O observador não
deve estranhar se for tomado por uma sensação de assombro ao presenciar, a
poucos metros, o encontro entre Pedro Parente e Luiz Carlos Trabuco. Afinal,
esses dois senhores, sentados logo ali, frente a frente, não são apenas
presidentes de gigantes do mercado brasileiro - eles lideram dois símbolos
nacionais. Parente assumiu a Petrobras em junho do ano passado, com a missão de
resgatar a petrolífera do maior buraco, ético e financeiro, em que a estatal se
meteu em 63 anos de história. Trabuco, por sua vez, desde 2009 comanda o
septuagenário Bradesco. Pense que cada frase, sorriso ou mesmo franzir de testa
que brota desse contato está ligado a um valor de mercado de R$ 370 bilhões e a
um quadro de 180 mil funcionários (na soma das duas empresas). Nem de longe é
coisa pouca.
À primeira vista,
como gestores, ambos não poderiam parecer mais desiguais. O engenheiro carioca
Parente, aos 64 anos, é reconhecido como um equacionador de crises, o que o
torna um nômade corporativo. Assim, empilha passagens pelo setor público e
privado, quase sempre carregando um balde d'água para apagar incêndios. Na
política, passou por três ministérios no período FHC. Em 2002, assumiu as Minas
e Energia para desatar o nó elétrico. Ficou conhecido como o 'ministro do apagão'.
Depois disso, participou da reestruturação do grupo de mídia gaúcho RBS e
presidiu a Bunge no Brasil.
A estabilidade, em
contraponto, é o traço essencial de Trabuco. Ele entrou no Bradesco aos 18
anos. Começou como escriturário e subiu todos os degraus da dinastia da Cidade
de Deus, onde fica a sede da instituição, em Osasco (SP). Natural de Marília,
no interior paulista, Trabuco é surpreendente. Na infância, dividia uma casa de
dois quartos com mais dez pessoas (os pais, dois avós e seis irmãos). Dessa
multidão, refugiava-se na biblioteca da cidade. Tornou-se um leitor voraz.
Ainda menino, compreendeu o valor da informação. Todos os dias lia jornais
velhos deixados de lado pelo dono de uma tecelagem onde trabalhava. Certa vez,
disse na escola: 'Vai haver 13º salário'. Tomaram-no por tolo. Afinal, só cabem
12 pagamentos em um ano. Ele, contudo, concluiu: 'Fiquei sabido'. Hoje, aos 65
anos, não dorme sem vasculhar todas as notícias do dia. Para completar, dirige
um banco, mas tem graduação em filosofia e pós em sociologia.
Apesar de
diferentes, a experiência de Parente e Trabuco funde-se nas próximas páginas,
em meio a temas como a perspectiva das indústrias de petróleo e bancária, os
desafios e desarranjos do crescimento brasileiro, além, claro, dos meandros da
vida no topo das grandes corporações. Outro aspecto que os une é que, ambos,
são profissionais que, pela destreza, o economista Delfim Netto define como
gestores que 'fazem tricô com quatro agulhas'. A seguir, eles mostram que têm
muito a tricotar.
Luiz Carlos Trabuco
Como você avalia o salto que a Petrobras já deu durante a sua administração, em
um prazo curto de tempo?
Pedro Parente Olha,
Trabuco, na verdade, fico muito preocupado quando as pessoas dizem que
progredimos muito. É verdade, e devo reconhecer, houve avanços. A Petrobras
saiu do noticiário policial. Hoje, as notícias relacionadas à companhia estão
no lugar de onde nunca deveriam ter saído: nas páginas de negócios. Mas muita
coisa precisa ser feita. E quando a gente perde a noção de que existe uma
crise, fazer as coisas difíceis se torna ainda mais difícil. Eu me refiro
especificamente ao nosso programa de parcerias e desinvestimento. Para uma
empresa privada, essa seria uma iniciativa complicada. Para uma estatal, é
pior. Além de questões envolvendo o Tribunal de Contas da União (TCU), temos de
lidar com um componente ideológico sempre presente nos temas relacionados à
Petrobras. No Bradesco, é diferente. Vocês decidem. Está feito. No nosso caso,
a decisão é só o começo de um longo processo que terá questionamentos,
liminares. É uma batalha.
Trabuco Essa gestão
transformacional da Petrobras é muito desejável. A cadeia de óleo e gás é
fundamental para o Brasil. Tem grande relevância na geração de empregos. Meu
desejo é que você apresente o caso da Petrobras como um exemplo de sucesso no
Fórum Econômico Mundial, em Davos, em 2018. Aliás, este ano, assisti a um
seminário em Davos sobre a falência das previsões. Lembrei que, em 2016, vi o
herdeiro da coroa da Arábia Saudita dizendo que o petróleo chegaria a US$ 20 o
barril. Acreditei. Dei até uma entrevista sobre isso, ganhei uma manchete no
jornal. Mas, claro, o petróleo a US$ 20 desarticularia a indústria.
Trabuco De qualquer
forma, o que podemos esperar do preço do petróleo?
Parente Posso falar
sobre os drives que puxam o preço para baixo ou para cima. O fato é que os
grandes produtores da indústria tradicional de óleo e gás têm condições de
colocar a produção no nível que desejarem. No último trimestre de 2014, a Opep
decidiu deixar esse preço cair, para criar dificuldades para o produtor
americano do shale gas [o gás de xisto]. Acho que eles pensaram: vamos ver se a
gente quebra essa turma. O que aconteceu? O shale resistiu. Esse pessoal é
diferente da indústria tradicional. Eles produzem, e se colocam na posição de
produzir, com rapidez muito maior. Isso significa que têm uma grande capacidade
de adaptação às circunstâncias de mercado. Depois, houve uma decisão de reduzir
a oferta. A cotação do barril atingiu US$ 55. A questão é que, quanto mais alto
o preço do petróleo, mais se perfura shale nos Estados Unidos. Dada essa
dinâmica de curto prazo, tenho dificuldade de ver um aumento expressivo na
cotação. Mas existe um outro lado nessa história. As indústrias tradicionais
realizaram grandes cortes de investimento, ano a ano, desde 2014.
Época NEGÓCIOS O
que isso significa?
Parente A decisão
de deixar de investir hoje não terá repercussão imediata no nível de produção.
Isso porque você está retirando dos poços o petróleo que já descobriu no
passado. Mas a falta de investimento pode ter, sim, impacto na produção a médio
prazo. Assim, dado o esgotamento da produção atual, e graças ao hiato de
investimento nesses últimos três anos, pode ser que falte petróleo. Agora, isso
vai acontecer? Quando penso nisso me lembro de uma frase do Delfim Netto. Ele
dizia que o câmbio era uma variável inventada pelo diabo para desmoralizar
economistas. Eu acredito que o preço do petróleo é uma variável inventada pelo
diabo para desmoralizar os presidentes de empresas de óleo e gás. Mas deixa eu
inverter um pouco a bola. Vamos falar da indústria bancária. A gente observa
que os juros praticados no país são muitos superiores aos de outros mercados.
Sei que existem componentes importantes de carga tributária e inadimplência
nisso, mas vai chegar o dia em que teremos taxas menores? E não vale dizer que
os juros são uma variável inventada para desmoralizar os banqueiros.
Trabuco A nossa
aposta, e a minha crença pessoal, é que se o juro no Brasil não convergir ao internacional
é porque alguma coisa aconteceu na economia brasileira. É desejável que o custo
de capital aqui siga os padrões internacionais, com pequenas variações, mas não
com a atual discrepância. E essa questão já está colocada. O Banco Central a
tem entre suas prioridades. É evidente que devemos olhar para aspectos como a
carga tributária. Existem dois países no mundo que têm imposto de intermediação
financeira. O Brasil é um deles. Temos o IOF. Ainda existe a questão dos
depósitos compulsórios e a inadimplência. Mas um tema importante que precisa
ser endereçado é o crédito direcionado [que inclui operações rurais,
empréstimos imobiliários e do BNDES]. Hoje, ele representa a metade do crédito
concedido no país. Oferece juros baixos, mas quem paga por isso é o crédito
livre.
Parente Mas os
bancos estão preparados para atuar com um spread menor? Essa é uma indústria
que, mesmo em um período de recessão, tem apresentado resultados positivos. O
que sugere que isso poderia acontecer. Mas vocês também estão lidando com
inovações disruptivas. Na verdade, vocês atuam sob um duplo ataque. De um lado
a pressão do spread, do outro as mudanças tecnológicas.
Trabuco Existe
ainda o custo trabalhista e o peso da violência. São raras as semanas em que
temos menos do que 15 explosões em agências.
Parente Por semana?
Trabuco Sim. Mas
acho que o sistema bancário enxergou as possibilidades adequadas. Teve um
adensamento, mais por seleção dos mais aptos, uma seleção natural, do que por
um processo de concentração por outros objetivos. Aliás, uma das vantagens
comparativas do Brasil é a saúde do sistema bancário. Agora, temos de
compatibilizar dois conceitos muito importantes: ser uma instituição high tech,
mas também de alto contato, high touch. Mesmo porque, independentemente do
canal que vamos usar, o contato humano é fundamental. Por isso, acredito que a
área de recursos humanos é um grande desafio. Tenho uma grande preocupação com
engajamento. Temos 10 mil gerentes, com um orçamento a cumprir e um programa de
objetivos a entregar. Essa capacidade de entrega é crucial, e o engajamento é
muito importante nesse contexto. No Bradesco, temos uma cultura de valores e
princípios que privilegia a carreira. Somos um banco de carreira. Exceto nos
bancos incorporados, nós formamos as pessoas passo a passo, e elas não só
vestem, mas suam a nossa camisa. Em um momento de margens menores, essa é uma
grande vantagem.
Parente A cultura
do Bradesco é algo muito forte. Ela dá previsibilidade à atuação dos gestores.
Mas, para mim, a questão é: diante do desafio da tecnologia, ela terá de mudar
ou é compatível com este novo momento?
Trabuco A nossa
cultura foi gestada nessas sete décadas de administração contínua. Temos o
mesmo nome e usamos a mesma cor desde 1943. Grandes lideranças passaram pela
presidência do banco, como o lendário Amador Aguiar, o profissionalismo do
Lázaro Brandão, o Marcio Cypriano e, agora, eu estou na presidência. Isso nos
ajudou a ser um banco que valoriza a prata da casa. Quanto a isso não temos
dúvidas. O desafio, agora, é fazer com que a prata da casa fique atualizada. Eu
aprecio uma frase do Paulo Freire. Ele dizia que a educação não muda o mundo,
mas muda os homens - e os homens mudam o mundo. Mas a nossa cultura não é uma
coisa congelada. Eu acredito que as empresas não podem ter âncoras. Elas deixam
a companhia no mesmo lugar. Agora, uma empresa tem de ter raízes, que são
dinâmicas, alimentam a árvore. A nossa cultura é esse substrato que dá o que
você chamou de 'previsibilidade' às ações dos nossos gestores. Acho que ela é
fundamental em uma sociedade que, como definiu o filósofo polonês Zygmunt
Bauman, é líquida, fragmentada.
Parente Ela é muito
importante.
Trabuco Sim. E as
fintechs, as startups do mundo financeiro, são uma ameaça e uma oportunidade
para os bancos. Precisamos incorporar esses processos, essas ideias, trazê-las
para dentro de casa. Não dá para deixar de pensar que o mundo vive um processo
de 'uberização'. Isso por mais que a Justiça e os códigos trabalhistas tenham
dificuldade em reconhecer. O fato é que o trabalho mudou. Outro dia li um
painel sobre o mundo do trabalho. Ele trazia exemplos de três gerações. A
pessoa mais velha teve apenas um emprego na vida. A do meio teve quatro. A
terceira, o mais jovem, tem cinco empregos ao mesmo tempo. É uma fragmentação
muito grande.
Trabuco Mas, por
falar em mudanças, como você vê a relação entre a indústria de petróleo e as
múltiplas fontes de energia? Em outros momentos, acreditou-se que a Petrobras
poderia atuar em todas essas frentes. Esse foi um processo de diversificação ou
de dispersão?
Parente Ex post, ou
seja, comentando após os fatos, foi um processo de dispersão. No nosso plano
estratégico, dizemos não somente o que vamos fazer, mas principalmente o que
não vamos fazer. Para dar clareza à estratégia, às vezes é mais importante a
sua capacidade de dizer não do que a de falar sim. No planejamento, está claro
que vamos sair de áreas como biocombustíveis, petroquímica e fertilizantes. Os
biocombustíveis, por exemplo, estão em um setor agrícola. Eu vim da Bunge e sei
como isso funciona. E não há nada mais distante da Petrobras do que gestão
agrícola. Para você ter uma ideia, a empresa embarcou em um projeto de produção
de óleo de palma, no Pará. Ele parou no meio. Agora, temos uma plantação
enorme, com um custo de manutenção elevadíssimo, e não sabemos o que fazer com
aquilo.
Trabuco A ideia é
se concentrar em óleo e gás? Parente Sim. Temos uma visão muito clara: neste
momento, tudo o que não é óleo e gás é dispersão. A discussão de temas ligados
à economia de baixo carbono e às mudanças climáticas é muito importante, mas a
realidade é que o óleo e o gás ainda estarão presentes por décadas. Tem gente
que acha que o pico do petróleo, a partir do qual o consumo só iria reduzir,
vai acontecer entre 2040 e 2050. Tem gente que nem sequer consegue prever
quando isso ocorrerá. É verdade, por outro lado, que existem mudanças
relevantes em curso. E elas devem ser consideradas. Na comunidade europeia, por
exemplo, observamos uma redução pequena, mas crescente, no consumo de petróleo.
E isso ocorre mesmo quando o preço do barril diminui. A Alemanha também proibiu
a fabricação de veículos com motores a combustão a partir de 2030.
Época NEGÓCIOS
Essas são mudanças expressivas.
Parente Sim. Nós
vamos concentrar nossa ação em óleo e gás, mas sabemos que temos de desenvolver
as habilidades necessárias para conduzir a empresa, no futuro, para usos com
maior valor agregado do petróleo e para as energias alternativas. O que são
essas energias hoje? Isso será objeto de estudos e desenvolvimentos, que vamos
começar a fazer imediatamente no nosso centro de pesquisas. Qual será o negócio
da Petrobras no dia em que o petróleo deixar de ser importante? Não é possível
dar essa resposta hoje. A maior parte das grandes empresas do setor também faz
essa pergunta, mas 95% dos negócios dessas companhias continuam em óleo e gás.
Trabuco Pensando
nisso, é quase inevitável refletir sobre o futuro do Brasil. Eu tenho uma visão
otimista em relação ao nosso potencial. Como você vê o Brasil nos próximos dez
anos?
Parente Olha,
Trabuco, eu também sou um otimista, mas uma coisa me deixa muito triste: é a
imensa diferença entre o nosso potencial e o que realmente somos. A grande
verdade é que as lideranças do país, das quais fazemos parte, não construíram
um modelo de nação que pudesse explorar ao máximo esse potencial. O Brasil
ainda se perde em discussões que são pelo menos da primeira metade do século
passado.
Época NEGÓCIOS Por
exemplo?
Parente O conjunto
de regras trabalhistas que temos hoje era moda na primeira metade do século
passado. E não é pequeno o atraso que isso provoca no crescimento, na geração
de renda e riqueza. Riqueza, digo, no melhor sentido do termo. Não estou
falando em enriquecer as pessoas. Eu me refiro ao patrimônio do país. Temos um
grande potencial, Trabuco, mas olha onde estamos. Pense em coisas como a
insegurança jurídica na qual vivemos. Em relação a esse tema, existe um aspecto
pouco comentado, que diz respeito à questão tributária. A insegurança, nesse
caso, não é resultado da mudança de regras. É consequência da interpretação das
regras. Um fiscal pode concluir que uma empresa fez alguma coisa errada e
autuá-la. Mas isso é o que ele acha, e cada cabeça é uma sentença. Ainda assim,
a companhia vai ter de contratar advogados, gastar rios de dinheiro e ter de
lidar com uma perspectiva de solução daquele problema em no mínimo dez anos. O
fato é que temos uma agenda de reformas constitucionais, mas existe uma outra que
é a microeconômica, na qual há muito o que fazer. Com ela, é possível facilitar
a geração de renda e riqueza. E ela não envolve temas constitucionais. Às
vezes, nem sequer existe um entrave legal. É um impasse cultural.
Trabuco Você
levantou um tema que surge com frequência quando conversamos com empresários.
Como temos negócios com 4 milhões de empresas, discutimos vários assuntos, e o
meu sentimento é o seguinte: não se trata de pagar menos imposto. O que as
companhias querem é um regime tributário mais objetivo, simplificado. Uma
grande indústria de bebidas, que tem um portfólio enorme, me disse que tem 14
mil procedimentos fiscais diferentes. Também não é normal que um país tenha 3
milhões ou 4 milhões de processos trabalhistas. O empresariado brasileiro não
pode ser tão ruim.
Parente Ou tão
mal-intencionado.
Trabuco Exato. Mas
estamos otimistas. Teremos uma nova safra recorde de grãos, com perto de 220
milhões de toneladas. Até o fim do semestre, ela vai virar dinheiro e estamos
falando de algo como R$ 180 bilhões. Existe uma certa ansiedade, claro, mas
isso tem a ver com a nossa aposta, torcida e trabalho para fazer o Brasil
voltar a crescer. Seria ótimo se pudéssemos estar entre as seis maiores
economias do mundo. E isso tem a ver com crença, com trabalho, com esperança.
Mas será que esperança tem a ver com o verbo esperar? Com uma atitude passiva?
Não. Temos pressa. Uma questão que me assusta é o senso de urgência dos
governos.
Parente Por isso,
acho importante gerar um certo grau de insatisfação entre o que somos e o que
poderíamos ser. Mas você falou no Agronegócio. Repare que ele é uma das coisas
mais desregulamentadas que existem no Brasil. O pessoal trabalha de acordo com
o mercado internacional, com os preços fixados sem interferência do governo.
Não tem imposto de exportação. Ou seja, existem lições aí.
Época NEGÓCIOS Mas
os senhores acreditam que a confiança dos agentes econômicos voltou?
Trabuco Estamos em
contato presencial com nossos 10 mil gerentes. A cada três dias promovemos um
grande workshop com perto de 1,5 mil deles. Temos o sentimento de que o pior
ficou para trás. Este ano, o Agronegócio vai ser um dos motores do crescimento.
Outra coisa que não podemos subestimar é a força da queda da taxa de juros. E
há outro dado importante: o custo da alimentação para este ano vai ter o menor
peso no comprometimento da renda dos assalariados dos últimos três anos. Também
voltou a crescer o número de horas trabalhadas. Isso significa que a economia
está se movimentando. O processo é lento. Vai ser uma recuperação que não vai
gerar tanto emprego como seria necessário, porque o emprego só cresce com taxas
altas de investimento. Mas o direcional está definido.
Parente Concordo. E
a velocidade dessa retomada vai depender de outras coisas, muitas delas
relacionadas à área política.
Época NEGÓCIOS
Quais?
Parente Qual será o
impacto da Lava Jato na capacidade de governar do governo? Qual será a
capacidade do governo de continuar gerando as reformas e as mudanças que são
necessárias? Essas dúvidas remetem à questão política. Isso tem a ver com
confiança.
Trabuco A esperança
é algo fundamental. Se você não esperar que vai ter um bom dia, terá
dificuldade de sair de casa. Acho que já saímos desse estágio e estamos na fase
da confiança. Isso está refletido nos juros, no câmbio e nos indicadores de
inflação. Há um ano estávamos com o dólar a R$ 4,18. Hoje, buscamos algo
próximo de R$ 3. Esse é um gesto de confiança. Há ainda a robustez das
reservas. E o Brasil é um destino excepcional para investimentos. Agora, Pedro,
senso de urgência é importante. Ele tem de ser muito grande. Nós, como
presidentes de companhias, vivemos a necessidade de prestar contas. Um valor
fundamental da gestão é o senso de urgência. Acho que todo executivo é
obcecado. Eu sou obcecado com isso.
Época NEGÓCIOS O
que poderia aumentar esse senso de urgência?
Trabuco As
concessões, as parcerias, as privatizações. Temos de contaminar o Congresso com
esse senso de urgência. O tempo é o bem mais escasso de qualquer pessoa.
Principalmente do governante. O espaço você pode ganhar ou perder. É uma lei da
física. O tempo não. Você sempre perde. Isso se agrava em uma sociedade
desigual como a brasileira.
Parente Um governo
que tem dois anos de mandato, por definição, tem de ter pressa. Acho que as
questões microeconômicas poderiam andar mais rapidamente. Por exemplo, no setor
de óleo e gás, o investimento virá se o governo fizer os três leilões que estão
previstos para este ano.
Época NEGÓCIOS Os
três leilões são essenciais?
Parente Essenciais,
nessa linha que o Trabuco falou. Pode fazer dois, mas por que dois, se é
possível fazer três? Quanto mais leilões, em uma área tão boa como o pré-sal,
mais investimentos. Mas o governo pode não chegar ao ponto que quer porque é um
mediador. Tem de um lado a indústria de suprimentos, pedindo mais proteção, e
do outro nós, dizendo que quanto mais proteção, maior o custo.
Época NEGÓCIOS O
que de mais importante foi feito na Petrobras na sua administração?
Parente Anunciamos
um plano de cinco anos. Então, temos um plano para entregar. A execução é a
parte mais difícil. No plano, existem duas métricas fundamentais: a segurança e
a redução da alavancagem. Uma empresa não pode se conformar com o nível de
endividamento que tem a Petrobras. No fim de 2015, era de mais de cinco vezes a
geração operacional de caixa. Temos, até o fim de 2018, de entregar uma
alavancagem que não seja superior a 2,5 vezes a geração operacional de caixa.
Para fazer isso, temos algumas linhas de ação: reduzir custos e investimento, o
programa de parcerias e desinvestimentos.
Época NEGÓCIOS E o
que ainda falta fazer na Petrobras?
Parente Entregar o
plano. Tão simples assim. Mas, voltando ao tema anterior, o que fizemos de mais
importante foi, em primeiro lugar, tirar a empresa do noticiário policial.
Depois, reconquistar a credibilidade, embora esse seja um trabalho de todos os
dias. Prometer e entregar. Essa foi a grande mudança. Isso era algo raro na
Petrobras. Por exemplo: as metas de produção. Este foi o segundo ano, depois de
vários anos, em que a meta anunciada foi entregue. Eu dizia também que iríamos
ter uma política de preços. As pessoas reagiam com ceticismo. Pois temos uma
política de preços sem interferência do governo. Aliás, eu não me lembro de
nenhum outro presidente da Petrobras que tenha tido a autonomia que o
presidente Temer me deu. Dissemos também: vamos ter um programa de parcerias e
desinvestimento que totalizará US$ 15,1 bilhões. Fizemos US$ 13,6 bilhões,
porque houve uma liminar que nos impediu de alcançar a meta. Aí, a gente cai em
uma questão que é peculiar à Petrobras. É a ideológica. Como a companhia é
amada pelos brasileiros, aqueles que estão contra a nossa visão de trabalho vão
fazer tudo que for possível para dificultar nossa atuação.
Época NEGÓCIOS Se
daqui a dois anos o novo presidente disser: Pedro continua na Petrobras. O que
o senhor faz?
Parente Eu
continuo. Isso se mantidas as condições atuais. Estou tendo um alto custo para
liderar a Petrobras. Antes de assumir a empresa, eu ganhava muito mais e não corria
riscos. Quando falo em riscos, me refiro a ações de procuradores, do TCU. Essas
liminares contra nossas iniciativas são ações populares, e meu nome está nelas
como réu. Alguém acha isso bacana? O custo financeiro é fácil de medir. Ele é
limitado. Não é uma conta em aberto. O risco é o contrário. Vou ter de
responder a uma ação no futuro? Não sei. Ninguém sabe. Como é isso para mim?
Simples: dado que o custo é muito alto, tem de valer a pena.
Época NEGÓCIOS O
que é valer a pena?
Parente Fazer o que
tem de ser feito. E fazer o certo.
Época NEGÓCIOS E o
senhor, Trabuco, qual seria o ponto mais importante para encabeçar uma agenda
nacional?
Trabuco Para
retomar a taxa de investimento é o programa de concessões, privatizações e
parcerias. Uma coisa está clara: em qualquer país, a capacidade de investimento
em relação ao emprego está no setor privado. Mas o fato é que todos os nossos
desafios requerem um senso de direção e urgência dramático, mas necessário. É
disso que precisamos.
Época Negócios
__________________
Coleção Quasar K+:
Livro 1: Quasar K+ Planejamento Estratégico;
Livro 2: Shakespeare: Medida por medida. Ensaios sobre corrupção, administração pública e administração da justiça;
Livro 3: Nikolai Gogol: O inspetor geral. Accountability pública; Fiscalização e controle;
Livro 4: Liebe und Hass: nicht vergessen Aylan Kurdi. A visão de futuro, a missão, as políticas e as estratégias; os objetivos e as metas.
O que é a metodologia Quasar K+ de planejamento estratégico?
QUASAR K+ é uma metodologia que procura radicalizar os processos de participação cidadã através de três componentes básicos:
a.Planejamento;
b.Educação e Teatro;
c.Participação intensiva.
Para quem se destina a ferramenta?
A metodologia QUASAR K+ foi desenvolvida para se constituir em uma base referencial tanto para as pessoas, os indivíduos, como para as organizações. Portanto, sua utilização pode ensejar a modernização desde o simples comércio de esquina ao grande conglomerado corporativo. Mas, também, os projetos de crescimento e desenvolvimento individuais, a melhoria das relações familiares...
Fazendo uso da metodologia QUASAR K+ poderemos descortinar novos horizontes nos habilitando a fazer mais e melhor com menor dispêndio de recursos.
Qual a razão desta metodologia?
Nas democracias modernas as sociedades se mostram tanto mais evoluídas e sustentáveis quanto mais aprimoram a qualidade da participação na vida organizacional, política e social.
Para que a participação se revista de qualidade se faz necessário dominar um conjunto de técnicas e instrumentais capazes de impregnar o processo de maior eficácia.
É deste contexto que emerge a metodologia QUASAR K+: disponibilizar técnicas específicas ancoradas em valores e princípios da educação e do teatro, incorporando - como eixo estruturante - as ferramentas do planejamento.
Portanto, é uma metodologia que busca assegurar qualidade à consecução dos objetivos, estratégias e metas traçados.
Por conseguinte, a aplicação da tecnologia possibilitará que nossa inserção e participação nos ambientes de estudo, trabalho, entretenimento e moradia, se verifique de maneira progressivamente mais satisfatória. Ao mesmo tempo em que nos empodera:
- eleva a autoestima – na medida em que tomamos consciência da evolução de nossa capacidade produtiva, da habilidade adquirida para interagir e contribuir com a família, o grupo social, a organização, a sociedade;
- incorpora ganhos sociais para a família, a escola, a instituição em que trabalhamos e a comunidade onde moramos, considerando que os produtos e resultados de nossa intervenção direta passam a ostentar qualidade diferenciada, mais fina, apurada e consentânea com as aspirações por um mundo melhor e mais justo.
De maneira estruturada, o livro enfoca:
Livro 1: Quasar K+ Planejamento Estratégico;
Livro 2: Shakespeare: Medida por medida. Ensaios sobre corrupção, administração pública e administração da justiça;
Livro 3: Nikolai Gogol: O inspetor geral. Accountability pública; Fiscalização e controle;
Livro 4: Liebe und Hass: nicht vergessen Aylan Kurdi. A visão de futuro, a missão, as políticas e as estratégias; os objetivos e as metas.
O que é a metodologia Quasar K+ de planejamento estratégico?
QUASAR K+ é uma metodologia que procura radicalizar os processos de participação cidadã através de três componentes básicos:
a.Planejamento;
b.Educação e Teatro;
c.Participação intensiva.
Para quem se destina a ferramenta?
A metodologia QUASAR K+ foi desenvolvida para se constituir em uma base referencial tanto para as pessoas, os indivíduos, como para as organizações. Portanto, sua utilização pode ensejar a modernização desde o simples comércio de esquina ao grande conglomerado corporativo. Mas, também, os projetos de crescimento e desenvolvimento individuais, a melhoria das relações familiares...
Fazendo uso da metodologia QUASAR K+ poderemos descortinar novos horizontes nos habilitando a fazer mais e melhor com menor dispêndio de recursos.
Qual a razão desta metodologia?
Nas democracias modernas as sociedades se mostram tanto mais evoluídas e sustentáveis quanto mais aprimoram a qualidade da participação na vida organizacional, política e social.
Para que a participação se revista de qualidade se faz necessário dominar um conjunto de técnicas e instrumentais capazes de impregnar o processo de maior eficácia.
É deste contexto que emerge a metodologia QUASAR K+: disponibilizar técnicas específicas ancoradas em valores e princípios da educação e do teatro, incorporando - como eixo estruturante - as ferramentas do planejamento.
Portanto, é uma metodologia que busca assegurar qualidade à consecução dos objetivos, estratégias e metas traçados.
Por conseguinte, a aplicação da tecnologia possibilitará que nossa inserção e participação nos ambientes de estudo, trabalho, entretenimento e moradia, se verifique de maneira progressivamente mais satisfatória. Ao mesmo tempo em que nos empodera:
- eleva a autoestima – na medida em que tomamos consciência da evolução de nossa capacidade produtiva, da habilidade adquirida para interagir e contribuir com a família, o grupo social, a organização, a sociedade;
- incorpora ganhos sociais para a família, a escola, a instituição em que trabalhamos e a comunidade onde moramos, considerando que os produtos e resultados de nossa intervenção direta passam a ostentar qualidade diferenciada, mais fina, apurada e consentânea com as aspirações por um mundo melhor e mais justo.
De maneira estruturada, o livro enfoca:
- Planejamento e Administração
- O setor público
- Empreendedorismo & iniciativa privada
- Participação intensiva & terceiro setor
- Cidadania
- Qualidade Total
- Educação & Teatro
- O setor público
- Empreendedorismo & iniciativa privada
- Participação intensiva & terceiro setor
- Cidadania
- Qualidade Total
- Educação & Teatro
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