sábado, 26 de julho de 2014

O 7X1 que amesquinha



A vergonhosa derrota para a Alemanha foi como que um choque de realidade, acordamos de um cenário de ilusões construído pela indústria do marketing a serviço de políticos populistas e cartolas carreiristas, categorias que historicamente tem se estabelecido incrustrados num pântano de corrupção e clientelismo.
Da babilônia tupiniquim restaram cinzas.
Dos benefícios que emergiriam da realização da Copa do Mundo de Futebol, como os projetos e obras de mobilidade urbana, infraestrutura aeroportuária, hoteleira, de turismo, transporte, trens, metrô, VLT’s, VLR’s, obras que, efetivamente, resultariam em benefícios para a população, tudo ficou relegado a um enésimo plano, não passaram de discurso e promessas vazias. Restaram os estádios, verdadeiros elefantes brancos, suntuosos monumentos a eternizar nossa descomunal vergonha.
Como herança deste projeto messiânico-eleitoreiro, irresponsável e, mesmo, criminoso, de promover a Copa no país, e que marcará o país para toda a eternidade, choram ainda os familiares das oito vítimas fatais, trabalhadores que perderam a vida em função da molecagem como são empreendidas as obras de construção civil no Brasil.
Quem se lembrará deles? Quem, senão os familiares, verterão lágrimas pelos que se foram em função dos interesses messiânicos, grandiloquentes e escusos dos politiqueiros de plantão?
Aqui estão as vítimas dessa turma que achincalha o país, a língua pátria, e que considera a moral e a ética meros adereços, descartados conforme as conveniências e as estações:
Operários mortos no Itaquerão
•         Fabio Hamilton da Cruz, 23 anos, 29 de março de 2014
•         Ronaldo Oliveira dos Santos, 44 anos, em 27 de novembro de 2013
•         Fábio Luiz Pereira, 42 anos, em 27 de novembro de 2013
 Operários mortos no Mané Garrincha
•         José Afonso de Oliveira Rodrigues, 21 anos, em 11 de junho de 2012
 Operários mortos na Arena Amazônia
•         Marcleudo de Melo Ferreira, 22 anos, em 14 de dezembro de 2013
•         José Antônio da Silva Nascimento, 49 anos, em 14 de dezembro de 2013
•         Antônio José Pita Martins, 55 anos, em 7 de fevereiro de 2014
•         Raimundo Nonato Lima Costa, 49 anos, em 28 de março 2013
Em outras condições, promover a Copa do Mundo no país poderia ter se tornado uma poderosa ferramenta para alavancar o desenvolvimento. Tivemos tempo suficiente para planejar os projetos e ações, mobilizar os recursos, executar o necessário, mas qual?!; o surrado estratagema de deixar tudo para a última hora para, então, asfixiar os controles, garrotear a fiscalização e arrombar os cofres públicos, vingou mais uma vez.
E lá se foi mais uma oportunidade para o país dar uma guinada em direção à sustentabilidade.

Os 7X1 que levamos dos alemães humilharam. Mas a enxurrada de ‘mal feitos’ que temos levado, diuturnamente, de políticos-larápios e cartolas-gatunos, nos humilham, aviltam e amesquinham muito mais.