Modelo
de previsão meteorológica desenvolvido por pesquisador brasileiro do INPE
garante mais precisão e é adotado pela agência norte-americana
A
previsão do tempo, e até a prevenção de catástrofes meteorológicas como as que
atingiram São Paulo e Minas Gerais recentemente, pode ficar mais confiável em
breve. Isso porque o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE), Saulo Freitas, está voltando ao Brasil para implantar o modelo de
previsão que ajudou a desenvolver em conjunto com a NASA, e que foi adotado
pelos norte-americanos desde o último dia 30 de janeiro.
Isso
porque o novo sistema apura ainda mais as informações referentes ao que
acontece na atmosfera envolvendo interações com oceanos, florestas e até o
gelo. Parte da equipe de pesquisa do INPE desde 2013, o físico e especialistas
na avaliação de nuvens e comportamento das gotas de chuvas foi designado em
2016 para liderar o corpo de pesquisadores da NASA que estuda prognósticos
climáticos. “Lá conseguimos melhorar ainda mais o modelo que criamos no Brasil
e que acabou sendo adotado pelos americanos. Com isso, a previsão mundial de
clima deve melhorar”, explica.
O
principal ganho é a maior exatidão dos dados e melhor previsibilidade. Uma vez
que a NASA trabalha em todo mundo, a América do Sul também será beneficiada,
segundo ele. “Isso ajudaria Minas e São Paulo a se antecipar, dando mais tempo
à Defesa Civil de se preparar. Além disso, é fundamental para o setor agrícola
poder traçar melhores estratégias”, afirma Freitas.
Atmosfera
Caótica
Segundo
ele, a grande vantagem de trabalhar na NASA foram os recursos disponíveis na
instituição, como os supercomputadores que resolvem equações complexas.
“Previsão é uma coisa complexa, porque a atmosfera é caótica e leva a erros.
Por isso, a previsão, quanto mais próxima é mais acurada, como a do dia
seguinte. Quanto mais longe, de uma semana a dez dias, a confiabilidade cai,
porque atmosfera muda muito rápido”, explica Freitas.
Os
modelos serão usados também para traçar os cenários de mudança climática em
todo mundo, com o impacto do aquecimento global. “Os EUA atraem muitos
cientistas porque sabem a importância da ciência para o desenvolvimento do
país. E queremos trazer isso para o Brasil, mas é importante que o País
valorize a ciência e os cientistas, investindo mais na área. Porque para um
grande produtor agrícola isso pode ser um diferencial decisivo”, acrescenta o
pesquisador.
Por Anna França, na
Revista Isto é
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