quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

O combate à corrupção e a Economia Comportamental

 


O que faz com que você decida comprar algo? As motivações podem ser as mais variadas: o produto era necessário; preço; marca; design ou até o estado emocional do dia (comprar para se sentir melhor, para ter uma novidade). Todos esses fatores, e muitos outros, podem exercer influência na tomada de decisão, e ilustram uma série de conceitos estudados na Economia Comportamental.

HISTÓRIA

Economia Comportamental surge com o intuito de unir as descobertas da psicologia com a economia para criar modelos que descrevem de maneira mais realista as escolhas dos indivíduos. Não há uma data certa de quando surgiu a área de estudos e a disciplina. Há quem diga que o primeiro economista comportamental foi o filósofo e economista Adam Smith. Em sua primeira obra, publicada em 1759, ele já falava sobre as relações sociais e comportamentais dos indivíduos.

A Economia Comportamental pode ser útil para examinar e combater a corrupção e a promover a integridade. Na literatura econômica tradicional, as atividades de corrupção, como trocas de favores, extorsão, lavagem de dinheiro e subornos, são tratadas como manifestações de comportamentos de indivíduos racionais, maximizadores de seus próprios interesses, que respondem aos incentivos oferecidos pela matriz de instituições políticas e econômicas. Sendo assim, o sucesso dos programas anticorrupção depende apenas da mudança nos benefícios e custos da conduta trapaceira.

Se a perspectiva de punições severas não é suficiente para extinguir o risco de corrupção, qual a dinâmica ou gatilho dos comportamentos desonestos? O professor israelense Dan Ariely, uma das maiores autoridades mundiais em Economia Comportamental, acredita que a maioria das pessoas quer se comportar de forma honesta - a menos que tenha “permissão” ou consiga justificativa moral suficientemente razoável para sentir que a trapaça é justificada.

Ele afirma que a confiança nos outros é o alicerce da cooperação em prol do bem comum. Já a desconfiança generalizada facilita o descumprimento de normas estabelecidas. A percepção de que os demais são desonestos e a lei é leniente induz a um comportamento semelhante.

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gabriel Cabral, diz que hoje o combate à corrupção se dá por meio de apostas previsíveis: fiscalização, punição, controle, informação, conscientização e educação (compliance, por exemplo). Essas medidas pressupõem que os indivíduos são totalmente racionais e estabelecem prós e contras antes de tomar suas decisões.

Ao optar por comportamentos desonestos, as pessoas, ao contrário do que está presente no senso comum, não pensam nos custos ou benefícios do comportamento desonesto, segundo Dan Ariely. Assim, não há situação a princípio em que pessoas fazem cálculos de viabilidade, assumindo riscos em situações onde a ponderação entre o risco de ser pego é menor do que o benefício do ato ilícito. A trapaça também pode ser contagiosa: o comportamento de um grupo terá um efeito poderoso sobre a decisão ou não de cada pessoa em adotar comportamentos desonestos – o chamado efeito manada.

Gabriel Cabral explica que tendemos a nos manter íntegros para nós mesmos, e, quando há o comportamento desviante, ele sempre virá atrás de ressalvas próprias, ou seja, desculpas, para manter uma autoimagem positiva. “Meu delito não atingirá ninguém diretamente” e “a situação do país me obriga a fazer isso” são desculpas comuns, de modo a não manter o sentimento de culpa. Esse comportamento é observável em pequenos atos do cotidiano, como furar fila, baixar material ilegal pela internet e estacionar em local incorreto.

“Todos esses pequenos delitos não deixam sentimento de culpa, pois se escondem atrás de desculpas internas. Mesmo os corruptos, então, não se sentem criminosos. Esse comportamento foge do padrão previsível da economia clássica e, por isso, nem sempre as políticas públicas tradicionais são efetivas. Elas consideram o combate à corrupção como um maniqueísmo bem versus mal, quando, na realidade, segue a mesma lógica das situações do dia-a-dia”, detalha Cabral.

Cabral afirma que o controle só é positivo contra a corrupção quando 100% efetivo. “Mesmo assim exige manutenção e atualização. Punições legais não são tão efetivas quanto morais, pois é a autoimagem que mais influencia no comportamento corrupto.”

MEDIDAS EFETIVAS NO COMBATE À CORRUPÇÃO

  • Uso de linguagem clara e direta para não abrir brecha para abstrações (desculpas internas);
  • Deixar claros os danos reais dos atos corruptos;
  • Usar situações sensíveis em exemplos e treinamentos (em vez de abordar o tema geral);
  • Reiterar responsabilidade individual. Um exemplo disso são lembretes morais e assinaturas sobre códigos de ética em documentos, por exemplo. Uma medida simples e barata, mas que reduz a corrupção pois os indivíduos, ao serem lembrados da ilicitude dos seus atos, sentem maior culpa em fazê-los, principalmente se esses lembretes vêm no início dos documentos.

Fonte: https://www.fea.usp.br/fea/noticias/combate-corrupcao-e-economia-comportamental


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