quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Finanças verdes - a nova onda do investimento limpo

 


Como gestoras e investidores vão empurrar adiante as empresas retardatárias em adotar a responsabilidade ambiental

Em setembro de 2019, 230 investidores institucionais de todo o mundo cobraram de empresas que adotem políticas de desmatamento zero na Amazônia em suas cadeias de fornecimento. Iniciativa conjunta da Ceres, coalizão de investidores e ambientalistas dos Estados Unidos, e dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI), da ONU, o documento foi assinado por grandes players, como o francês Amundi (principal fundo europeu, com € 1,4 trilhão sob gestão), as gestoras de BNP Paribas e HSBC e o fundo de pensão da Telefônica. Só duas gestoras brasileiras assinaram o manifesto.

Ante o atual frenesi que toma conta do mercado de investimentos em torno da agenda ASG — aspectos ambientais, sociais e de governança (também designados pela sigla em inglês, ESG) —, parece absurdo que somente Fama Investimentos e SulAmérica tenham aderido. A baixa participação dos investidores brasileiros na iniciativa não surpreendeu quem atua na área de finanças sustentáveis. Grande parte do mercado financeiro no Brasil tem aversão histórica ao que vê como “temas típicos de ambientalistas e da esquerda”, observa Fabio Alperowitch, cofundador da Fama, gestora pioneira na agenda ASG, que lançou em 1997 seu primeiro fundo com o crivo de responsabilidade ambiental.

Não era só isso que mantinha a maioria das gestoras do Brasil longe dos investimentos sustentáveis. As altas taxas de juros vigentes até pouco tempo atrás no país empurravam o dinheiro para fundos lastreados em títulos públicos e diminuíam a necessidade de diversificação.

Na nova realidade de juros reais negativos, os investidores precisam de mais opções — o que abre muitas possibilidades, inclusive fundos com critérios socioambientais. Essa necessidade ocorre no mesmo momento em que cresce a demanda, no mundo inteiro, de responsabilidade ambiental por parte das empresas. Em julho, a gestora norueguesa Nordea retirou de seus fundos o equivalente a R$ 240 milhões em ações da JBS. A Nordea justificou a decisão com base no histórico ambiental (associado ao desmatamento da Amazônia) e a problemas no gerenciamento da pandemia de covid-19 da maior processadora de carne bovina do Brasil. Esses sustos, para empresas de todas as áreas, vão se tornar cada vez mais frequentes.

Num fundo de ações, a gestora pode aumentar ou diminuir a participação de uma empresa em função de melhora ou piora no seu desempenho ASG. Ou mesmo excluí-la da carreira, se sua nota ficar abaixo de um determinado patamar. “O setor financeiro está absorvendo isso. Vamos falar com os gestores das empresas: qual marca sua empresa deixa? Como cria valor? Incentivando desmatamento? Então, não tem investimento”, diz. Gilberto Abreu, CEO da Santander Asset Management. No cargo desde fevereiro de 2020, ele faz parte de uma nova leva de executivos com a missão de incorporar a visão socioambiental ao dia a dia dos negócios do setor financeiro. “Vamos cada vez mais subir essa régua. Por que não subimos a régua total mente e já? Nossa metodologia exige capturar informações de mercado, e algumas empresas não publicam dados. Temos buracos de informação, Mas o que estamos fazendo não é moda. É uma das grandes tendências do século 21."

A cobrança sobre as empresas irresponsáveis vai aumentar. Para Luciana Nicola, superintendente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco, ninguém mais pode ficar alheio ao desafio.

“Até pouco tempo atrás, a pressão sobre as empresas para que atuassem na preservação era feita quase que exclusivamente por ONGs e especialistas. Com os problemas ambientais mais recentes, isso vem mudando. A pressão ganha a força de outros atores sociais, como clientes, investidores e colaboradores dessas empresas. Governo e reguladores têm participado mais ativamente das discussões ASG.”

Nos Estados Unidos, fundos de sustentabilidade captaram só no primeiro semestre deste ano US$ 20,9 bilhões, quase o equivalente à captação de 2019 inteiro, que por sua vez foi quatro vezes superior à de 2018, segundo a MorningStar. Ainda não há no Brasil consenso sobre o tamanho desse mercado. Uma dificuldade decorre da falta de padronização dos critérios para sabermos o que é um fundo de sustentabilidade. Para Gustavo Pimentel, diretor executivo da Sitawi (ONG de consultoria e pesquisa), o patrimônio líquido (PL) dos fundos de ações brasileiros com algum nível de critérios ASG vai alcançar cerca de RS 100 bilhões até o fim de 2020, dez vezes mais que o montante de 2015. A participação desses fundos no PL total dos fundos de ações também aumentou bem, segundo a estimativa de Pimentel — de 7% em 2015 para 20% este ano. O executivo da Sitawi faz uma ressalva: suas estimativas incluem um leque abrangente de situações, como a própria designação ASG. A Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) trabalha com outros critérios, mas também estima que o PL dos fundos de sustentabilidade e governança tenha crescido 20% em 2020 em relação ao ano anterior.

Diferentemente da primeira onda dos investimentos verdes no Brasil, nos anos 2000, a atual é muito mais sólida, avaliam executivos financeiros e especialistas no segmento. A onda anterior ficou mais concentrada nos grandes bancos (Santander, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil). Agora, ela é puxada por outros players, como XP e as participantes da iniciativa Investidores pelo Clima (IPC) — Constellation, JGP, Quasar e a gestora do BTG Pactual (a IPC foi lançada em outubro de 2019 pela Sitawi. Leia mais no quadro da página 90).

Desta vez, as gestoras independentes se mexeram primeiro, diante da demanda renovada do mercado por produtos ASG, avalia Pimentel, da Sitawi. De olho nessa segunda onda, os quatro maiores bancos do país voltaram a se mexer, relançando produtos, revisando e trocando metodologias de avaliação das empresas investidas. Desde 2018, foi lançada quase uma dúzia de fundos de ações ASG no Brasil, a maior parte este ano (nos Estados Unidos, 23 fundos de ações ASG estrearam no primeiro semestre). Todos correm para fechar 2020 mais preparados para “descarbonizar” suas carteiras. “Estamos fazendo as últimas revisões nos ratings ASG e vamos comunicar as empresas nas próximas semanas”, afirmou no fim de novembro Ricardo Almeida, CEO da Bradesco Asset Management (Bram). Bradesco e Itaú foram os primeiros bancos brasileiros a assinar o protocolo internacional TCFD (Força-tarefa de Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima), para orientar companhias no esforço de “limpeza” das operações.

Entre os investidores externos, a demanda foi sentida primeiro e com mais força. Eles são pressionados em seus países por diversos atores, como acionistas, governos e ambientalistas. Esses atores querem a retirada de investimentos de fundos brasileiros com ações de companhias associadas, de alguma forma, a desmatamento e queimadas. Empresas brasileiras interessadas em acessar o capital e os consumidores mundo afora têm de acompanha r as regras desse jogo. Investidores brasileiros também terão acesso crescente a opções de investimento em outros países. “Uma oferta global, com histórico mais longo e teses já avaliadas em outros mercados, pode ajudar o mercado brasileiro não somente a ampliar as opções para os investidores, mas também agregar conhecimento e tecnologia ao mercado local”, diz Carlos Takahashi, CEO no Brasil da BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, com quase US$ 7 trilhões em ativos.

Carlos, ou Cacá, como é mais conhecido no mercado, está perto do epicentro da mudança (leia mais sobre ele na página 30). Um marco no debate ocorreu em janeiro de 2020, com a carta anual enviada pelo cofundador e presidente da BlackRock, Larry Fink, aos CEOs das maiores companhias do mundo. A carta anunciou que a BlackRock deixaria de incluir nas carteiras de seus fundos empresas que “apresentam um risco alto relacionado à sustentabilidade”, como as usinas termelétricas movidas a carvão. “As evidências sobre os riscos climáticos estão obrigando investidores a reavaliar premissas importantes sobre as finanças modernas”, escreveu Fink.

A carta foi enviada uma semana antes da edição 2020 do Fórum Econômico Mundial (FEM), que teve mudanças climáticas como um dos temas principais. Realizado em Davos, na Suíça, o evento reúne anualmente líderes empresariais, do setor público e da sociedade civil para discutir desafios globais à luz do relatório da entidade sobre riscos globais. Pela primeira vez, as preocupações com o meio ambiente estavam entre os cinco principais riscos mundiais de longo prazo (em termos de probabilidade nos próximos dez anos), segundo a pesquisa de percepção realizada entre membros do FEM e incluída no relatório anual da organização. O fracasso nas ações de adaptação e mitigação das mudanças climáticas aparece como segundo maior risco global. Destruição da biodiversidade é percebida como o quarto.

No Brasil, gestores, investidores e empresas têm de fazer esforço extra em responsabilidade ambiental, a fim de compensar a atuação do governo federal. Em atos e em intenções tornadas públicas, a gestão Jair Bolsonaro mostrou hostilidade às pautas de preservação. A insatisfação dos investidores internacionais ficou evidente no manifesto de setembro de 2019 e em carta enviada em junho de 2020 a embaixadas brasileiras na Europa por 29 gestores de ativos.

O descuido ambiental no país se tornou evidente também com a tragédia de Brumadinho (MG), em janeiro de 2019, quando o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão causou a morte de ao menos 270 pessoas e a contaminação da bacia do rio São Francisco. Por isso, o Norges Bank, banco central da Noruega, retirou papéis da Vale, dona da mina, do fundo soberano do país (o banco retirou do fundo também papéis da Eletrobras. Os dois movimentos somaram US$ 449 milhões em papéis brasileiros dispensados). A catástrofe de Brumadinho abalou vários investidores institucionais, como a JGP, que sofreu com o desabamento no valor das ações da Vale.

Com ativos de R$ 35 bilhões sob gestão, a gestora deu- se conta de que estava desprezando riscos sérios. “A JGP começou a se preocupar com ASG logo após Brumadinho. Começamos a estudar seriamente a questão ambiental e as mudanças climáticas", conta Marcos di Tullio, analista de investimento, que se tornou o ponto focal sobre o tema na equipe de equity. Atualmente. ASG é dimensão obrigatória em todas as análises da gestora. Para apoiá-la no assunto, a JGP contratou a Sitawi por cerca de seis meses em 2019 e aderiu à iniciativa Investidores pelo Clim a (IPC). Em maio, lançou seu primeiro fundo de ações com viés de sustentabilidade e, no inicio de novembro, um fundo de crédito ASG.

Há problemas a resolver, para que se consolide a onda ASG no segmento de investimentos. Um dos principais é a necessidade de tornar os fundos mais transparentes para os investidores e a sociedade em geral. Varia muito entre as instituições financeiras o significado de termos como exclusão de empresas, filtros negativos e positivos, integração ASG e investimento de impacto. Isso torna difícil para o cliente entender a abordagem que seu fundo emprega na avaliação das empresas investidas.

“Precisamos definir padrões mínimos a cumprir, para dizer que um fundo é de sustentabilidade”, diz Almeida, CEO da Bram. Ele defende a autorregulação do segmento de investidores (gestoras e family offices, por exemplo) para o estabelecimento de critérios transparentes de classificação dos fundos. Seria como definir um selo para os que cumprissem um conjunto de requisitos.

Cacá, da BlackRock, alerta que há muito trabalho a fazer. "Há etapas a percorrer antes de pensarmos na regulação, como conhecer as boas práticas internacionais de países mais desenvolvidos no tema e entender o grau de maturidade local.” Cacá também coordena o grupo consultivo de sustentabilidade da Anbima.

Na falta de padronização dos critérios, algumas gestoras desenvolvem suas próprias metodologias. É o caso da Constellation e das gestoras do Santander (SAM) e do ltaú (IAM), A asset do ltaú aplica sua metodologia para integrar questões socioambientais à avaliação de empresas desde 2010. Das oito dimensões consideradas, quatro referem-se a potenciais impactos ambientais das empresas — água, energia e materiais; biodiversidade e uso do solo; manejo de resíduos; e mudanças climáticas, Os analistas avaliam o impacto das variáveis no fluxo de caixa ao longo do tempo e definem uma nota ASG, adicionada à nota principal da companhia investida. Essa nota orienta a asset a alocar mais ou menos ações da empresa num fundo de investimento.

Em janeiro de 2020, a SAM deixou de usar um questionário de 23 perguntas na avaliação do desempenho ASG das companhias da carteira do Ethical, um dos primeiros fundos de investimentos com crivo socioambiental do Brasil, lançado em 2001. No lugar do questionário, passou a empregar uma metodologia mais robusta, desenvolvida pela matriz do banco na Espanha com a participação da analista de sustentabilidade Luzia Hirata, da SAM Brasil. Diferentemente do que ocorreu até 2019, a nova metodologia é usada para a avaliação ASG de todas as companhias com papéis nos fundos administrados pela SAM. Não se limita, portanto, ao Ethical, que foi relançado oficialmente em outubro já com o novo modelo de avaliação das empresas de sua carteira.

A nova metodologia, usada pelo Santander em todos os países em que possui gestoras de recursos, emprega 84 indicadores para medir nove grupos de impactos ambientais, sociais e de governança. Desses, 25 indicadores medem cinco grupos de impacto ambiental — emissões de carbono, biodiversidade, gestão de recursos naturais, eficiência energética e consumo e gestão de resíduos, A empresa investida ganha uma nota ASG, que afeta a nota final da empresa, não importa em qual fundo ela esteja.

São trabalhos em andamento. A SAM não havia disponibilizado até o fechamento desta edição esclarecimentos em seu site sobre a extinção do conselho independente do fundo Ethical nem sobre a substituição da metodologia de avaliação. Também não há certificação da avaliação por empresa especializada. O ltaú anunciou recentemente que está selecionando uma empresa para efetuar essa certificação. “A verificação de terceira parte também é muito válida, mas para isso é necessário atuar na definição clara dos critérios de análise das companhias e dos fundos, além da formação adequada desses profissionais”, explica Luzia, a analista da SAM responsável pelo contato permanente com a matriz espanhola nesse tema.

Entre as gestoras independentes que nos últimos dois a três anos incorporaram a agenda ASG às suas estratégias de investimento, JGP e Constellation também optaram por desenvolver metodologias próprias de avaliação ASG. Com R$ 15 bilhões sob gestão nos seus dois fundos de ações, a Constellation atribui às empresas notas de 1 a 3 (do pior para o melhor desempenho). A gestora, que não conta com certificação de terceira parte, aderiu em julho passado ao compromisso público da IPC, Sócio responsável pela área de ASG da Constellation, Eduardo Dumans enfatiza o estilo amigável do relacionamento da gestora com suas empresas investidas. “Não somos aquele fundo que chega para brigar. Acho que a gente é escutado boa parte das vezes. Se notamos que a empresa não está melhorando [no desempenho ASG] ou não quer melhorar, um caminho é desinvestir, mas ainda não chegamos a esse ponto.”

Tendo criado sua área de ASG em maio passado, a XP preferiu estrear no mercado de fundos de investimento sustentável aplicando uma metodologia da MSCI, maior provedora mundial de índices destinados a apoiar a avaliação do desempenho socioambiental das companhias investidas. “A XP tem o papel de influenciar o ecossistema do mercado de investimentos e juntar nessa jornada os clientes e os parceiros”, afirma Marta Pinheiro, diretora de ASG da XP.

Na metodologia da MSCI, os pilares ambiental, social e de governança são avaliados por meio de dez temas detalhados em 37 tópicos relevantes. No pilar ambiental, por exemplo, há quatro temas — mudanças climáticas, recursos naturais, poluição e resíduos sólidos e oportunidades ambientais. O tema do clima, por sua vez, foi subdividido em quatro aspectos: emissões de carbono, pegada de carbono dos produtos, impacto ambiental dos financiamentos e vulnerabilidade às mudanças climáticas. No tema dos recursos naturais, três tópicos são avaliados — estresse hídrico, biodiversidade e uso da terra e fornecimento de matéria-prima.

O objetivo da XP é utilizar a metodologia da MSCI para analisar o desempenho ASG de todas as empresas investidas. A empresa lançou dois fundos com os novos critérios e criou um projeto de R$ 100 milhões para fomentar o desenvolvimento de fundos dessa mesma categoria em gestoras independentes. “A principal dificuldade para analisar as empresas é a falta de informações sobre os pilares ambiental e social”, conta Marcella Ungaretti, analista de ASG da XP. Ela também aponta ser difícil avaliar o desempenho socioambiental de uma companhia considerando suas operações na cadeia de valor como um todo. Empresas com menor nível de terceirização de sua produção, como a Samsung, podem ser prejudicadas na comparação com uma que transfere a maior parte de sua produção a outras companhias, caso da Apple.

A pioneira Fama, fundada em 1093, é, talvez, a que aplica o filtro ASG mais exigente no mercado de investimentos responsáveis. Já excluiu mais de 40 empresas da carteira de seu único fundo, que reúne ativos de R$ 2,6 bilhões. Devido à dificuldade de encontrar empresas que atendam aos critérios estritos da Fama para incluir ações em sua carteira ASG, 80% dos ativos do fundo operado pela gestora pertencem a companhias estrangeiras. Alperowitch, sócio-cofundador da Fama, alerta para a necessidade de depuração no mercado, para remover o que não for consistente. Ele chama a atenção para o lado B da onda dos investimentos verdes. “O mercado europeu foi tão inundado por ASG sem substância que se viu obrigado a regular. Alguns fundos estão perdendo o direito de usar ASG no nome.” A União Européia (EU) adotou a taxonomia verde, a ser implementada gradualmente a partir do próximo ano. Consiste numa ferramenta de classificação do desempenho ambiental das atividades econômicas. Os reguladores brasileiros esperam construir um aparato regulatório inspirado nessas medidas, incluindo a taxonomia verde e a divulgação de riscos financeiros relacionados às mudanças climáticas. No Brasil, a Febraban realizou recentemente consulta pública sobre um projeto de taxonomia verde.

Outros desafios precisarão ser superados nos próximos cinco a dez anos para essa agenda ganhar musculatura. “O tema ainda está muito concentrado nas áreas técnicas, no nível dos analistas. E o pulo que tem de ser dado: o tema tem de ser assumido pela alta administração das empresas”, diz Maria Eugênia Buosi, sócia-fundadora da Resultante, uma das principais consultorias em finanças sustentáveis no Brasil. A Resultante responde pela metodologia do índice CDP de Residência Climática (ICDPR-70), lançado em 31 de março passado. O índice vem batendo o Ibovespa e considera uma carteira teórica, composta por ações de 34 empresas, selecionadas entre as cem mais Líquidas do mercado acionário doméstico. A seleção ocorre com base no questionário sobre mudanças climáticas enviado anualmente a dezenas de empresas pelo CDP (antigo Carbon Disclosure Project).

Com maior ou menor ênfase em um ou outro aspecto, especialistas em finanças sustentáveis, analistas e executivos de instituições financeiras concordam com a necessidade de melhorar a transparência nas informações sobre os critérios de análise. Também há amplo apoio à certificação das avaliações ASG por empresas independentes (terceira parte) e à inclusão dos fatores ASG na análise das empresas que compõem todas as carteiras das gestoras, não se limitando aos fundos de sustentabilidade.

No governo federal, o BC (Banco Central) e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) caminham no sentido inverso ao do Ministério do Meio Ambiente e mostram disposição de avançar na agenda verde.

A CVM é uma das mães do LAB (Laboratório de Inovação Financeira). A iniciativa inclui um grupo de risco ASG e transparência, para fazer evoluir a regulação do segmento. A CVM tornou-se em fevereiro representante da Iosco (Organização Internacional das Comissões de Valores) numa rede mundial para fomentar boas práticas ambientais no sistema financeiro, a NGFS (em tradução livre, Rede de Despoluição do Sistema Financeiro).

O BC anunciou em setembro a inclusão da sustentabilidade na sua agenda estratégica, como parte de um programa regulatório para estimular boas práticas no setor financeiro. A autoridade monetária pretende que o setor comece em breve a implementar as recomendações da Força-Tarefa liderada por Michael Bloomberg e Mark Carney, ex-presidente do Banco da Inglaterra. A iniciativa publicou em 2017 uma espécie de guia para o relato regular do risco financeiro gerado pela crise climática aos negócios de bancos, gestoras e detentores de ativos e seguradoras. A agenda estratégica do BC prevê a realização de testes de estresse, como os que têm sido efetuados pelos bancos centrais de Inglaterra, França, Holanda e Cingapura. Nos testes, bancos e seguradoras simulam temperatura 4 graus acima dos níveis pré-industriais ou um preço de US$ 100 por tonelada de CO2. Assim começaremos, todos, a sentir o custo real da crise climática. 

Por José Alberto Gonçalves Pereira, na Revista Época Negócios


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