sábado, 30 de dezembro de 2023

A tortura

Todas as guerras são sujas e não há justificativa que consiga amenizar o estado de selvageria e barbárie que produzem. São promovidas para subjugar o inimigo, se necessário exterminá-lo com o mais alto grau de terror porque a repercussão e a propaganda integram o cenário composto para intimidar o inimigo, tornam-se componentes estruturais do método.

Desde sempre onipresente nas relações de dominação, a tortura é, de longe, lugar comum em todas as culturas. Em períodos de paz se faz implícita, sutil, mas, nos tempos de guerra, encontra terreno fértil e passa a se constituir em uma espécie de idioma comum a vencidos e vencedores. Seu objetivo é humilhar o prisioneiro, reduzi-lo à completa inexpressividade, uma sevandija sem forma e identidade, aquebrantando a têmpera para que, na sequência, informações sejam obtidas.

Na história da humanidade jamais se tratou de implementá-la simplesmente, mas torná-la a mais dolorosa, a mais lancinante possível. Daí a sucessão de métodos e instrumentos de martírio e suplício, imprimindo ‘evolução’ na capacidade de impor dor e humilhação:  roda, ebulição até a morte, esfolamento, esventramento (abrir o ventre da vítima e extrair seus órgãos internos), crucificação, empalação, esmagamento, apedrejamento, morte na fogueira, desmembramento, serração, escafismo, o colar (técnica de linchamento que consiste em colocar um pneu em volta do pescoço ou do corpo do supliciado e, em seguida, atear fogo ao pneu)...

A Grécia antiga, berço da civilização ocidental, não nos legou somente democracia e cultura, mas também o touro de bronze, instrumento de tortura atribuído a Fálaris, nos idos do século 6 a.C.: uma esfinge de bronze oca, no formato de um touro mugindo, com duas aberturas, no dorso e na boca. No interior, um canal semelhante à válvula móvel do instrumento musical Trompete, ligava a boca ao interior do Touro. Colocada a vítima, a entrada da esfinge era fechada e posta sobre uma fogueira. À medida que a temperatura aumentava no interior do Touro, o ar ia ficando escasso, e o executado - exasperado por uma forma de respirar - recorria ao orifício na extremidade do canal. Os gritos ensandecidos do executado saíam pela boca do Touro, fazendo parecer que a esfinge estava viva.

Só com o Humanismo, no século XVII, esta tendência institucional começou a declinar. A Declaração de Direitos de 1689, na Inglaterra, deu um impulso para a abolição das penas cruéis. Mas só em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ocorreu a proibição da tortura por todos estados membros da ONU, compromisso que sabemos, se restringe aos tratados multilaterais e aos protocolos. 

As cadeias e presídios brasileiros são centros de referencia em tortura. Com frequência são denunciados pela imprensa e organizações internacionais de defesa dos direitos humanos. Os relatórios da Anistia Internacional estão sempre denunciando o aumento da violência policial, no Brasil, numa escala comparável aos abusos característicos dos períodos de guerra generalizada.

Neste setor os brasileiros inovam, trafegam com expertise e conhecimento de causa, com desmedida criatividade. O ‘pau de arara’ é uma excrescência da invencionice nacional. Aqui inventado, logo recebeu ‘certificação de qualidade’, sendo exportado para todos os rincões do planeta – inclusive para o mundo desenvolvido.

O livro que aborda a tortura quando patrocinado pelo Estado. Clique na capa para saber mais.

Em nenhuma outra época a tortura foi utilizada de forma tão massiva quanto no período em que os nazistas e comunistas se impuseram ao mundo.

No holocausto, seis milhões de judeus foram exterminados nas câmaras de gás, no que os nazistas denominaram “solução final do problema judeu na Europa”.

E no período estalinista da história soviética, só dentre artistas, mais de 1500 foram submetidos à tortura e execuções sumárias pelos comunistas.  

Mas o que surpreendeu o mundo civilizado foi o resgate, em alto estilo, da prática da tortura, efetuado por nada menos que os EEUU, país que – dadas as suas características intrínsecas – é o país líder da missão de livrar o mundo do terrorismo, do arbítrio e das ditaduras.

Não faz muito tempo, um furo jornalístico da rede de televisão CBS desnudou – através de fotos e imagens - prisioneiros iraquianos sendo torturados. O que contribuiu para fragilizar a imagem de “mocinhos” que os norte americanos sempre aspiram acalentar nas questões relativas a direitos humanos.

O Presídio de Abu Ghraib, em Bagdá, foi o cenário escolhido por Saddam Hussein para humilhar e torturar seus compatriotas. Com uma parafernália de instrumentos de suplício que envolvia máquina de triturar elétrica e imersão em óleo fervente, nada menos que seis mil iraquianos eram executados por ano, só neste presídio.

Quando o governo americano se viu flagrado mentindo sobre a existência de armas de destruição em massa, utilizou o terror recorrente – por duas décadas - em Abu Ghraib para tentar construir um novo pretexto que justificasse a invasão: “libertar o povo iraquiano da repressão desumana de Saddam”.

Nos duros anos da ditadura brasileira, o governo norte americano chegou a despachar para o Brasil e demais países do cone sul, instrutores militares especialistas em “práticas não convencionais de interrogatórios”. Um deles, Dan Mitrione, se notabilizou pela desenvoltura. Os demais países desenvolvidos não ficaram para trás. A França, por exemplo, ‘contribuiu’ com o general Paul Aussaresses, acusado de disseminar a tortura na guerra da Argélia, e também acusado de treinar torturadores das antigas ditaduras latino-americanas, durante o período em que esteve adido militar da França no Brasil,

Como um ente acima do bem e do mal – desconsiderando inclusive a Convenção de Genebra - os diversos governos vêm, sistematicamente, torturando e infringindo maus tratos a seus prisioneiros.

Sobre a ilha de Guantânamo, onde os EUA mantêm, encarcerados, prisioneiros da Guerra do Afeganistão, o próprio presidente Barack Obama assim se manifestou: “É fundamental que entendamos que Guantánamo não é essencial para a segurança dos Estados Unidos", disse Obama, para complementar, "Devemos fechá-la."

Quando da entrada do sexto ano na Casa Branca, o presidente da nação mais poderosa do planeta proferiu o novo discurso do Estado da União: “O combate ao terrorismo não deve ser feito apenas com meios militares, mas também por nos mantermos fiéis aos nossos princípios constitucionais, servindo de exemplo para o resto do mundo”.

O que as imagens flagraram no Iraque são cenas terríficas, de soldados americanos promovendo estupros e afogamentos em prisioneiros iraquianos no pior, mais grave e abominável ato de covardia que um ser humano pode perpetrar contra outro.

O presidente Obama não fechou Guantánamo, o que demonstra a complexidade da questão. Mas os militares norte-americanos responsáveis pelas torturas no Iraque foram exemplarmente punidos, o que atesta o vigor e a pujança democrática dos Estados Unidos.

No Brasil profundo a tortura, qual um espectro errante, grassa incontinentemente pelo interior dos presídios e delegacias.

Instituições de defesa dos direitos humanos, como a Pastoral Carcerária da CNBB, por exemplo, recebem, anualmente, centenas de denúncias de violências praticadas contra presos comuns.
O silêncio que impera sobre o assunto e, sobretudo, a impunidade são as razões principais da continuidade dessa monstruosa tragédia nacional.

O silêncio atroz justifica a inexistência de números oficiais de registros de torturas no Ministério da Justiça, na Secretaria Nacional de Direitos Humanos ou nas ouvidorias do sistema penitenciário dos governos estaduais. E a omissão, a completa ausência de sistemas de controle, de fiscalização e de acompanhamento - como forma de prevenção - reforçam a indiferença das autoridades.

A tortura oficial tem como protagonistas agentes penitenciários, policiais civis e militares que atuam ao arrepio da lei para conseguir as confissões dos crimes.
Mas existe a tortura encetada pelos criminosos do trafico de drogas, por exemplo, que muitas vezes atuam com a cumplicidade e cobertura de policiais e autoridades corruptas.

E, ainda, a tortura que se opera no interior dos lares, sobretudo contra idosos e crianças indefesas.

Este é um dos mais graves problemas do Brasil atual. É necessário solucioná-lo. Herdamos uma cultura autoritária que remonta ao período colonial. Em nosso imaginário fervilham décadas e décadas de uma história política cravejada de ditaduras.
O governo brasileiro chegou a criar, tempos atrás, o Plano de Ações Integradas para a Prevenção e Controle da Tortura no Brasil. À oportunidade tão somente 12 estados aderiram ao programa. Estava prevista a criação de Comitês Estaduais de Prevenção e Combate à Tortura – integrados por entidades, sociedade civil e poder público. Um dos objetivos preconizados era discutir políticas públicas e realizar vistorias em prisões, delegacias e hospitais. Jamais existiu, porém fiscalização e controle, de modo que os resultados se circunscreveram à insignificância.

Em 2006, o Brasil assinou o Protocolo Facultativo à Convenção contra Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes da Organização das Nações Unidas - ONU. O governo federal se comprometeu a criar o Mecanismo Nacional de Combate à Tortura - equipe de peritos responsável pelas fiscalizações.
Depois de um longo tempo foi criado o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (SNPCT), um dos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (SNPCT). É um colegiado integrado por 23 membros, 11 representantes de órgãos federais e 12 da sociedade civil.

Instituído, logo o Comitê caiu na malha estéril e infrutífera da burocracia nacional e o objetivo de mitigar as violações em instituições de privação de liberdade - como delegacias, penitenciárias, locais de permanência para idosos e hospitais psiquiátricos – não tem passado de letra morta.

O protocolo da ONU prevê que os governos estaduais deveriam criar mecanismos para atuar em conjunto com a União, exclusivamente para prevenção e combate à tortura. Mas qual?! Para variar, tudo se mantém ao nível dos projetos e intenções.
A legislação específica tem sido utilizada com uma parcimônia que envergonha. A pena estabelecida pela lei  9.455, de 7 de abril de 1997, é de até 10,6 anos de prisão. Mas poucas vezes é utilizada.

O Brasil não terá um futuro alvissareiro caso não rompa o ciclo da ‘certeza de impunidade’ que vigora entre nós. E esta é uma lacuna que o poder judiciário – mais que qualquer outro – de forma irresponsável e leviana, tem deixado à vista.
A democracia não combina, não rima com a tortura, ao contrário, a repugna, a combate sem acordos e sem tréguas.

Ou aprendemos essa lição, ou não escaparemos à sina de republiqueta bananeira bolivariana.

 Antônio Carlos dos Santos – criador das seguintes metodologias:
©Planejamento Estratégico Quasar K+;
©ThM – Theater Movement; e
©Teatro popular de bonecos Mané Beiçudo.


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Clique na capa do livro para saber mais.



Para saber mais, clique na figura

Dramaturgo, o autor transferiu para seus contos literários toda a criatividade, intensidade e dramaticidade intrínsecas à arte teatral. 

São vinte contos retratando temáticas históricas e contemporâneas que, permeando nosso imaginário e dia a dia, impactam a alma humana em sua inesgotável aspiração por guarida, conforto e respostas. 

Os contos: 
1. Tiradentes, o mazombo 
2. Nossa Senhora e seu dia de cão 
3. Sobre o olhar angelical – o dia em que Fidel fuzilou Guevara 
4. O lugar de coração partido 
5. O santo sudário 
6. Quando o homem engole a lua 
7. Anos de intensa dor e martírio 
8. Toshiko Shinai, a bela samurai nos quilombos do cerrado brasileiro 
9. O desterro, a conquista 
10. Como se repudia o asco 
11. O ladrão de sonhos alheios 
12. A máquina de moer carne 
13. O santuário dos skinheads 
14. A sorte lançada 
15. O mensageiro do diabo 
16. Michelle ou a Bomba F 
17. A dor que nem os espíritos suportam 
18. O estupro 
19. A hora 
20. As camas de cimento nu 

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AS OBRAS DO AUTOR QUE O LEITOR ENCONTRA NAS LIVRARIAS amazon.com.br: 

A – LIVROS INFANTO-JUVENIS: 

I – Coleção Educação, Teatro e Folclore (peças teatrais infanto-juvenis): 

II – Coleção Infantil (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 8. Como é bom ser diferente 

III – Coleção Educação, Teatro e Democracia (peças teatrais infanto-juvenis): 

IV – Coleção Educação, Teatro e História (peças teatrais juvenis): 

V – Coleção Teatro Greco-romano (peças teatrais infanto-juvenis): 

B - TEORIA TEATRAL, DRAMATURGIA E OUTROS
VI – ThM-Theater Movement: 


quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Participação



No processo de ‘participação’ nos projetos governamentais, um dos pilares de sustentação é a educação comunitária. Esta relação assumiu diversas configurações, se moldando aos diferentes momentos históricos. Na década de 60 vivia-se a euforia desenvolvimentista e as propostas de participação não lograram êxito.

Na década seguinte, a participação impositiva se mostrou inconsistente e sucumbiu, antes mesmo do sistema autoritário que lhe deu origem.

Mas o campo não se mostrou estéril por todo o tempo e muitas experiências de participação se mostraram exitosas, produtivas, transpassaram o tempo e se tornaram referências para novas incursões.

Uma das experiências mais expressivas ocorreu no nordeste do país, sob a orientação de Francisco Julião. No ano de 1958 as ligas Camponesas contavam com 3.000 líderes, representando um universo de 50.000 camponeses. Isto considerando a realidade local, caracterizada ainda hoje – muitas décadas depois - pelo coronelismo e voto de cabresto.

Em 1974 a UNESCO avançou na proposta de educação de base estabelecendo como objetivo a "conquista de conhecimentos, valores e atividades que permitissem às populações pobres caminhar na direção não só do desenvolvimento do pensamento e dos meios de relacionamento, mas também do desenvolvimento (...) a partir do conhecimento e compreensão do ambiente físico e dos processos naturais de vida nesse ambiente".

A Igreja Católica por sua imersão no movimento social tem, nas ultimas décadas, contribuído para a supressão das abordagens pontuais e fragmentárias, auxiliando na identificação de propostas que contemplem e analise as diversas facetas, compreendendo-as na sua totalidade e complexidade.

Neste contexto, a escola enquanto Instituição não tem ajudado muito. Parte considerável do professorado é leiga, mal remunerada, vivendo em condições de subsistência, agentes desmotivados para o exercício desta nobre função de recriar e irradiar o saber.

Nas áreas periféricas das cidades e nas zonas rurais, as instalações físicas das unidades educacionais estão mais para um “Deus nos acuda!”. As condições sanitárias são insustentáveis. As salas são mal iluminadas, insuficientemente arejadas, banheiros que contribuem para a disseminação de doenças, manutenção se limitando a impedir que a edificação desabe sobre a cabeça dos alunos.

Da mesma forma os conteúdos são - via de regra - inadequados, desligados da realidade concreta, com forte carga de formalidade e ortodoxia.

A escola tem um papel muito mais importante, de dimensões muito maiores que os atualmente estabelecidos. Por ser um equipamento comunitário, deve se estender para algo que lembre um Centro de Referência da Comunidade, ampliando sua clientela para além dos alunos e pais de alunos, assistindo toda a comunidade. Novas estruturas, práticas e rotinas devem ser estabelecidas. A programação deve contemplar, além da educação formal, o esporte e o lazer, a cultura e o meio ambiente, mas, sobretudo, processos que radicalizem a participação social, a conscientização sobre os problemas que incidem sobre a comunidade. Deve se constituir num centro de pesquisa, estudo e difusão da arte e da cultura local, viabilizando condições, apropriando o saber popular para melhor difundir o científico.

Todavia, sequer as limitadas atribuições institucionais da escola são efetivamente compridas. Não seria então um sonho bem distante da realidade imaginar este novo desenho?

Talvez. Mas também não foi um sonho, em certas épocas passadas, imaginar que o homem, singrando os mares, pudesse descobrir novos continentes? Não foi um sonho, por um longo tempo, imaginar que o homem pudesse vencer o espaço e deixar suas pegadas na lua?

São os sonhos que movimentam a humanidade, que dão asas às mais árduas e sofridas conquistas. Transformar a escola ultrapassada que temos em um centro de referência comunitária é um daqueles sonhos que exigem persistência e determinação para realizá-lo.

Antônio Carlos dos Santos – criador das seguintes metodologias:
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10. Como se repudia o asco 
11. O ladrão de sonhos alheios 
12. A máquina de moer carne 
13. O santuário dos skinheads 
14. A sorte lançada 
15. O mensageiro do diabo 
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