quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Big brother no trabalho

Aparelho parecido com crachá monitora os movimentos e avalia conversas dos funcionários

 (Foto: Pedro Piccini/ Editora Globo)

Se uma câmera no ambiente de trabalho já pode intimidar, imagine como é andar pelo escritório com um dispositivo equipado com dois microfones, sensor de movimento e infravermelho pendurado no pescoço. A engenhoca existe, é usada diariamente por mais de 5 mil funcionários de 20 empresas americanas e atende pelo nome de SociometricBadge. Ela registra com quem e o quanto o empregado fala, quanto tempo caminha e quanto fica sentado, avalia a sua linguagem corporal, mede a distância entre ele e os colegas e, claro, dá a localização de todo mundo de mãos beijadas para o chefe.

O crachá que tudo vê pode apontar que os funcionários que interagem mais são mais felizes ou que quem passa tempo demais sentado rende menos. Pode, também, soprar no ouvido do patrão quem deve ser demitido ou não. "Com a nossa tecnologia, os dados coletados são transformados em insights que empresas e indivíduos podem usar para mudar comportamentos que realmente importam”, explica Ben Waber, presidente da SociometricSolutions, empresa responsável pela fabricação do Badge.

Se o dispositivo vier para o Brasil, o que Waber espera que aconteça nos próximos dois anos, as empresas primeiro terão de se entender com a lei. É que o uso do Badge pode violar o artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal caso as informações pessoais do empregado sejam usadas para fins não profissionais. Para o advogado Alexandre Atheniense, a linha que separa os hábitos profissionais dos privados é muito tênue: “É difícil garantir que as provas obtidas a partir da coleta de dados de cada empregado não sejam usadas contra ele”.