O Spotify perdeu US$ 2,1 bilhões em
valor de mercado em apenas três dias, após a lenda do folk-rock Neil Young
iniciar um boicote à empresa, exigindo que o serviço de streaming retirasse
conteúdo negacionista que questiova a eficácia da vacina contra a Covid-19. A
iniciativa de Young foi seguida por outros cantores, levando a companhia a
anunciar medidas de combate à desinformação sobre a doença neste domingo.
Na
segunda-feira passada, Young deu um ultimato ao Spotify: ele não deixaria mais
suas músicas na plataforma caso Joe Rogan, que tem um programa de podcast
transmitido pelo aplicativo, continuasse disseminando inverdades sobre a Covid.
A
carta de Young dirigida à gravadora e a empresários, publicada no site do
músico e depois retirada, dizia:
"Estou
fazendo isso porque o Spotify está espalhando informações falsas sobre vacinas
– potencialmente causando a morte daqueles que acreditam na desinformação
espalhada por eles. Por favor, aja imediatamente hoje e me mantenha informado
sobre o cronograma".
A companhia
sueca acabou optando por manter o programa de Rogan, que comanda o podcast de
entrevistas mais ouvido no app nos EUA e bastante popular em outros países. Ele
teria recebido mais de R$ 500 milhões em um contrato de exclusividade.
Young,
então, decidiu remover suas músicas da plataforma na quarta-feira. Foi apoiado
pela cantora canadense Joni Mitchell, que também retirou suas canções do
serviço. Desde aquele dia até sexta-feira passada, as ações do Spotify caíram
6%, levando-o a perder R$ 2,1 bilhões em valor de mercado.
No
mesmo período, a Nasdaq, bolsa americana que reúne empresas de alta tecnologia,
subiu 1,7%. Na quinta-feira passada, os papéis do Spotify fecharam na mínima de
19 meses, de US$ 171,32 por ação.
O
temor dos investidores é que a saída do artista se torne uma bola de neve nos
próximos dias e gere um número significativo de cancelamentos de clientes,
segundo o site da revista "Variety".
Ele
não fez menção direta aos podcasts de Rogan.
Young
tem 2,4 milhões de seguidores e mais de seis milhões de ouvintes mensais.
As
ações do Spotify já estavam em queda antes da polêmica sobre conteúdo
negacionista. Desde o início do ano até a véspera da remoção das músicas de
Young, os papéis acumulavam queda de 25%.
Na
sexta-feira, as ações tiveram uma ligeira recuperação, fechando em alta de 1%,
a US$ 172,98 por ação, beneficiadas por uma recuperação do mercado em geral. No
entanto, isso aconteceu antes de Joni Mitchell anunciar que ela também
removeria suas canções do serviço de streaming de música.
Sob
pressão, o Spotify anunciou medidas para combater a desinformação sobre a Covid
neste domingo. A empresa vai incluir links em todos os podcasts que mencionarem
a doença, direcionando seus usuários para informações factuais e
cientificamente verificadas, informou seu presidente e fundador, Daniel Ek.
Em
carta aberta, ele disse que não pode agir como censor, mas que deve zelar pela
segurança dos assinantes.
"Temos
um papel crítico em apoiar a expressão de criadores (de conteúdo) e equilibrar
isso com a segurança de nossos usuários. Neste papel, é importante para mim que
nós não assumamos a posição de sermos censores de conteúdo, mas também devemos
assegurar que há regras e que há consequências para aqueles que as
violarem", disse Ek em carta aberta publicada no domingo
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