domingo, 28 de maio de 2017

"Gabriel e a Montanha" vence dois prêmios da Semana da Crítica de Cannes




O filme "Gabriel e a Montanha", do brasileiro Fellipe Barbosa, conquistou nesta quinta-feira dois dos prêmios da Semana da Crítica do Festival de Cannes.
A produção brasileira foi reconhecida com o Prêmio Revelação France 4, por sua "criatividade", e com o da Fundação Gan, de ajuda à distribuição.
"É uma honra enorme", disse Barbosa, que dedicou os prêmios especialmente à sua equipe, que lhe seguiu "nessa viagem louca" na qual retrata a fatídica última parte do ano sabático de seu amigo de infância, Gabriel Buchmann.
O filme se foca na passagem de Gabriel por Quênia, Tanzânia, Zâmbia e Malauí, país onde desapareceu em agosto de 2009 após ter decidido subir sozinho o monte Mulanje, e inclui algumas das pessoas que cruzaram com ele na vida real.
Para o diretor, o fato de ter conseguido chegar a Cannes já era um reconhecimento: "Eu já estava tão feliz de estar aqui, acreditava que não podia melhorar", admitiu Barbosa à Agência Efe.
Embora não tenha vencido os principais prêmios, Barbosa comentou que ter levado outros dois "pode ser inclusive melhor, porque significa que dois júris diferentes gostaram do filme. É uma validação extra, e o da distribuição acredito que vai nos ajudar muito".
"Gabriel e a Montanha " é seu segundo filme, depois de "Casa Grande" (2014), ganhador do prêmio do público no Festival do Rio em 2014.
"O próximo passo, agora mesmo, são férias, porque estou trabalhando há muito tempo neste filme, grande parte do tempo sem receber nada de dinheiro, só por amor. Agora quero descansar durante uma semana", comentou.
Esta premiação paralela de Cannes, criada em 1962 pelo Sindicato Francês da Crítica de Cinema, ficou consagrada como celeiro de jovens talentos, dos quais projeta seus primeiros ou segundos filmes.
Entre os sete longas-metragens que participaram nesta edição, com um júri presidido pelo brasileiro Kleber Mendonça Filho, estavam também "La familia", coprodução de Venezuela, Chile e Noruega dirigida pelo venezuelano Gustavo Rondón, e "Los Perros", coprodução franco-chilena de Marcela Said.
EFE



 Conforme o momento histórico, Shakespeare foi construindo nuvens com peças dotadas de diferentes características, propriedades específicas para cada fase de sua produção literária. “Medida por Medida” e “Bem está o que bem acaba” integram o que se convencionou denominar “comédias sombrias”, peças onde tensão e situações cômicas as categorizam em desacordo com outras comédias do dramaturgo como “A comédia dos erros”, “As alegres comadres de Windsor” e “Sonho de uma noite de verão”. E a explicação é singela: foram elaboradas no mesmo período em que o autor escreveu Hamlet e Otelo, grandes obras da literatura universal que elevam a tragédia ao ápice do gênero teatral. 

Na peça “Medida por Medida”, com inusitada habilidade, Shakespeare discute administração pública, direito e corrupção de maneira magistral. 

O universo da administração pública adotado na peça é largo e profundo. Entrelaçados às cenas emergem assuntos como

- o autoritarismo oriundo do poder divino do rei, as prerrogativas do monarca e a antecipação do liberalismo;
- a descentralização administrativa;
- o abuso do poder na administração pública;
- os limites da delegação de competência;
- accountability, fiscalização e controle;

Quanto ao direito, lança um forte debate sobre quesitos por demais importantes para a humanidade: 

- a aplicabilidade das leis mesmo quando se apresentam fora de uso por um longo tempo, gerando disfunções de toda ordem;
- a execução da pena quando esta resulta de uma lei extremamente dura;
- a discricionariedade do juiz na aplicação da lei, a subjetividade do magistrado e a fragilidade dos paradigmas que orientam o sistema de decisões no judiciário;
- a distribuição da justiça.

Especial enfoque o Bardo dá ao tema da corrupção, mostrando:

- a moral e a ética corroídas pelos interesses pessoais e pelo tráfico de influência;
- a força do poder para alterar o caráter dos administradores.

Neste aspecto Shakespeare nos faz refletir sobre a utilização do Estado enquanto instrumento de satisfação dos interesses pessoais.

E todo este universo é entrecortado por discussões sobre o amor e o ódio, a moral e o imoral, o sexo e a abstinência, a clausura e a liberdade, a prisão e a salvação, a vida e a morte.

O presente livro, além de disponibilizar a versão original de “Medida por medida” de Shakespeare, apresenta um conjunto de ensaios contextualizando a peça teatral às questões que incendeiam os panoramas contemporâneos brasileiro e latino-americano como corrupção, estado e administração pública; controle e accountability; direito e administração da justiça. 

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