terça-feira, 12 de abril de 2016

Hierarquia, disciplina e eficácia administrativa

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“(...) desde o tempo das cavernas até nossos dias, o empenho quase obsessivo dos seres humanos tem sido combater a 'incerteza'. Tanto no campo da ciência como no da economia poderia dizer-se, assim, que as luzes do progresso apontam para perfurar as sombras que desde a antiguidade nos rodeiam (...)”. (Douglass North. Understanding the Process of Economic Change, Princeton University Press, 2005).


Para entender nosso mundo, nada melhor que navegar, desbravar mares e oceanos dominando a força pujante dos ventos. E navegar implica em desbravar tanto o passado como o futuro.

Quando a jornada aponta para trás, abraçamos a história e a antropologia. A antropologia é a ciência do homem, o ramo do conhecimento que estuda sua origem e sua evolução.

Conseguimos identificar o homem contemporâneo – bem como seus tesouros - quando adentramos o universo dos tempos remotos.

Quando Heródoto, no século V a.C. decidiu registrar com detalhes a cultura de outros povos – recebendo por isto o título de Pai da Antropologia – não percebeu que estava criando uma espécie de túnel do tempo, através do qual as gerações se visitariam umas às outras.

E a partir de Heródoto, a antropologia chegou aos dias atuais afunilando seu foco e sua análise, se valendo da somatologia, osteologia, paleoantropologia, e da antropologia cultural, ramificação em que adquiriram relevo a arqueologia, a lingüística e a etnologia.

Assim como as pinturas rupestres marcam um momento na história da civilização, as organizações contemporâneas também registram ano a ano, século a século, milênio a milênio, a forma como a espécie humana tem lidado com sua evolução.

As organizações no passado, no presente e no futuro

É bastante comum na pintura de vanguarda deparar com obras que parecem ter emergido das cavernas pré-históricas. Isto ocorre porque, com desenvoltura, o homem transpassa os tempos. Trafega no passado com a mesma naturalidade com que transita no presente. E com a mesma desenvoltura, incursiona no futuro.

Também a história das organizações humanas deixa evidenciado esse oportunismo da espécie, de buscar, em qualquer tempo, os elementos que facilitam a existência.

Por isso a Teoria Clássica da administração que elevou a lógica mecanicista e o determinismo a paradigmas irrefutáveis foi sucedida pela Teoria das Relações Humanas, que optou por privilegiar aspectos outros como a integração social e o resgate das relações humanas no seio das organizações. E como a mostrar a permanente evolução-inflexão, surge a teoria Neoclássica, resgatando Taylor, que depois é substituída sucessivamente pela Burocrática, Estruturalista, Comportamental, Sistêmica e da Contingência; cada uma com o compromisso de corresponder às exigências e desafios de seu tempo.

A um só tempo, o homem consegue se movimentar em direção ao passado e ao futuro. E assim o faz para melhor vivenciar seu presente e melhor se manifestar culturalmente. É de sua natureza resgatar princípios e valores de tempos idos. O problema é que muitas vezes, o contexto é ignorado, fazendo com que princípios e valores antes tidos como sustentáveis, percam substância, densidade, sentido e eficácia.

A Igreja e o exército foram determinantes para a absorção de dois componentes estruturantes na história das organizações, a hierarquia e a disciplina.

A hierarquia organizacional

Hoje, esses dois paradigmas estão no centro de diversos processos de “modernização” administrativa.

Em tempos de rupturas e aceleradas mudanças – como os que vivenciamos, a única certeza admissível é aquela que nos orienta a não guardar certeza sobre rigorosamente nada. Diante de cenários em que vicejam incertezas, dúvidas e indefinições, estruturam-se espaços vazios, vácuos de profunda dimensão, que são preenchidos com valores e princípios arrancados a fórceps do passado, e que – desprovidos da devida contextualização – acabam atuando como obstáculos, como cabrestos aos necessários avanços sociais.

Nos tempos presentes, a importância emprestada a paradigmas como a hierarquia e a disciplina são, para dizer o mínimo, inapropriados e despropositais. Chegam às raias da insanidade. Esses valores têm varrido as organizações de uma forma destruidora, poupando pouquíssimas instituições.

Nem mesmo as instituições educacionais se viram livres desse vendaval.

Nas ultimas décadas, escolas privadas de 1º e 2º graus conseguiram seduzir os pais e as comunidades com propostas pedagógicas untadas na redoma de disciplina extremada, contrapondo à libertinagem explícita que toma conta das relações, sobretudo das relações familiares.

Em tempos de globalização, quando até mesmo as guerras são terceirizadas, é de todo estranho que um setor estratégico como o ensino, esteja ensimesmado pela onipresença da hierarquia e da disciplina, resgatada em alto estilo, agora sob a égide e a proteção do Estado, que aproveita qualquer oportunidade, mesmo as mais efêmeras, para reacender sua sina autoritária.

Nas instituições públicas o problema do “desmedido encantamento à hierarquia e à disciplina” se reveste de maior gravidade, haja vista que os quadros profissionais desse setor são bastante sensíveis a arranjos e influências políticas.


É evidente que hierarquia e disciplina não são um mal em si. Esses componentes, inseridos no devido contexto, podem se constituir em alavancas, paradigmas fundamentais para que se conquiste a eficácia administrativa. Mas para isto, é necessário conforma-las num ambiente em que as relações superior-subordinados estejam integramente imersas nos marcos do convívio harmônico e democrático. Não sendo assim, estaremos simplesmente reproduzindo, mecanicamente, processos tecnológicos fora do contexto em que foram criados. E, neste caso, os resultados costumam ser catastróficos.

Antônio Carlos dos Santos - criador da metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+, da tecnologia de produção de teatro popular de bonecos Mané Beiçudo; e da tecnologia THM-Theater Movement.

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