segunda-feira, 17 de julho de 2017

Corvos também são capazes de planejar futuro, aponta estudo


Os seres humanos e os grandes símios não são os únicos capazes de fazer planos, tal como se pensava até agora, pois um novo estudo descobriu que os corvos também estão dispostos a renunciar a uma recompensa imediata para obter algo melhor no futuro.
A tarefa cognitiva complexa de planejar o futuro tinha sido encontrada quase que exclusivamente em seres humanos e outros símios, mas alguns corvídeos, família de aves da qual o corvo faz parte, também demonstraram a habilidade de fazer planos além do presente, embora esta descoberta se restrinja ao provimento de alimentos.
Já que os corvídeos e os grandes símios não compartilham um ancestral comum desde pelo menos 300 milhões de anos, os resultados do estudo sugerem que as capacidades cognitivas de "planejamento" que ambos compartilham se deram nas aves em um caminho evolutivo diferente.
O autor do estudo, Can Kabaday, da Universidade sueca de Helgonavagen, traçou como objetivo conhecer melhor a capacidade dos corvos de planejar o futuro e realizou uma série de experiências.
Assim, os corvos foram treinados para utilizar uma ferramenta que servia para abrir uma caixa na qual havia uma recompensa. Em seguida, as aves recebiam o dispositivo, mas sem o utensílio para acessá-lo.
Finalmente, a caixa era retirada e uma hora mais tarde a ferramenta era mostrada aos pássaros novamente junto a outros objetos de distração.
Os resultados do estudo indicam que praticamente todos os corvos escolheram a ferramenta correta e após 15 minutos, quando recebiam a caixa de volta, usaram a ferramenta para abri-la. Nessa experiência, a taxa de sucesso foi de 86%.
Além disso, houve 78% de acerto nas experiências em que os corvos tinham que usar uma ficha para trocar por uma recompensa.
Em outro teste, as aves tinham que escolher entre a ferramenta para abrir a caixa, outros objetos de distração e uma recompensa imediata - só podiam escolher uma - que era menos atrativa para os corvos do que a que podia haver na caixa.
Em um cenário de controle em que não eram oferecidas aos pássaros a ferramenta ou a ficha correta, todos eles optaram pela recompensa imediata.
No entanto, quando a ferramenta ou ficha necessária para conseguir uma recompensa melhor estavam entre as opções, os corvos as escolheram em 73% dos testes.
A recompensa imediata foi menos atrativa que a da caixa, o que demonstra "um nível de autocontrole nos pássaros similares à observada nos símios", indica o relatório.
Além disso, as aves planejavam fazer trocas de uma forma mais precisa que os símios e compreenderam bem as tarefas que requeriam o uso de uma ferramenta, apesar de sua falta de predisposição para o manejo destas.
EFE