Atentando apenas
para o que vai mal corremos o risco de não ver o que está dando certo: os
indícios de vitalidade da sociedade brasileira estão sendo ignorados pela
maioria da população, que não percebe as mudanças em andamento
As dificuldades da
última década agravaram a cultura da crise. Habituamo-nos a falar em década
perdida, em falta de perspectivas, em incapacidade dos governos, em brutal
queda do nível de emprego e da queda da produção industrial, falta de
investimentos, agravamento da crise ética, moral e social. Tudo isso é
verdadeiro e justifica a atitude.
Mas atentando
apenas para o que vai mal corremos o risco de não ver o que está dando certo:
os indícios de vitalidade da sociedade brasileira estão sendo ignorados pela
maioria da população, que não percebe as mudanças em andamento.
O governo do
presidente Michel Temer fez recentemente uma prestação de contas, publicada nos
principais jornais do País sob o título 120 dias com coragem para fazer as
reformas que o Brasil precisa. Li com atenção o texto, notadamente as medidas
que se tornaram realidade, e concordo que as iniciativas traduzem atitude de
confiança no País. As coisas estão funcionando independentemente do que o
governo faça ou deixe de fazer.
Medidas inteligentes
fizeram a inflação deixar de subir e voltar à meta, o que já permite a queda
responsável dos juros. A instituição do teto nos gastos públicos, aprovada pelo
Congresso Nacional, comprovou a harmonia e independência dos Poderes e a
confiança do presidente da República nas Casas legislativas, garantindo
investimentos em áreas fundamentais e limitando o crescimento das despesas do
governo durante os próximos 20 anos.
A repatriação de
capital tornou possível trazer para o País R$ 44 bilhões em impostos. A
indispensável reforma previdenciária vai alterar as regras de aposentadoria
para garantir a previdência das gerações atuais e futuras. A redução, ainda que
tímida, do número de ministérios e a extinção de 14.200 funções e cargos
comissionados reduzirá as despesas de custeio da máquina pública federal.
A nova lei que
dispõe sobre o estatuto jurídico das empresas públicas, das sociedades de
economia mista e de suas subsidiárias no âmbito da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos municípios foi outra providência positiva, moderna e
moralizadora, que possibilitará o rigoroso cumprimento dosprincípios referentes
à administração pública previstos na Constituição federal: legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência. Destaque para a recuperação
lenta e segura das grandes estatais brasileiras e a valorização de suas ações.
A aprovação da PEC
da desvinculação de receitas da União, que estava paralisada no Congresso, foi
mais uma medida necessária e indispensável, assim como a reforma do ensino
médio, com a flexibilização do currículo, incluídos ensino técnico-profissional
e incentivo ao ensino em tempo integral.
O apoio da Força
Aérea Brasileira (FAB) no transporte de órgãos para transplante em todo
território nacional igualmente merece destaque, assim como a retomada da
transposição e revitalização do Velho Chico, o Rio São Francisco.
A redução dos juros
do cartão de crédito, a liberação de saques nas contas inativas do FGTS, a
reforma trabalhista – para garantir os atuais e criar futuros empregos – são
mais algumas das muitas medidas que deixaram de ser projetos e se tornaram
realidade.
As medidas
positivas tomadas pelo governo federal devem ser avaliadas juntamente com
outras, negativas, como descrevo a seguir.
Em 20 de julho de
2016 foi transformado em lei o Projeto 2648-B/2015, dispondo sobre as carreiras
dos servidores do Poder Judiciário da União e concedendo aumentos salariais com
reajuste linear total de 12%, escalonado em oito parcelas semestrais no
porcentual de 1,5% cada, com início em 1.º de janeiro de 2016 e término em 1.º
de julho de 2019. A lei eleva até julho de 2019 o porcentual utilizado para
cálculo de gratificação judiciária, dos atuais 90% para 140%. Aumenta ainda os
valores para os cargos em comissão a partir de 2016: o cargo CJ-1 é elevado em
16% e os demais, CJ- 2 a CJ-4, em 25%. O impacto orçamentário causado pela Lei
13.317/2016 é de R$ 5,8 bilhões ao final de 2019.
Outro projeto de
lei (6697-B), que dispõe sobre as carreiras dos servidores do Ministério
Público da União, sancionado em 20 de julho de 2016, causará impacto
orçamentário de R$ 2,5 bilhões até o final de 2019 (Lei 13.316/2016).
A Lei 13.302/2016,
resultante da aprovação do Projeto de Lei 4244/2015, reajusta a remuneração dos
servidores do Senado e causará impacto orçamentário de R$ 748 milhões até 2019.
Já o pessoal da Câmara dos Deputados foi beneficiado pela Lei 13.302/2016, que
concedeu reajustes remuneratórios impactando o Orçamento da União em R$ 1,09
bilhão até 2019.
Na esfera do
Tribunal de Contas da União, o Projeto de Lei 2743 transformado em lei em 27 de
julho de 2016, concedeu reajustes a vencimentos básicos, funções de confiança e
cargos em comissão, impactando o Orçamento em aproximadamente R$ 320 milhões em
quatro anos.
O Projeto de Lei
4250/2015, transformado em lei na mesma data, altera remuneração de servidores
e empregados públicos de diversas áreas, com impacto orçamentário de R$ 13,7
bilhões até 2019.
E tem mais. O
Projeto de Lei 4251/2015, transformado em Lei em 29/7/2016, alterou a
remuneração, as regras de promoção e de incorporação da gratificação de
desempenho a aposentadorias e pensões dos servidores na área de educação, com
impacto orçamentário de quase R$ 15 bilhões até 2019!
Outros projetos
transformados em lei em julho de 2016, somados aos acima relatados, causarão um
impacto orçamentário de aproximadamente R$ 73.2 bilhões até 2019.
São dados que
impressionam e preocupam, em que pesem as medidas anunciadas e a aprovação da
PEC 240.
Enfim, apesar da
crise, as medidas exigem severos cuidados. O País só encontrará a estrada da
retomada do desenvolvimento com o sacrifício de todos os brasileiros!
Por Ruy Martins
Alternfelder Silva, em O Estado de S. Paulo
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O livro contém o texto original de Nicolai Gogol, a peça teatral “O inspetor Geral”. E mais um ensaio e 20 artigos discorrendo sobre a realidade brasileira à luz da magnífica obra literária do grande escritor russo. Dessa forma, a Constituição brasileira, os princípios da administração, as referências conceituais da accountability pública, da fiscalização e do controle - conteúdos que embasam a política e o exercício da cidadania – atuam como substrato para o defrontar entre o Brasil atual e a Rússia dos idos de 1.800.
Desbravar a alma humana através de Gogol é enveredar por uma aventura extraordinária, navegar por universos paralelos, descobrir mundos mantidos em planos ocultos, acobertados por interesses nem sempre aceitáveis.
A cada diálogo, a cada cena e ato, a graça e o humor vão embalando uma tragédia social bastante familiar a povos de diferentes culturas, atravessando a história com plena indiferença ao tempo.
O teatro exerce este fascínio de alinhavar os diferentes universos: o cáustico, o bárbaro, o inculto que assaltam a realidade, que obliteram o dia a dia; e o lúdico, o onírico, o utópico-fantástico que habitam o imaginário popular.
“O inspetor geral” é um clássico da literatura universal. Neste contexto, qualquer esforço ou tentativa de explicá-lo seria tarefa das mais frívolas e inócuas. E a razão é simples, frugal: nos dizeres de Rodoux Faugh “os clássicos se sustentam ao longo dos tempos porque revestem-se da misteriosa qualidade de explicar o comportamento humano e, ao deslindar a conduta, as idiossincrasias e o caráter da espécie, culminam por desvendar a própria alma da sociedade”.
Esta é a razão deste livro não aspirar à crítica literária, à análise estilística e, sim, possibilitar que o leitor estabeleça relações de causa e efeito sobre os fatos e realidade que assolavam o Império Russo de 1.800 com os que amarguram e asfixiam o Brasil dos limiares do século XXI.
Do início ao final da peça teatral, as similaridades com o Brasil atual inquietam, perturbam, assustam... Caracteriza a literatura clássica o distanciamento da efemeridade, o olhar de soslaio para com o passadiço pois que se incrusta nos marcos da perenidade. Daí a dramaturgia de Nicolai Gogol manter-se plena de beleza, harmonia, plástica, humor e atualidade.
Nesta expedição histórica, a literatura de um dos maiores escritores russos enfoca uma questão que devasta a humanidade desde os seus primórdios, finca âncoras no presente e avança, insaciavelmente, sobre o futuro. O dramaturgo, com maestria, mergulha nas profundezas do caráter humano tratando a corrupção, não como uma característica estanque, intrínseca exclusivamente à esfera individual, mas como uma chaga exposta que se alastrou para deteriorar todas as construções sociais, corroer as instituições e derrocar as organizações humanas.
É o mesmo contexto que compartilham Luís Vaz de Camões e Miguel de Cervantes, William Shakespeare e Leon Tolstoi, Thomas Mann e Machado de Assis.
Mergulhar neste mundo auspicioso e dele extrair abordagens impregnadas de accountability pública é o desafio estabelecido. É para esta jornada que o leitor é convidado de honra.
O livro integra a Coleção Quasar K+:
Livro 1: Quasar K+ Planejamento Estratégico;
Livro 2: Shakespeare: Medida por medida. Ensaios sobre corrupção, administração pública e administração da justiça;
Livro 3: Nikolai Gogol: O inspetor geral. Accountability pública; Fiscalização e controle;
Livro 4: Liebe und Hass: nicht vergessen Aylan Kurdi. A visão de futuro, a missão, as políticas e as estratégias; os objetivos e as metas.
Livro 2: Shakespeare: Medida por medida. Ensaios sobre corrupção, administração pública e administração da justiça;
Livro 3: Nikolai Gogol: O inspetor geral. Accountability pública; Fiscalização e controle;
Livro 4: Liebe und Hass: nicht vergessen Aylan Kurdi. A visão de futuro, a missão, as políticas e as estratégias; os objetivos e as metas.
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