Quanto tempo demora
para mudar 200 anos de promiscuidade partidária nas Empresas Estatais? Mais de
nove meses. Pelo menos é o que está ficando claro pouco mais de 270 dias depois
de sancionada a Lei 13.303, popularmente conhecida como a lei das estatais. A
lei foi anunciada como um marco no país, capaz de acabar com as interferências
políticas nas Empresas Estatais. Ela estabelece regras mais rígidas para
compras, Licitações e para a nomeação de diretores, presidentes e membros do
conselho de administração de empresas públicas. A nova legislação trouxe
avanços, mas está longe de resolver o problema da interferência política nas
159 estatais federais.
'O que nós vimos
nos últimos 20 anos foi uma cultura de patrimonialismo. A cultura da indicação
não vai deixar de existir de uma hora para a outra, ela continua e isso só vai
diminuir se continuarmos brigando por isso', diz o consultor Vicente Falconi,
colunista de EXAME e conselheiro da estatal de energia Eletrobras.
A companhia de
energia, com faturamento de 60 bilhões de reais, é um exemplo de como as
estatais são entes complexos demais para serem mudados numa canetada. Segundo
executivos e conselheiros da companhia ouvidos por EXAME Hoje, as indicações
políticas continuam acontecendo - tanto na Eletrobras quanto em outras
companhias estatais. A diferença é que agora os políticos estão preocupados em
indicar pessoas que possuem carreira na área e se enquadram na lei.
Na Eletrobras, o
desafio acaba sendo mais complexo devido ao seu tamanho: são 17 empresas sob
seu controle e ainda 178 Sociedades de Propósitos Específicos (SPEs), empresas
criadas para um projeto específico. Na maioria delas, a Eletrobras possui
participação minoritária, e por isso a lei não se aplica. Uma de suas
controladas, a hidrelétrica Itaipu, também não se enquadra na nova legislação e
tem regras próprias para as nomeações.
Segundo executivos
da companhia, as SPEs continuam recebendo inúmeras sugestões de nomes dentro
dos estados, na maioria das vezes de pessoas sem nenhuma qualficação para os
cargos. As indicações continuam sendo analisadas caso a caso.
Mesmo assim, a
ordem dentro da companhia é seguir a lei das estatais em todos os casos. 'O
problema da lei é que ela não se aplica a participações minoritárias. Mas as
empresas podem fazer uma política de governança própria a partir dela e
incorporar a lei para todas as empresas em que possuem, participação. Foi isso
que nós fizemos', diz Elena Landau, conselheira da Eletrobras.
Desde que o
engenheiro Wilson Ferreira assumiu o comando da estatal, em junho do ano
passado, foram realizadas 52 alterações em conselhos de administração e 58 em
diretorias nas 17 empresas controladas pelo grupo - o que representa quase 70%
das vagas passíveis de alteração pela Eletrobras. A nova legislação determina
que os nomeados para diretorias e membros dos conselhos tenham experiência
mínima profissional de dez anos na área de atuação da empresa e veda a
possibilidade de qualquer um que tenha participado em direção partidária ou
campanha eleitoral nos últimos 36 meses. Na maioria dos casos, a Eletrobras tem
nomeado executivos de carreira da companhia. Mas, segundo EXAME Hoje apurou,
alguns apadrinhamentos continuam acontecendo. 'Isso é de praxe no setor
elétrico. Para ganhar visibilidade e avançar mais rápido na carreira, os
funcionários se conectam com políticos. Não que isso seja uma coisa sempre
ruim. Muitos nomes são realmente qualificados e são pessoas honestas', diz um
executivo do setor.
As maiores
suspeitas recaem sobre uma das empresas que ficou de fora da lei: a Itaipu. No
fim de fevereiro o conselho de administração da Eletrobras analisou as
indicações do presidente Michel Temer para a diretoria a Itaipu a pedido do
próprio governo. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que o governo
aplicaria a legislação das estatais nas nomeações e o conselho da Eletrobras
recomendou apenas quatro dos seis candidatos escolhidos pelo governo. Ficaram
de fora os nomes do ex-secretário-geral do PPS no Paraná, Rubens Penteado, para
diretoria técnico executiva e o advogado Marcos Vitório Stamm para a diretoria
financeira. Os nomes foram reprovados, segundo a Eletrobras, pela falta de
comprovação de qualificação técnica.
Em um primeiro
momento, o governo Temer ignorou as recomendações e seguiu com todas as nomeações.
Mas após críticas, o presidente voltou atrás em dois nomes que descumpriam a
lei das estatais por terem integrado partidos políticos em 2016: Rubens
Penteado, que não foi recomendado pela Eletrobras, e Ramiro Wahrhaftig, que fez
parte do diretório do PSD paranaense até maio do ano passado.
O nome de Marcos
Vitório Stamm, que não havia sido recomendado pela Eletrobras, permaneceu.
Stamm já trabalhou no gabinete do deputado Sérgio Souza (PMDB) e em 2012 foi
acusado de ser funcionário fantasma. Ao invés de dar expediente no Congresso,
ele era presidente da Associação Brasileira dos Advogados Públicos (Abrap). Em
nota, Stamm afirmou na época que exercia a presidência da Abrap por não haver
qualquer impedimento legal e afirmou que cumpria suas atividades em Brasília e
no Paraná.
As polêmicas de
Itaipu foram decisivas para a troca da presidência do conselho da Eletrobras.
Em 27 de março ,no mesmo dia em que a Eletrobras anunciou seu primeiro lucro
anual desde 2011, José Luiz Alquéres, um dos executivos mais respeitados do
setor, deixou o cargo. Executivos próximos à Eletrobras afirmam que a confusão
com os cargos de Itaipu foi decisiva para a saída. Alquéres nega. 'Fui para a
Eletrobras com o objetivo de socorrer uma companhia em que trabalhei por 22
anos. A empresa teve suas ações nos Estados Unidos suspensas e estava para
quebrar, se não publicasse os balanços de 2014 e 2015. Nós publicamos o
balanço, tivemos um lucro anual, as ações voltaram a ser negociadas. Estou
completando 73 anos, o papel de resgatar a companhia foi cumprido, era hora de
sair', diz Alquéres.
Para Elena Landau,
que deve ser indicada pelo governo à presidência do conselho no lugar de
Alquéres, o maior desafio da Eletrobras é cuidar da governança dentro das
empresas do grupo. 'O problema da lei é que ela não tem a capacidade de avaliar
os funcionários. Isso nós temos trabalhado na Eletrobras. Não dá para entrar lá
e demitir todo mundo porque se acredita que são nomeações políticas, é preciso
mostrar a visão, a governança da nova gestão', diz. 'Indicação política, se
preencher a questão técnica, não é problema. Muita gente boa vem indicação
política. O problema é se a pessoa vai tentar usar o cargo politicamente. A lei
é apenas um filtro, mas a partir dela é preciso pensar: que procedimentos de
governança eu preciso adotar para controlar isso?'.
As outras estatais
Fora da Eletrobras,
as nomeações políticas de pessoas aparentemente técnicas continuam acontecendo.
'A lei tem regras bem precisas, como a exigência de uma experiência profissional
de 10 anos, mas não resolve o mecanismo clássico de indicações políticas. As
indicações continuarão acontecendo, cabe ao conselho decidir se aceita ou não',
diz Carlos Ari Sundfeld, professor da escola de direito da Fundação Getúlio
Vargas.
Entre algumas
nomeações recentes estão os nomes de seis vice-presidentes da Caixa Econômica
Federal. Nomeados pelo presidente Michel Temer em dezembro, os cargos estariam
atendendo aos partidos PMDB, PSDB, DEM, PR, PRB, PP e PSB. Um dos nomeados é
considerado, inclusive, braço direito do presidente Temer. Roberto Derziê, que
assumiu a vice-presidência de governo da Caixa, já foi vice-presidente de
operações corporativas da empresa, mas deixou o cargo em junho de 2015 para
trabalhar como secretário executivo de Temer. O governo nega que o tenha
indicado para a Caixa.
Em janeiro deste
ano Derziê foi citado em relatório da operação Cui Bono?, da Polícia Federal,
como participante do esquema de concessão de financiamentos da Caixa - que
funcionava mediante pagamento de propinas, em 2012.
Segundo informações
do jornal O Estado de São Paulo, Paulo Henrique Angelo Souza, nomeado para a
superintendência regional da Caixa na baixada santista chegou a ser vetado pelo
Ministério da Fazenda, que queria um nome mais técnico. O objetivo era blindar
a área do banco que é responsável pelo cumprimento dos acordos internacionais
de exigência de capital. A indicação, no entanto, foi bancada pelo deputado
Pauderney Avelino (DEM-AM).
No Banco do Brasil,
José Eduardo Pereira Filho teria sido indicado pelo deputado Heráclito Fortes
(PSB). Pereira Filho foi secretário chefe de gabinete de Heráclito na
Prefeitura de Teresina, entre 1889 e 1992. Estatal a estatal, os exemplos se
acumulam.
Modelo Ambev?
Nos Correios, o
próprio presidente, Guilherme Campos, não se enquadra na lei das estatais.
Campos assumiu a instituição 20 dias antes de o governo sancionar a nova
legislação. Até junho do ano passado, antes de assumir Campos exercia a
presidência do PSD. Em janeiro, uma liminar da Justiça Federal em Brasília
afastou seis vice-presidentes dos Correios indicados em agosto, por suposto
descumprimento da nova legislação. 'A empresa pública está sendo gerida por
diretores que não comprovaram a qualificação técnica exigida em lei', escreveu
o juiz Márcio de França Moreira na decisão. Os Correios recorreram e o
afastamento foi revertido em menos de 48 horas. A ação civil que provocou os
afastamentos segue aguardando julgamento. Após o afastamento, os Correios
afirmaram que uma comissão foi criada para verificar os currículos dos
executivos e saber se é preciso fazer alguma substituição.
Alguns críticos
alertam para a dificuldade de se investigar até mesmo se a lei das estatais
está sendo cumprida. 'A lei ainda não deixou claro quem vai fiscalizar as nomeações,
isso já deveria estar definido com muita clareza. É o TCU? A CVM? O
Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais? A Secretaria de
Coordenação e Governança das Empresas Estatais?', diz Sérgio Lazzarini Ph.D. em
administração pela Washington University e professor da Insper. No caso dos
Correios, os nomes foram afastados devido a uma ação civil movida pela
Associação dos Profissionais dos Correios.
O ministro do
Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, reconhece a dificuldade. Ele diz
que o órgão vai fiscalizar as nomeações, mas afirmou que ainda não foi feito um
levantamento para saber como ocorreram as contratações e indicações após a
aprovação da lei das estatais. 'Mesmo com a lei, a interferência política
sempre vai acontecer porque as decisões na administração pública como um todo
podem ser, ao mesmo tempo, técnicas e políticas. O que precisamos fazer é criar
uma governança mais rígida, avaliando os diretores dessas empresas', diz
Nardes.
Segundo ele, a
falta de governança nas Empresas Estatais e a corrupção fizeram o país perder
466 bilhões de reais no Produto Interno Bruto nos anos de 2015 e 2016. 'Estamos
discutindo uma lei que será complementar a essa das estatais, para fiscalizar e
regulamentar a governança das estatais', diz Nardes.
Neste contexto, a
lei das estatais não teria por si só evitado a corrupção em empresas como a
Petrobras. 'A lei das estatais é pouco eficaz. Se ela existisse há alguns anos,
mesmo nomes como Nestor Cerveró e Renato Duque poderiam ser indicados para a
Petrobras', diz Sérgio Praça, cientista político da FGV e colunista de EXAME
Hoje. Cerveró, que chegou à diretoria da Área Internacional da Petrobras, era
funcionário de carreira da Petrobras desde 1975. O ex-diretor de Abastecimento
Paulo Roberto Costa entrou na estatal em 1977, após se formar em engenharia
mecânica na Universidade Federal do Paraná. Ao todo, as empresas federais têm
mais de 1.800 cargos de chefia que podem ser ocupados sem a necessidade de
realização de concursos - ou seja, que podem chegar lá com base em indicações.
Na Eletrobras,
executivos reconhecem que ainda há muito a ser feito. O objetivo deste ano é
enxugar a empresa - com a venda das problemáticas distribuidoras, parte das
SPEs e um programa de demissão voluntária. A partir disso, garante Falconi,
será possível implementar processos meritocráticos, avaliações e estipular
metas aos executivos. 'O objetivo é montar uma fábrica de líderes nos moldes da
Ambev. No final, os melhores serão indicados para as diretorias', afirma. Ele
explica que o processo deve ser iniciado já no começo de 2018 em um processo
que deve levar cerca de sete anos. 'Essas coisas não se constrói de um dia para
o outro. Há muito trabalho a ser feito', afirma. Se a empresa conseguir cortar
as indicações políticas pela raiz já seria um bom começo.
Por Letícia Toledo, no Portal Exame
___________________
Coleção Quasar K+:
Livro 1: Quasar K+ Planejamento Estratégico;
Livro 2: Shakespeare: Medida por medida. Ensaios sobre corrupção, administração pública e administração da justiça;
Livro 3: Nikolai Gogol: O inspetor geral. Accountability pública; Fiscalização e controle;
Livro 4: Liebe und Hass: nicht vergessen Aylan Kurdi. A visão de futuro, a missão, as políticas e as estratégias; os objetivos e as metas.
O que é a metodologia Quasar K+ de planejamento estratégico?
QUASAR K+ é uma metodologia que procura radicalizar os processos de participação cidadã através de três componentes básicos:
a.Planejamento;
b.Educação e Teatro;
c.Participação intensiva.
Para quem se destina a ferramenta?
A metodologia QUASAR K+ foi desenvolvida para se constituir em uma base referencial tanto para as pessoas, os indivíduos, como para as organizações. Portanto, sua utilização pode ensejar a modernização desde o simples comércio de esquina ao grande conglomerado corporativo. Mas, também, os projetos de crescimento e desenvolvimento individuais, a melhoria das relações familiares...
Fazendo uso da metodologia QUASAR K+ poderemos descortinar novos horizontes nos habilitando a fazer mais e melhor com menor dispêndio de recursos.
Qual a razão desta metodologia?
Nas democracias modernas as sociedades se mostram tanto mais evoluídas e sustentáveis quanto mais aprimoram a qualidade da participação na vida organizacional, política e social.
Para que a participação se revista de qualidade se faz necessário dominar um conjunto de técnicas e instrumentais capazes de impregnar o processo de maior eficácia.
É deste contexto que emerge a metodologia QUASAR K+: disponibilizar técnicas específicas ancoradas em valores e princípios da educação e do teatro, incorporando - como eixo estruturante - as ferramentas do planejamento.
Portanto, é uma metodologia que busca assegurar qualidade à consecução dos objetivos, estratégias e metas traçados.
Por conseguinte, a aplicação da tecnologia possibilitará que nossa inserção e participação nos ambientes de estudo, trabalho, entretenimento e moradia, se verifique de maneira progressivamente mais satisfatória. Ao mesmo tempo em que nos empodera:
- eleva a autoestima – na medida em que tomamos consciência da evolução de nossa capacidade produtiva, da habilidade adquirida para interagir e contribuir com a família, o grupo social, a organização, a sociedade;
- incorpora ganhos sociais para a família, a escola, a instituição em que trabalhamos e a comunidade onde moramos, considerando que os produtos e resultados de nossa intervenção direta passam a ostentar qualidade diferenciada, mais fina, apurada e consentânea com as aspirações por um mundo melhor e mais justo.
De maneira estruturada, o livro enfoca:
Livro 1: Quasar K+ Planejamento Estratégico;
Livro 2: Shakespeare: Medida por medida. Ensaios sobre corrupção, administração pública e administração da justiça;
Livro 3: Nikolai Gogol: O inspetor geral. Accountability pública; Fiscalização e controle;
Livro 4: Liebe und Hass: nicht vergessen Aylan Kurdi. A visão de futuro, a missão, as políticas e as estratégias; os objetivos e as metas.
O que é a metodologia Quasar K+ de planejamento estratégico?
QUASAR K+ é uma metodologia que procura radicalizar os processos de participação cidadã através de três componentes básicos:
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Para quem se destina a ferramenta?
A metodologia QUASAR K+ foi desenvolvida para se constituir em uma base referencial tanto para as pessoas, os indivíduos, como para as organizações. Portanto, sua utilização pode ensejar a modernização desde o simples comércio de esquina ao grande conglomerado corporativo. Mas, também, os projetos de crescimento e desenvolvimento individuais, a melhoria das relações familiares...
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Qual a razão desta metodologia?
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Para que a participação se revista de qualidade se faz necessário dominar um conjunto de técnicas e instrumentais capazes de impregnar o processo de maior eficácia.
É deste contexto que emerge a metodologia QUASAR K+: disponibilizar técnicas específicas ancoradas em valores e princípios da educação e do teatro, incorporando - como eixo estruturante - as ferramentas do planejamento.
Portanto, é uma metodologia que busca assegurar qualidade à consecução dos objetivos, estratégias e metas traçados.
Por conseguinte, a aplicação da tecnologia possibilitará que nossa inserção e participação nos ambientes de estudo, trabalho, entretenimento e moradia, se verifique de maneira progressivamente mais satisfatória. Ao mesmo tempo em que nos empodera:
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- incorpora ganhos sociais para a família, a escola, a instituição em que trabalhamos e a comunidade onde moramos, considerando que os produtos e resultados de nossa intervenção direta passam a ostentar qualidade diferenciada, mais fina, apurada e consentânea com as aspirações por um mundo melhor e mais justo.
De maneira estruturada, o livro enfoca:
- Planejamento e Administração
- O setor público
- Empreendedorismo & iniciativa privada
- Participação intensiva & terceiro setor
- Cidadania
- Qualidade Total
- Educação & Teatro
- O setor público
- Empreendedorismo & iniciativa privada
- Participação intensiva & terceiro setor
- Cidadania
- Qualidade Total
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