Os franceses são, em sua maioria, a favor da vacinação e "não acho que qualquer tentativa de impedi-los de tomar as vacinas funcionará"
A imprensa francesa e as redes sociais estavam
frenéticas, nessa terça-feira (25), com especulações sobre uma misteriosa
campanha dirigida a influenciadores e personalidades do YouTube pedindo-lhes
para publicamente desacreditar a vacina Pfizer/BioNTech para a covid-19 em
troca de pagamento.
Os alvos da campanha, que são ativos nas áreas de
saúde e ciências, disseram ter recebido um e-mail de uma agência de comunicação
aparentemente sediada no Reino Unido oferecendo-lhes "uma parceria"
em nome de um cliente com "um orçamento colossal", mas que queria
permanecer anônimo e também manter qualquer negociação em segredo.
"Estranho. Recebi uma proposta de parceria que
consiste em falar mal da vacina da Pfizer em um vídeo", tuitou Leo
Grasset, que mantém um popular canal de ciência com quase 1,2 milhão de
assinantes no YouTube.
"Orçamento colossal, o cliente quer permanecer
anônimo e eu teria que esconder o pagamento".
Ele acrescentou: "Incrível. O endereço da agência
de Londres que me contatou é falso. Eles nunca estiveram presentes lá, é um
centro de cirurgia a laser. Todos os funcionários têm perfis estranhos no
LinkedIn".
Os perfis que ele encontrou agora desapareceram, mas
não antes de ele notar que "todos trabalhavam na Rússia".
Sami Ouladitto, um comediante com quase 400.000
assinantes, relatou uma abordagem semelhante, assim como o usuário "Et Ca
Se Dit Medecin", um estagiário de hospital com 84.000 seguidores no
Instagram.
"Isso é patético, é perigoso, é irresponsável e
não vai funcionar", informou o ministro da Saúde francês, Olivier Veran,
ao canal BFMTV nesta terça-feira.
Os franceses são, em sua maioria, a favor da vacinação
e "não acho que qualquer tentativa de impedi-los de tomar as vacinas
funcionará", acrescentou.
Veran afirmou que "não tinha ideia" se a
suposta oferta se originou na Rússia.
Ligação
com as Ilhas Virgens?
Os autores dos e-mails, alegando ser uma agência com
sede em Londres chamada Fazze, são difíceis de ser rastreados, informou a
imprensa francesa.
O jornal Le Monde afirmou que a Fazze nunca foi
registrada no Reino Unido, mas pode ter uma presença legal nas Ilhas Virgens.
Porém, de acordo com o perfil do CEO da Fazze no
LinkedIn, agora excluído, a agência opera fora de Moscou, publicou o Le Monde.
De acordo com tuítes de pessoas que afirmam ter
conhecimento do assunto, a agência ofereceu 2.000 euros para influenciadores em
troca de que eles fossem a público falar que a vacina Pfizer-BioNTech causou mais
mortes do que qualquer outra vacina.
A vacina, normalmente referida na França apenas como
Pfizer, ganhou popularidade depois que a vacina rival sueco-britânica
AstraZeneca caiu em desgraça em grande parte da União Europeia por causa de
advertências em relação à saúde e atrasos nas entregas.
O executivo da UE está processando a AstraZeneca para
forçá-la a entregar mais 90 milhões de doses de sua vacina anticovid antes de
julho.
A ação legal aumenta a pressão sobre a empresa depois
que uma ligação foi feita entre sua vacina e coágulos sanguíneos muito raros,
mas muitas vezes fatais, juntamente a baixos níveis de plaquetas.
A UE também
autorizou o uso de outras duas vacinas, Moderna e Johnson & Johnson.
Mas a vacina russa Sputnik - assim como a chinesa
Sinopharm - ainda não foram liberadas para uso dentro do bloco.
Após um início lento, o lançamento da campanha de
vacinação contra o coronavírus na França ganhou ritmo nas últimas semanas, com
cerca de 23 milhões de pessoas - um terço da população - vacinada com ao menos
uma dose até agora.
Agência France-Presse
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