Acordo de leniência da JBS gera polêmica entre
funcionários do BNDES
O pagamento de R$ 2
bilhões que a JBS deverá fazer ao BNDES, como parte de seu acordo de leniência,
provocou polêmica entre os funcionários do banco estatal.
Pelo acordo, a
empresa reconhece crimes praticados e propõe ressarcir o Estado em R$ 10,3
bilhões. O valor foi dividido entre os vários órgãos federais que tiveram
relação com a JBS, como o BNDES e o FI-FGTS, fundo de investimentos com
recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
O reconhecimento de
crime, porém, é tema interditado dentro do banco. Os funcionários rejeitam
qualquer suspeita de favorecimento à empresa comandada por Joesley e Wesley
Batista e alegam que todos os critérios técnicos foram obedecidos nas
operações.
Na quinta (9), a
associação dos funcionários fez circular uma nota entre os principais
executivos do banco, em que afirma que não houve dano ao BNDES, tampouco foram
cometidas irregularidades. E que aceitar o dinheiro a título de ressarcimento
seria uma espécie de admissão de culpa.
A associação quer
que os R$ 2 bilhões sejam tratados como uma multa, em que a empresa paga por
seus crimes.
A principal
preocupação é diferenciar o BNDES da Petrobras, em que executivos admitiram
cometer crimes.
"Deve ficar
claro que qualquer recebimento por parte do BNDES, decorrente do mencionado
acordo, decorre de imposição de multa por infração praticada por empresários e
agentes públicos que não integram o quadro de empregados do Sistema
BNDES", diz a nota.
DELAÇÃO
Mais de 30
funcionários do banco são alvo de investigação da Polícia Federal, que apura se
técnicos teriam participação no favorecimento à JBS e à holding J&F em
aportes financeiros feitos pelo BNDES.
O TCU (Tribunal de
Contas União) também quer saber se, por atuação de servidores, houve dano ao
Estado.
Em sua delação,
Joesley Batista afirma que pagou o ex-ministro Guido Mantega para que
facilitasse a liberação de recursos para a empresa no BNDES. Mas ele não aponta
responsáveis dentro do banco.
"Meu
relacionamento sempre foi com o Guido, nunca com o Luciano Coutinho [então
presidente do BNDES] (...) Não sei como funcionava o Guido e o banco, o
relacionamento entre o Guido e o presidente [do BNDES]", disse Joesley em
seu depoimento.
"Eu sempre
considerei que a minha vida no BNDES sempre foi muito dura", afirmou o
empresário.
"Os termos
meus no BNDES, se olhar, esse empréstimo de R$ 2 bilhões aí mesmo [para a
fábrica da Eldorado], se olhar as condições e o que teve que ser feito para ele
sair, é uma loucura. Sempre, sempre tinha uma dificuldade muito grande no
BNDES. Aí, o Guido chamava o Luciano e falava... Tinha vezes que era
constrangedor, porque eu ia em uma reunião com o Guido, chegava lá, o Luciano
estava. E eu percebia que o Luciano ficava claramente constrangido, porque
ficava parecendo que ele não sabia que eu ia chegar na reunião, sabe?",
contou Joesley.
Em nota após a
divulgação dos depoimentos de Joesley, Mantega negou receber dinheiro do
empresário. Luciano Coutinho não se pronunciou.
Por MARIANA CARNEIRO, na Folha Online
_______________
O livro com a peça teatral Irena Sendler, minha Irena:
A história registra as ações de um grande herói, o espião e membro do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, Oskar Schindler, que salvou cerca de 1.200 judeus durante o genocídio perpetrado pelos nazistas. O industrial alemão empregava os judeus em suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas na Polónia e na, então, Tchecoslováquia.
Irena Sendler, utilizando-se, tão somente, de sua posição profissional – assistente social do Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia – e se valendo de muita coragem, criatividade e altruísmo, conseguiu salvar mais de 2.500 crianças judias.
"O Anjo do Gueto de Varsóvia", como ficou conhecida Irena Sendlerowa, conseguiu salvar milhares de vidas ao convencer famílias cristãs polonesas a esconder, abrigando em seus lares, os pequeninos cujo pecado capital – sob a ótica do führer – consistia em serem filhos de pais judeus.
Período: 2ª Guerra Mundial, Polônia ocupada pela Alemanha nazista. A ideologia de extrema-direita que sistematizou o racismo científico e levou o antissemitismo ao extremo com a Solução Final, implementava a eliminação dos judeus do continente europeu.
A guerra desencadeada pelos nazistas – a maior deflagração do planeta – mobilizou 100 milhões de militares, provocando a maior carnificina já experimentada pela humanidade, entre 50 e 70 milhões de mortes, incluindo a barbárie absoluta, o Holocausto, o genocídio, o assassinato em massa de 6 milhões de judeus.
Este é o contexto que inspirou o autor a escrever a peça teatral “Irena Sendler, minha Irena”.
Para dar sustentação à trama dramática, Antônio Carlos mergulhou fundo na pesquisa histórica, promovendo a vasta investigação que conferiu à peça um realismo que inquieta, suscitando reflexões sobre as razões que levam o homem a entranhar tão exageradamente no infesto, no sinistro, no maléfico. Por outro lado, como se desanuviando o anverso da mesma moeda, destaca personagens da vida real como Irena Sendler, seres que, mesmo diante das adversidades, da brutalidade mais atroz, invariavelmente optam pelo altruísmo, pela caridade, pela luz.
É quando o autor interage a realidade à ficção que desponta o rico e insólito universo com personagens intensos – de complexa construção psicológica - maquinações ardilosas, intrigas e conspirações maquiavélicas, complôs e subterfúgios delineados para brindar o leitor – não com a catarse, o êxtase, o enlevo – e sim com a reflexão crítica e a oxigenação do pensamento.
Dividida em oito atos, a peça traz à tona o processo de desumanização construído pelas diferentes correntes políticas. Sob o regime nazista, Irena Sandler foi presa e torturada – só não executada porque conseguiu fugir. O término da guerra, em 1945, que deveria levar à liberdade, lancinou o “Anjo do Gueto” com novas violências, novas intolerâncias, novas repressões. Um novo autoritarismo dominava a Polônia e o leste Europeu. Tão obscuro e cruel quanto o de Hitler, Heydrich, Goebbels, Hess e Menguele, surgia o sistema que prometia a sociedade igualitária, sem classes sociais, assentada na propriedade comum dos meios de produção. Como a fascista, a ditadura comunista, também, planejava erigir o novo homem, o novo mundo. Além de continuar perseguindo Irena, apagou-a dos livros e da historiografia oficial, situação que só cessaria com o debacle do império vermelho e a ascensão da democracia, na Polônia, em 1989.
Para saber mais, clique aqui.