terça-feira, 15 de setembro de 2020

Quer procrastinar? Basta criar um grupo de trabalho.

 


Servidor do TCU atuou para adiar julgamento do órgão, diz Lava Jato: Uma das estratégias elaboradas foi a criação de um grupo de trabalho, de acordo com apuração do Ministério Público

 

Um servidor do TCU (Tribunal de Contas da União) é acusado de ter recebido propina para atuar em favor dos interesses da defesa de Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio-RJ, na corte.

Uma das estratégias elaboradas foi a criação de um grupo de trabalho para adiar um julgamento.

O Ministério Público Federal acusa o servidor Cristiano Rondon Albuquerque de receber cerca de R$ 800 mil de advogados de Diniz de 2014 a 2015 para retardar e influenciar decisões do tribunal.

De acordo coma Procuradoria, em função da rede de advogados envolvidos no caso, o ex-presidente da Fecomércio, que firmou delação premiada, sequer sabia da atuação do funcionário do tribunal do esquema.

A amação dele foi identificada por meio de quebras de sigilo dos emails dos acusados.

O caso faz parte da denúncia decorrente da Operação E$quema S, que acusa uma rede de advogados de tráfico de influência e exploração de prestígio no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no TCU.

Segundo o MPF, o principal responsável pela atuação criminosa no TCU foi o advogado Vladimir Spíndola, filho de uma ex-assessora do ex-ministro Antônio Palocci.

A acusação afirma que o advogado recebeu R$ 4,8 milhões para amar como lobista no TCU.

Naquele período, dois processos preocupavam Diniz. Um se referia à instituição de remuneração variável que beneficiou o alto escalão das entidades do Sistema Sno Rio de laneiro. Outro, a contratação, com dispensa de licitação, de diversas agências de publicidade, propaganda e marketing nos períodos abrangidos pelas auditorias.

As principais provas apresentadas sobre a suposta atuação criminosa são emails trocados entre Spíndola e Albuquerque.

Nas mensagens, os advogados alertam sobre a iminência do ministro Aroldo Cedraz colocar em pauta o julgamento sobre a remuneração variável. Eles relatam tentativas de adiar a pauta, mas descrevem um relator irredutível a Diniz.

Após uma série de pagamentos, por meio de novos contratos com Spíndola, o julgamento acaba adiado por uma ação do ministro Raimundo Carreiro, que solicitou o envio do processo ao seu gabinete em março de 2014.

No mês seguinte, Carreiro comunica que instituirá um grupo de trabalho para discutir justamente a remuneração variável no Sistema S, usando como precedente o caso de outra regional.

Os e-mails mostram, para os investigadores, que a proposta seria feita, por sugestão de Albuquerque, pelo grupo de advogados de Diniz para tentar adiar ainda mais o julgamento. "O tribunal tem diversos precedentes no sentido de convocar audiências públicas, painéis, encontros, seminários, etc. acerca de temas relevantes sob sua apreciação. Esta prática vem s endo intensificada nos últimos anos, sobretudo com o advento dos modelos de concessões de serviços públicos, que são objeto de acompanhamento pela corte", escreveu o servidor.

"Interessa-nos, mais do que a realização do evento, o ineditismo em sobrestar-se processos relacionados ao tema versado. Aí sim, se me permitem, vislumbro verdadeiro êxito a ser levado ao cliente", afirmou Albuquerque no email, referindo-se a Diniz.

Na mensagem, o servidor diz que o ministro encampou espontaneamente a proposta.

O MPF afirma que o grupo de advogados criou um clima de tensão sobre o processo a fim de que Diniz assinasse aditivos aos contratos para que pudesse encontrar uma "solução política" para o caso.

Albuquerque também atuou, segundo as investigações, no julgamento sobre contratação de agências de publicidade. Neste caso, o servidor chegou a antecipar supostas minutas de acórdão que iam contra o interesse de Diniz.

"A exposição antecipada do suposto Sumário do Acórdão por Cristiano Albuquerque, em suposto julgamento que acabaria adiado, foi a forma de mostrar 'serviço ao grupo, além de toda a sua pretensa influência no TCU. Também serviu para incutir cada vez mais em Orlando Diniz a percepção de que a sua situação piorava naquela corte, e mais e mais 'investimentos deveriam ser feitos, se quisesse o ex-presidente do Sistema S carioca permanecer à frente das entidades e não ser punido", escreveu o MPF O pagamento de propina, segundo a Procuradoria, se deu por meio de repasses entre três escritórios de advocacia.

Os procuradores afirmam que a atuação de Spíndola só se deu graças à anuência de Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, responsáveis por coordenar a batalha jurídica em torno do comando do Sistema S do Rio. Nos emails de Albuquerque, porém, Zanin e Teixeira não estão entre os destinatários. Eles aparecem, principalmente, iniciando o contato com Spíndola.

Em nota, o TCU afirmou que a corregedoria instaurou procedimento para apurar a atuação do servidor. Zanin, em nota, negou envolvimento com tráfico de influência em tribunais superiores. Ele afirma que é vítima de intimidação da Lava Jato em razão de suas ações contra a operação.

Procurado, Spíndola não retornou às mensagens enviadas. O jornal não localizou Albuquerque ou sua defesa.

Por ítalo Nogueira, na Folha de S. Paulo  


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