quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Participação



No processo de ‘participação’ nos projetos governamentais, um dos pilares de sustentação é a educação comunitária. Esta relação assumiu diversas configurações, se moldando aos diferentes momentos históricos. Na década de 60 vivia-se a euforia desenvolvimentista e as propostas de participação não lograram êxito.

Na década seguinte, a participação impositiva se mostrou inconsistente e sucumbiu, antes mesmo do sistema autoritário que lhe deu origem.

Mas o campo não se mostrou estéril por todo o tempo e muitas experiências de participação se mostraram exitosas, produtivas, transpassaram o tempo e se tornaram referências para novas incursões.

Uma das experiências mais expressivas ocorreu no nordeste do país, sob a orientação de Francisco Julião. No ano de 1958 as ligas Camponesas contavam com 3.000 líderes, representando um universo de 50.000 camponeses. Isto considerando a realidade local, caracterizada ainda hoje – muitas décadas depois - pelo coronelismo e voto de cabresto.

Em 1974 a UNESCO avançou na proposta de educação de base estabelecendo como objetivo a "conquista de conhecimentos, valores e atividades que permitissem às populações pobres caminhar na direção não só do desenvolvimento do pensamento e dos meios de relacionamento, mas também do desenvolvimento (...) a partir do conhecimento e compreensão do ambiente físico e dos processos naturais de vida nesse ambiente".

A Igreja Católica por sua imersão no movimento social tem, nas ultimas décadas, contribuído para a supressão das abordagens pontuais e fragmentárias, auxiliando na identificação de propostas que contemplem e analise as diversas facetas, compreendendo-as na sua totalidade e complexidade.

Neste contexto, a escola enquanto Instituição não tem ajudado muito. Parte considerável do professorado é leiga, mal remunerada, vivendo em condições de subsistência, agentes desmotivados para o exercício desta nobre função de recriar e irradiar o saber.

Nas áreas periféricas das cidades e nas zonas rurais, as instalações físicas das unidades educacionais estão mais para um “Deus nos acuda!”. As condições sanitárias são insustentáveis. As salas são mal iluminadas, insuficientemente arejadas, banheiros que contribuem para a disseminação de doenças, manutenção se limitando a impedir que a edificação desabe sobre a cabeça dos alunos.

Da mesma forma os conteúdos são - via de regra - inadequados, desligados da realidade concreta, com forte carga de formalidade e ortodoxia.

A escola tem um papel muito mais importante, de dimensões muito maiores que os atualmente estabelecidos. Por ser um equipamento comunitário, deve se estender para algo que lembre um Centro de Referência da Comunidade, ampliando sua clientela para além dos alunos e pais de alunos, assistindo toda a comunidade. Novas estruturas, práticas e rotinas devem ser estabelecidas. A programação deve contemplar, além da educação formal, o esporte e o lazer, a cultura e o meio ambiente, mas, sobretudo, processos que radicalizem a participação social, a conscientização sobre os problemas que incidem sobre a comunidade. Deve se constituir num centro de pesquisa, estudo e difusão da arte e da cultura local, viabilizando condições, apropriando o saber popular para melhor difundir o científico.

Todavia, sequer as limitadas atribuições institucionais da escola são efetivamente compridas. Não seria então um sonho bem distante da realidade imaginar este novo desenho?

Talvez. Mas também não foi um sonho, em certas épocas passadas, imaginar que o homem, singrando os mares, pudesse descobrir novos continentes? Não foi um sonho, por um longo tempo, imaginar que o homem pudesse vencer o espaço e deixar suas pegadas na lua?

São os sonhos que movimentam a humanidade, que dão asas às mais árduas e sofridas conquistas. Transformar a escola ultrapassada que temos em um centro de referência comunitária é um daqueles sonhos que exigem persistência e determinação para realizá-lo.

Antônio Carlos dos Santos – criador das seguintes metodologias:
©Planejamento Estratégico Quasar K+;
©ThM – Theater Movement; e
©Teatro popular de bonecos Mané Beiçudo.

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Dramaturgo, o autor transferiu para seus contos literários toda a criatividade, intensidade e dramaticidade intrínsecas à arte teatral. 

São vinte contos retratando temáticas históricas e contemporâneas que, permeando nosso imaginário e dia a dia, impactam a alma humana em sua inesgotável aspiração por guarida, conforto e respostas. 

Os contos: 
1. Tiradentes, o mazombo 
2. Nossa Senhora e seu dia de cão 
3. Sobre o olhar angelical – o dia em que Fidel fuzilou Guevara 
4. O lugar de coração partido 
5. O santo sudário 
6. Quando o homem engole a lua 
7. Anos de intensa dor e martírio 
8. Toshiko Shinai, a bela samurai nos quilombos do cerrado brasileiro 
9. O desterro, a conquista 
10. Como se repudia o asco 
11. O ladrão de sonhos alheios 
12. A máquina de moer carne 
13. O santuário dos skinheads 
14. A sorte lançada 
15. O mensageiro do diabo 
16. Michelle ou a Bomba F 
17. A dor que nem os espíritos suportam 
18. O estupro 
19. A hora 
20. As camas de cimento nu 

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AS OBRAS DO AUTOR QUE O LEITOR ENCONTRA NAS LIVRARIAS amazon.com.br: 

A – LIVROS INFANTO-JUVENIS: 

I – Coleção Educação, Teatro e Folclore (peças teatrais infanto-juvenis): 

II – Coleção Infantil (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 8. Como é bom ser diferente 

III – Coleção Educação, Teatro e Democracia (peças teatrais infanto-juvenis): 

IV – Coleção Educação, Teatro e História (peças teatrais juvenis): 

V – Coleção Teatro Greco-romano (peças teatrais infanto-juvenis): 

B - TEORIA TEATRAL, DRAMATURGIA E OUTROS
VI – ThM-Theater Movement: