segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Biontech e a história por trás da vacina para a covid-19

 

Casal Ugur Sahin e Özlem Türeci, fundadores da Biontech

Empresa alemã está a um passo de obter, com parceira Pfizer, permissão para sua vacina contra o novo coronavírus. Por trás dessa história de sucesso está um casal de médicos, ambos filhos de imigrantes turcos.

Lightspeed (velocidade da luz) foi o nome do projeto lançado pela empresa alemã Biontech em meados de janeiro. A meta era nada menos que desenvolver uma vacina contra o coronavírus em tempo recorde. E, desde então, o empreendimento tem progredido num ritmo que justifica o nome. Se o desenvolvimento de uma vacina leva de oito a dez anos em tempos normais, os pesquisadores de Mainz poderão conseguir que seu imunizante seja aprovado nos EUA cerca de um ano depois do início das pesquisas.

Em meados de novembro, a Biontech e sua parceira Pfizer esperam estar solicitando uma licença emergencial nos EUA. Os dados disponíveis indicam que a vacina tem 90% de eficiência contra a covid-19, segundo anunciaram Biontech e Pfizer na segunda-feira. Com isso, as empresas seriam as primeiras na corrida mundial pela vacina .

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) também anunciou no início de outubro ter iniciado o processo de aprovação para a vacina da Biontech e Pfizer. O imunizante está sendo testado em um estudo envolvendo dezenas de milhares de participantes. A fim de acelerar o processo de aprovação, os resultados provisórios agora são verificados continuamente, até que haja informações suficientes para uma decisão sobre a aprovação, de acordo com a EMA.

 

Imunoterapia contra câncer

Por trás da empresa de biotecnologia Biontech estão sobretudo duas pessoas: Ugur Sahin e Özlem Türeci. Já em janeiro deste ano, quando o coronavírus grassava na China e quase ninguém na Europa estava seriamente preocupado com uma pandemia, o casal de médicos reagiu e concentrou sua pesquisa numa vacina contra o coronavírus. Três meses depois, já tinha em desenvolvimento clínico as primeiras substâncias candidatas a uma vacina.

Até então, os dois se concentravam na luta contra o câncer, com uma abordagem que difere significativamente do tratamento convencional da doença. Os dois cientistas acreditam que, uma vez que não há dois doentes nos quais a mutação genética das células cancerosas seja exatamente a mesma, os pacientes com câncer não devem ser tratados uniformemente com cirurgia, quimioterapia ou radiação. Em vez disso, a tese é que todo paciente precisa de um tratamento especialmente feito para ele.

Sahin e Türeci querem se aproveitar do fato de o corpo humano poder ajudar a si mesmo no caso de um ataque de bactérias ou vírus. O objetivo é desenvolver uma imunoterapia que estimule os mecanismos de autocura e envie a própria força policial do corpo para tornar os tumores malignos inofensivos.

 

Vocação para a pesquisa

"Percebi muito cedo que me interessava por ciências", disse Sahin, por ocasião da cerimônia de entrega do Prêmio Mustafa em 2019. Nascido na Turquia, ele se mudou aos 4 anos com sua mãe para Colônia, na Alemanha, onde seu pai trabalhava na fábrica da Ford. Depois de terminar o ensino médio, estudou medicina na Universidade de Colônia. "Eu me interessei por imunoterapia", disse o pesquisador, de 54 anos. No foco de seu interesse está o funcionamento do sistema imunológico e como ele pode ser direcionado para identificar e atacar as células cancerosas.

Com apenas 20 anos, começou a trabalhar em laboratório. "Tínhamos aulas até as 16h e, enquanto meus colegas iam para casa, eu subia para o laboratório e trabalhava lá. Geralmente até 21h, 22h, às vezes até as 4h", lembra Sahin.

Em 1992, Sahin concluiu seu doutorado com nota máxima, depois trabalhou como especialista em hematologia e oncologia na Universidade de Colônia. Ele conheceu sua futura esposa mais tarde, quando trabalhava no Hospital da Universidade do Sarre.

Foco no paciente

Özlem Türeci é filha de um médico turco que chegou à Alemanha vindo de Istambul. Quando Sahin chegou ao Sarre, Türeci ainda estudava medicina naquele mesmo estado. Hoje, a professora da Universidade de Mainz é considerada uma pioneira na imunoterapia contra o câncer.

Ela diz que foi influenciada principalmente por sua família. "Meu pai era um médico muito dedicado aos pacientes, e desde criança já era impressionada por suas atitudes, em que o cuidado do paciente era o foco principal", afirma a especialista no site innovationsland-deutschland.de, um portal do Ministério de Educação e Pesquisa da Alemanha.

"O consultório do meu pai ficava na casa da família, nós brincávamos, quando crianças, entre os pacientes. Já naquela época, na casa dos meus pais não havia uma separação rígida entre trabalho e vida privada", lembra Türeci. Ela queria ajudar os outros, como seu pai. Inicialmente como freira, como disse à revista Impulse. Depois ela se decidiu pela medicina.

Quando Türeci e Sahin se casaram, em 2002, Sahin já trabalhava na Clínica da Universidade de Mainz. Mesmo no dia do casamento, Sahin trabalhou no laboratório – antes da cerimônia no cartório e novamente depois.

 

O nascimento da Biontech

Em 2001, Sahin e Türeci fundaram a empresa biofarmacêutica Ganymed Pharmaceuticals, que desenvolve drogas imunoterápicas contra o câncer. Em 2016, ela foi vendida por pelo menos 422 milhões de euros. Em 2008, seguiu-se a próxima fundação de Sahin, Türeci e outros: Biontech. A empresa desenvolve sobretudo tecnologias e medicamentos para imunoterapia individualizada de câncer. No entanto, nenhum deles ainda conseguiu aprovação.

Sahin é presidente da Biontech e continua a lecionar na Universidade de Mainz. Türeci é responsável pelo trabalho de pesquisa e desenvolvimento da empresa e continua a trabalhar como professora na Universidade de Mainz.

Mais de 1.300 funcionários de mais de 60 países trabalham na Biontech, mais da metade deles são mulheres e com alto nível de escolaridade – cerca de um quarto tem um doutorado ou PhD. Em outubro, a empresa deu o salto para o cenário internacional ao ser listada na bolsa de tecnologia americana Nasdaq e tem crescido continuamente por meio de aquisições.

"Para podermos fornecer imediatamente doses de vacinas para distribuição comercial, no caso de uma aprovação de nossa candidata a vacina, BNT162, já estamos investindo fortemente na expansão de nossa capacidade de produção. Em nossas duas unidades, em Idar-Oberstein e Mainz, as linhas de produção já funcionam 24 horas por dia", diz o relatório anual da empresa.

O longo trabalho de pesquisa já está valendo a pena para o casal de médicos. Ugur Sahin detém 18% das ações da Biontech e, com o sucesso da empresa, rapidamente se tornou um dos cem alemães mais ricos – pelo menos no papel.

Por Insa Wrede, na Deutsche Welle


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