sexta-feira, 2 de abril de 2021

Pivô em disputa, Huawei cresce 10%

 


Telecomunicações - No mundo, a receita caiu 11% no 4º trimestre, mas no ano houve expansão

 

A fabricante chinesa Huawei sentiu o impacto da guerra geopolítica entre Estados Unidos e China. Pivô da disputa, a Huawei perdeu receita no quarto trimestre de 2020, embora tenha fechado o ano com crescimento. No Brasil, a expansão foi de 10% em relação a 2019. 

No mundo, a empresa teve queda de 11% na receita do quarto trimestre, para 220,1 bilhões de yuans (US$ 33,5 bilhões), em relação a igual período de 2019. No acumulado de 2020, o efeito da pressão política foi diluído, uma vez que as vendas haviam sido mais fortes no início do ano — a receita cresceu 3,8%, para 891,43 bilhões de yuans (US$ 136,71 bilhões). 

O impacto da disputa entre China e EUA prejudicou mais a divisão de celulares da companhia, disse ao Valor o CEO da Huawei no Brasil, Sun Baocheng. Mas como o grupo não fabrica essa linha de produtos no Brasil, a questão foi minimizada no país, afirmou. No mercado global o problema continua. 

O executivo disse que a receita no Brasil, em reais, foi 10% maior em 2020 frente a 2019. Em dólar, houve redução devido à desvalorização cambial. 

No Brasil, a Huawei tem uma fábrica em Sorocaba (SP), onde produz grande parte da infraestrutura para banda larga móvel e para rede fixa, além de produtos para o segmento empresarial. Das vendas realizadas no Brasil, cerca de 40% dos produtos saem dessa fábrica, conforme apurou o Valor. A segunda unidade fabril é em Manaus (AM), para banda larga fixa e conexões para fibra óptica usada nos segmentos de rede até a casa do cliente (FTTH, na sigla em inglês). Sobre smartphones, Baocheng disse que não há um prazo definido para a produção local.

De modo geral, a Huawei depende de uma cadeia de abastecimento global, a qual foi rompida não só pelo boicote às suas vendas, patrocinado pelos EUA, como também pelos efeitos da pandemia. Para suprir a escassez de semicondutores, por exemplo, o grupo buscou alternativas. 

Baocheng disse que a empresa se preparou para os meses difíceis que estavam por vir e conseguiu fazer um bom estoque de chips — componente usado nos celulares e em outros dispositivos. Assim, consegue atender a demanda dos clientes. 

A escassez de componentes ocorreu principalmente em março e abril do ano passado, criando um desafio em relação ao fornecimento de materiais para o mercado externo. Para acelerar as entregas, a Huawei substituiu o transporte marítimo pelo aéreo. O executivo disse que não houve problemas para atender os clientes brasileiros, entre eles Vivo, TIM, Claro, Oi e Algar, além de 5 mil provedores de internet. 

Para evitar uma futura onda de escassez de componentes, a Huawei está procurando fornecedores em outros países, como na Europa e na própria China. 

No Brasil, a fabricante chinesa também tornou-se alvo da política externa do governo Jair Bolsonaro, que se alinhou com o embate do então presidente dos EUA, Donald Trump. Mais de 90% das instalações da rede móvel 4G no mercado brasileiro é dividida quase meio a meio entre a Huawei e sueca Ericsson, dizem as companhias. 

O ex-presidente americano acusou a Huawei de usar sua tecnologia 5G para deixar uma “porta” de acesso nos seus equipamentos e sistemas com o fim de espionar os americanos. A campanha deflagrada por Trump foi levada a outros países em busca de um boicote mundial à companhia. A Casa Branca de Biden deu poucos sinais de que aliviaria essa tensão. A Huawei sempre negou a existência de tal brecha nos sistemas e acrescenta que o gerenciamento das redes é feito pelos clientes. 

Baocheng disse que considera a questão já resolvida no Brasil. Ele lembra que o edital para o leilão de 5G não exclui nenhum fabricante, nem a Huawei, e que tão logo seja liberado pelo Tribunal de Contas da União o processo seguirá seu cronograma até a realização do leilão de 5G — previsto para meados do ano. “O Brasil é o mercado mais importante no estrangeiro, vamos continuar o investimento no país e trabalhar com os clientes para acelerar a rede 5G”, disse. O Valor apurou que a empresa investiu R$ 40 milhões no país em 2020.

Nem todos veem o mesmo cenário. Bolsonaro e políticos próximos a ele frequentemente dão um passo atrás na política externa e levantam a tese de uma “eventual espionagem” no país via 5G. Fonte próxima à empresa e ao governo disse que a Huawei vê com ansiedade a instabilidade política local pois o Brasil é uma grande referência para a América Latina, e as decisões tomadas aqui podem influenciar outros países da região. “É como se a Huawei estivesse numa corda bamba equilibrando pratos nas duas mãos”, disse essa fonte. 

Nas Américas, a receita da Huawei caiu 24,5%, para 39,6 bilhões de yuans (US$ 6,1 bilhões) em 2020 — o maior recuo entre as regiões geográficas da empresa. 

A unidade de negócios de consumo alcançou 482 bilhões de yuans em 2020, com alta de 3,3% em base anual. É aí que estão os smartphones, tablets, computadores pessoais, dispositivos de vestir — como relógio e pulseira inteligentes — e dispositivos para o lar. A empresa tinha duas marcas de smartphones, uma que leva seu nome, e continua em operação, e a Honor Business, que teve 100% de suas ações vendidas em novembro para a Shenzhen Zhixin.

Por Ivone Santana, no Valor Econômico    


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