certo tipo de resistência aos processos de modernização.

Uma resistência monitorada, mantida sob controle, acaba se constituindo num insumo importante, numa boa medida para que não se caia em tentações estouvadas, em aventuras passageiras, de momento, aquelas estimuladas pelo cartório das consultorias e editoras que inventam de tudo para manter seus produtos e serviços na crista da onda.

Ocorre que as instituições, as públicas e as privadas, não conseguiram atinar para a velocidade das transformações de conteúdo, sequer para a direção que estão assumindo.

E, neste contexto, após a revolução industrial, nada tem soado tão revolucionário quanto a revolução digital.

A transformação das tecnologias de comunicação imprimiu ao capitalismo um novo formato baseado na comercialização da produção simbólica.

Com o novo capitalismo imaterial, a informação e o conhecimento passam a ser os grandes objetos de desejo dos mercadores do século XXI. É esta nova realidade que motivou os EUA a acionar a Organização Mundial do Comércio demandando, por exemplo, a regulamentação da educação, tipificada nas plataformas norte-americanas como um serviço.

É que, no veio da revolução digital, corporações multinacionais se organizaram ancoradas no largo estrado das telecomunicações.

A internet é o principal resultado deste novo mundo, o principal portal desse novo universo. Mas já ganha corpo um segundo, e nem por isso, menos importante. Na parte desenvolvida do planeta, há muito, as operadoras de telefonia não se limitam mais tão somente à transmissão de impulsos materializados em conversações e transmissão de dados alfas-numéricos. Elas já transmitem conteúdos como jogos de futebol, games e vídeo, avançando num espaço até então restrito às TV’s.

Para evitar que essas inovações sejam apropriadas, exclusivamente, pelos mega oligopólios, o mundo se levanta exigindo, por exemplo, software livre e programas consistentes e integrados de inclusão digital.

Por conta deste levante que transcende os governos nacionais, a multidão de usuários dessas novas tecnologias assume uma nova postura, uma postura ativa, revigorada, cidadã. Nos dias que correm, qualquer criança do ensino fundamental plugada na Internet é uma potencial produtora de conteúdos. Habilitada, passa rapidamente de produtora potencial para efetiva. Com blogs e fotologs que ela mesma produz, conecta-se com o mundo, interage com todo o planeta, e não mais apenas com as amiguinhas de sala de aula. Há uma variedade de ferramentas disponíveis como facebook, G+, MSM, e-mail, twitter, linkedin, MySpace, youtube...

Com as rádios populares, as TV’s comunitárias no sistema cabo-sat, a internet, o computador e os aparelhos de telefone celular, descortina-se uma possibilidade nunca d’antes havida, onde a produção de conteúdos encontra meios para se popularizar.

Porém, as instituições, sobretudo as públicas, ainda não compreenderam a importância dessas transformações.


Como um elefante sedado continuam distantes, num outro mundo, num outro tempo, como se relutando em adentrar de corpo e alma no século XXI.



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