Trabalhistas poderão agora governar sozinhos. Resultado confirma reeleição da popular primeira-ministra, cuja gestão da pandemia manteve em 25 as mortes por covid-19, no país de 5 milhões de habitantes.
A
primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, sai como grande vencedora
das eleições gerais realizadas neste sábado (17/10). "A Nova Zelândia
demonstrou o mais forte apoio ao Partido Trabalhista em pelo menos 50
anos", disse Ardern a seus correligionários eufóricos em Auckland, no
discurso de vitória que ela abriu no idioma maori. Sua vitória já foi
reconhecida pela líder da oposição conservadora, Judith Collins.
Com
quase todos os votos já apurados, os trabalhistas obtiveram quase 50% das
urnas, o que lhes confere 64 dos 120 assentos do Parlamento da Nova Zelândia,
enquanto o conservador Partido Nacional ficou com 26%, o correspondente a 35
deputados.
Isso
permitirá ao Partido Trabalhista assumir sozinho o governo que até então
dividia com o centrista Nova Zelândia Primeiro (NZ First) e os Verdes. A premiê
de 40 anos prometeu que sua legenda será para todos os cidadãos, pois
"governar para cada neozelandês nunca foi tão importante como agora".
O
pleito deste sábado, originalmente planejado para setembro, foi adiado enquanto
um surto de covid-19 em Auckland era posto sob controle. Para evitar contágios,
a população foi aconselhada a evitar filas nos locais de votação. Estima-se que
60% entregou seu voto antes do dia da eleição.
Gestora
de crises exemplar
Jacinda
Ardern atraiu atenção internacional em 2017, quando assumiu a liderança da
legenda de centro-esquerda, a poucas semanas das eleições, e rapidamente
reativou suas chances de chegar ao governo.
Acima
de tudo, seu primeiro mandato foi marcado pela habilidade de gerir crises: sua
resposta ao atentado a tiros na mesquita de Christchurch, em 15 de março de
2019, recebeu elogios no país e no exterior, e a imagem da jovem política, de
véu islâmico, abraçando uma neozelandesa muçulmana correu o mundo.
Na
crise da covid-19, o governo de Ardern obteve ampla aprovação a suas medidas
para debelar o vírus, que incluíram o fechamento das fronteiras nacionais e
confinamento rigoroso. O país de 5 milhões de habitantes registrou menos de 2
mil casos, com apenas 25 mortes.
Ainda
assim, uma vitória esmagadora como a atual não era dada como certa. As
mensagens centrais da campanha eleitoral trabalhista foram "Nós temos
Jacinda" e "Nos deem mais tempo". Ao depositar seu voto em 3
outubro, na abertura antecipada das urnas, Ardern admitiu aos repórteres que
não dava nada por garantido.
Alguns
analistas registram o descontentamento dos neozelandeses de menor renda pela
falha dos trabalhistas em cumprir suas promessas eleitorais. Além disso, o
sucesso do governo no controle da covid-19 tornou-se, até certo ponto, problemático
para sua campanha, com a atenção da população se voltando para os enormes
custos da pandemia – uma desvantagem de que o Partido Nacional tentou se
aproveitar, apresentando-se como melhor gestor econômico.
Contudo,
a líder do Partido Nacional, Judith Collins, uma figura política controversa,
se apressou em reconhecer a vitória da premiê: "Parabéns à
primeira-ministra Jacinda Ardern, para quem telefonei, porque penso que estes
são resultados extraordinários para o Partido Trabalhista", disse na televisão
após os primeiros resultados conclusivos.
Neste
sábado, o eleitorado neozelandês votou também em dois referendos: o End of Life
Choice Bill – um projeto sobre a eutanásia que, caso aprovado, se tornará lei
em outubro de 2021 –; e a consulta não
vinculativa sobre a descriminalização da maconha, cuja implementação caberá ao
futuro governo decidir.
Deutsche
Welle
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