quinta-feira, 8 de julho de 2021

Negócios - o xadrez da venda de ativos



Reflexões sobre a concentração de mercado com os leilões na geração, transmissão e distribuição


Depois de a Equatorial ter arrematado o controle da CEEE-D em leilão no fim de março e se inserido no rol das cinco maiores distribuidoras do país, novas oportunidades de venda de ativos estão previstas para os próximos meses e poderão reforçar a tendência de busca de escala em negócios que vão além da área de distribuição e chegam à geração e à transmissão.

A cisão das unidades de geração e transmissão da CEEE, a privatização da geração e transmissão da Celg, a venda da CEA, distribuidora que atende o Amapá, a venda da participação da Cemig na transmissora Taesa e o processo de capitalização da Eletrobras já movimentam advogados, investidores e empresários. Do lado oposto, elétricas integradas e controladas por governos estaduais, como a paranaense Copel e a mineira Cemig, não deverão ser privatizadas até o fim dos atuais mandatos dos governadores Ratinho Júnior (PR) e Romeu Zema (MG). O cenário enseja reflexões. A discussão sobre a concentração de mercado será um assunto para essa década?


Apenas em geração ou em distribuição e transmissão também? “Sem dúvidas, mas transmissão e distribuição são regulados, a questão está na geração principalmente”, afirma o presidente da PSR, Luiz Barroso.


O negócio mais próximo é o leilão de privatização da Celg-GT, cujo edital foi lançado em abril pelo governo de Goiás, que fixou o preço mínimo de R$ 1,5 bilhão para o certame marcado inicialmente para 13 de maio, mas postergado para o segundo semestre, sem data definida, em razão de mudanças regulatórias na área de transmissão.


Com mil quilômetros de linhas de transmissão, RAP de pouco mais de R$ 220 milhões, a empresa ainda possui 120MW de projetos em geração. A área de distribuição foi leiloada em 2016 e arrematada pela Enel. Para o presidente da empresa, Lener Silva Jayme, é um ativo de transmissão rentável e que deve atrair o mercado. Ano passado, o lucro líquido somou R$ 165 milhões.


Depois de ter batido o martelo na venda da área de distribuição da CEEE, o governo gaúcho trabalha na venda das unidades de geração e transmissão. Em abril, o governo gaúcho autorizou que as subsidiárias de geração e de transmissão passassem a operar de forma independente, deixando de ser a CEEE-GT. O segmento de transmissão de energia será o segundo braço do Grupo CEEE a ser privatizado. Ainda no início de abril foi realizada audiência pública. No segmento de transmissão, são 56 subestações, que somam potência instalada própria de 10,5 mil MVA.


A empresa também é responsável pela operação e manutenção de 6 mil quilômetros de linhas de transmissão e ma is de 15,7 mil estruturas. Não há ainda data do leilão. O preço mínimo deve ficar em R$ 1,7 bilhão. O secretário do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, Luiz Henrique Viana, informou à Brasil Energia que a minuta do edital e os documentos relevantes do processo foram submetidos para avaliação dos órgãos de controle e fiscalização em fevereiro, que vêm acompanhando o processo.


A Cemig anunciou que iniciou estudos para vender sua participação na Taesa, que controla ao lado da Isa Cteep. “ Esperam os que a venda saia esse ano” , destaca o presidente da estatal mineira, Reynaldo Passanezi Filho. A ideia da empresa é focar em ativos em que tenha o controle. A Isa Cteep tem preferência para adquirir a participação, masa empresa colombiana está em processo de venda na Colômbia para a Ecopetrol.


A saída da Cemig da Taesa deveria catalisar os direitos de aquisição da Alupar na TBE, uma estrutura de 13 linhas de transmissão em que a Alupar e Taesa têm participação e operam em consórcio. Se a Cemig deixar o controle majoritário, a Alupar tem direito de preferência para aumentar sua presença na TBE. Segundo analistas do Credit Suisse, a alavancagem dupla da Alupar indica uma possibilidade de aquisição dessa fatia.Também está sendo avaliada pela estatal mineira a venda da Aliança, com pouco mais de 1 GW de potência instalada, e de formação de joint venture com a mineradora Vale.


O governo do Amapá, que nos últimos meses tem enfrentado blecautes, está analisando a venda de sua distribuidora, a CEA. Em março, os Ministérios de Minas e Energia e da Economia publicaram portaria que aprova a transferência do controle acionário do estado do Amapá na CEA para investidores privados. O estado do Amapá e a CEA deverão acertar um negócio jurídico vinculante com os principais credores da CEA para renegociação de débitos, que somam mais de R$ 2 bilhões. No fim de março foi realizada a primeira audiência pública sobre a desestatização, o vencedor do leilão poderá ter de aplicar R$ 400 milhões logo no início da concessão. Trabalha-se para que o leilão possa ser realizado em junho. O processo está sendo conduzido pelo BNDES.


Expectativas em geração A MP 1.031, que trata da privatização da estatal, que detém cerca de um terço da geração e da transmissão, expira em 26 de junho. Aprovada em 20 de maio na Câmara, a Medida Provisória chegou ao Senado na última semana de maio com alguns “jabutis” incluídos, como a exigência de contratação de 6GW termelétricos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Ela autoriza que a União perca sua participação majoritária na empresa. A ideia é que a participação do governo caia de 62% para algo entre 45% e 49%. “Isso pode atrair investidores financeiros e grandes geradores já presentes no Brasil interessados nessa participação”, aponta Luiz Barroso, presidente da PSR.


Para Barroso, o desafio é capturar valor para o sistema e para a sociedade. “O valor para a sociedade vem com uma empresa mais eficiente, rentável, que pague mais impostos”.


O ingresso de capital privado na estatal poderia também ter outra variável indireta: o mix de geração futura do sistema virá da competitividade entre as fontes, direcionado por renováveis e um pouco de gás. “A empresa privada pode participar desta expansão e mesmo entrarem outros negócios em recursos energéticos distribuídos".


Além da Eletrobras, em geração hidrelétrica a atenção está na novela do GSF, que parecia perto de um desenlace final, mas continua se arrastando depois de recente decisão do TCU.


Na sua última teleconferência com analistas, antes de deixar a Eletrobras e assumir a BR Distribuidora, Wilson Ferreira Jr. disse que a virada operacional que a estatal sofreu nos últimos anos coincide com a proximidade de um acordo sobre o GSF. Resultado: a empresa tem melhores condições para decidir o que fará. Aí a estatal poderá avaliar se continuará a se desfazer das participações ou se poderá comprar parte dos ativos, já que essas SPEs abrangem grandes ativos de geração (como as hidrelétricas do Rio Madeira e Belo Monte) e transmissoras de grande porte (interligação do Madeira).


Esse cenário gera dúvidas, ainda mais se combinado à indecisão quanto à privatização da Eletrobras, tentada em vários momentos na década de 1990. O ingresso da Engie no mercado brasileiro se deu em setembro de 1998, com a aquisição da Gerasul, a primeira geradora da Eletrobras vendida. O processo seria continuado em 1999, no segundo mandato de FHC, mas resistências políticas derrubaram a ideia. “Se a Eletrobras não for privatizada e a depender das eleições presidenciais de 2022, podemos ter uma inflexão na gestão da estatal e, em novas condições, ela poderá aumentar sua participação em geração assumindo participações nas hidrelétricas da região Norte", diz um empresário que foi conselheiro da estatal em três ocasiões.

Por Roberto Rockmann, Revista Brasil Energia   / 


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