Enquanto a população de países ricos diminui e envelhece, as nações africanas passam por um crescimento demográfico acelerado. Isso poderá expandir o mercado do continente e aumentar a sua relevância política.
A população mundial atingiu em novembro 8 bilhões de
pessoas, de acordo com estimativa da ONU. As nações africanas, e especialmente
os países subsaarianos, são o principal motor do atual crescimento demográfico,
enquanto a população de muitos países de renda alta está diminuindo ou estável.
Se essa tendência continuar nas próximas décadas, o
relacionamento da África com o resto do mundo poderá mudar significativamente.
Na maioria dos países industrializados, incluindo Japão,
Coreia do Sul e todos os países-membros da União Europeia (UE), a taxa de
fecundidade não atinge hoje o nível de reposição, que é de cerca de 2,1
nascimentos por mulher em idade fértil. Isso significa que não estão nascendo
bebês suficientes para substituir as mortes e, no futuro, a força de trabalho
local não será numerosa o suficiente para ocupar os empregos daqueles que se
aposentam.
A África, por outro lado, está indo na direção oposta. A
região subsaariana tem a maior taxa média de fecundidade do mundo com 4,6, com
o Níger no topo da lista com 6,8 filhos por mulher, seguido da Somália com 6.
Congo, Mali e Chade têm taxas de fecundidade cada um superiores a 5.
De acordo com projeções da ONU, o número de africanos
quase duplicará até 2050, quando eles representarão um quarto da população
mundial.
"Quando comparado ao seu passado, o início do século
20 por exemplo, o crescimento populacional da África não está acelerando, na
verdade está desacelerando, assim como o resto do mundo", disse Hippolyte
Fofack, economista-chefe do Banco Africano de Exportação-Importação, à DW.
"O que vemos é principalmente um rápido declínio da taxa de crescimento
populacional das nações desenvolvidas, e as taxas de mortalidade infantil
caindo na África".
As sociedades africanas não só estão crescendo
rapidamente, como também são muito mais jovens do que praticamente qualquer
outra região do mundo. Enquanto a idade média na Europa é de 42,5 anos, na
África esse número chega a 18 anos.
Capacidade para aumento populacional
Segundo Fofack, o continente tem terra e recursos
suficientes para abrigar uma população muito maior. No momento, a densidade
populacional está entre 45 a 47 pessoas por quilômetro quadrado na África, em
oposição a 117 na Europa e cerca de 150 na Ásia.
"A África precisa desta ampliação demográfica para
seu desenvolvimento", disse Blessing Mberu, pesquisador sênior do Centro
de Pesquisa em População e Saúde da África, sediado no Quênia. "Fábricas,
rodovias, tecnologias e infraestruturas não vão emergir sozinhas! Alguém
precisa construí-las, gerenciá-las e utilizá-las."
A África, um dos maiores continentes do mundo, tem muitas
terras habitáveis para sua população em expansão. Segundo a ONU, o continente
abriga cerca de 30% das reservas minerais do mundo, 12% das reservas de
petróleo e 8% das reservas de gás natural. Cerca de 60% das terras
agricultáveis do mundo estão localizadas na África.
"O potencial para uma população maior está lá",
disse Mberu. "Mas o desafio é proporcionar educação e empregos para
eles."
"Neste momento, estamos vendo um desenvolvimento
desigual nas nações africanas", continuou. "Em alguns lugares, os
investimentos na educação, na saúde e na economia tem se concentrado em áreas
urbanas. É por isso que há um fluxo migratório das áreas rurais para as
cidades, criando enormes favelas, que estão se tornando uma característica
permanente dessas cidades."
Impacto da mudança demográfica na economia
Tanto Fofack como Mberu estão certos de que, a longo
prazo, o crescimento demográfico da África impulsionará a economia do
continente e aumentará a sua relevância política.
As sociedades dos países de alta renda devem envelhecer
nas próximas três a quatro décadas. Até 2050, uma em cada quatro pessoas que
vivem na Europa e na América do Norte terá 65 anos ou mais, mas mais da metade
dos africanos terá menos de 25 anos.
"O envelhecimento da população é geralmente uma má
notícia para a economia de um país. Isso significa que a produtividade cai e os
gastos com a saúde aumentam", disse Fofack.
Além disso, os países onde a maioria das pessoas está em
idade de trabalhar são lugares favoráveis para investimentos, afirmou.
"Sabemos que as pessoas consomem mais em sua idade de trabalho, mas seu
consumo e despesas diminuem quando se aposentam", disse.
Mundo precisa da juventude africana
Mesmo que os governos locais não forneçam empregos
suficientes para todos, uma parcela da população do continente terá a opção de
emigrar para outros lugares, para países com necessidade drástica de uma força
de trabalho mais jovem, disse Fofack. "Este processo já começou há
décadas, e alguns países [fora da África] evitaram um declínio demográfico
graças aos migrantes", acrescentou.
A migração também dá aos trabalhadores uma chance de
aprimorar suas habilidades nos países anfitriões e depois trazer de volta novas
técnicas e know-how para seus países de origem. "Sem esquecer as remessas,
o dinheiro que a diáspora envia para casa para ajudar suas famílias, que agora
representa uma grande parte da renda de alguns países", ressaltou Mberu.
"É bastante óbvio para mim que o desequilíbrio
[entre as populações] também reduzirá a desigualdade de renda global",
disse Fofack, referindo-se à Europa como um exemplo.
"As economias do sul da Europa, como Portugal e
Espanha, se beneficiaram significativamente da liberdade de circulação de
mão-de-obra da UE, já que os desempregados conseguiram encontrar empregos nos
países do norte e trazer recursos economizados de volta para casa", disse.
A economia mundial já é dependente da África,
principalmente por seus abundantes recursos, mas a participação do continente
no comércio global permanece baixa, de apenas 3%.
Se as mudanças demográficas atuais continuarem a seguir
os mesmos padrões, é provável que a dependência global da África aumente, dando
ao continente um potencial de alavancagem para retificar o atual desequilíbrio
mundial.
DW, Monir Ghaedi
- - - - -
![]() |
Para saber mais, clique aqui. |
![]() |
Para saber mais sobre o livro, clique aqui. |
![]() |
Para saber mais sobre o livro, clique aqui. |
![]() |
Para saber mais clique aqui. |
![]() |
Para saber mais sobre o livro, clique aqui. |
![]() |
Para saber mais sobre os livros, clique aqui. |
![]() |
Para saber mais sobre a Coleção, clique aqui. |
![]() | ||||||||||||||||||||||||||||||
Para saber mais sobre o livro, clique aqui. - - - - - - No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Coleção As mais belas lendas dos índios da Amazônia” e acesse os 24 livros da coleção. Ou clique aqui. No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Antônio Carlos dos Santos" e acesse dezenas de obras do autor. Ou clique aqui.
-----------
|