BNDES apresentará dados de 2001 a 2016
Alvo de
investigações da Polícia Federal e de auditorias do Tribunal de Contas da
União, o BNDES deve lançar esta semana seu 'livro verde', uma compilação de
dados sobre as principais operações realizadas pelo banco entre 2001 e 2016.
Segundo Paulo Rabello de Castro, o documento trará não apenas detalhes sobre as
transações, mas também um contexto do papel do banco, incluindo a criação dos
chamados 'campeões nacionais', como a JBS.
A política dos
campeões nacionais se refere à estratégia do BNDES de criar multinacionais para
competir globalmente. Foi um traço marcante na gestão de Luciano Coutinho, que
comandou o banco entre 2007 e 2016.
- Escolhemos esse
recorte de 2001 para cá por se tratar do novo século. O livro verde vai contar
esses 15 anos de história, que só enaltecem a qualidade técnica da instituição.
É mais um passo em direção à transparência - disse Paulo Rabello.
POLÊMICA DOS JUROS
A expressão livro
verde faz referência a documentos que buscam dar informações e contexto à
atividade de uma instituição. O do BNDES foi uma promessa feita por Paulo
Rabello, quando assumiu a presidência do banco, em 1º de junho. Recentemente, o
TCU decidiu iniciar uma auditoria das operações do banco, sem especificar o
período ou o escopo, para dimensionar o impacto dos empréstimos na economia.
Em Brasília, o
ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou ontem que dentro do governo
não há qualquer discussão para mudar o projeto que cria a Taxa de Longo Prazo
(TLP), que passará a ser usada em empréstimos do BNDES a partir de 2018, com
objetivo de reduzir o crédito subsidiado às empresas.
Oliveira defendeu
ainda que o BNDES é um 'transatlântico' que não muda suas políticas
operacionais 'da noite para o dia' e que o atual
presidente
continuará o trabalho deixado por sua antecessora, Maria Silvia Bastos Marques.
- Dentro do governo
não há discussão a respeito disso, a respeito de mudança (na TLP). Dentro do
governo, estamos todos plenamente de acordo e estamos trabalhando juntos para
fazer a proposta passar (no Congresso Nacional) - disse Oliveira em entrevista
à Reuters.
Hoje, a referência
na maior parte dos empréstimos do BNDES é a Taxa de Juros de Longo Prazo
(TJLP), que está em 7%. Como a Selic, taxa básica de juros, está em 10,25%, boa
parte do crédito concedido pelo banco é subsidiado. A mudança na taxa, que
depende de aprovação de medida provisória, foi anunciada no fim de março.
Essa mudança não é
bem vista por uma parcela do empresariado, o que elevou a pressão sobre Maria
Silvia e culminou com sua demissão em 26 de maio. Semana passada, dois
diretores do BNDES que haviam sido convidados por ela deixaram o banco, após
declarações de Paulo Rabello à imprensa de que poderia rever a fórmula da TLP.
Por DANIELLE
NOGUEIRA, em O Globo
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