No ano passado, 6,3% dos 166,7
milhões de brasileiros de 14 anos de idade ou mais - o equivalente a 10,5
milhões de pessoas - trabalhavam na produção para o próprio consumo, voltada
para uso exclusivo dos moradores do domicílio ou de parentes que viviam em
outra moradia. É o que mostra a pesquisa Outras Formas de Trabalho
2016, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
A sondagem faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e abrange atividades que as pessoas fazem para benefício próprio ou de terceiros, mas sem remuneração. A pesquisadora da Coordenação de Trabalho e Rendimentos do IBGE, economista Alessandra Brito, informou que o levantamento segue recomendação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que procura abordar formas mais amplas de trabalho do que aquelas voltadas exclusivamente para o mercado.
A sondagem faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e abrange atividades que as pessoas fazem para benefício próprio ou de terceiros, mas sem remuneração. A pesquisadora da Coordenação de Trabalho e Rendimentos do IBGE, economista Alessandra Brito, informou que o levantamento segue recomendação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que procura abordar formas mais amplas de trabalho do que aquelas voltadas exclusivamente para o mercado.
“Esse é um trabalho meio invisível”,
observou Alessandra. “As atividades não entram na conta das pessoas ocupadas
que a gente divulga”. São consideradas outras formas de trabalho a atividade na
produção de bens; os cuidados de pessoas, afazeres domésticos e o trabalho
voluntário.
Na produção de bens, os pesquisadores
do IBGE constataram que essa atividade é maior entre os homens (6,9%) do que
entre as mulheres (5,8%). Por região, a pesquisa revela que o percentual de
pessoas que realizaram atividades de produção para o próprio consumo foi maior
no Norte (10,1%), Nordeste (9,4%) e no Sul (8,1%). “A gente vê que isso cresce
com a idade”. A faixa etária em que a taxa de realização para o próprio consumo
é mais intensa é a de 50 anos ou mais (46,1%). Apenas 11,2% tinham de 14 a 24
anos.
A atividade que mais se destaca entre
os quatro conjuntos analisados na produção para consumo próprio é a que engloba
cultivo, pesca, caça e criação de animais, com 77,6%. Nesse conjunto,
observa-se que há grande ocorrência tanto de pessoas do sexo masculino (79,2%),
quanto do feminino (76%). A participação dos homens é maior na produção de
carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material (23,5%) e na
construção de prédio, cômodo, poço ou outras obras de construção (12%); entre
as mulheres, os percentuais são, respectivamente,10,6% e 1,5%. As mulheres se
sobressaem na fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou
outros produtos (23,2%), contra 0,8% de homens.
Ainda de acordo com o IBGE, 48,8% das
pessoas que fizeram essa forma de trabalho estavam ocupadas no mercado, sendo
61,7% homens e 35%, mulheres.
Cuidar de pessoas
Do total de 166,7 milhões de pessoas
em idade de trabalhar em 2016, 26,9% cuidaram de moradores do domicílio ou de
parentes não moradores, correspondendo a 44,9 milhões de pessoas. Alessandra
Brito informou que as mulheres têm uma taxa de participação maior que a dos
homens (32,4% contra 21,0%), com concentração na faixa de 25 anos a 49 anos,
tanto para homens (64,7%) quanto para mulheres (60,7%).
A pesquisadora indicou que pela
condição do domicílio, a cônjuge tende a fazer mais que a mulher responsável
pelo domicílio (39% contra 30,6%). O mesmo ocorre em relação aos homens, mas em
menor medida: 27,5% para o cônjuge, contra 25% para o principal responsável.
Alessandra chamou a atenção para o
fato de que os maiores cuidados são dedicados a crianças de 0 a 14 anos: 49,6%
das pessoas disseram ter cuidado de moradores de 0 a 5 anos, enquanto 48,1%
cuidaram de moradores de 6 a 14 anos. As principais atividades foram auxiliar
nos cuidados pessoais (78,6%), com predominância de mulheres (86,9%), contra
65% de homens; e auxiliar nas atividades educacionais (66,8%), também
destacando as mulheres, com 71,7%, contra 58,8% dos homens.
Afazeres domésticos
A pesquisa do IBGE revela que no ano
passado, 81,3% da população acima de 14 anos de idade tinham afazeres
domésticos no domicílio ou na casa de parentes, equivalendo a 135,5 milhões de
pessoas. Nesse conjunto de atividades, há predominância também de mulheres
(89,8%) em relação aos homens (71,9%). Por região, a maior taxa foi encontrada
no Sul do país (86,5%) e a menor no Nordeste (75,5%).
Alessandra Brito ressaltou que a
análise da intensidade de horas dedicadas às atividades de cuidados de
moradores ou parentes não moradores, afazeres domésticos ou em domicílio de parentes
é maior na Região Nordeste (17,5 horas por semana) do que no Sul (16 horas por
semana). No Brasil, a média de horas dedicadas aos afazeres domésticos ou
cuidados de pessoas é 16,7 horas, com predomínio de mulheres (20,9 horas por
semana). Entre os homens, a média alcança 11,1 horas por semana. “As mulheres,
além de ter uma taxa de realização maior, dedicam mais horas a essas atividades
do que os homens”, disse a economista.
No Brasil, a principal atividade em
2016 foi preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar a louça, com
taxa de realização de 80%. As mulheres são de novo o destaque, com 95,7%,
contra 58,5% dos homens. Em seguida, vem o cuidado com a limpeza ou a
manutenção de roupas e sapatos, com 76% em nível nacional, com participação
maior de mulheres (90,8%) do que de homens (55,7%). De acordo com a
pesquisadora, a única atividade de afazeres domésticos em que as mulheres
perdem para os homens é a de pequenos reparos ou de manutenção do domicílio:
65% para os homens, contra 33,9% para as representantes do sexo feminino.
Trabalho voluntário
A pesquisa mostra que 6,5 milhões de
brasileiros, ou 3,9% da população de 14 anos ou mais de idade, realizam
trabalho voluntário, que pode ser feito para uma organização ou uma pessoa,
seja parente ou não, sem remuneração. “Você pode cuidar de um vizinho ou fazer
um pequeno reparo na casa de um vizinho sem cobrar. Isso é considerado, para a
pesquisa, trabalho voluntário. Não é só ajudar em uma organização não
governamental (ONG). É um conceito mais amplo de trabalho voluntário”, afirmou
a economista.
A sondagem revela que o trabalho
voluntário cresce com a idade, com maior taxa de realização entre as pessoas de
50 anos ou mais (4,6%); seguida do grupo de 25 a 49 anos (4,1%); e do grupo de
14 anos a 24 anos (2,5%). Em média, as pessoas fazem seis ou sete horas de
trabalho voluntário por semana.
Por sexo, a taxa de realização de
trabalho voluntário em 2016 era maior entre as mulheres (4,6%) do que entre os
homens (3,1%). Em compensação, os homens dedicam mais horas a essa atividade, à
exceção da Região Sul (5,8 horas por semana, contra 6 horas semanais das
mulheres). No Centro-Oeste, os dois sexos se equiparam, com 6,9 horas semanais
de cada dedicadas ao trabalho voluntário.
Outro dado mostrado pela pesquisa do
IBGE é que das 6,5 milhões de pessoas que fizeram trabalho voluntário no ano
passado, 6 milhões (91,5%) foram por meio de empresa, organização ou
instituição. Além disso, as pessoas ocupadas realizavam mais trabalho
voluntário em 2016 do que as não ocupadas. Enquanto 4,2% dos ocupados no Brasil
faziam trabalho voluntário, entre os não ocupados a taxa era de 3,6% no ano
passado.
Agência
Brasil
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