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Distrito financeiro de Pequim: economia da China deve crescer 4,9% neste ano, na melhor das hipóteses, diz OCDE |
Entidade reduz previsão de avanço da economia para
2,4%, nível mais baixo desde 2009, mas diz que índice pode ser de apenas 1,5%
se surto não for controlado. OMC também espera impacto "substancial"
na economia mundial.
O surto
do novo coronavírus poderá desacelerar brutalmente a economia
mundial, cujo crescimento não deve exceder 2,4% neste ano, na melhor das
hipóteses, alertou a Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE).
A
organização avisou que o mundo pode sofrer uma recessão ainda no
primeiro trimestre. Em novembro, a entidade havia avaliado que o aumento do
Produto Interno Bruto (PIB) global neste ano seria de 2,9%, um nível que
já era o mais fraco desde a crise financeira de 2008-2009.
Mas
agora a OCDE – a primeira grande instituição internacional a publicar uma
previsão de impacto econômico da epidemia – trabalha com a hipótese principal
de uma crise sanitária que atingirá seu pico na China durante o primeiro
trimestre de 2020.
O
diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o
brasileiro Roberto Azevêdo, também alertou que espera um impacto
"substancial" na economia global provocado pelo coronavírus.
"Os
efeitos sobre a economia global provavelmente serão substanciais e começarão a
aparecer nas próximas semanas", disse ele nesta segunda-feira, numa
reunião a portas fechadas em Genebra com representantes de delegações.
As
bolsas de valores ocidentais sofreram na semana passada suas quedas mais
severas em 12 anos.
No caso
da China, o motor da economia mundial, seu crescimento será de 4,9% neste
ano, prevê a OCDE, se o surto atingir o pico no final de março. O
desaquecimento na China também levará consigo as demais economias, segundo a
instituição.
O
crescimento da zona do euro deve cair 0,3 ponto percentual, ficando
em 0,8%, enquanto a Itália, principal foco do coronavírus na Europa,
perderá 0,4 e terá crescimento zero em 2020. O PIB alemão só deve
crescer 0,3%.
O Japão
deve ter um crescimento limitado a 0,2%, enquanto os Estados Unidos devem
resistir melhor, com 1,9%, segundo a OCDE.
No
entanto, se as coisas piorarem e a epidemia for mais duradoura, estendendo-se
também à Ásia-Pacífico, Europa e América do Norte, a OCDE prevê que o
crescimento mundial poderá cair pela metade e chegar a 1,5%. Nessa hipótese, o
comércio mundial apresentaria uma contração de 3,75%.
Nesse
cenário, a zona do euro e o Japão podem entrar em recessão neste ano, alertou a
economista-chefe da OCDE, Laurence Boone, na segunda-feira em Paris. A mensagem
dela é clara: "Os governos não podem se dar ao luxo de esperar."
No caso
de o surto de Covid-19 atingir mais fortemente os países do Hemisfério
Sul, ela avisa ser possível uma queda do PIB ainda maior, previsão que a
especialista, entretanto, não detalhou em números.
A
Comissão Europeia também está considerando medidas de estímulo econômico
devido ao coronavírus. "Hoje é o momento de deixar claro que a UE está
pronta para usar todas as opções de política disponíveis, caso necessário, para
proteger nosso crescimento e os riscos de desaquecimento", afirmou o
comissário de Economia do bloco, Paolo Gentiloni, em Bruxelas.
Nesse
contexto, os ministros das Finanças do G7 agendaram para esta semana uma
teleconferência para "coordenar suas respostas", segundo o ministro
das Finanças francês, Bruno Le Maire.
O
presidente do Eurogrupo, o português Mario Centeno, anunciou no Twitter uma
teleconferência nesta quarta-feira entre os ministros das Finanças da zona do
euro.
Deutsche Welle