sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Por que diferença entre escolas particulares e públicas do Brasil no Pisa foi pequena


jovens diante da bandeira do BrasilImage copyrightTHINKSTOCK
Image captionResultado do Pisa mostrou que é pequena a diferença entre a qualidade do ensino privado e público no Brasil, mas especialistas advertem que isso não se traduz em melhor formação dos estudantes.

As mensalidades de valor muitas vezes astronômico das escolas particulares no Brasil se traduzem em ensino de ponta, bem superior ao do escola pública?
De acordo com o recém-divulgado estudo Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), que avalia a aprendizagem de alunos de 15 anos em 70 países e territórios, a resposta pode ser: nem sempre.
Considerada uma das mais importantes do mundo no que diz respeito à educação, a avaliação mostra que estudantes mais ricos em escolas particulares se saíram apenas um pouco melhor que colegas de pior condição sócio-econômica que estudam na rede pública.
A diferença de qualidade entre os dois tipos de educação é menor no Brasil do que em outros países que submeteram ao Pisa.

sala de aulaImage copyrightTHINKSTOCK
Image captionEspecialistas ouvidos pela BBC Brasil apontam a grade curricular engessada e a formação deficiente como os maiores problemas enfrentados pelos professores no país.

"Entre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que organiza o relatório), o desempenho em ciências de um aluno de nível socioeconômico mais elevado é, em média, 38 pontos superior ao de um aluno com um nível socioeconômico menor. No Brasil, esta diferença corresponde a 27 pontos, o que equivale, aproximadamente, ao aprendizado de um ano letivo", afirma o relatório do Pisa.
Isso significa que a escola pública é de qualidade e está quase alcançando a rede privada em termos de aprendizagem do ano?
Pelo contrário, afirmam especialistas ouvidos pela BBC Brasil sobre o panorama da educação do país. Eles apontam duas causas principais pela performance baixa das escolas privadas:
• Formação deficiente dos professores, tanto da escola pública como da particular.
• Grade curricular engessada, que não dá autonomia ao professor.
Andreas Schleicher, diretor de educação da OCDE e coordenador das provas do Pisa, falou sobre as escolas privadas brasileiras em um seminário da Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca):
"As escolas particulares vão melhor no Pisa, mas a diferença é pequena. Por atender a um público privilegiado, elas (escolas particulares) deveriam se comparar com escolas do mundo em situação semelhante. Mas não conseguem competir", afirmou o diretor.

bola com chapéu de professorImage copyrightTHINKSTOCK
Image caption"As escolas privadas de bom nível estão com os mesmos tipos de professores que as públicas. Professores com a mesma formação acadêmica e é aí que mora o problema", diz a diretora global de Educação do Banco Mundial, a brasileira Claudia Costin.

Mesma faculdade ruim

Para a diretora global de Educação do Banco Mundial, Claudia Costin, que dá aulas na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos (e foi secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro), a raiz dos problemas está na formação deficiente dos professores.
"Se nós estamos em um patamar muito baixo, e os alunos mais ricos estão só um pouco na frente, isso quer dizer que as escolas privadas de bom nível estão com os mesmos tipos de professores que as públicas. Professores com a mesma formação acadêmica. É aí que mora o problema", afirmou.
Na opinião de Costin, boa parte fez o mesmo tipo de faculdade, que foca excessivamente nos fundamentos, como Sociologia e História da Educação, e muito pouco em como se ensina na prática.
"É claro que um instituto privado pode estruturar melhor o processo pedagógico ou ter mais agilidade para contratar e demitir professores. Mas a formação desses professores foi a mesma, e muitos dão aula em instituições particulares e públicas para terem salário mais alto e estabilidade", diz.

'Ilusão'

Para Maria Rehder, coordenadora de Projetos da Campanha Nacional pelo Direito à Educação - que reúne organizações da sociedade civil em prol da promoção da qualidade do ensino -, "imaginar que a escola privada é muito melhor no Brasil é uma ilusão".
Na opinião dela, "é preciso mais liberdade para o professor, para que ele tenha mais autonomia".
Um tipo de liberdade que o professor tem cada vez menos por aqui, segundo especialistas e os próprios estudantes brasileiros ouvidos pelo Pisa. Menos da metade disse que o professor muda a aula se houver problemas como, por exemplo, se a maioria dos estudantes não entender a matéria.

Universidade de HelsinqueImage copyrightTHINKSTOCK
Image captionO sistema de ensino da Finlândia volta a ser referência, após o resultado do Pisa. Por lá, o foco é o aluno, com seu interesse, habilidades e dificuldades.

Sistemas de ensino como o finlandês estão baseados justamente nos alunos, adaptando as aulas e os projetos de acordo com os interesses, as habilidades e as dificuldades deles.
"É claro que a formação fraca do professor colabora para o baixo desempenho. E muitos deles fazem faculdades particulares. Mas é apenas um dos fatores", diz Amabile Pacios, diretora da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep).
"O que vivemos hoje é um currículo muito extenso e totalmente engessado. Não há tempo para o professor usar cinco aulas elaborando um conceito ou dando a aula a partir da espontaneidade da experimentação dos alunos. Temos de dar conta de um conteúdo gigantesco e maluco imposto pelo governo e, dessa maneira, não há tempo para acompanhar o feijãozinho nascer", afirmou, referindo-se ao experimento comum que as crianças mais novas fazem, com tempo, na escola.

roda de estudantes no parqueImage copyrightTHINKSTOCK
Image captionNas escolas privadas brasileiras, o professor também não tem tempo para elaborar um conceito ou dar a aula a partir do desejo de experimentação dos alunos, afirmam os especialistas.

Ciência e laboratórios

Na edição divulgada este ano, o Pisa deu ênfase à prova de ciências que, segundo Amabile, é uma área particularmente problemática.
"O ensino de ciência aqui é muito desprezado. E , como o conteúdo acaba se tornando muito maçante, as crianças se desinteressam."
Questionada sobre se as escolas particulares, especialmente as que têm laboratórios, por exemplo, não conseguiriam driblar essa morosidade com experimentos e projetos propostos pelos alunos, Amabile diz que a falta de tempo também impede essa abordagem.
A diretora cita outro prejuízo que, em sua opinião, prejudica a performance dos alunos: "A escola precisa ouvir a comunidade em que está inserida e, assim, tratar sua proposta pedagógica de acordo, para que aquilo faça sentido para o aluno".


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 Dicas para incentivar o hábito da leitura infantil
A criança que lê adquire cultura, passa a escrever melhor, tem mais senso crítico, amplia o vocabulário e tem melhor desempenho escolar, dentre muitas outras vantagens. Por isso, é importante ter contato com obras literárias, desde os primeiros meses de vida. Mas como fazer com que crianças em fase de alfabetização se interessem pelos livros? É verdade que, em meio a brinquedos cada vez mais lúdicos e cheios de recursos tecnológicos, essa não é uma tarefa fácil. Mas pequenas ações podem fazer a diferença.

A família tem o papel de mostrar para a criança que a leitura é uma atividade prazerosa, e não apenas uma obrigação. As crianças precisam ser encantadas pela leitura.

Para isso, há diversas atividades que os pais e outros familiares podem colocar em prática com a criança e, assim, fazer do ato de ler um momento divertido.

No período da alfabetização, é interessante misturar a leitura com brincadeira, fazendo, por exemplo, representações da história lida, incentivando a criança a criar os próprios livros e pedindo que a ela ilustre uma história. Além disso, para encantar as crianças pequenas, é essencial brincar com o livro e sempre valorizá-lo. Fica então uma dica: nunca reclame dos preços dos livros diante do seu filho.


A seguir, confira algumas dicas que, se realizadas com determinação e disposição, podem garantir que o seu filho em fase de alfabetização seja um pequeno grande leitor:


1. Respeite o ritmo e o gosto do seu filho
Não se preocupe caso ele leia livros que você considere muito infantil. Cada criança vai apresentar uma evolução diferente em relação isso. Provavelmente, ele escolherá livros diferentes do que você escolheria para ele e seu respeito em relação a isso é essencial. Incentive a leitura que parecer mais agradável a ele e, aos poucos, ele próprio irá buscar outros estilos.

2. Faça passeios que tragam a leitura para o cotidianoProcure proporcionar passeios a livrarias, bibliotecas, museus e ambientes que façam parte de cenários dos seus livros. Por exemplo: caso ele esteja lendo algo sobre animais, proporcione um passeio ao zoológico.

3. Incentive a leitura antes de dormirEnquanto o pequeno ainda não souber ler, leia para ele todas as noites. Isso vai fazer com que ele tenha vontade de aprender ainda mais rápido. Assim que ele próprio já puder fazer a leitura, incentive para que ele tenha alguns minutos para isso, todas as noites, e providencie um abajur para ficar ao lado da sua cama.

4. Improvise representações dos livrosOrganize apresentações teatrais entre ele e seus amigos, para que encenem a história que acabou de ler. Ajude-os na criação de cenários e figurinos e chame uma pequena plateia para prestigiá-los.


5. Organize um clube do livroProponha aos pais dos amigos do seu filho que criem um clube do livro. A cada mês, escolham a história para que todos leiam e depois organizem debates e encenações sobre a obra. Podem ainda promover trocas de livros entre si, incentivando assim que eles conheçam diferentes tipos de estilos literários.

6. Ajude-o a ler melhorCaso a criança tenha dificuldades para ler, é essencial que os pais o ajudem nisso. Leia para ele, acompanhe suas leituras em voz alta, tire dúvidas e o incentive a não desistir.

Expresso MT

"Estórias maravilhosas para aprender se divertindo", uma coleção com 10 livros infantis e juvenis:




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