terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Alemanha prepara estratégia para proteger sua indústria com ações do governo


Plano estratégico para 2030 prevê participação do banco estatal para blindar setor de tecnologia
A Alemanha divulgou nesta sexta-feira planos para criar um comitê do governo para intervir rapidamente para proteger empresas contra aquisições estrangeiras, um sinal de preocupação com a China e outros países.

A estratégia industrial, delineada pelo ministro da Economia, Peter Altmaier, também visa a impedir a erosão da base industrial alemã, sobre a qual grande parte de sua riqueza é construída.

Depois da OCDE: Banco Central Europeu defende estímulos fiscais para aquecer economia

Como último recurso, o comitê permanente a ser criado teria poderes para assumir rapidamente participações em empresas alemãs que produzem tecnologias sensíveis ou relevantes para a segurança nacional.

Essas participações, a serem adquiridas pelo Banco Estatal de Desenvolvimento (KFW), seriam mantidas temporariamente. Atualmente, isso já pode ser feito em alguns casos sob a lei alemã, mas, segundo Altmaier, o processo é muito lento.

"É necessário criar estruturas para tomar as decisões necessárias com mais rapidez e eficiência do que tem sido feito até agora", disse o ministro no documento "Industry Strategy 2030" divulgado nesta sexta-feira.

Para atrair empresas europeias : estados do Nordeste querem 'minirreforma' tributária

Em entrevista coletiva, Altmaier disse que o comitê permanente trabalharia junto ao KFW, mas não seria criado um novo veículo de financiamento estatal para assumir as participações governamentais nessas empresas.

Ao apresentar suas idéias iniciais, em fevereiro, o ministro encontrou resistência de grupos de negócios.

- Não quero expandir o setor estatal - afirmou Altmaier nesta sexta-feira.

Embora naquela ocasião o ministro tenha citado empresas como Thyssenkrupp, Siemens e Deutsche Bank, o documento sobre a nova estratégia do governo não aponta quais companhias deveriam ser protegidas.

Juha Leppänen: 'Brasil não deve replicar inovação de outros países'

Com Estados Unidos e China envolvidos em uma guerra comercial e diante da incerteza em torno das relações comerciais entre o Reino Unidos e a zona do euro, há uma movimento protecionista crescente em todo o mundo.

Segundo os planos de Altmaier, a Alemanha também visa a intensificar a triagem de investidores não europeus que desejam comprar empresas de setores importantes, medida que teria como alvo investidores apoiados pelo governo chinês.

Com nova lei de imigração: Alemanha quer atrair estrangeiros qualificados

A União Europeia está reconsiderando sua estratégia industrial e suas relações com a China diante do aumento do investimento por parte de empresas estatais chinesas em setores críticos. Isso porque Pequim está impulsionando o desenvolvimento doméstico de tecnologias, incluindo carros elétricos, e tem adquirido know-how no exterior através de aquisições, incluindo a fabricante de robótica alemã Kuka.

As autoridades alemãs descrevem a aquisição da Kuka, em 2016, como um alerta que enfatiza a necessidade de proteger setores estratégicos da economia.

Uma tentativa da gigante chinesa de energia State Grid, em 2018, de comprar uma participação da operadora da rede elétrica 50Hertz também chamou a atenção dos alemães. Depois que Berlim não conseguiu encontrar um investidor privado alternativo na Europa, o banco estatal KfW interveio para manter os chineses fora do negócio.
Da Reuters

Para saber mais, clique aqui. 




Para saber mais, clique aqui