Doido para
concorrer a presidente no ano que vem, Henrique Meirelles comenta por aí que o
líder do seu partido, o PSD, Gilberto Kassab, "tem expressado apoio à
hipótese de uma candidatura minha”. Criador em 2011 de uma sigla que não é
"nem de direita, nem de esquerda, nem de centro” - com 17 milhões de reais
em grana suja da Odebrecht, segundo a Pro- curadoria-Geral da República -,
Kassab é matreiro e faz aliados soprarem que apoiar o tucano Geraldo Alckmin é
outra opção do PSD para 2018. Não se sabe ao lado de quem Kassab estará na
próxima eleição - na anterior, foi um dos únicos a "roubar” verba de
campanha, segundo um criminoso delator da JBS, Ricardo Saud. Sabe-se, porém,
que hoje controla um feudo, os CORREIOS, palco de uma denúncia de propina e de
demissões mal contadas, em uma aparente briga intestina no PSD.
Os CORREIOS
subordinam-se ao ministério de Kassab, o da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, e desde o início do governo Temer tem vários indicados do
ministro em postos-chave, a começar por seu presidente, o ex-deputado Guilherme
Campos, um amigo de três décadas do criador do PSD. A Fraude denunciada atinge
um contrato milionário planejado por Campos e pelo agora ex-diretor de Finanças
da estatal Francisco Arsênio de Mello Esquef, desligado em outubro, por causa
das suspeitas, ao que parece. Foi enviada em agosto ao presidente do Tribunal
de Contas da União, Raimundo Carreiro, e levou à abertura em setembro de uma
investigação do TCU que corre sob sigilo, a 026.092/2017- A, aos cuidados da
Ministra Ana Arraes.
CartaCapital obteve
a denúncia. A tramóia ocorrería no coração dos negócios dos CORREIOS, os
serviços postais. O acordo suspeito prevê, entre outras coisas, a substituição
da entrega de correspondências em papel despachadas por grandes clientes da
estatal pelo envio digital. No lugar de caminhões, aviões e carteiros com
encomendas pelo País, e-mails, por exemplo. Um serviço postal eletrônico. Para
levar o plano adiante, os CORREIOS fariam uma sociedade com uma empresa de
tecnologia. Seria a Nexxera, de Santa Catarina, estado de um governador fiel a
Kassab, Raimundo Colombo, do PSD. Uma escolha sem licitação. A lei admite
seleção sem concorrência caso o contratado tenha especialização reconhecida na
área e preste serviços na atividade finalística do contratante. Essa última
permissão é recente, da era Temer, e recebe senões do TCU.
Tudo uma grande
bandalheira, no caso CORREIOS-Nexxera, diz a denúncia ao tribunal. "A
parceria não foi demandada pela área operacional, o que é de praxe, nem pela
área de TI (...) Nasceu do nada na área financeira”, nem sequer havia Fraude
denunciada ao TCU envolve um contrato milionário planejado por Campos e pelo
exdiretor de Finanças dos CORREIOS, Esquef, desligado em outubro por causa de
suspeitas “parecer jurídico”. A grana envolvida é alta, 850 milhões de reais.
Seria o valor pago pelos CORREIOS à Nexxera por um trato de 12 meses. É quase
5% do faturamento da estatal em 2016, para gastar num único contrato. E umas oito
vezes a receita anual da firma catarinense em 2015 e 2016.0 negócio seria
movido a suborno. A Nexxera teria oferecido “propina” a Campos e Esquef, “bem
como a participação futura recorrente de Sj 3 15%” das cotas da sociedade. A
reportagem, a empresa disse “desconhecer” investigação do TCU.
A dupla
supostamente subornada é unida. E faz tempo. O homem que cuidou do cofre dos
CORREIOS de agosto de H 2016 até o fim de outubro era apontado por Campos nos
corredores como de sua confiança. Em 2004, Campos elegeu-se vice-Prefeito de
Campinas (SP), seu reduto eleitoral, e fez de Esquef secretário municipal de
Finanças em 2005. Esquef exerceu a mesma função em Campos dos Goytacazes (RJ),
sua terra natal, de 2009 a 2011, na gestão Rosinha Garotinho. Caiu por causar
um rombo nas contas, razão de seu indiciamento em maio de 2015, pelo promotor
Marcelo Lessa Bastos, como responsável a merecer castigo. Enquanto cuidou do
caixa campista, facilitou uns pagamentos à Odebrecht, a pedido do marido da
prefeita, Anthony Garotinho, conforme delação de um dos executivos criminosos
da empreiteira, Leandro Azevedo. Com tal CV, não surpreende a denúncia ao TCU
dizer que sob Esquef o financeiro dos CORREIOS virou “uma verdadeira zona de
negócios ilícitos”. Nem que na estatal há quem jure que a missão dele era
arrumar fundos para Campos, Kassab e o PSD.
A denúncia ao TCU,
ao que parece, nasceu porque alguém ficou de fora da “zona de negócios
ilícitos” e de acertos partidários. Na cópia obtida por CartaCapital o nome do
autor está encoberto, e ele pede no documento para ter a identidade preservada.
Pelos fatos e a cronologia, é presumivelmente um outro exdiretor dos CORREIOS
da era Kassab- - Campos, Paulo Roberto Cordeiro. Um exdeputado federal pelo
Paraná de 1995 a 1999 que na época teve bens bloqueados pelo juiz Sérgio Moro
por ser sócio num condomínio de luxo de um frauda- dor de consórcios processado
pelo magistrado, Tony Garcia, outro ex-político no Paraná.
Cordeiro comandou a
diretoria de Serviços dos CORREIOS de agosto de 2016 a julho de 2017. Kassab
mandou demiti-lo em 10 de julho, no ofício 30.486/2017. Por quê? Um mistério
que ele não explicou à reportagem. Com sua bênção, Cordeiro fora secretário de
Desenvolvimento potiguar em 2015, no início da gestão do governador Robinson Faria,
que é do PSD. Durou cinco meses ali. Saiu quando se soube que era réu por
improbidade por um rolo do tempo em que dirigira a ex-estatal de telefonia do
Paraná, a Telepar, nos anos 1990, processo arquivado no início de 2017. Kassab
tentou sal- vá-lo na secretaria e ligou para F ar ia. Sua nomeação nos CORREIOS
teve apoio do governador e seu filho, Fabio Faria, deputado federal pelo PSD.
Um dia após a ordem
de Kassab para a degola, o conselho de administração dos CORREIOS sentou-se em
caráter extraordinário e formalizou a dispensa. Já sem Cordeiro, Campos reuniu
sua diretoria em 19 de julho e propôs o acordo com a Nexxera, no relatório
09/2017. Propôs não, “tratorou” os diretores e “encomendou” que fosse
providenciado todo o necessário no jurídico e na área operacional, conforme a
denúncia ao TCU. A proposta foi aprovada. Em Io de agosto, Cordeiro usou a Lei
de Acesso à Informação para pedir aos CORREIOS informações sobre o contrato, a
ata da reunião da diretoria que o aprovara e o relatório 09/2017. Dias depois,
no fim de agosto, o TCU recebeu a denúncia sobre o acordo CORREIOS-Nexxera.
Parece ter
fundamento. No fim de 2013, a diretoria anterior dos CORREIOS desenhou um
contrato de serviços postais eletrônicos com a Valid pelo qual pagaria 200
milhões de reais. Um trato parecido com o da Nexxera por um quarto do valor.
Não foi adiante, pois o Ministério da Fazenda barrou. Além disso, Campos e
Kassab deram um jeito de Esquef, o da “zona de negócios ilícitos”, sair de cena
de fininho dos CORREIOS. Uma aparente cortina de fumaça a esconder a razão
verdadeira, a “zona de negócios ilícitos”. quarto do valor. Não foi adiante,
pois o Ministério da Fazenda barrou. Além disso, Campos e Kassab deram um jeito
de Esquef, o da “zona de negócios ilícitos”, sair de cena de fininho dos
CORREIOS. Uma aparente cortina de fumaça a esconder a razão verdadeira, a “zona
de negócios ilícitos”.
Esquef foi
exonerado pelo conselho dos CORREIOS em 25 de outubro. Na véspera, Campos dizia
à mídia que o governo queria o cargo para usar em negociações que salvassem
Michel Temer na votação pelos deputados da segunda “flechada” da
Procuradoria-Geral. Temer escapou em 25 de outubro e, dias depois, corria na
imprensa que alguns indicados de Kassab e do PSD no governo perderíam os
cargos, pois o partido dera votos a favor da “fle- chada”. A saída de Esquef
pode ser explicada por negociações do Planalto e por retaliações ao PSD? Ou por
"livre nomeação” nos CORREIOS, como disse Campos à reportagem por meio da
assessoria de imprensa, mesmo argumento sobre Cordeiro? Difícil.
Não foi retaliação,
pois a reunião do conselho que demitiu Esquef durou das 17 às 18h30 de 25 de
outubro, antes de a Câmara encerrar a votação que salvou Temer, por volta das
20h30 daquele dia. E não foi negociação com outro partido pois a vaga de Esquef
seguiu firme com Kassab e o PSD. Mais firme ainda, aliás. O novo diretor é
amigo e colaborador do ministro, Carlos Roberto Fortner. Juntos, os dois
cursaram faculdade, a Politécnica da USP, como Guilherme Campos, aliás, e juntos
trabalharam na prefeitura paulistana na gestão Kassab, na qual Fortner ocupou
vários cargos. Até mudar-se para os CORREIOS, Fortner era diretor do CNPq, o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, nomeado por
Kassab.
Apesar da troca no
financeiro e da investigação do TCU, Campos não desistiu do trato para serviços
postais eletrônicos com a Nexxera. "A documentação requerida pelo TCU já
foi encaminhada, Carlor Roberto Fortner, amigo de Kassab, tomou o lugar de
Esquef depois de dirigir o CNPq aguardando-se o respectivo arquivamento por
aquele Tribunal”, disse através da assessoria de imprensa. CartaCapital apurou
que outro contrato está no forno, com confecção final executada por Fortner.
Seus termos reforçam a suspeita sobre o destino de 850 milhões de reais. Os
CORREIOS pagariam 200 milhões por semestre, ou seja, metade da quantia com a
Nexxera. Cada FAC, a carta despachada por grandes clientes e que seria
convertida em meio eletrônico, custaria de 60 centavos a 1,6 real de repasse à Nexxera.
E muito, não? O custo em papel hoje é de 1,6 real. No Postal Saúde, convênio
dos funcionários dos CORREIOS, cada conta em papel substituída por digital
enviada pelos hospitais sai a uns 4 centavos.
Aliás, o Postal
Saúde é alvo de denúncia de cabide de empregos e desperdício de grana com
indenizações, formulada por uma das associações dos funcionários, a Anatect, a
culpar dois dirigentes indicados por Campos. A mesma entidade anda cabreira: a
estatal cedeu à operadora de cartão de crédito os dados de seus 115 mil
servidores e não cobrou nada. A mesma operadora oferecera 5 reais à Anatect
pela base de 5 mil associados. Que generosidade dos CORREIOS, hein? Ou será que
a comissão correu de outra forma? Tem mais: a manobra contábil com os chamados
FDCI que levou à intervenção federal no fundo de pensão nos CORREIOS, o
Postalis, em outubro era preparada por Campos para o balanço da própria
estatal. Não para aí: mesmo a operar no vermelho, os CORREIOS gastaram 29
milhões de reais no fim de 2016 com uma consultoria, a Accenture, para refazer
projetos de reestruturação deixados não fazia muito por outras duas
consultorias. E já há aditivo a caminho. No dia em que a diretoria aprovou
contratar a Nexxera, havia um representante da Accenture na reunião.
O feudo de Kassab é
um paraíso de histórias estranhas.
Por André Barrocal, na Revista Carta Capital
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A arte de escrever bem
Escrever é uma necessidade vital, um fundamento sem o qual a comunicação perde em substância.
Os desafios do dia a dia exigem intensa troca de mensagens, seja nas redes sociais, seja nas corporativas: relacionamentos pessoais, correio eletrônico, elaboração de projetos e relatórios, participação em concursos e processos seletivos, negociações empresariais, tratados corporativos, convenções políticas, projetos literários... Tarefas que se tornam triviais, textos que se tornam mais adequados e elegantes quando as técnicas para a elaboração da redação criativa se encontram sob inteiro domínio. E não é só. Escrever está umbilicalmente vinculado à qualidade de vida, à saúde, ao bem-estar.
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