quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Na fronteira do conhecimento: cinto de metal protege pilares dos terremotos

Uma antiga matéria que vale a pena rever...

Tecnologia simples com cinto de metal protege vidas durante terremotos

Do Deutsche Welle 
Solução barata e de fácil implementação desenvolvida no Reino Unido pode ajudar a salvar vidas durante terremotos. Equipamento protege construções e possibilita volta mais rápida para casa depois do tremor.

Mais de mil mortes poderiam ser evitadas todos os anos se os edifícios fossem projetados para resistir a terremotos. Por outro lado, até agora, poucos países em desenvolvimento tiveram acesso às tecnologias de construção necessárias, que são caras e complicadas.

Uma equipe da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, aplicou uma nova técnica, com sucesso, para testar a resistência de construções. Cientistas submeteram o concreto de um edifício em tamanho real às mesmas forças vistas no terremoto no Haiti de 2010. E o edifício passou ileso pela prova.

A construção resistiu porque cintos de metal foram fixados nas colunas de concreto do edifício, protegendo o material de rachar e entrar em colapso. "As fitas funcionam como um cinto para levantamento de peso, mantendo tudo fortemente comprimido para reduzir a tensão nas colunas de concreto da estrutura ", diz o professor Kypros Pilakoutas, chefe da equipe de pesquisa em Sheffield.

                                     Teste foi feito com estrutura em tamanho real

Os testes, publicados no Journal of Earthquake Engineering, envolveram uma estrutura de concreto colocada em uma mesa simuladora de terremotos, especialmente construída. Quando reforçado com os cintos de metal, o concreto chega a balançar para trás e para frente, mas não entra em colapso.

"Nosso método não apenas torna o prédio estável novamente de forma mais rápida, mas aumenta a capacidade de o edifício se deformar sem ruir, tornando-o mais resistente a qualquer movimento sísmico", diz Pilakoutas.

Fazer com que as construções danificadas em tremor de terra se tornem seguras depois do evento sísmico permitiria que as pessoas voltassem mais rápido para suas casas. Isso diminuiria os riscos das populações deslocadas associados à saúde. Pesquisadores da Sheffield estimam que o custo da tecnologia por casa seja de 250 euros, cerca de 700 reais.

Problema em países mais pobres
O último grande terremoto atingiu as Filipinas em outubro de 2013. Mais de 200 pessoas morreram e cerca de 900 ficaram feridas."A causa mais comum é simplesmente porque prédios caíram sobre as vítimas", diz Christine Casser, que trabalhou como voluntária de resgate pelo Rotary International do Reino Unido

    Christine Casser: desabamento de prédios é o que mata durante os terremotos

Ela acredita que a invenção dos pesquisadores de Sheffield ajudaria muito populações mais pobres. "Essa é a única maneira de proteger a vida das pessoas", diz Casser. "Um dos desafios que tivemos foi ajudar as comunidades atingidas, pois todas as pontes foram destruídas com o tremor. Se essas técnicas tivessem sido usadas para reforçar as pontes, significaria que o auxilio poderia ter sido feito de maneira mais rápida", opina. "Estamos falando sobre salvar vidas."

Regiões mais sujeitas a terremotos no mundo, como Tóquio e Califórnia, investem fortemente na proteção de edifícios contra a atividade sísmica. Por outro lado, os países em desenvolvimento muitas vezes não conseguem se prevenir principalmente por duas razões: a falta de dinheiro e a tendência de esquecer cedo os desastres do passado.

"Ainda vemos alguns edifícios danificados na Cidade do México. As pessoas simplesmente esquecem quão frágil são esses edifícios", diz Reyes Garcia , doutorando mexicano que atua ao lado de Pilakoutas na Universidade de Sheffield. A Cidade do México foi atingida por um terremoto de magnitude 8,1 em 1985. Mais dez mil pessoas moreram.

                                   Professor Kypros Pilakoutas (e) e o estudante Reyes

Estudantes embaixadores
Professor Kypros Pilakoutas estuda agora como implementar a tecnologia do cinto de metal para que ela seja levada aos países em desenvolvimento. Alguns de seus próprios alunos poderiam atuar como "embaixadores".
"Aqui na universidade, somos um grupo de pessoas de todo o mundo. Três ou quatro desses estudantes de doutorado tiveram que voltar para casa durante os estudos porque houve um terremoto em seu paíse de origem", diz Pilakoutas.
Em dois dos casos, as casas desses estudantes foram danificadas. "Por isso, temos certeza que essas pessoas vão voltar e irão treinar os engenheiros e as populações locais com a ajuda do conhecimento das novas tecnologias", revela o líder da pesquisa.

No entanto, o professor Christopher James, da Universidade de Warwick, descarta um futuro no qual será possível comandar os corpos de outras pessoas por meio do pensamento.

"O risco de isso acontecer é nulo", disse James. "Mesmo ligada a outra pessoa dessa forma, quem não tem lesões na medula espinhal ou no tronco encefálico ainda assim reteria o controle de seus membros. Então, ninguém será capaz nem tão cedo de fazer alguém se movimentar contra sua vontade".

Mesmo assim, James afirma, a pesquisa tem grandes implicações, "especialmente no controle de membros quando há uma lesão ou no controle de próteses por quem teve um membro amputado".

Ainda há alguns desafios para atingir essa meta. Mover um cursor para cima e para baixo não se equipara, por exemplo, à complexidade de um movimento como o de levar um copo até à boca.

Além disso, os músculos tendem a ficar mais rígidos após uma paralisia e a pressão sanguínea varia bastante, o que torna a retomada do controle do corpo mais difícil.

"Este trabalho é um passo à frente importante porque mostra que existe a chance de usar ligações entre máquinas e o cérebro para reestabelecer a capacidade de uma pessoa paralítica de realizar movimentos", diz o professor Bernard Conway, chefe de engenharia biomédica da Universidade de Strathclyde (Reino Unido).
"No entanto, ainda será necessário muito trabalho antes que a tecnologia possa ser usada por quem precisa dela."



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