quarta-feira, 30 de setembro de 2020

População continua refém do impasse no INSS

 


Queda de braço entre governo e funcionários emperra atendimento a quem precisa de perícia médica


Após quase seis meses fechadas, as agências do INSS reabriram no último dia 14 para prestar alguns serviços, como a perícia médica, de que dependem 790 mil processos em todo o país. Quem acreditou no governo e agendou pelo telefone, site ou aplicativo deu de cara na porta. A maior parte dos peritos não compareceu, alegando que as unidades reabertas não se adequaram aos protocolos de segurança para prevenir a Covid-19. Num sintoma do tratamento que o INSS dispensa a seus segurados, duas semanas depois, apesar do aumento no número de peritos, o serviço ainda não foi totalmente regularizado.

Impressiona que seis meses não tenham sido suficientes para preparar as agências para o óbvio: atender aos segurados durante a pandemia do novo coronavírus, situação que pressupõe cuidados especiais. As falhas não ficaram apenas no planejamento. O impasse entre o INSS - que exige a volta imediata dos médicos ao trabalho - e os peritos - que demandavam vistorias próprias nas agências, sem reconhecer as feitas pelo INSS levou a uma queda de braço que só fez atrasar ainda mais o retomo.

No dia 23, o juiz Márcio de França Moreira, da 8- Vara Federal Cível do Distrito Federal, concedeu liminar à Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), suspendendo o retomo às agências e proibindo corte no ponto, como cogitara o governo.

Porém, na última quinta-feira, o desembargador Francisco de Assis Betti, do TRF1, atendendo a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), suspendeu a liminar, determinou o retorno dos peritos e criticou a judicialização do caso. Para ele, "cabe à administração a tomada das decisões estratégicas para a retomada gradual e planejada dos serviços públicos". Nem essa decisão, contudo, acabou com o impasse.

Para tentar minimizar o problema, na sexta-feira o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), deu cinco dias ao INSS para que elabore um protocolo prevendo perícia com uso da telemedicina.

É evidente que, em se tratando de atendimento presencial numa pandemia, as agências do INSS precisam oferecer condições de segurança, tanto a segurados quanto a funcionários. Mas não se pode acreditar que isso seja problema para um órgão do governo. Os protocolos para prevenção da Covid-19 são conhecidos e, desde junho, quando estados e municípios deram início a planos de flexibilização, passaram a ser rotina em tudo quanto é lugar.

Convém lembrar que a perícia é serviço essencial. Num momento em que se discute a reforma administrativa, o caos no INSS expõe de forma contundente a qualidade precária do serviço público, dominado por corporações que levam em conta apenas seus próprios interesses. A população se toma a maior vítima desses embates. Centenas de doentes, com perícias agendadas, têm ido às agências em vão. Gastam dinheiro no transporte, se sacrificam, perdem tempo e, por vezes, voltam sem atendimento - e ninguém parece se comover com esse drama.

O Globo  


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