Carlos Tavares, diretor-executivo da Stellantis — Foto: Divulgação/Stellantis |
Fábrica do grupo em Minas Gerais entrou em férias coletivas por falta de componentes. Produção e vendas foram prejudicadas com a pandemia.
Em sua primeira visita ao Brasil como CEO da Stellantis, empresa
resultante da fusão entre Fiat Chrysler (FCA) e Peugeot-Citroën (PSA), o
português Carlos Tavares mostrou otimismo com as operações do grupo no país e
na América Latina. Ele classifica a região com um "grande potencial".
Para o chefe do quarto maior grupo automotivo do planeta, o ano de 2021
será de melhorias das condições no mercado brasileiro com a retomada da
produção e das vendas, prejudicadas em 2020 com a chegada da pandemia do
coronavírus.
Tavares, apesar de otimista, completou que "a velocidade dessas
mudanças é uma incógnita", apontando que as melhoras do mercado dependerão
de como a vacinação contra a Covid-19 evoluirá no Brasil, e como isso afetará a
regressão da pandemia por aqui.
Férias coletivas em meio à crise
No início deste mês, a Fiat, uma das marcas da Stellantis, anunciou férias
coletivas para 602 funcionários em Betim (MG), declaradamente para ajustes na
produção por falta de componentes. O problema atinge a indústria automotiva
global, e envolve a inflação no preço do aço e a escassez de semicondutores.
O valor do aço tem passado por sucessivas altas e pressionado o valor
final dos veículos. Para a Stellantis, Tavares disse que ainda há uma absorção
dos valores pela empresa, mas teme pela necessidade de ter que repassar o valor
mais alto para o consumidor final.
Já os semicondutores estão em falta por um crescimento na demanda por
aparelhos de tecnologia, como smartphones e computadores, durante a pandemia.
Diante disso, as fabricantes do componente dão prioridade às empresas de
tecnologia, deixando as automotivas em segundo plano.
Presença na América Latina
Em relação à América Latina, comandada por Antonio Filosa (antes
presidente da FCA na mesma região) Carlos Tavares diz estar "bem à
vontade" no que diz respeito às operações.
"Já aprendemos, como empresa, a lidar com essa volatilidade
característica da região. As equipes locais já aprenderam a lidar com isso,
temos uma abordagem que é muito positiva", disse quando questionado pelo
G1 sobre como ele vê o futuro da Stellantis no Brasil.
"É uma região com uma grande volatilidade, mas com um grande
potencial", completou.
O CEO da empresa também destacou a capacidade de produção na região, além da força no mercado brasileiro, onde é líder.
No último mês de fevereiro, as vendas da Stellantis representaram 30% do
total de vendas de automóveis e comerciais leves no Brasil.
Ainda em 2021, a empresa pretende reforçar sua ofensiva com diversos
lançamentos, entre modelos inéditos e mudanças de meia vida.
Marcas não serão descontinuadas
Um dos maiores destaques da Stellantis é a quantidade de marcas formada
pela fusão. São 14 ao todo: Fiat, Chrysler, Maserati, Jeep, Abarth, Alfa Romeo,
Lancia, Dodge e Ram, da FCA, além de Peugeot, Citroën, Opel, Vauxhall e DS, da
PSA.
De acordo com Carlos Tavares, a princípio, a intenção da empresa é de que
nenhuma das marcas seja descontinuada.
"Nós temos paixão e respeito pelas nossas marcas", disse
Tavares.
Por outro lado, o executivo não descartou mudanças no portfólio de marcas
em regiões específicas e disse que os comandantes de cada região têm autonomia
para decidirem a melhor estratégia. Isso vale para retirada ou inclusão de
marcas.
Sobre boatos de que a Stellantis removeria algumas marcas de menor
relevância, Tavares apontou que algumas marcas tiveram dificuldades porque não
foram feitos investimentos para elas, mas que agora cada uma terá a sua
estratégia específica.
Fábricas não exclusivas
Como parte das estratégias de sinergia e cortes de custos, as fábricas da
Stellantis passarão a ser utilizadas por qualquer marca do grupo que tenha
condições de fabricar modelos que usem a mesma plataforma.
Ou seja, a partir de agora, modelos da Fiat e da Peugeot poderão ser
produzidos juntos, desde que baseados na mesma plataforma.
Na última quarta-feira (10), com a presença de Tavares e Filosa, a fábrica
da FCA em Betim (MG) iniciou a produção da nova linha de motores turbo que
poderão equipar os próximos lançamentos de qualquer uma das marcas.
Para a unidade, que passa a ser o maior centro de produção de motores da
América Latina, foram investidos R$ 400 milhões, e outros R$ 100 milhões estão
previstos para ainda este ano.
Por Guilherme
Fontana, G1
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