Emmanuel Macron é o quarto dos oito presidentes da França
eleitos após a Segunda Guerra Mundial que se formou na École Nationale
d'Administration (ENA), o celeiro da elite do país para preparar futuros
ocupantes de altos cargos dos ministérios e das principais empresas públicas.
O novo primeiro-ministro da
França, o secretário-geral da presidência de Macron e vários outros integrantes
do governo também passaram por esse "círculo" restrito,
frequentemente criticado por estar muito afastado da França da "vida
real".
Macron substitui François
Holland, formado na mesma escola, e se torna o terceiro dos últimos quatro
presidentes que passou pelas salas da ENA. Além deles, Jacques Chirac, que governou
a França entre 1995 e 2007, também foi aluno da instituição.
Nicolas Sarzoky, presidente
entre 2007 e 2012, é um ponto fora da curva nos últimos anos, assim como Valéry
Giscard d'Estaing, o primeiro dos líderes formados na escola criada em 1945
pelo general Charles de Gaulle para formar funcionários públicos bem
preparados.
Nem o próprio De Gaulle, seu
sucessor, Georges Pompidou, nem posteriormente François Mitterrand puderam
passar pelas salas da ENA porque já eram experientes quando a escola foi criada.
Bem depois, Giscard foi aluno da instituição apesar de já ter estudo antes na
Politécnica, o outro grande celeiro da administração francesa.
Juntas, elas formam a cada
ano 500 trabalhadores preparados para integrar todos os órgãos do governo.
Ainda que apenas 5% deles se dediquem à política, alguns costumam chegar ao
topo do poder, fato que transforma a ENA e a Politécnica em centros do
elitismo.
Laurent Fabius, o
primeiro-ministro mais jovem da história da França, Dominique de Villepin,
Ségolène Royal. As promoções da ENA - batizadas todas elas com o nome de alguém
da política ou da cultura - estão cheias de figuras que alçaram voos altos,
tanto na iniciativa pública como na privada.
A promoção Voltaire foi a
referência nos anos de Hollande. Agora, com Macron, entra em voga a de Léopold
Sédar Senghor, primeiro presidente do Senegal. Para além de Macron, faziam
parte dessa geração alguns do membros do primeiro escalão do governo.
A ministra da Defesa, Sylvie
Goulard, e o ministro da Economia, Bruno Le Maire, também são formados na ENA.
Os alunos são escolhidos por
concurso e, durante o ano de formação, são remunerados. Em seguida, os
estudantes são enviados para fazer estágios em diversos órgãos do governo.
Depois disso, muitos deles se
tornam funcionários públicos e alguns chegam ao alto escalão. Os de mais
sucesso pulam para a política, enquanto outros integram os conselhos de
administração de empresas com participação estatal. Alguns decidem ir para a
iniciativa privada e se tornam dirigentes das principais empresas.
A escola foi criada por De
Gaulle, que desejava substituir o mais rápido possível toda o governo que tinha
colaborado com os nazistas sob o regime de Vichy. Mas, com os anos, a ENA foi
se tornando alvo de críticas. Muitos consideram a escola fechada em si mesma,
pouco aberta às novidades e engessada.
Os críticos da ENA consideram
difícil reformar um governo quando boa parte dos altos funcionários surgem do
mesmo lugar e são treinados no mesmo molde.
A direção da ENA se defende.
A escola, sim, forma os funcionários públicos, mas as decisões são tomadas
pelos políticos. E, ainda que muitos dos alunos da instituição tenham chegado
ao topo do poder, a direção garante que apenas uma pequena parte de seus alunos
decide entrar no mundo da política.
A ENA sabe que tem marcada em
si o estigma da burocratização. Nas campanhas eleitorais, a escola está
acostumada a virar alvo de muitas das críticas. Na mais recente, que terminou
com a vitória de Macron, o próprio Le Maire, que se formou na instituição,
propôs fechá-la, defendendo uma proposta que tinha sido pelo
ex-primeiro-ministro François Fillon.
Por Luis Miguel Pascual, na EFE
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