domingo, 16 de janeiro de 2022

“Peço minhas contas”: pandemia muda a relação dos norte-americanos com o trabalho

A reportagem de capa da revista Le Point destaca os abandonos de emprego registrados depois da pandemia © Reprodução / Le Point


A revista francesa Le Point desta semana traz em sua capa uma longa reportagem sobre os profissionais que decidiram abandonar o trabalho durante a pandemia. Um dos textos enfoca a situação nos Estados Unidos e do impacto econômico e social desse fenômeno de “debandada profissional”.

 

Com o título “O Fantasma da Grande Demissão”, Le Point faz um trocadilho com a Grande Depressão, a crise que atingiu os Estados Unidos nos anos 1930, para falar da transformação que a sociedade norte-americana vem assistindo nos últimos meses e que já está sendo teorizada por economistas. Segundo a revista, 4,5 milhões de pessoas deixaram seus empregos apenas no mês de novembro, um número histórico.

Os setores mais afetados são os da hotelarias e restaurantes, conhecidos por seus baixos salários e condições difíceis de trabalho. Em seguida vêm os profissionais do transporte e do comércio.

“Em novembro, 3% da população ativa disse ‘eu peço minhas contas’”, contabiliza a reportagem, lembrando que o índice habitual é de cerca de 2%. Le Point explica que o mercado de trabalho tem mais fluidez nos Estados Unidos do que não Europa e que os norte-americanos estão acostumados a mudar de emprego frequentemente. No entanto, o fenômeno atual é diferente, pois não se trata de mudança de cargo, e sim de abandono do trabalho. Algo que impressiona em um país como os Estados Unidos, no qual a vida profissional é um fator socialmente valorizado, frisa o texto.

A revista tenta elencar as razões desse movimento - que não acontece apenas nos Estados Unidos - , explicando que a mentalidade das pessoas mudou durante a crise sanitária e que muitos, que tiveram de ficar em casa, descobriram que podem viver com menos dinheiro. Os especialistas ouvidos também lembram que historicamente os trabalhadores do país se demitem mais em períodos de crise, como foi o caso na recessão de 2008. Mas a situação que o país assiste na esteira da pandemia vai além, pois ela acontece em um período de introspecção ligada aos confinamentos e, principalmente, em um momento em que os trabalhadores já estavam desmotivados, se questionando sobre o sentido do que faziam na vida profissional.

Um especialista ouvido explica que parte dessa insatisfação está ligada à estagnação dos salários desde 2008 (menos de 2% de aumento entre 2010 e 2014), mas também ao fato de que algumas profissões ficaram mais complexas, o que provocou um aumento de pressão no ambiente de trabalho. O texto usa como exemplo os comissários de bordo, que antes tinham como função cuidar do conforto dos passageiros, enquanto hoje também vendem comida, bebida e até cartões de crédito durante os voos.

A reportagem traz vários relatos de profissionais que abandonaram tudo e estão em busca de atividades menos estressantes e que deixem mais tempo livre para a vida pessoal. Sem contar aqueles que decidiram se aposentar mais cedo. Praticamente todas as pessoas ouvidas dizem que deixar o trabalho foi libertador e que agora dormem melhor e têm muito mais energia.

Reformas de Biden comprometidas?

“Mas essa felicidade dos trabalhadores muitas vezes representa a infelicidade dos patrões”, pondera o texto, lembrando que cerca de 10 milhões de vagas nos Estados Unidos não foram preenchidas em setembro passado por falta de candidatos. O desfalque no setor da construção civil é tamanho que o projeto de modernizar as infraestruturas do país, anunciado pelo presidente Joe Biden, pode sair prejudicado.

Além disso, alguns sindicatos vêm organizando greves para reivindicar aumentos salariais e melhores condições de trabalho, aproveitando a falta de pessoal e a dificuldade de recrutamento em caso de demissão dos grevistas.

Mas a administração do democrata não vê esse contexto de maneira negativa, pelo menos oficialmente.

Segundo a porta-voz do governo, Jen Psaki, "o mercado atual favorece os trabalhadores, que exigem melhores salários e mais benefícios”, o que é positivo. Agora os diferentes setores econômicos terão que “mostrar que estão à altura” dessa transformação”, disse a representante da Casa Branca.

RFI



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