Imagens de satélite que custaram dezenas milhões de
reais aos cofres públicos estão agora disponíveis
gratuitamente.
A empresa Plane t, a partir de um
acordo
com o governo da Noruega, irá disponibilizar, sem
custo, suas imagens de alta definição para
monitoramento de florestas tropicais, como a Amazônia.
O objetivo da parceria e da distribuição das imagens é
ajudar no combate ao desmatamento nesses biomas.
Qualquer pessoa pode acessar as imagens, atualizadas
mensalmente, e, a partir de meados de outubro, haverá
também análises disponíveis na plataforma da empresa.
O contrato tem valor de 405 milhões de coroas
norueguesas, o equivalente a cerca de R$ 240 milhões,
e foi assinado pela Iniciativa Internacional de Clima
e
Florestas, do governo norueguês, a Plane t, a Ksat
(Kongsberg Satellite Services) e a Airbus.
As imagens farão a cobertura de florestas tropicais em
mais de 64 países, na América, África e Ásia.
No site da Planet, um vídeo mostra o desmatamento
recente da Amazônia visto pelos satélites da empresa,
que afirma oue “está claro que uma coalizão global é
necessária para um impacto considerável nos 28
milhões de hectares de florestas sendo cortados todo
ano”.
A contratação de imagens de satélite da Planet esteve
no centro de disputas no Brasil nos últimos dois anos.
O
caso mais recente envolveu o TCU (Tribunal de
Contas da União) e a PF (Polícia Federal).
A PF havia firmado um contrato de R$ 49 milhões,
provenientes do Fundo Nacional de Segurança Pública
vinculado ao Ministério da Justiça, com a Planet para
ter
acesso às imagens de satélite por um ano.
Inicialmente,
a PF usava as imagens no Amazonas, e pediu mais
recursos para expandir o programa. O contrato permite
que o governo federal, estados e municípios acessem
as imagens.
O TCU chegou a suspender temporariamente o contrato
após análises mostraremque “a aquisição das imagens
contratadas, em tese, não agregaria vantagem alguma
que já não fosse oferecida pelo monitoramento
desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espadais [Inpe], ou mesmo gratuitamente por outras
entidades”.
A suspensão, contudo, foi posteriormente revogada. A
melhor resolução de imagem oferecida pela Planet, em
comparação às imagens do Inpe, foi um dos pontos
destacados pela PF, segundo a qual outros üíd-tos, não
só desmatamento, seriam passíveis de observação.
Emagosto de20i9, emmeio a ataques do governo Jair
Bolsonaro (sem partido) ao Inpe e às informações
geradas pelo instituto sobre desmatamento e
queimadas, o Ibama abriu um edital para comprar
imagens de satélite diárias e de alta resolução.
Somente
as imagens da Planet atendiam às exigêndas. O timing
gerou críticas de especialistas.
Por Phillippe Watanabe, na Folha de S. Paulo
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