Indicadores atuais apontam para uma intensificação da pandemia nas próximas semanas, com a média de óbitos provocados pelo coronavírus.
O alerta é feito em novo boletim do Observatório
Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado nesta semana.
Segundo o documento, entre 16 e 22 de maio foi
observada a estabilização das taxas de mortalidade no país, em níveis altos, em
torno de 1.900 mortes diárias. No entanto, houve aumento da incidência de novos
casos de Covid-19 e os índices de positividade nos testes continuam elevados,
demonstrando a circulação intensa do vírus Sars-CoV-2.
Os pesquisadores explicam que o aumento de casos de
Covid-19 costuma ser seguido, cerca de duas semanas depois, pela elevação do
número de óbitos.
"Esse contexto vai gerar novas pressões sobre
todo o sistema de saúde. O aumento no número de internações, demonstrado pelo
crescimento das taxas de ocupação dos leitos de UTI, é resultado desse novo
quadro da pandemia no Brasil", afirmam os autores.
O documento também destaca o rejuvenescimento da
pandemia, que "associado à circulação de novas variantes do vírus no país
e ao relativo sucesso da campanha de vacinação entre populações mais idosas,
torna mais crítico o tratamento para casos graves entre grupos mais
jovens".
Ocupação
elevada dos leitos de UTI
O boletim aponta que, entre os dias 17 e 24 de maio,
as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de
Saúde (SUS) aumentaram ou se mantiveram estáveis em níveis elevados em
"praticamente todo o Brasil".
Os dados confirmam a avaliação de que a tendência de
queda observada até por volta do dia 10 de maio foi interrompida, afirmam os
pesquisadores.
Oito estados e o Distrito Federal apresentam taxas de
ocupação iguais ou superiores a 90%: Piauí (91%), Ceará (92%), Rio Grande do
Norte (97%), Pernambuco (98%), Sergipe (99%), Paraná (96%), Santa Catarina
(95%), Mato Grosso do Sul (99%) e Distrito Federal (96%).
A Fiocruz classifica as taxas de ocupação abaixo de
60% como zona de alerta baixa, a intermediária entre 60% e 80%, e alta sendo
igual ou acima de 80%.
A Região Norte é a única que apresentou pequenas
melhoras no indicador em Rondônia (de 83% para 79%) e no Tocantins (de 89% para
86%), informa o boletim. Roraima entrou na zona de alerta crítico, com a taxa
passando de 38% para 83%, mas, segundo os pesquisadores, a mudança ocorreu
devido à redução de 90 para 60 leitos de UTI Covid-19 no único hospital com o
recurso no estado.
O Nordeste apresenta uma situação "bem preocupante",
destacam os autores, com a maioria dos estados permanecendo com taxas de
ocupação em níveis superiores a 90%. Alagoas voltou à zona de alerta crítico,
na qual a Bahia se manteve. Maranhão e a Paraíba continuaram na zona de alerta
intermediário, mas com "elevações expressivas".
No Sudeste, apenas o Espírito Santo permaneceu na zona
de alerta intermediário, com 79%, e os outros estados apresentaram patamar
igual ou pouco superior a 80%.
No Sul, as taxas de ocupação continuaram em
"níveis muito críticos" no Paraná e em Santa Catarina, e no Rio
Grande do Sul o indicador manteve tendência de crescimento, chegando a 79%. No
Centro-Oeste, os três estados e o Distrito Federal tiveram piora na taxa de
ocupação, com todos na zona de alerta crítico.
O boletim também informa que dez capitais estão com
taxas de ocupação de leitos de UTI para a doença superiores a 90%: São Luís
(95%), Teresina (estimado em torno de 95%), Fortaleza (92%), Natal (96%),
Maceió (91%), Aracaju (99%), Rio de Janeiro (93%), Curitiba (96%), Campo Grande
(97%) e Brasília (96%).
Por
Raphaela Ramos, em O Globo
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