Representantes do
grupo J&F, dono da JBS, tem se reunido com procuradores da força-tarefa
Greenfield para negociar uma repactuação do acordo de leniência. Em maio de
2017, o grupo assinou com o Ministério Público Federal (MPF) um acordo que
previa o pagamento de R$ 10,3 bilhões por conta de possíveis crimes praticados
por suas empresas.
Considerado o maior
acordo da história, a leniência da J&F foi posta em xeque após os acordos
de colaboração premiada de seus principais acionistas, Joesley e Wesley
Batista, serem rescindidos pela Procuradoria-geral da República.
Em outubro no ano
passado, o MPF abriu um procedimento administrativo para investigar se a
J&F descumpriu as cláusulas do acordo firmado em junho de 2017. O motivo do
possível descumprimento seria a sonegação de informações sobre uso de
informações privilegiadas para obter lucros indevidos (insider trading) à época
da divulgação do acordo de delação premiada dos irmãos Batista. A repactuação
terá como base as cláusulas e o valor já acordado. Uma fonte com acesso às
tratativas disse ao jornal O Estado de S. Paulo que, por conta das omissões da
empresa no primeiro acordo, o valor será aumentado e podem ser incluídas
cláusulas mais duras para a empresa. O jornal mostrou em janeiro que a nova
negociação deve incluir o crime de insider trading que teria sido praticado
pelos irmãos Joesley e Wesley Batista. Segundo a investigação da Polícia
Federal, às vésperas do vazamento da delação, Joesley determinou a venda de 42
milhões de ações da JBS a R$ 372 milhões. Ao mesmo tempo, a própria JBS,
presidida por Wesley, passou a recomprar esses papéis, diluindo as perdas com a
desvalorização das ações no momento em que a delação fosse divulgada.
Além disso, um dia
antes da delação dos executivos da JBS vazarem, a empresa foi a segunda maior
compradora de dólar no Brasil, segundo a PF. Segundo o MPF, somente as operações
em dólar somaram R$ 3 bilhões, rendendo lucro de US$ 100 milhões aos
empresários.
As primeiras reuniões
para repactuação contaram com a presença de representantes dos Fundos de Pensão
dos funcionários da Petrobrás (Petros) e da Caixa (Funcef) e dirigentes do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Representantes da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), do Tribunal de Contas da União (TCU), da
Advocacia-Geral da União (AGU) e da Controladoria-Geral da União (CGU) também
acompanham as negociações. Questionado, o grupo J&F informou que não se
manifestará. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Época Negócios