O surgimento repentino de novo coronavírus, que
produz enorme estresse no Sistema de Saúde Pública e paralisação da economia ao
redor do globo, é ocorrência sem precedentes com a qual todas as nações estão
tentando lidar.
Para enfrentar os males da pandemia. instituições, governantes. lideres e
cidadãos são forçados a redescobrir o valor da cooperação e da generosidade. a
compartilhar responsabilidades e a reforçar a proteção à vida. enquanto
minimizam perdas materiais.
Saúde pública, agricultura e alimentação ganham redobrada atenção neste momento
t ao desafiador, uma vez que são componentes que movem todas as demais
engrenagens do complexo sistema chamado sociedade. Falhas e insuficiências nos
sistemas alimentares e de saúde publica podem tornar inócuas todas as
estratégias de enfrentamento de uma pandemia, pois emergências sanitárias podem
ser muitas vezes magnificadas pela insegurança alimentar e pela fome.
Por isso, o fortalecimento da resiliência é tão importante durante a crise e na
fase de recuperação dos seus efeitos. Um bom exemplo de resiliência vem do
esporte, no salto com vara, instrumento que se verga a um limite extremo sem se
quebrar, retomando a sua forma original após lançar o atleta para o alto. De
forma semelhante, precisamos de sistemas de saúde e alimentação resilientes,
capazes de responder a riscos e estresses, se adaptando com rapidez para
superar obstáculos sem rupturas ou desordem.
Uma lição da pandemia é a de que os seres humanos precisam estar no centro do
sistema alimentar, com acesso a alimentos seguros, na quantidade necessária para
atravessar períodos de crise e incertezas. Inúmeras nações importam grande
parte dos alimentos que consomem ou dos insumos críticos para sua produção. Uma
dependência excessiva de cadeias globais de suprimentos, que possam sofrer
rupturas repentinas, precisará ser revista. Da mesma forma, mecanismos de
resposta a riscos sistêmicos capazes de interromper fluxos e causar insegurança
precisarão ser implementados.
A agricultura brasileira tem lições importantes a tirar da crise. Na condição
de grande provedor de alimentos, o Brasil deverá responder aos anseios de
países importadores, que buscarão mais segurança e. quando possível,
autossuficiência. Por sua vez, como grande importador de insumos críticos -
fertilizantes, defensivos, equipamentos e componentes diversos -, precisaremos
fortalecer parcerias, mecanismos de backup, ou mesmo reforçar a capacidade
interna de produção, de forma a prevenir descontinuidades e rupturas.
Como a pandemia do novo coronavírus é uma zoonose. as interações e as
dependências entre humanos, animais e a natureza passarão doravante por intenso
escrutínio. Assim, a menos que se adote uma nova abordagem para proteger a
saúde humana e animal, esta não sera a última pandemia que o mundo enfrentara.
Assunto de grande interesse para o Brasil, grande produtor e exportador de
proteína animal. Essa se constitui também em uma oportunidade para unir
médicos, agrônomos, veterinários e ecologistas na busca de estratégias mais
sistêmicas e consistentes de proteção da saúde humana e animal e dos ecossistemas.
Uma lição desta pandemia é a de que a nossa agricultura, por sua dimensão e
importância para os brasileiros e para o mundo, precisara sempre exceder em
resiliência. Resiliência traduzida em robustez e reconhecimento - para acesso a
recursos e apoio e em mecanismos de backup, redundância e resposta para rápida
recuperação e adaptação a crises, que sempre existirão.
Por Maurício Antônio Lopes, Na Revista Globo Rural
|
Coleção Educação e Folclore com 10 livros, saiba aqui. |
|
Coleção Educação e Democracia com 4 livros, saiba aqui. |
|
Coleção Educação e História com 4 livros, saiba mais. |